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Capítulo 16 - Good girl go bad (Bárbara)

She was so shy

(Ela era tão tímida)

'til i drove her wild

(até eu transformá-la em selvagem)

I make them good girls go bad

(Eu faço as meninas boas virarem más)

I make them good girls go bad

(Eu faço as meninas boas virarem más)

I was hanging in the corner with my five best friends

(Eu estava no cantinho com minhas cinco melhores amigas)

I heard that you were trouble but i couldn't resist

(Eu ouvi que você era problema, mas não pude resistir)

(Good Girls Go Bad – Cobra Starship feat Leighton Meester) – 2009

Rafael continuava sacudindo o papel da propaganda dobrado como se esse fosse seu novo passatempo favorito. Eu juro que ele tinha até um sorrisinho no rosto e nem era tão presunçoso. Era um sorriso alegre, eu acho. Era difícil de dizer. Ao mesmo tempo que às vezes ele me surpreendia com ações onde eu reconhecia mais do que eu gostaria o meu melhor amigo e namorado, às vezes ele continuava uma perfeita incógnita.

Eu estava começando a me sentir um pouco melhor. Realmente achei que estava prestes a desmaiar, mas então resolvi procurar na bolsa por alguma coisa para comer e achei o papel. Porém, não achei nada para comer. Pelo menos a situação estava contida, por enquanto. Até Rafael cansar o braço, no caso.

Não me lembrava qual tinha sido minha última refeição.

Eu vinha pulando muitas desde 2009, para ser completamente honesta.

E vomitado o resto.

Em Monterey meu comportamento já me causara alguns problemas. Por exemplo, um desmaio no meio do shopping! E pior, no meio de uma briga com a Julie, aquela garota nova que Torrez resolveu que queria namorar ao invés de voltar para mim. Humilhante? Vocês nem fazem ideia. A história só piora.

Mas no Rio de Janeiro, a situação tinha saído um pouco do controle. Fazia um calor desgraçado naquela cidade e meu corpo não andava reagindo muito bem. Por não andar reagindo muito bem você pode entender que eu andava desmaiando ocasionalmente nos lugares mais inconvenientes do mundo, tipo na fila do supermercado. Sim, eu tenho que ir ao supermercado. Meu pai disse que parte da nossa mudança seria para me fazer "entender outras realidades" e me colocou para "trabalhar pela casa".

Achei que eu teria que adicionar elevador à lista crescente de lugares que eu já havia passado mal a ponto de desmaiar nesse inferno de cidade, mas então achei o papel e Rafael começou a abanar.

Era por isso que eu precisava juntar tudo na mala e ir embora. Essa cidade fazia mal para mim.

— Está melhor? — Rafael disse, girando o rosto para me encarar.

Por isso e por ele. Eu simplesmente não podia continuar morando nesse prédio, nesse bairro ou nessa cidade se isso significasse que eu correria o risco de encontra-lo a qualquer momento ou em qualquer lugar. Até na fila do mercado! Era um pesadelo que eu realmente não estava disposta a viver diariamente.

— Bárbara? — ele questionou, quando eu não respondi.

Damn it. Era tão ruim quando ele falava meu nome. Era como se meu coração recebesse uma pequena fachadinha toda vez que ele chamava. Anos tinham se passado e eu tinha conseguido quase que esquecer totalmente como meu nome soava saindo de seus lábios, todo errado no sotaque. Foram necessárias só essas poucas horas para todas as memórias sobre o assunto voltarem do fundo da minha memória e as facadas começarem a me atingir por todos os lados.

— Estou — respondi, seca. Eu não devia ter chama-lo para sentar ao meu lado. Era proximidade demais. Era demonstrar uma intimidade que nós não tínhamos mais. Eu sabia disso tudo. Gostaria de dizer que eu queria afastá-lo, mas ao invés disso, eu dei de ombros, frustrada. — Obrigada.

Obrigada.

Eu nunca dizia obrigada.

E lá estava a palavra. Flutuando por aquele elevador e chegando até os ouvidos dele, sem que eu pudesse fazer nada para evitar.

Rafael sorriu. Só sorriu. Um sorriso todo torto, todo tímido e todo típico dele que fazia a forma como eu me sentia se dividir entre querer socá-lo e querer abraça-lo.

