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Certas coisas

{Prólogo: Certaines choses}
"Certas coisas são tão evidentes, apesar de inexplicáveis, que a gente não pode deixar de acreditar.

Caio Fernando Abreu"

— Vejo que parece perdida. - Uma voz idosa chamou a atenção da menina, que estava sentada em um dos bancos da paróquia. Olhou bem para a mulher, era a madre daquela igreja, pelo que sabia, aquela mulher tinha idade para ser sua mãe. Ela esboçava um sorriso gentil em sua face e um brilho materno em seus olhos azuis, obviamente vestia um hábito religioso que escondia todo o corpo, desde os pés até os fios de cabelo, deixando apenas o rosto a mostra.

Já havia visto freiras vestidas daquele modo, agora veria com ainda mais frequência.

— Meu pai pretende colocar-me em um convento, está tentando de tudo para não gastar dinheiro com um quarto dote. - A menina falava com a voz embargada, era a filha mais nova e a menos desenvolvida, tinha outras três irmãs que já eram casadas e dois irmãos que estavam encaminhados para os seus próximos casamentos.

— Fazer escolhas difíceis é um fardo para os nossos progenitores, porém, ser uma mulher em uma época tão árdua não é nada fácil também. - A madre colocou a mão no rosto encharcado de lágrimas da menina e sorriu dócil.

— Eu também queria ter uma família,  nem que fosse por um casamento arranjado, contanto que eu pudesse ter meus filhos e, talvez, algum dia amar o meu marido, eu estaria feliz. - A menina fungou, tinha dezesseis anos, não queria passar a vida toda reclusa dentro de um convento.

— Conheço muitas histórias como a sua, eu já fui assim. Aliás, você tem o mesmo olhar que alguém que eu conheci há muitos anos, meu primeiro amor. - A madre sorriu nostálgica, então a menina olhou para a mulher surpresa ao ouvir aquilo.

— Já apaixonou-se por alguém, madre? - Ela perguntou bastante curiosa, quase nunca tinha a oportunidade de ouvir sobre uma história de amor real, fora a de seus vários livros.

— Moças de convento também amam, eu era como você, só que mais atrevida e ingênua, talvez fosse por eu ter passado a vida inteira dentro de um convento e achasse que tudo fora dessas paredes talvez fosse melhor para mim. - A mulher suspirou. - Porém, é uma longa história e bem antiga, creio que uma jovem não queira perder o tempo escutando asneiras de uma mulher velha.

— Muito pelo contrário, estou bem curiosa, insisto que conte-me sua história. - A menina logo negou a afirmação da mulher. A madre sorriu mais uma vez.

— Tudo bem, irei contá-la. - Tentou conter a súbita timidez, fazia tempo que havia contado aquela velha história para alguém. - Então... Por onde eu começo? No meu aniversário de dezoito anos...








“Algo sobre você
(Something about you)

É como um vício
(It's like a addiction)

Acertou-me com o seu melhor tiro, querida
(Hit me with your best shot honey)

Eu não tenho razão para duvidar de você
(I've got no reason to doubt you)

Porque algumas coisas machucam
('Cause some things hurt)

E você é minha única virtude
(And you're my only virtue)

E eu sou virtualmente a sua
(And I'm virtually yours)”

Vinte dois anos antes...

Marinette abriu a janela de seu minúsculo quarto sentindo o cheiro de um novo dia. O céu ainda estava clareando e já podia-se ver pequenos e fracos raios solares surgindo lentamente no horizonte.

Trocou sua roupa e prendeu bem seus cabelos, era uma donzela, então teria que andar com os cabelos presos, pelo menos até arrumar um marido, então, ao menos só para ele, ela poderia mostrar seu compridos cabelos negros azulados.

Imaginava, como poderia ser a vida de um casal? Ou a vida de uma família?

