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Capítulo 1 - Survival


N

uma aula dessas qualquer, Naruto estava conversando com Gaara sobre Minecraft: dizendo que preferia o modo Sobrevivência, porque aquele-outro-modo-lá era muito apelão; Gaara dizendo que não era ser apelão quando se joga sozinho; aí Naruto disse que ainda assim era ser apelão, porque se o lance do jogo é buscar coisas e morrer tentando consegui-las, a fim de construir coisas com as coisas que coisaram, e acabar caindo de metros e metros de altura tentando construir uma coisa grandona e desnecessária mas muito maneira, então... espera, do que Naruto estava falando mesmo? Ah sim! Que ainda sim era ser apelão! Porque a graça do jogo era essa.


Enfim, para encurtar a história — já que Sasuke poderia facilmente fazer uma ata com tudo o que foi falado na conversa entre dois —, em algum momento o assunto "qual a sua marca favorita de chocolate?" foi citado. A do Naruto, Ferrero Rocher. A do Gaara... não importava; Sasuke não prestou atenção nessa parte.

Para encurtar ainda mais a história, no dia seguinte, do nada o armário de Naruto amanheceu com uma caixa de Ferrero Rocher dentro de si — e não só um bombonzinho, ou a porra de uma daquelas embalagens que vem três Rocher's solitários e que ainda assim custa o olho da cara.

Em um post-it anexado ao lado de uma fitinha azul, estava escrito: "Seu preferido, não é?  :)".

Naruto olhou bem para aquela caixa de chocolates tentadores. Olhou bem para a fitinha cuidadosamente amarrada na parte de cima da caixa, do tipo que parecia ter dado trabalho para fazer. E também olhou bem para o bilhete escrito à mão. Suspirando fundo, encarou o fundo do armário com meio sorriso estampado. Abriu a caixa sem muito zelo, com pressa, e mascou o primeiro bombom. Estava mesmo delicioso. Naruto até fechou os olhos, para aproveitar mais a deliciosa sensação que um Sasuke sorridente do outro lado do corredor provocara nele. Mas Naruto não havia engolido. Não, não. Em vez disso, enfiou outro Ferrero na boca, de um jeito que fazia suas bochechas estufadas parecerem bate-begs. Sasuke já notara isso antes: ele enchia a boca antes de engolir algo; era engraçado e fofo, como ele fazia. Duas a três garfadas por vez no almoço, três a quatro pedaços de maçã antes de engolir, e vários nãos antes de um sim. Sasuke sabia bem dos macetes quando se tratava de Naruto, só ao observá-lo (e a observação é quase que uma virtude, não?). Por isso, Sasuke, que fingia pôr no armário livros que não usaria no próximo tempo de Física, sorriu ao ver o garoto amado novamente fechar os olhos, expirando pesado enquanto seu maxilar enrijecia e suas bochechas esvaziavam, mastigando os bombons e diluindo-os em saliva. Ainda sem engoli-los. Estava tão bom que Naruto estava preservando o momento ao máximo.

E então Naruto parou por um momento, com a boca e o resto do rosto inteiro paralisados. Reabriu os olhos, fixando-os no fundo do seu armário quase vazio. Levou a embalagem aberta da caixa de Ferrero à altura do queixo e cuspiu aquela papa marrom com multigrãos em cima dos outros bombons intactos. Fazendo aquilo tudo parecer uma torta de cobertura mal-feita, mal batida e até mesmo estragada. Em seguida, Naruto pegou os livros de Química 2 com a mão disponível, e a usou também para fechar o armário. Com a outra, jogou a caixa na lata de lixo mais próxima.

Sasuke observou-o passar por ele sem nem mesmo olhar para si. Embora Sasuke não soubesse disso, Naruto sabia que fora Sasuke — que não sabia que ele sabia, mas que sabia que gostava de Naruto, e sabia que sabia amar Naruto do jeito certo. Embora Naruto não soubesse disso, ou de qualquer outra coisa, porque se tratava de Sasuke.