— Seu braço não está doendo? — eu perguntei, para logo em seguida ter vontade de me socar. O que eu estava fazendo? Por que aquilo me interessava? Que se dane se estava doendo! Tossi, tentando disfarça a segunda gafe em tão poucos segundos. — Quer dizer, preciso saber se vou ficar sem vento em breve.

— Vou sobreviver — Rafael disse, encostando a cabeça na lataria e me encarando longamente. O espaço não era tão grande assim e estávamos separados por alguns centímetros e uma eternidade de mágoa. — Obrigado pela preocupação.

— Não estou preocupada com você — eu retruquei na lata, mas ele estava sorrindo de novo. — Estou preocupada com meu vento.

— Seu vento também agradece a preocupação — ele disse e então começou a soprar, fazendo barulho de vento. No meio daquilo, sussurrou um obrigado Bárbara.

Eu sacudi a cabeça, contendo um sorriso. Era um palhaço. Maluco, com certeza. Mas sempre me fazia rir. Quer dizer, exceto quando me fazia chorar diariamente por aproximadamente um mês e meio. Baixei os olhos, incapaz de sustentar seu olhar e aquela lembrança ao mesmo tempo. Seu braço continuava trabalhando freneticamente, enrijecendo e soltando seus músculos de uma forma quase hipnotizante. Desviei os olhos de novo. Só podia ser sintoma de completa loucura. O que eu estava fazendo da minha vida, encarando seu braço dessa forma?

Não que houvesse outra coisa para prestar atenção no elevador. Ele era incrivelmente feio e quente. Quatro paredes de metal sufocantes. Rafael pelo menos era bonito.

— Bárbara — ele chamou novamente, me fazendo girar o rosto para encará-lo mais uma vez.

Ele também sabia me deixar quente. Minhas bochechas rosaram com as lembranças que minha mente me forneceu no momento e eu tive vontade de agarrar o braço dele e abanar mais forte.

— Não é hora de conversarmos?

Eu perdi o ar com o susto da pergunta.

Era incrível como cinco simples palavras mudavam tudo.

Tudo.

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7 anos antes – Mês de Abril - Monterey, Califórnia

Eu cheguei para encontrar Rafael na sua casa, em um sábado. Ele parecia meio tenso. Eu achei que ele tinha brigado de novo com o pai. Os dois viviam discutindo sobre todo tipo de assunto e, por mais que Rafael também fosse um pouco cabeça dura, o pai dele era bastante intransigente.

— Oi, Bárbara — o irmão dele, Eduardo, apareceu na porta da sala.

— Oi — eu acenei, tímida.

Ele era só um menininho. Tinha os cabelos ruivos sempre bagunçados, os olhos mais sinceros da face da terra e um sorriso muito contagiante. Não tinha nada a ver com Rafael, mas isso não era ruim para nenhum deles. Eles eram diferentes, mas igualmente bonitos. Rafael era lindo, mas eu era suspeita. Eduardo era bonito também, com um quê de fofura, que Rafael não tinha.

Rafael podia até se comportar de forma fofa, mas suas expressões eram marcantes e, mesmo jovem, ele já tinha cara de homem. O que, é claro, deixava uma fila de meninas interessadas. Que eu queria metralhar.

— A namorada é minha, pentelho — Rafael deu um peteleco na orelha do irmão, sorrindo para mim. — Um dia você vai arrumar a tua.

— Tomara que ela seja bonita que nem a sua — Eduardo levantou um ombro, escondendo parcialmente o rosto.

Eu não sei quem estava com mais vergonha do elogio: eu ou ele.

— Vamos? — Rafael disse, nos tirando daquele impasse.

— Sim — eu respondi, esticando uma mão na sua direção. Com a outra, acenei para o caçula. — Tchau, Eduardo!

— Tchau — ele respondeu, sorrindo daquele jeito único.

Nós saímos de casa sem que eu visse seus pais. Eu quase não os via, para ser bem sincera, mas sua mãe era uma pessoa incrível que sempre me recebia de braços abertos. Seu pai sempre parecia ligeiramente desinteressado.

— Aonde vamos? — Eu perguntei, animada.

— É uma surpresa — ele respondeu, andando na direção do ponto de táxi.

— Longe assim? — eu questionei, quando ele abriu a porta de um e segurou aberta para mim.

