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Capítulo 14 - Bad Romance - Bárbara

I want your love and

(eu quero seu amor e)

I want your revenge

(eu quero a sua vingança)

You and me could write a bad romance

(eu e você podemos escrever um romance ruim)

Bad Romance – Lady Gaga

Era difícil, não difícil que eu não queria nem falar sobre o assunto. Nem pensar sobre o assunto. Eu não conseguia falar nada, mesmo se eu quisesse muito. E eu nem estava certa se queria tanto assim.

Quer dizer, era idiota. Eu não podia simplesmente dizer a verdade. Assumir. Nem para mim mesma. Rafael tinha me magoado de uma forma que nenhum outro cara jamais tinha feito – muito porque eu jamais tinha deixado também. Nem se aproximarem o suficiente para me magoarem, para ser bem sincera. E ao mesmo tempo que tinha todo esse lado magoado berrando dentro de mim, também tinha um outro, que eu tentava silenciar a todo custo... aquela partezinha berrava. Parecia que queria me deixar maluca, enfiada naquela jaula de metal.

Mas como era possível? Silenciá-la, eu digo. Quando ele dizia coisas assim?

Que não foram os piores seis meses da vida dele, mas que ele me... ele ia dizer isso, não ia? Que me amava. A palavra ficou presa na garganta, mas eu li as entrelinhas. Era isso. Só podia ser isso. Mas... como podia ser isso?

Se ele me amava, de verdade, como tínhamos acabado daquela forma? Como Nadja tinha entrado na história? Por que ele simplesmente me cortou de sua vida, como se eu fosse uma maldita erva daninha?

Encarei-o, silenciosa. Suas pernas estavam dobradas na frente do seu corpo e ele olhava para baixo, com aquele cabelo lindo caindo na frente de seus olhos. Estava em silencio desde que eu tinha questionado sobre nosso relacionamento e depois caído nas lágrimas. Acho que ele não sabe lidar muito bem com lágrimas. Eu entendo, eu acho. É só que... é só que ele sabia. Muito bem, inclusive.

Ah, sabia. A única coisa que me consolava quando eu desandava a chorar sem parar eram suas mãos, deslizando pelo meu rosto e afastando todas as lágrimas para longe. Mas fazia eras. Eras. Eu não podia olhar para esse Rafael e achar que ele é aquele mesmo garoto que eu amava.

Eras, Bárbara. E depois disso ele ainda foi um babaca.

Minha racionalidade ainda tentava dar uns gritos na minha cabeça às vezes, o que só piorava a minha já loucura proveniente das minhas tentativas de silenciar a emoção.

Eu podia estar enganada. Redondamente. Eu costumeiramente estava, não é verdade? Será que ele estava me enganando tudo de novo? Eu acreditava quando ele dizia que me amava quando tínhamos 15 anos. Por que as coisas seriam diferentes tantos anos depois? A única coisa que não estava sendo diferente é que, pelo jeito, eu continuava sendo uma otária.

Mas, mas, mas... eu pedi para que ele fosse sincero.

Será que ele tinha simplesmente mentido?

Não era mais fácil ter dito a verdade? Que me odiava e que só ficou comigo por pena, por uma aposta, ou seja lá qual foi o motivo que o levou a ficar comigo, para início de conversa? Era tão difícil de acreditar. Ele era meu melhor amigo.

Ou será que nossa amizade também era uma fraude?

O que Rafael queria, anos depois, falando coisas desse gênero? Eu não ia cair no papo dele de novo. Pelo que eu vinha sabendo através da stalker da Ruth ou pelas vezes que eu mesma fui uma completa stalker, Rafael não vinha economizando mulheres.

E eu não ia ser uma das suas novas conquistas, ainda que já tinha sido uma das antigas. Faz eras entende... eras.

Eu era uma criança... Não tinha como saber que ele não valia nada.

Mas, mas, mas... Tenho dúvidas se hoje eu teria essa malicia de saber que ele não valia nada.

Veja bem, duas horas trancafiada no elevador com ele e já estou pensando um monte de besteiras sobre ele! Sobre o cara que mais me fez sofrer na vida! Isso não faz o menor sentido...

Só que ao mesmo tempo ele é minha única forma de entender, verdadeiramente, o que tinha acontecido.