Sasuke: que chegara a falar com Naruto algumas vezes, por ter gerado uma amizade meio falsa e conveniente e de breve duração com o grupo Naruto-Shikamaru-Tenten-Choji-Lee-Gaara-e-companhia.

Sasuke: que já deixara implícito-explícito há pelo menos um ano que gostava de Naruto. Mas que ainda assim teve a audácia de verbalizar isso para Naruto.

Sasuke: que agora mordia o lábio inferior do outro lado do corredor. Que pegava os livros que fingia ter colocado no armário, mas que havia colocado de verdade, sem perceber, e que, ops, agora precisaria mesmo deles para a aula de Física 1, imbecil.

Sasuke: que só sairia daquele transe melancólico quando o sinal de "voltem às celas" tocasse.

E, se avançássemos em algumas horas daquele mesmo dia, encontraríamos Sasuke chegando bem aborrecido em casa, imaginando a caixa de bombom estando estragada, e isso explicaria por que Naruto cuspiu; se achando um babaca por, na emoção de presentear, nem ter conferido validade. É, deveria ser isso. E então, se avançássemos um andar acima daquela casa, encontraríamos um Itachi estranhando o semblante daquele Sasuke sôfrego que acabara de entrar no quarto. Estranhando ao ponto de deixar a HQ do Doutor Estranho largada e aberta na cama, perguntando a ele o que houve.

— Hum... — E esse hum precederia uma explicação eufemista, ingênua e meio condescendente dos fatos sucedidos.

Itachi olharia bem sério para ele, o maxilar bem rígido, Itachi bem puto da vida, apenas perguntando retoricamente:

— Ah, foi? Ele fez isso, é? Show... Não fica assim, não, Sas. Tenho certeza que tudo vai se resolver.

Sasuke encararia com uma interrogação no rosto o irmão que parecia dizer coisas desconexas e sem muita aplicabilidade à sua atual situação. O tom reflexivo mas convicto daquelas palavras pareciam torná-las ainda mais irrealistas. Afinal, palavras reconfortantes sempre eram.

Itachi ficara sabendo bem tarde da paixonite de Sasuke. Sabia que ele passava mais tempo no celular desde o começo o semestre, o que poderia indicar que ele tinha arrumado alguém ou que estava traficando órgãos. Mas, nesse primeiro caso, Sasuke teria anunciado a Itachi, não? Eles sempre se apoiavam em tudo mesmo.

— Itachi, acho que quebrei o vaso da mãe.

— Como assim você acha? Aah, tá, sai, sai daqui, deixa que eu limpo.

— Mas é que...

— Pode deixar, já não disse? Eu falo que foi culpa minha: esbarrei quando fui pegar o controle ou sei lá. Sai daqui.

Mas, não. Sasuke não esconderia uma namorada de Itachi por tanto tempo assim, o que o levaria à teoria de que talvez ele só estivesse gostando de alguém mesmo. Isso explica o tempo no celular: stalkeando quem quer que fosse, conversando sobre isso com os amigos...

Teoria essa que seria confirmada logo no dia seguinte, com Sasuke dizendo que era alguém da escola deles mesmo.

— Da sua sala?

— Não.

— Então é da segunda turma do primeiro?

Sasuke negou. Então Itachi pensou um pouquinho mais.

— Da minha sala?

— Naruto, sim — Sasuke enrubesceu um pouco. — Você mal deve conhecer. Ele não faz algumas das suas matérias.

Não é aquele viadinho loiro do teatro? Que brigou com aquela garota ou algo assim?

— Ele não chegou a brigar com ela — argumentou Sasuke. Lambedor de cu nas horas vagas.

Enfim, não se sabe. E Itachi sabia menos ainda, já que só ouvira a voz do garoto dizendo "presente" para a chamada, e também quando ele atuava nas peças obrigatórias de conscientização.