Ela nunca soube realmente. Foi jogada em um convento ainda bebê, as freiras falavam muito pouco sobre como eram seus pais, até porque elas mesmas apenas os viram apenas no dia em que ela chegou e nenhum dia a mais. Eles nunca vieram visitá-la, nem mesmo sequer sabia se estavam vivos. Mas, Marinette nunca guardou rancor deles, nem sequer algum outro sentimento, apenas queria ter o que eles nunca lhe deram: o amor de uma família.

Um bom marido, bons filhos, uma vida boa e tranquila.

Talvez estivesse mais melodramática porque era seu aniversário, fazia dezoito anos e teria de decidir se iria casar ou virar uma noviça e, posteriormente, uma freira. Ser uma noviça não faria diferença alguma, sempre viveu como já fosse uma.

Ser parte do clero — mesmo que não fosse de uma parte superior — já significava uma vida tranquila, repleta de orações, eventos de caridade, mais orações, atividades religiosas, estudo da bíblia, cozinha, limpeza e mais orações. Mais ainda assim era algo respeitoso ser uma mulher casada com a igreja.

— Marinette, pare de ficar vagando pelos cantos, ainda temos trabalho para fazer. - Alya chamou a atenção de Marinette. A azulada estava sentada em um dos bancos da paróquia olhando para a imagem da Virgem Maria enquanto divagava sobre a sua vida. Alya também havia sido jogada naquele covento, mas, ao contrário de Marinette, a mãe dela a queria, mas a criança foi separada dela por causa de seu marido, provavelmente Alya era fruto de uma traição, essa possibilidade fazia sua amiga odiar homens por serem menos julgados do que as mulheres. - A Madre Bustier falou-me que receberíamos uma nova moça.

— Uma pessoa nova? Ainda moça? Isso é estranho, não costumamos a receber muitas moças nessa época do ano. - Marinette suspirou, havia algumas assim, que eram abandonadas por serem menos belas que suas outras irmãs ou por algum nobre não ter condições de pagar o dote para arranjar algum casamento político. - Provavelmente deve ser filha de algum nobre.

— Dizem que é a filha mais nova do Rei Gabriel, o próprio príncipe herdeiro fez a escolta dela junto com mais alguns soldados. - Alya comentou, Marinette levantou-se do banco mas, quando ia dizer algo, a porta da paróquia abriu-se revelando a Madre Bustier, um homem, parecia ser um nobre, ele tinha cabelos loiros e olhos verdes, outro homem, este um guarda costas, com cabelos castanhos, olhos levemente dourados e pele negra e uma menina, um pouco mais nova que Marinette, tinha cabelos grandes e loiros, olhos azuis e parecia bastante incomodada por estar em um convento.

— Irmã Dupain-Cheng e Irmã Césaire, que surpresa encontrá-las na paróquia após a missa matinal. - A Madre Bustier olhou-as querendo explicações, as duas jovens fizeram uma pequena reverência para os nobres ao lado da madre.

— Desculpe-nos, madre, eu perdi a hora e Alya veio chamar-me para as atividades. - Marinette tomou a frente antes que Alya dissesse algo para aliviar a sua culpa, conhecia a amiga muito bem e sabia que ela adorava proteger-lhe.

— Madre, porque não nos apresenta já que acabamos por encontrá-las aqui? -  A voz do homem loiro chamou a atenção de Marinette, só então ela notou que ele mantinha o olhar fixo nela desde o momento que entraram. A madre corou pela indelicadeza.

— Perdoe-me, Alteza, conheço-nas desde quando eram mocinhas, estou tão acostumada a dar-lhes broncas que acabei esquecendo meus modos. - Madre Bustier sorriu nervosa. Marinette e Alya tiveram que segurar a risada, era verdade, aprontavam todas desde meninas, sempre deixavam a Madre com seus cabelos ruivos em pé. - Altezas, estás são Alya Césaire e Marinette Dupain-Cheng, cresceram neste convento e são como filhas para mim. - A mulher sorriu gentil, isso as meninas não podiam negar, amavam a madre como se ela fosse uma mãe. - Senhoritas, estes são Adrien e Isabele Agreste, o príncipe herdeiro e a princesa, e este é Nino Lahiffe, guarda-costas de Sua Alteza.