Eu tentei. Primeiro achei que tinha sido porque Nadja era simplesmente mais bonita e irresistível, então me tornei ainda mais bonita e irresistível que ela. Todos os garotos do colégio começaram a prestar atenção em mim, menos Rafael. Eu fiquei com tanta raiva! Tanta raiva que comecei a espalhar os boatos mentirosos sobre ele. Achei que, pelo menos assim, ele voltaria a falar comigo. Não voltou. Criamos uma guerra fria no meio de St. Claire, onde estávamos sempre quase berrando um com outro no meio do corredor mas, no último segundo, cada um seguia para seu lado, completamente mudo.

Só ele poderia me explicar, entende?

Onde eu errei.

Porque, pelo jeito, eu continuava errando. Depois dele, tivemos Torrez. Que também me trocou por uma outra garota do colégio, que diga-se de passagem nem era mais bonita e mais irresistível que eu. Era simplesmente novidade. Depois dele, Paul... que vivia me trocando por qualquer rabo de saia que ele achava mais interessante nas suas viagens pelo basquete. E eu fingia que tudo bem, muito porque eu também estava trocando-o por qualquer par de calças que eu achasse interessante nas minhas idas e vindas por conta da faculdade.

Não eram relacionamentos sadios, entende? Torrez e a garota por quem ele me trocou já estavam até casados e eu continuava cometendo os mesmos erros de uma menina de quinze anos. Só Rafael poderia me explicar.

Só que eu não conseguia me fazer perguntar. Eu tinha muito medo da resposta. Passei anos analisando o assunto e não cheguei a nenhuma conclusão decente... E se ele viesse com uma rasteira? Não sei se eu estava realmente preparada.

Mas mesmo assim...

— Rafael — eu chamei de novo, ainda em busca da minha coragem.

Ele levantou a cabeça, ainda com os braços apoiados nas pernas. Sua expressão também não era das mais convidativas e por um milésimo de segundo, eu até fiquei com pena. Mas pena? Por que eu ficaria com pena do cara que destruiu um pedaço da minha vida?

Mas também me fez mais forte.

Mas pelos motivos errados.

— Aff — eu exasperei, cansada do meu próprio monólogo interno.

— Tá tudo bem? — Rafael perguntou.

— Não, tá tudo uma porcaria — choraminguei.

Eu não podia chorar de novo. Era simplesmente humilhação demais chorar mais uma vez, pelas mesmas razões. Pela mesma razão. O cara sentado na minha frente, me encarando em confusão.

— Fala — ele disse. — Por favor.

— Não — eu me retive, sem saber o que falar. — Deixa.

— Bárbara — ele tentou mais uma vez.

Deixa — eu disse, entre dentes.

Todas as vezes que a gente tinha entrado numa conversa um pouco mais profunda sobre nosso relacionamento, a situação tinha saído de controle. Não que tivessem tido muitas vezes no passado, além dessa atual. Na verdade, só uma.

Eras atrás. Eras.

E eu nem sei se dá para dizer que foi uma conversa...

8 anos antes – Mês de Julho - Monterey, Califórnia

Eu achei que ele já tinha ido embora. Do país, quer dizer. Achei que, naquela altura, ele já estava de volta no Rio de Janeiro, sambando, ou seja lá o que for que ele gostasse de fazer nessas terras.

Mas não.

Ele estava lá.

Na festa.

Na mesma festa que eu.

Mais exatamente, em uma festa da piscina. No spring break.

Quer dizer, mais ou menos. A gente não tinha idade suficiente para participar do spring break, mas estávamos fazendo nossa própria versão. Na casa de uma colega nossa. Os pais dela tinham ido viajar e sua irmã mais velha estava encarregada de nossa supervisão.

Só que ela não estava nem aí.

Inclusive estava tão nem aí que estava em uma festa com os próprios amigos, na casa de uma amiga. E tinha largado a casa toda para trás, para um grupo de adolescentes de 15 anos. A casa era gigantesca, com uma piscina maravilhosa e de cara para o mar.

Eu não queria ir, mas Ruth me convenceu. Disse que eu precisava sair de casa e pegar um pouco de sol e que nada melhor do que uma festa desse gênero para isso.

— Você precisa se distrair — ela reclamou — Parar de pensar nele.

Já estávamos de férias há uns 15 dias e Ruth tinha parado de falar o nome de Rafael no momento em que as aulas acabaram. Ela dizia que fazia parte do meu processo de desintoxicação, para que eu simplesmente esquecesse que ele existisse. Ah, se fosse só uma questão de nunca mais falar seu nome...

— Não quero ir, Ruth — eu reclamei, inutilmente, diversas vezes.

— Não estou perguntando se você quer ir — ela dava de ombros, sem paciência. — Estou perguntando se você quer comprar um biquíni novo, já que você vai, não importa o que você diga.

