Dia Vinte E Seis: Querida Lola
boa leitura!
♡
Querida Lola,
Já faz alguns dias que não escrevo nada.
Todos na escola já sabem que você não vai mais voltar e ficam me perguntando como estou.
Eu não quero falar. Também faz alguns dias que não falo nada. Ninguém me entenderia mesmo.
Só você.
Mamãe me levou para onde te enterraram. É um lugar bonito e calmo. Tem apenas algumas plaquinhas no chão, mostrando onde as pessoas estão.
Fiquei medo de acabar pisando em alguém sem querer, mas mamãe me explicou que não havia necessidade disso. Não consegui me concentrar para descobrir o porquê então não posso te contar também.
Sinto muito, sei que você gostaria de saber.
Você sempre foi muito curiosa.
Ao lado do seu nome havia na plaquinha uma daquelas flores roxas e fedidas desenhadas e eu sorri porque você amaria aquilo.
Foi a primeira vez que sorri desde que você se foi, mas não a primeira que chorei. Pensei em secar minhas lágrimas, mas quase pude ouvir você dizendo:
"Não tem problema chorar. Todo mundo chora."
Eu chorei muito.
Minha camiseta ficou molhada e meus joelhos ficaram como gelatina de framboesa, sua preferida. Sentei na grama.
A foto em sua plaquinha era sorridente, mas sem o dente da frente. Eu lembro quando foi tirada. Foi quando você voltou pra casa depois de fugir porque estava com fome.
Você fugiu porque seus pais haviam contado que frango era galinha morta e você não poderia comer mais elas.
Mamãe também chorou.
Não lembro como voltei pra casa. Chorei até dormir, mas acho que mamãe me carregou.
Sinto sua falta.
P.S. eu trocaria todos os meus brinquedos por mais um minuto com você.
Com lágrimas, Charlie.
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