O que se sabe é que: 1) Itachi deixaria tudo se resolver, sem estresse, porque paixonites são assim mesmo e formam o caráter de um cara, principalmente nos nãos. Mas, 2) Itachi não gostava de ver o irmão sofrendo, como nenhum irmão gostaria, ou ao menos não deveria gostar, e foi aí que ele soltou o seu "tenho certeza de que tudo vai se resolver" definitivo. Porque, 3) caralho, essa não era a primeira vez que esse loirinho chateava o Sasuke, mas seria a última. Pois, prestem atenção, senhoras e senhores, queridos pais e mestres, amigos e vizinhos aqui presentes: se aquela bicha shakespeariana acha que pode fazer uma merda dessas com o Sasuke e ficar numa boa, ela vai ter que arranjar um jeito de interpretar a voz de Júlio César com os dentes da frente que nem os do Freddie Mercury.

Agora, num momento mais próximo de outro agora na história, especificamente mais próximo do momento em que o sinal toca, como que anunciando "voltem às celas" novamente, Itachi caminhou a passos gélidos até Naruto, que punha naquele seu mesmo armário o anel dourado de linhas prateadas — que ele vivia tirando e recolocando nos dedos. Nesse canto menos movimentado do corredor, ele conversava com Gaara sobre a prova do terceiro tempo com uma certa serenidade — a serenidade de quem obteve o gabarito de uma fonte confiável ou a serenidade de quem copiou do segundo aluno mais esperto da sala em troca de uma graninha extra.

Poderíamos citar que o céu estava lindo sobre o trânsito pedestre abaixo dele, com alunos apressados se enveredando por entre as paredes de concreto daquela bem preservada escola. Poderíamos dizer até que uma gota de orvalho ainda pendia na ponta da folha solitária e vizinha à chegada do sol, que fazia resplandecer no mar sereno das brumas cheirosas, e toda essa viadagem. Mas é muito mais relevante o seguinte: dizer que Itachi disse:

— Precisamos conversar, você e eu.

E Naruto se lembrava dele, é claro. Eram da mesma sala. E, ainda que não fossem, Itachi era o capitão, ou co-capitão, ou o braço do co-capitão, ou alguma merda assim, do time da escola. Eele havia se saído muito bem na feira de ciências, aliás. Itachi, ao que parece, só não era mais gostoso que esperto.

— Hum... oi — respondeu o cara loiro de nome hum, oi.

— E você — disse simplesmente —, dá o fora.

— Perdão? — interjeicionou Gaara, meio surpreso, mas também ofendidíssimo.

Sabe, o que acontece é que esse pobre amigo do Naruto era muito respeitoso e educado com todo mundo, e o tempo todo; por isso, ele sentia falta de um "Oi, gente. Narutinho, posso falar com você um minuto? Ops, não quis interromper. Licença, Gaara. Se não for incomodar". Coitado.

O cabelo de Itachi estava amarrado em uma espécie apressada de rabo de cavalo, deixando assim cair mechas em suas bochechas. Ao lado das mechas, olhos sérios e não muito bem-humorados o fitavam.

— Eu falei pra você sumir. Não ouviu?

Gaara o encarou erguendo uma sobrancelha subversiva.

— Olha só, primeiramente é "por favor, teria como..."

Itachi o agarrou pelo casaco tão depressa e com tanta força que seu dedo acabou agarrando também o zíper, que chiou, que se arrebentou e se espalhou por algum lugar aos seus pés. Em determinado momento, Gaara pensou que fosse cair, ao tropeçar e sentir Itachi o empurrando; porém seu corpo — mais infelizmente do que felizmente, na verdade — bateu com força na parede próxima deles que ah-é-essa-parede-estava-aqui-mesmo-ain-doeu-ain.

— Cara. Eu mandei você vazar daqui, caralho.

— Ga-Gaara — tentou intervir Naruto.

Alguns olhares curiosos e bocas por vários meses sedentas de briga! briga! briga! espiavam aqueles três e sua tensão, já quando parando para assistir melhor à cena.

— Pode ir, Gaara. Por favor. Tá tudo bem.