— É um prazer conhecê-los. - Marinette e Alya fizeram uma nova reverência. O príncipe ainda não havia desviado o olhar de Marinette, estava começando a achar que havia feito algo errado.

A princesa puxou a saia da madre chamando sua atenção, ela fez um gesto para a mulher abaixar e disse algo em seu ouvido. A mulher corou levemente e se recompôs.

— Eu preciso levar Sua Alteza para seus novos aposentos, creio que vocês duas possam mostrar os arredores para os cavalheiros aqui, com licença, Alteza. - A madre sorriu reverenciando o príncipe antes de partir com a princesa ao seu alcance.

Marinette olhou para as costas da madre, aquilo tinha cara de necessidades da natureza, isso sim.

Voltou a olhar para o príncipe, ele ainda não havia desviado o olhar dela, corou levemente e olhou para a amiga ao lado que olhava com desdém para os cavalheiros à sua frente. Alya realmente odiava homens.

— Fico agraciado por sua companhia, Senhorita Césaire. - Nino estendeu sua mão  com o intuito de beijar a mão de Alya, mas a donzela apenas olhou para a palma estendida com fúria em seus olhos.

— Fique longe de mim, verme insolente. - Ela virou o rosto e andou para a saída da paróquia deixando ambos os homens perplexos. Marinette estava bem acostumada com aquele comportamento hostil de sua amiga para com os homens, muitas vezes arrumavam confusões por causa disso.

— Será que a ofendi? - Pergunto Nino confuso.

— Sinto muito, acho que Alya acordou mal humorada, ela nem sempre é assim. - Marinette tentou redimir a amiga, mas aquilo, na verdade, era uma bela de uma mentira, Alya sempre era assim.

— Nino, porque não tenta uma nova aproximação com a Senhorita Césaire enquanto a Senhorita Dupain-Cheng me mostra os arredores. - O príncipe se pronunciou com uma sugestão, que bem no fundo de sua voz soava como uma ordem.

— Estou em serviço, Alteza, seu pai e meu pai arrancariam minha cabeça se soubesse que deixei-te desprotegido enquanto corria atrás de um rabo de saia. - Nino falou sério. A família Lahiffe protegia a dinastia Agreste à gerações, cresceu com Adrien sempre instruido a dar sua vida pelo príncipe caso necessário, e assim como seus pais, acabaram desenvolvendo uma amizade de longa data sem se esquecerem de suas posições. Entretanto, consideravam-se irmãos.

— Eu sei me defender, não me faça parecer um fracote dependente na frente de uma dama. - Marinette soltou uma leve risada, porém, logo a encerrou, eles pareciam bastante amigos ao seu ver, assim como ela e Alya.

— Tudo bem, não pretendo demorar. -  Nino não pensou uma segunda vez antes de ir atrás de Alya pela mesma direção que ela havia saído da paróquia.

— Teimoso. - Ouviu um resmungo do príncipe, teve que conter novamente sua vontade de rir, nunca viu alguém da realeza resmungar daquele jeito. - Bem, agora que todos foram embora, estou em suas mãos.

Marinette corou ao escutar aquilo, mesmo que não tivesse um sentido mais profundo, ela ainda sentiu-se envergonhada pela frase.

— Então... vamos até o jardim, é um local agradável para se esperar. - Marinette sugeriu com um sorriso nervoso.