Então lá estávamos nós. Quando cruzamos o portão da casa da Vitória, eu até fiquei minimamente animada. Era verão, minha época preferida do ano, onde ficava quente mas não infernal e eu podia passar o dia inteiro nadando na piscina de casa, pegando sol e fofocando com Ruth, sem precisar me preocupar com nada além disso. Talvez fosse uma festa legal, no final das contas. De repente eu conheceria um cara legal, que me faria esquecer ele.

Exceto que ele estava bem ali.

Segurava um copo de cerveja e estava apoiado na parede, conversando com Roger como se fosse o maldito dono do lugar.

Eu o vi antes de Ruth, que continuou andando pela casa. Eu fiquei para trás, petrificada. Dividida entre o pânico de ter que encará-lo e a vergonha de ter sido vista na festa e ter saído correndo depois de ver o ex-namorado.

Eu era Bárbara Adler. As pessoas me respeitavam. Eu não podia me dar ao luxo de sair correndo. Era minha reputação, recém construída com muito sofrimento e lágrimas escondidas no banheiro, que estava em jogo.

Então eu andei lentamente até o banheiro e me arrumei. Era uma festa na piscina, então minha maquiagem era leve e a prova d'água. Prendi o cabelo em um coque perfeitamente alinhado e encenei um sorriso no espelho. Parecia convincente.

Ruth estava do lado de fora do banheiro quando eu saí.

Ele está aqui — ela disse, agarrando-se ao meu braço.

— Eu sei — eu respondi, entre dentes. Algumas pessoas já estavam olhando para nós.

— Você quer ir embora? — ela perguntou, soando preocupada.

— É claro que não — eu respondi, apesar da resposta mais perto da verdade ser é claro que sim. Os olhos nos acompanhavam pelos corredores, então me mantive sorridente. — Vamos aproveitar o dia.

Tentei.

Quer dizer, tenho certeza que Ruth aproveitou muito o dia. Para ser bem sincera, eu mal a vi. Também não fiz questão. Me empoleirei em uma espreguiçadeira vaga e lá fiquei, observando o movimento e desejando estar em qualquer outro lugar, menos ali. Eu evitava ao máximo observar Rafael, mas é claro que ele já tinha me notado e trocávamos olhares acidentais.

Estávamos competindo para ver quem desviava o olhar primeiro. Gosto de pensar que eu estava ganhando, mas como ele também estava usando óculos escuros, era difícil dizer.

Em algum momento, ele simplesmente sumiu. Eu estava distraída conversando com Vitória, a dona da casa. Ela estava me dizendo sobre como eu estava incrível no meu biquíni e me perguntando como eu tinha perdido tantos quilos em tão pouco tempo.

— Reeducação alimentar — menti.

Quer dizer, não é bem uma mentira. Eu tinha me reeducado. Agora comia menos e vomitava tudo aquilo que eu comia, mesmo o pouco que fosse. Meu corpo tinha se acostumado a funcionar dessa maneira, então acho que podemos considerar uma reeducação.

— Preciso do nome dessa nutricionista — ela sorriu.

— Ah, com certeza — eu sorri de volta, sem querer dizer que o nome da nutricionista era ponta-da-escova-de-dente, que eu usava para forçar a minha garganta. — Vou procurar e eu te passo.

— Muito obrigada — ela sorriu e se afastou.

Segundos depois, eu ouvi a voz do Rafael me chamar, do outro lado da espreguiçadeira. Girei-me lentamente, sem acreditar que ele tinha tido a cara de pau de ter vindo até mim. Ele estava sorrindo e me estendia um copo de água gelada.

— Você vai desidratar pegando sol assim.

— Não que isso te importe, não é mesmo? — eu revirei os olhos, sem pegar o copo.

— Eu me importo com você — ele disse. Por um segundo, eu quase acreditei. Mas claro que não se importava.

— Claro que se importa — eu revirei os olhos de novo, sem paciência.

— Posso falar com você um segundo? — ele disse, ainda segurando a água feito um completo idiota.

— Não — eu retruquei. — Aliás, o que você ainda está fazendo aqui? Achei que a essa altura já teria voltado para o terceiro mundo.

— Bárbara — ele chamou. Toda vez que ele dizia meu nome parecia que eu levava um pequeno tiro. — Por favor.

— Eu não tenho nada para falar com você, Rafael — eu disse, torcendo para que ele se sentisse tão mal quanto eu me sentia quando ouvia eu chamar seu nome. — Achei que eu já tivesse te dito isso.