Não precisa falar duas vezes, chefe.

— Pode soltar ele? Por favor? Ele já está indo...

Naruto não pensara que Itachi gostava de humilhar nerds, que nem o grupo de atletas babacas, seus colegas. Naruto achava que ele só não fazia o tipo. Ele lia, parecia escrever também, e ficava sempre na dele, inclusive após vencerem uma partida emocionante. Mas seria uma mentira grosseira narrar que Naruto ficara chocado ao vê-lo sendo um babaca, como quem descobre só hoje que Capitu não traiu Bentinho. Afinal de contas, o bom filho à casa torna, e filho de peixe, peixinho é.

Itachi olhou no fundo daqueles olhos acinzentados e de cabelos vermelhos de Gaara e decidiu soltá-lo, observando-o pegar a mochila, se despedir de Naruto com um ininteligível sibilar que mais parecia um "au aúto" e aí ele, bem, vazou dali.

— Você e eu — repetiu Itachi. — Agora você e eu vamos conversar. — Itachi esbarrou nele ao ameaçar um passo, enquanto Naruto ajeitava a mochila num dos ombros só, fechando o armário para se apoiar nele. Aguardando... tolamente aguardando. Itachi viu que Naruto não ia se mover, logo: — Eu disse vamos.

— Não vou a lugar nenhum. Acho que você pode falar aqui mesmo.

Itachi meditou por dois segundos. Só dois segundinhos antes de puxar Naruto pela camisa como um cachorrinho levado, quase o enforcando com aquele colarinho chamativo e lindo demais para ser usado para enforcar alguém.

Eles atravessaram o corredor e passaram por uma porta que Naruto, se desequilibrando no próprio corpo, não soube identificar de que sala era.

Só quando sentiu a base da coluna gemer contra o impacto com a pia foi que Naruto notou que a sala secreta de interrogatório era um dos banheiros da escola.

Itachi o largou e não falou nada por quase um minuto inteiro, e não seria o Naruto o primeiro a dizer "Dá pra ser? Temos Literatura daqui a pouco". Não, não, senhoras e senhores, amigos e vizinhos, respeitável público. O rosto do Naruto estava bem do jeitinho que estava.

Ninguém entrava ou saía do banheiro nesse momento, e também não parecia haver alguém numa daquelas poucas cabines, o que era algo surpreendente para o horário, mas nem tanto assim, na verdade — devia ter uns 18281 banheiros masculinos no prédio —, e se aquilo não estivesse acontecendo realmente com Naruto, ele diria que a aura que ali se instaurava, inclusive o seu temor crescente por aquele garoto gótico que o arrastara, era de mentira, ficcional.

Mas:

— Então, você cuspiu. — disse Itachi. E agora ele estava meditando na questão.

Naruto deixou o rosto pender para o lado de uma forma muito, muito presunçosa, sim; e o jeito com empinou o lábio inferior, com aquele ar de superioridade, fingindo não sequer imaginar do que se tratava a conversa, e prestes a perguntar "cuspi o quê", só para zombar da cara já não muito simpática de Itachi... ah, isso sim fez Itachi perder a simpatia, meus caros.

Ele encheu a mão direita com gosto, o corpo ampliando a base de equilíbrio, e Naruto girou o olhar pelo teto do banheiro, um piiiiiiii ecoando em sua cabeça aturtida, fazendo latejar a orelha esquerda. Se ele olhasse para trás, e não para Itachi, com uma surpresa temerosa, ele poderia enxergar o quanto sua bochecha estava vermelha, através do espelho.

— Vamos lá. Anda. Faz cara de puta desentendida de novo, faz. Eu te desafio.

A putinha desentendida recolheu o rostinho com a mão trêmula, de repente tímida agora, vejam só!

— Você não só não comeu a porra do bombom. Mas ainda teve a audácia de encher a boca, mastigar, sentir o gosto, cuspir, e não só cuspir, mas cuspir no restante que ainda prestava daquela merda em que você transformou. E então jogou no lixo com o mesmo descaso que vem fazendo com o sentimento dos outros à sua volta. Foi ou não foi?