Andaram até o jardim em silêncio, vez ou outra algumas pessoas passavam por eles curvando-se diante de Sua Alteza e depois soltando comentários ao ver o príncipe com Marinette. Estava acostumada com mexericos a seu respeito, as pessoas sempre costumavam a questionarem-se sobre sua origens, sobre o tipo de pessoas que eram seus pais. Já ouviu comentários que diziam que eram judeus, ou andarilhos, já ouviu que era filha de uma mulher de vida fácil ou de uma bruxa, apenas fofocas e especulações que, por sorte, não geraram confusões maiores.

— Aparentemente, as pessoas por aqui gostam de fazer comentários invasivos. - Adrien foi o primeiro a se pronunciar quando chegaram no jardim.

— Quando se mora tantos anos aqui, você acaba acostumando-se. - Marinette deu de ombros e sentou-se em um banco, sentindo a brisa de outono em sua nuca.

— Eu nunca conseguiria me acostumar. - O príncipe sentou-se ao lado de Marinette, também sentindo o vento bater em seus cabelos enquanto olhava para o rosto pensativo da menina ao seu lado. - Espero que Isabele consiga.

— Está tudo bem, Alteza, eu e Alya jamais deixaríamos sua irmã ser oprimida por ninguém. - Marinette sorriu olhando para o príncipe ao seu lado.

— Sinto que posso confiar nas suas palavras, você tem uma aura materna em volta de si. - Adrien sorriu também. Ela não havia percebido o quão próximos estavam.

Marinette levantou-se novamente, estava um pouco incomodada com o jeito que havia ficado tão perto do príncipe. Tinha que manter seus modos, ele era um homem casado, se continuasse daquele jeito entrariam em uma situação mal vista.

— Sua Alteza concorda com a decisão de Vossa Majestade em deixar a princesa reclusa em um convento tão longe do castelo? - A curiosidade de Marinette falou mais alto que sua razão, sempre que algum nobre deixava seus parentes dentro daquele convento tinha a vontade de perguntar algo do tipo - Ah... Perdoe-me se estou sendo muito intrometida

— Não lamente, reconheço que entendo sua curiosidade e vou respondê-la com prazer - Ele levantou-se e ficou frente a frente com ela - Eu não queria que minha irmã passasse por isso ainda tão jovem, mas entendo que o fardo da soberania é pensar no povo antes de si mesmo ou antes de sua família, talvez eu esteja conformado com a idéia, antes eu apenas esteva tentando ver do lado positivo, mas, agora, assim que te vi naquela paróquia - Uma das mãos dele colocou, atrás da orelha dela, uma mecha de cabelo que fugiu da trança e estava no rosto de Marinette. Ela corou com o gesto, sem sequer poder desviar os olhos do olhar penetrante do príncipe - Fiquei feliz por minha irmã ter vindo, senão eu não poderia ter te conhecido.

— Será que dá pra parar de me seguir? - A voz de Alya foi o que desviou a atenção de Marinette de Adrien para a sua amiga que chegava no jardim irritada com Nino logo atrás de si. Assim que Alya a viu junto do príncipe, seus olhos estreitaram-se e ela ficou ao lado de Marinette - Alteza, a Madre Bustier pediu para que fosse vê-la para acertar alguns detalhes da estadia da princesa. E Mari, nós temos que ajudar nas acomodações dela.

— Muito obrigado por ter vindo nos avisar, Senhorita Césaire - O príncipe agradeceu mostrando gentileza, mas Alya sabia que ele não havia gostado nenhum pouco da sua intromissão.

Os caminhos de Adrien e Marinette divergiram-se, enquanto ela ia por um lado com Alya e ele ia por outro lado com Nino, ambos olharam para trás em busca um do outro.

Marinette foi a primera a desviar o olhar. Respirou fundo. Tinha que acabar com o quer que seja que estivesse começando entre eles.

Ela teria uma história de amor, mas não com um príncipe casado.

⚔️

O som do metal batendo no outro preenchia a sala enorme e luxuosa. Os móveis foram afastados para o canto da sala enquanto ambos os homens continuavam com a duelar. Em um momento de descuido de um deles, o outro acertou a perna do outro fazendo-o cair e perder a partida ao se deparar com a ponta da espada rente ao seu rosto.