— Já não disse que é uma surpresa?

Não era tão longe assim. Ou, pelo menos, não pareceu tão longe assim. Talvez uns 15 minutos, mas eu não prestei atenção. Estava entretida em conversar com Rafael, rir com Rafael e sentir aquele calor tão lindo no coração, que eu só sentia perto dele. O táxi parou em uma rua desconhecida de Carmel, cidade vizinha de Monterey. Rafael saiu do carro e me ajudou a sair também.

— O que estamos fazendo aqui? — eu olhei em volta, sem entender.

— Tão curiosa — ele revirou os olhos, estendendo sua mão para me guiar.

Contornamos o quarteirão, mas eu ainda estava sem entender nada. Carmel era bonita, é claro. Mas Monterey também era. Deveria haver um motivo específico para esse passeio e é claro que eu estava curiosa para descobrir. Qualquer um estaria.

Eu avistei a casa no momento em que viramos na rua certa. Só podia ser ela. Eu não fazia ideia do realmente era, mas era uma casa toda feita de pedra, com uma construção que se assemelhava a uma torre a parte. Eu dei um sorriso, mesmo sem ter a menor ideia do que estávamos indo fazer. Rafael parou na frente da casa, sorrindo.

— Você conhece Tor House? — ele perguntou, apontando para casa atrás de nós.

— Não, mas já amo — eu respondi, observando com as pedras tinham sido milimetricamente encaixadas e como o jardim era um show a parte.

— Mas você conhece Robinson Jeffers, correto? — ele questionou.

— Claro que sim — eu respondi. Ele sabia que eu conhecia. Nós fazíamos aula de literatura juntos e eu tinha chorado (literalmente chorado) quando nós lemos e estudamos um poema de Jeffers chamado A Beleza das Coisas. — O que você está querendo dizer?

— Jeffers morou aqui, Bárbara — ele deu de ombros, sorrindo timidamente. Meu coração martelou no peito. — Não sei se ele escreveu A Beleza das Coisas aqui, mas sei que ele escreveu Medéia. Conta?

Eu me agarrei em seu pescoço, emocionada e agradecida. O lugar por si só já era tão lindo que valia a viagem, mas saber que o autor do poema que se tornou meu preferido do mundo tinha vivido ali me deixava ainda mais em êxtase. Quer dizer, fora a presença de Rafael. Sua mera existência ao meu lado me deixava o tempo inteiro feliz.

Nós fizemos o tour guiado pela propriedade. Rafael tinha comprado os tíquetes online, semanas antes. Eles eram muito difíceis de conseguir, pois o tour só acontecia nas sextas e sábados, de hora em hora, e era restrito à seis pessoas por hora. A guia explicou que o poeta e a esposa moram por ali durante muitos anos, com os dois filhos gêmeos. Inclusive, a torre, chamada de Hawk Tower, foi construída justamente para ser um canto mágico para as crianças. Ela também disse que Jeffers fez grande parte do trabalho sozinho, usando pedras das praias locais, mas também trouxe pedras do Havaí, do Templo do Céu (na China) e da própria Muralha da China para completar a construção.

Quando ela perguntou se alguém conhecia um poema de Jeffers, ninguém levantou a mão. Eu percebi, então, que era a única que estava genuinamente prestando atenção na explicação. Os outros quatro turistas conosco estavam muito ocupados batendo fotos de todos os cantos da casa e Rafael estava olhando para ela, fingindo atenção, mas eu sabia muito bem que ele estava com a cabeça em outro lugar.

Então, eu levantei a mão lentamente.

— Ah, graças a Deus — a guia deu um sorriso. — Qual é o poema, querida?

— A beleza das coisas — eu disse, tão baixo que fiquei com medo dela não ouvir.

— Ah, meu favorito — ela sorriu. — Você gostaria de recitá-lo para seus colegas de tour?

Eu sacudi a cabeça de um lado para o outro, querendo aproveitar para me esconder nos meus cabelos. Rafael escolheu logo essa hora para voltar a prestar atenção nos acontecimentos, sorrir para mim e dizer:

— Vai, Bárbara.

Eu respirei fundo, procurando coragem. A minha timidez era grave na época e falar em público era difícil, por incrível que pareça. Mesmo assim, superei todo medo e comecei a falar.