Naruto mastigou a bochecha, os dentinhos frontais pressionando o lábio inferior. Respirou fundo, com raiva demais agora para olhar para Itachi. Interpretou o chão como a opção mais segura.

Itachi esperou por três segundos. E isso era muita bondade da parte dele, convenhamos. O moreno o agarrou pelo colarinho com uma pressa que fez Naruto tentar abrir a guarda, sem muito sucesso; impedido por pernas e tórax maiores que os seus. Itachi regurgitou algo dentro de si, algo como raiva, asco e instinto protetor, e lançou um cuspe encharcado no rosto de Naruto, que o fez fechar o olho esquerdo, se acumulando nas dobras da sua pálpebra e sobre seus cílios, que agora escorria pelo canto do nariz, já tocando a parte superior da boca. Com sua linguinha nervosa, Naruto pôde sentir o terrível gosto salgado.

Não é bom cuspir nas coisas?

— Quando eu te fizer uma pergunta...

Mas Itachi não precisou completar.

— Eu entendi, eu entendi. — Naruto tentou se lembrar da pergunta enquanto limpava o rosto com as costas da mão. — Foi, foi sim.

— Eu nunca me meti com você e você nunca se meteu comigo. Quando a galera do futebol implicava com vocês, eu implicava junto deles?

1... 2...

— Não! Não implicava, não implicava...

— Uma vez, eu não até defendi vocês, do teatro, quando estavam saindo do auditório e eles foram implicar com vocês, não foi?

— Foi.

— Mas, agora, você quem ferrou com o Sasuke, o que acaba ferrando comigo também.

— Desculpa, olha, Itachi, desculpa. Não sei por que cuspi os bombons. É que seu irmão fica direto em cima de mim! Direto. Eu tentei dizer a ele, educamente, que eu não estava a fim. Eu...!

— Tentou dizer. Que merda de desculpa fodida é essa?

Naruto fechou os olhos, já esperando. Mas não veio. Não veio, mas não vamos abusar.

— Eu não gosto dele, sabe. O que é que posso fazer!

Aí Itachi sorriu. Era um sorriso branco e sereno, à medida que era tenebroso, na límpida certeza que só uma solução premeditada poderia lhe dar.

— Você pode sair com ele — disse Itachi, libertando-o. — Você vai sair com ele. Amanhã você está livre?

— Se eu não for, você vai me bater?

Não era um desafio. Não, não, pelo amor de Deus, não era mesmo um desafio. Tentem entender. Naruto só estava tentando ser curioso.

— Se fizer o que estou te falando para fazer, não vai precisar descobrir. Você só estará fazendo uma gentileza, recompensando a quem você que fez uma coisa não muito legal. "O que faz um dia bom é fazer uma boa ação." Essa merda não é de uma das suas peças?

— É de "Hoje eu não quero voltar sozinho" — comentou Naruto, sem muita emoção.

— Que seja. Amanhã à noite. Entendido?

— Eu não vou fazer isso. Foda-se. Não vou participar dessa merda.

— Eu tô achando que você esqueceu de tirar a porra da boca pra falar comigo. — Itachi lambeu os lábios secos. — Repete.

— Não vê que isso é humilhante pro seu irmão? Mais humilhante que uma caixa de bombom jogada no lixo. Beleza, beleza, eu peço desculpa, eu digo pra ele depois: desculpa, cara, se você não sabe quando as pessoas que não gostam de você não te querem por perto, e aí você pega a bola e vai pra casa, e chama o irmão mais velho pra brigar com quem chutou forte demais o brinquedo novo. Mas, isso é humilhante, digno de pena. E você, irmão dele, me ameaçando para sair com seu irmão! Isso sim é pior, mais digno de pena. Acha que está fazendo bem pra ele ao fazer iss-

E foi desse jeito. Itachi fechou o punho e mirou bem na boca de Naruto, que gemeu derrotado, provando o gosto do próprio sangue. A cabeça deu um solavanco para trás, e Itachi o segurou para não quebrar o vidro do espelho.