— Onde anda com a cabeça, Adrien? Raramente perde uma luta - Nino tirou a espada de perto do príncipe e estendeu a mão em direção do amigo.

— Adivinha por onde a minha cabeça anda - O loiro falou sugestivo aceitando a ajuda para levantar-se. Nino revirou os olhos já imaginando a resposta.

— Isso vai lhe dar problemas, se sua esposa souber, pior se alguém do alto clero souber, Vossa Majestade te castra - Nino falava a verdade, a igreja não admitia adultério, pelo menos não quando um homem traia sua mulher com alguma plebeia, noviça ou mulheres casadas, já com as mulheres de vida fácil era a única exceção aceitáveis para homens, já para mulheres não havia nenhuma exceção.

— Lila não me dá filhos desde quando nos casamos, isso faz a dois anos e meio, se continuar assim eu tenho direito de pedir anulação do casamento - Adrien deu de ombros, não era algo muito recomendado pela igreja, mas, eles ao menos aceitavam a anulação do casamento caso a mulher fosse infértil, afinal, como ele teria seus herdeiros quando fosse rei?

— Isso não quer dizer nada, ainda trata-se de uma plebeia que vive em um convento, que pode virar uma noviça, não tem antecedentes nobres e jamais será aceita por Vossa Majestade - Nino continou o alertando, Adrien era muito cabeça dura quando queria

— Não leve isto para ares tão extremos, Nino, será apenas um caso, como qualquer outro, é melhor que eu tenha logo o que quero, antes que fique imaginando como seria e a situação se torne ainda pior - Adrien sorriu brincalhão, ele sempre foi muito infantil e até mesmo ingênuo quando tratava-se de amor, mulheres e responsabilidades

— Não estou exagerando, muito pelo contrário, eu vi o seu olhar na direção daquela donzela e já lhe digo, Adrien, não é uma boa idéia. - Nino pegou a espada do príncipe que estava no chão e a estendeu para ele. - Primeiro, ela é uma moça de convento, sabe que você é casado e não vai descumprir as leis da igreja para tornar-se uma adúltera, e com razão. Segundo, mesmo que ela aceite, é provável de que seja muito recatada e que imagine que o seu primeiro homem vai ser o seu único pelo resto da vida. E por último, você não é do tipo de homem casto disposto a dar-lhe um amor puritano somente para cumprir com os seus desejos carnais, pode escolher a mulher que quiser para tal.

Adrien pegou a espada de volta. Nino tinha razão, não faria sentido ter que passar por tantas coisas somente para conseguir algo que ele acharia fácil com qualquer meretriz. Porém, ele não sabia o porque, mas ele ainda encontrava-se atraído ao extremo por aquela moça.

— Eu sei, lhe garanto que se ela não demonstrar interesse prometo que desisto. - Adrien guardou a espada dentro de sua bainha. - Aliás, também vi seu olhar para a amiga dela, ela foi bem hostil, mas provavelmente isso te deixou ainda mais interessado.

Nino suspirou. Odiava quando aquele infeliz tinha razão.

— Ela não cedeu nem um minuto sequer, duvido que consiga me aproximar assim tão fácil como você conseguiu. - Nino também guardou sua espada na bainha enquanto ia em direção dos móveis para colocá-los no lugar.

— Se ajudá-lo a conseguir informações sobre ela, talvez pudesse achar um meio de burlar toda a hostilidade dela. - Adrien sorriu maroto, e Nino o olhou desconfiado.

— É mais fácil eu pedi a ajuda da princesa Isabele do que a sua, a última vez que eu lhe pedi um favor senti que estava vendendo a minha alma. - Adrien riu da analogia de Nino, ele não tinha culpa de pensar daquele modo, a realeza tinha muitos meios de se conseguir uma informação, por mais banal que ela fosse. E ele, como príncipe herdeiro, tinha seus privilégios.