— Gostaria que você mudasse de ideia — ele disse, deixando o copo ao lado da minha espreguiçadeira. — E, se mudar, estarei na praia.

Eu o observei dar um passo para trás, incerto. Depois outro. Quando ele estava prestes a virar de costas, eu me arrumei na cadeira.

— Surfando? — perguntei.

— Não — ele sorriu. — Esperando você.

Eu não iria. Sinceramente, eu realmente não queria ir. Ficar na companhia de Rafael era muito doloroso e, na quela época, eu achava que nada que ele tivesse para me dizer seria suficiente para explicar o que ele fez comigo, ou justificar. Não tinha justificativa para agir daquela forma.

Só que eu fui.

Esperei alguns minutos passarem, é claro. Não queria que ninguém me visse correndo atrás de Rafael. Não que eu estivesse realmente correndo atrás dele, é claro que não. Eu só estava curiosa. Não, curiosa não. Eu não me importava... mas é que tinha aquele pedacinho, sabe... bem pequenininho... que queria saber o que ele tinha para me falar.

E se não fosse o maior pedido de desculpa de todos os tempos e não envolvesse ele se arrastando nas pedras da praia para me implorar perdão, eu ficaria decepcionada.

Não era isso que ele queria dizer, mas eu não fiquei decepcionada.

Eu cheguei na surdina e sentei ao seu lado. Ele estava sentado na curta faixa de areia, escondido atrás de uma pedra. Não era a nossa pedra, perdida no meio do mar. Era uma pedra qualquer, grande, mas enfiada no meio da areia. Ele só percebeu a minha presença quando eu sentei ao seu lado, esticando minha canga no chão.

Eu não ia sujar meu lindo e elogiado biquíni de areia, não é mesmo?

— Oi — ele disse, sorridente. Juro que seus olhos quase brilhavam. Provavelmente era o sol. — Você veio.

— Não sei o que me trouxe até aqui — eu disse, encostando vagarosamente na pedra. — Meus pés atuaram sozinhos.

— Gosto dos seus pés — ele sorriu, descendo os olhos para eles, demorando-se nas minhas coxas. — Meus aliados.

— O que você quer falar? — eu cortei, sem querer ouvi-lo.

Eu não tinha bebido, mas no momento que ele virou todo torso na minha direção, parecia que sim. O mundo foi tomado por um lento torpor, que fez tudo acontecer muito lentamente. Que bosta, eu não devia ter vindo.

— Eu queria te dizer que — ele começou, aproximando vários centímetros a cada palavra.

Eu agarrei as pontas da minha canga, afundando minhas mãos na areia. Era melhor enfiar areia até embaixo da minha unha do que fazer o que meu corpo pedia, que era jogar os braços em volta do pescoço dele. Meu coração já estava totalmente fora de ritmo e se eu abrisse a boca, tenho certeza que não falaria nada de coerente. Então só encarei, tentando fazer a expressão mais blasê que eu conseguia, mas provavelmente parecendo uma garotinha empolgada.

— Que... — Rafael tentou de novo, perdido nas suas próprias palavras.

No final das contas, agarrar a canga não adiantou nada. Rafael não se moveu um centímetro, ficou gaguejando que que que e olhando para baixo e para mim, feito o melhor amigo que eu tinha há alguns meses atrás. Fui eu que me joguei em seus braços, feito uma maluca. Meus dedos cheios de areia agarraram seu pescoço e eu o beijei, sem ter a menor sombra de controle sobre meu corpo. Rafael arfou com o susto, mas envolveu minhas costas com suas mãos em um segundo.

Muito mais de um segundo se passou com nós dois envolvidos naquele beijo. Tanto que eu já estava até deitada contra a minha canga, perdida em como ele era familiar e incrível. Nós éramos feitos um para o outro, só podia ser isso. Só que não era. A vozinha da minha racionalidade começou a berrar lá no fundo da minha cabeça, tão no fundo que eu demorei horrores para ouvir.

Mas ela foi insistente. Eu ouvi. Demorei, mas ouvi.

Empurrei Rafael para longe, mas ele não resistiu. Se afastou como se estivesse esperando aquela reação desde o princípio. Não disse nada quando eu me levantei, sacudi a areia, virei de costas e fui embora. Da festa. Da vida dele. De novo. E para sempre.

Até o elevador.

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Não vou deixar recado hoje para ME FORÇAR a vir até aqui amanhã e postar um bônus, porque já estou devendo isso há o que, três semanas? Queria pedir desculpas mais uma vez, a vida não tem andado fácil. Obrigada pela paciência e pelas estrelinhas mesmo assim <3

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