Pois é. O Ferrero Rocher, pelo menos, tinha um gosto melhor do que sangue com sabor soco e cobertura de dor. Naruto limpou o lábio com a língua mesmo, estando ela coberta de vermelho coagulado e baba de outro cara agora. E, enquanto era sacodido, sibilou algo não muito compreensível, é verdade, pois tudo ao seu redor girava. Temeu outro soco, estando bem satisfeito só com esse. Porque Itachi o havia acertado na boca, e ele poderia ter quebrado o nariz Naruto, se quisesse; ou mesmo ter escolhido acertar o olho, e todos saberiam, pelo roxo no cara ou pelo nariz enfaixado, que Naruto havia apanhado, levado uma boa de uma coça.

Portanto, aquela bochechinha rasgada era nada. Um filete de sangue aqui e outro ali era como uma calda de morango com gosto mais metálico.

Naruto levou a mão à boca avermelhada e com tons mais escuros de rosa, que agora se diluíam na saliva de seus lábios mais inchados que antes. Itachi o puxou para perto, para bem mais perto, sua respiração pesada sufocando a do Naruto, enquanto um sorriso maldoso se estendia por detrás daqueles riso imaculadamente branco. Olhando para uma cabine em específico, de porta entreaberta, Itachi teve uma ideia.

— Não, por favor, tudo bem, tudo bem — Naruto pôde ler a expressão dele, e ainda estava questionando se havia interpretado corretamente.

Sentiu seu corpo ser conduzido pelo banheiro. Sentiu sua garganta doer ao implorar não não não por favor. Sentiu alguma coisa dentro de si ameaçando vomitar e outra coisa ameaçando chorar quando viu Itachi abrir, chutando, uma das cabines, que apresentavam um vaso mais lá do que cá, e que lhe sorria um lindo mijo amarelo e fedido — de dentro dele e da borda, acumulando pequenas poças no assento. Naruto sentiu a nuca sendo pressionada por alguém mais forte que ele, e notou o golpe que o fez se ajoelhar, sentindo a dor de bater com os joelhos no chão; e por pouco, mas por pouco, não começou a chorar ali mesmo. Ele tivera a péssima ideia de se imaginar sentindo o gosto daquela humilhação amarela, mais salgada que cuspe, borbulhando afogados gritos por socorro.

Quase mordiscando o lóbulo, Itachi sussurrou-lhe, bem no ladinho do ouvido de Naruto:

— Agora escuta uma coisa.

E Naruto escutou. Ah sim, pode apostar que escutou. Uma, duas, três... Escutou Itachi admitir ter um lado sádico muito do comportado, até, quando implicavam com ele — oh oh, me mandou tomar no cu? Hahaha uau esse Tobi é mesmo uma figura haha —; mas, se implicassem com Sasuke, o lance era bem diferente. Escutou que, se Naruto contasse para quem quer que fosse, não só o Itachi, mas o time inteiro de futebol iria acabar com a raça loira de frutinhas como dele. Ah sim, pode apostar. Porque Itachi nunca perdira nada àqueles caras, e eles não lhe negariam esse favor, esse pequeno favor; certamente não — eles já não gostavam mesmo de razões para serem babacas, né. Naruto escutou que, se fosse denunciá-los por isso, teria que ir denunciá-los por umas 11, 12 vezes. Porque todo dia iriam infernizar a vidinha dele, e não todos de uma vez, não, não, senhoras e senhores. Um de cada vez, um a cada dia. E, à medida que um fosse suspenso, outro se colocaria no lugar. Pois então, Narutinho, pense bem, sua consciência, materializada na voz de Itachi, o aconselhava: são 12 caras VS as suas 7 supostas vidas, gatinho. Vamos, você não é tão burro em matemática assim. Além do mais, (Naruto escutou também) ele achava mesmo que expulsariam alguém do time por causa de um aluno do clube de teatro que, convenhamos, queridos pais e mestres e amigos aqui presentes, nem é tão bom assim, e que sempre erra uma ou duas palavras quando lhe dão um monólogo. Fazendo "prevenção" parecer "pretensão", e "o estádio lota" parecer "esse rádio xota". E então? O que iria ser, Narutinho? Dar um selinho no irmão saradinho do irmão sarado, que poderia ser bem persistente quando queria, mas só para encerrar logo essa história, ou ter a cara enfiada em mijo e apanhar todo dia de atletas que socam e levantam coisas o tempo todo, até ficar desfigurado? O rostinho gay com olhos azuis de Naruto, marinado em Assepsia e leite-de-rosa, certamente seria algo como um massageador de punhos para aqueles caras.