Continuaram a conversar enquanto arrumavam a sala. Até que Adrien deu de cara com um baú, escutava Nino dizer algo sobre uma de suas outras irmãs que havia dado encima dele em um baile qualquer, mas a sua atenção toda estava para o conteúdo daquele baú. Revirou todas as fantasias por ali, provavelmente era um dos baús de Rose — sua segunda irmã mais nova que havia casando-se com um príncipe estrangeiro — ela tinha manias de costurar fantasias para bailes particulares que ela promovia. Pegou uma em particular, seu tecido negro fazia ele lembrar da vez que Rose lhe mostrou esta fantasia pela primeira vez, fazia um ano, talvez ainda coubesse.

Sorriu travesso.

⚔️

A brisa fria da noite dava um tranquilidade para Marinette. Seu quarto era minúsculo e modesto, mas, ao menos ainda tinha uma pequena varanda de frente para o jardim. Sempre que tinha dificuldades para dormir, ia até aquela varanda e olhava para o cenário a sua frente. Naquele momento, sentia falta de sono, ainda podia ver o olhar do príncipe sobre si e sentir o seu coração bater tão rápido quanto havia batido quando ele tocou seu rosto. Tinha que tirá-lo da cabeça, aquilo não daria em nada de bom.

Suspirou fechando os olhos.

— Pensando em alguém? - Uma voz masculina chamou a sua atenção, olhou para o lado vendo um rapaz loiro, de olhos verdes, vestes negras e uma máscara da mesma cor em seu rosto. Curiosamente, ele estava de cabeça para baixo, suas pernas prendiam-se em uma madeira que ela nunca havia percebido estar ali.

— Quem é você? - Perguntou olhando bem para o seu rosto.

— Um gato perdido, creio que também esteja sentindo-se perdida, Princesa. - Corou com o apelido, era estranho ser chamada daquele modo.

— Não sou uma princesa.

— Ao meu ver, você se parece com uma.

Ambos ficaram em silêncio por algum tempo, olhando para o rosto um do outro. Marinette foi a primeira a realizar uma movimentação ao colocar sua mão no nariz do rapaz. Ele logo abriu a boca em busca de ar. Ela corou surpresa e sorriu, sendo acompanhada pelo outro que admirava o seu sorriso.

Ele saiu daquela posição e limpou suas roupas. Ela o observava a todo instante, desde quando ele bagunçou um pouco o cabelo até o momento em que ele sentou-se na mureta da varanda para olhar a paisagem. Marinette juntou-se a ele, encostando seus cotovelos na mureta.

— Quem me garante que você não é um ladrão? - Ela olhou-o desconfiada, ele riu do olhar dela.

— Se eu fizer algo de errado pode gritar a vontade, estou sozinho de qualquer forma. Mas tenha certeza que eu não ousaria tentar nada ruim com uma bela dama - Marinette ainda o olhava desconfiada, mas aliviou um pouco, sabia que se gritasse a primeira pessoa que apareceria seria Alya com uma vassoura na mão e os cabelos bagunçados. Riu internamente só de imaginar.

— Qual o seu nome? - A pergunta surgiu dela, olhando-o com curiosidade.

— Eu não tenho nome, mas, se quiser, pode me dar um. - Ele sorriu olhando para ela.

— Então... que tal... - Pensou colocando a mão sobre o queixo. - Chat Noir.

— Que criatividade, Princesa. - Ele brincou fazendo com que ela corasse mais uma vez.

— Já disse que não sou uma princesa. - Falou emburrada.

— Não me importa. - Ele deu de ombros.

— Você é bem teimoso. - Ela riu.

A partir daquele momento, ambos ficaram em silêncio.

Assim seguiu-se pelo resto da noite.

Ambos sozinhos, aproveitando a companhia um do outro.

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