— Para sentir e falar a impressionante beleza das coisas – terra, pedra e água — eu disse, tentando manter a cadência. — Fera, homem e mulher, sol, lua e estrelas.

Os turistas baixaram as câmeras e me encararam, parecendo um pouco impressionados.

— A beleza cor de sangue da natureza humana, seus pensamentos, frenesis e paixões — olhei para Rafael, em busca de apoio. Ele sorria sem parar. — E natureza não humana é realidade que se ergue.

Engasguei, com medo de continuar sob tantos olhares.

— Para o homem, meio sonho; o homem, você poderia dizer, é a natureza sonhando — a guia continuou por mim, sacudindo a mão como se incentivasse que eu continuasse.

— Mas as rochas e água e céu são permanentes – grandiosamente — eu consegui me forçar a dizer. — Sentir, e grandiosamente compreender, e grandiosamente expressar, a beleza natural, é o propósito único da poesia.

Engoli em seco, ciente que faltava pouco para o fim e querendo muito conseguir chegar até o final.

— O resto é distração: aqueles sentimentos sagrados ou nobres, as ideias intrincadas — respirei fundo para o final, olhando para Rafael como se ele fosse meu porto-seguro. — O amor, o desejo, a saudade: razões, mas não a razão.

Todos bateram palmas e me deu vontade de chorar de novo. Rafael me abraçou, dando um beijo na minha testa e eu desejei nunca precisar sair daquele abraço. Ele era meu porto-seguro, de verdade. Meu canto mágico. Minha pedra da Muralha da China (porém, do Rio de Janeiro mesmo).

Nós terminamos o tour em silêncio e sentamos no jardim, conversando amenidades até o pôr-do-sol. Era uma casa incrível. Um lugar incrível. Era de se esperar que Jeffers tivesse ficado tão inspirado em um lugar como aquele. Eu queria morar ali. Podia imaginar minha vida em Carmel. Filhos, cachorros e Rafael. Se até rimava, só podia significar que era um bom plano.

Entramos no táxi de volta e eu só conseguia falar nisso. Sobre como morar em um lugar como aquele parecia um plano perfeito. Rafael pareceu empolgado no início, mas seu sorriso foi murchando toda vez que eu adicionava algum novo sonho à nossa futura casa fictícia. Um cachorro a mais, uma churrasqueira, uma piscina rasa para as crianças (e para os cachorros), uma sacada... eu não percebi. Ou não quis perceber. Continuei sonhando, imaginando nossa vida perfeita, sem saber a rasteira que a vida estava para me dar.

— Bárbara — ele disse, cortando minha frase sobre uma claraboia.

Eu girei na sua direção, absorta em meus sonhos e sorridente. Parei de sorrir quando vi o quanto ele estava sério. Então, entendi. Que a tensão do início do dia não tinha nada a ver com o pai dele. Ele havia passado o dia inteiro segurando uma única frase. Tinha me levado para um passeio de despedida.

— Eu quero terminar o namoro.

Era incrível como cinco simples palavras mudavam tudo.

Tudo.

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OLAR, estou chegando atrasadas MAS ESTOU CHEGANDO! Obrigada por esperarem.
Chego também com um tiro desse, espero que me perdoem.

Acho que HOJE eu consegui organizar mais ou menos a minha vida e, apesar de ainda ter várias coisas para fazer, consegui tirar o atraso das mais importantes e penso que vou conseguir dividir melhor minhas tarefas esse mês. Oremos. Então, espero não atrasar mais nenhum capítulo. Oremos de novo. E espero que eu consiga fazer um bônus para compensar o atraso. Oremos 3x. O que vocês querem? Contem-me e eu posso (ou não) atender :)

Se alguém quiser ver essa belíssima casa chamada Tor House, aqui vai uma fotinho:

Eu não sei vocês, mas fiquei morrendo de vontade de conhecer! Espero que vocês também tenham ficado com vontade de ler os poemas do Jeffers. Ele tem uns bem ótimos, viu.

Novamente, muito obrigada pelo carinho. Vocês são tão lindos! Minhas pedras da muralha da China, sacam??? <3 Obrigada por serem meu porto-seguro! Um beijo enorme e não esqueçam das estrelinhas, mesmo com o atraso? Se for possível? Ficaria bem feliz <3

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