— Por favor, cara, não, não! Tá bom, tá? Tá bom!

Agora sim Naruto estava chorando.

— Amanhã. 19h30. Numa lanchonete ou, sei lá, no cinema, que seja. É você quem vai convidá-lo. Hoje. E do jeitinho mais viadinho e convincente que conseguir. Afinal de contas, você é ator. E, no encontro, você vai levar um presente. Vai levar um...— Itachi pensou, encarando aquele vaso tentador ele pensou. — Uma caixa de Ferrero Rocher. E você ainda vai se desculpar por hoje, por sido um cuzão. Você entendeu?

Ah, entendeu, entendeu. Naruto já sentia o cheiro de mijo corroendo suas narinas. Uma gotinha de sangue que fugiu dos lábios agoniados e suspirantes dele manchou aquele líquido amarelado que antes era homogêneo; e se Naruto sequer soluçasse de mal jeito, iria descobrir o sabor humilhante de sangue quente diluído em urina fresca.

— Que bom.

Quando sua nuca foi liberta, o impulso de ser solto acabou fazendo a pontinha do nariz tocar naquela água. Talvez um pouco mais que a pontinha, e as narinas do loiro latejaram para reclamar da acidez.

— Não se atrase. — Dito isto, o banheiro se fez menos populoso que antes. Mas Naruto só teve certeza disso quando ouviu a porta ranger, e quando looongos segundos de reconfortante silêncio se passaram. Só aí ele teve coragem de reerguer o rosto que fungava.

E, relembrando da conversa de mais cedo, só agora havia entendido que às vezes não é mesmo tão legal assim jogar no modo Sobrevivência. Porque sobreviver é uma merda. Mais tarde, ele jogaria Minecraft pelo modo Criativo.

A passos lânguidos de um caminhante vandalizado, Naruto finalmente encontrou o espelho, e se encarou; encontrou a torneira, e se lavou, mais ou menos. Viu a mochila jogada ao chão e a pôs alçada nos ombros. Quando retornou ao espelho, e se encarou, e se lavou, e se moveu para ir embora, foi ali que ele começara a odiar de verdade esse tal do Sasuke.

•     •     •

Passando agora para o agora mais próximo do agora, no enredo, veríamos um Sas sorridente plainando até o quarto dos Uchiha.

— Itachi! Ei, ai, caralho, ei! Tá em casa?

E, antes de a porta ser aberta, a HQ do Doutor Estranho já estava de lado na cama — dessa vez, a de Vol.2 —, e Itachi aguardava a chegada de Sasuke pressionando os lábios, para conter o sorrisinho besta.

— Se eu te contar... tu nem acredita.

Itachi fez cara de interessado. Se ajeitou na cama, tentando achar sua posição mais confortável de desconforto. 

— Bem — murmurou de lado, deixando o olhar vagar por qualquer outro lugar do quarto —, isso eu quero ver. O que houve?

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"Haha". O que acharam? Esperamos que tenham gostado, e, se quiserem deixar suas primeiras impressões, ou revoltas, ou elogios aos personagens e/ou à escrita, narração e tudo mais (por favor, elogios kkkkk), fiquem à vontade! Já, já tem atualização. Abraço! :) 

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