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1| Chances

PARTE I

G A B R I E L L A
Eu gostava muito de margaridas. Olho para o jardim da minha casa pela janela do meu quarto, sorrindo para o tanto de margaridas que tinham crescido. Elas eram tão lindas, transmitiam boas sensações, me faziam sentir em paz mesmo em meio a tantos turbilhões de sentimentos ruins.

Mordo o lábio querendo sair correndo para elas, queria poder regá-las, conversar com elas sobre meus medos, sentir a maciez das pétalas com a ponta dos meus dedos, mas ao olhar para o espelho grudado na parede, percebo o quão ridícula sou por apenas cogitar ir até o jardim.

Mal conseguia por meus pés no chão sem me sentir terrivelmente cansada, não existia vida fora desse quarto e do hospital para mim, não poderia simplesmente fingir que eu era a mesma Gabriella de anos atrás, sorrindo para tudo e todos, sendo a garota mais aventureira de todas. Essa já não era mais eu, virei um saco de ossos que só sabia chorar esperando o dia em que meu coração me daria a graça de parar.

Quando fui diagnosticada com LLA (leucemia linfoide aguda), meu sonho começou a parar de ser a esperança de sair desse poço com vida. Só queria fechar meus olhos e enfim descansar.

A leucemia linfoide tira suas forças, tira sua vontade de viver, olhar as pessoas com pena se torna cotidiano, se odiar é natural. Minha aparência mudou drasticamente, estava magra ao extremo, com bolsas roxeadas debaixo dos olhos, e o pior de tudo para mim, estava careca. Meu cabelo por muito tempo era a base da minha autoestima, me ver sem ele foi terrível.

Como posso ter esperanças? Todos podem vir com palavras doces, falando que sou forte por aguentar até aqui, mas não, não sou forte, apenas estou sobrevivendo sem perspectiva alguma de futuro, torcendo a cada maldito dia para Deus ou alguma entidade celestial ter pena de mim e me tirar de uma vez dessa tortura.

Quando sua vida se resume a porcentagens de sobrevivência, você se sente um pedaço de merda inútil.

As lembranças do passado vivem na minha cabeça tirando minha paz, me ver nesse estado é sufocante, preciso sair disso, sair dessa realidade para um lugar bom de verdade.
Como em muitas vezes, lágrimas começam a salpicar meus olhos. Tapo minha cara com o travesseiro abafando meu grito de dor e desespero. Meus ombros se sacodem com o meu choro, já me deixando exausta pelo simples esforço.

— Anjo...

Aquela voz. Tão doce, preocupada, perfeitamente linda com seus olhos azuis brilhantes, minha melhor amiga cruza o quarto arrancando o travesseiro das minhas mãos e puxando meu corpo para o dela em um abraço protetor.

Não a tinha visto entrar no quarto, mas agradecia aos céus por tê-la comigo naquele momento. Seus dedos adentraram os fios do meu cabelo em um cafuné gostoso, me agarrando como se a qualquer momento eu fosse quebrar.

— Tudo vai ficar bem.

Não, não ia, mas ela não acreditava nisso. Andressa se embebedava com uma esperança que para mim era perda de tempo. Fecho mais meus olhos sentindo o cheiro delicioso vindo de sua pele, torcendo mentalmente para que mesmo depois da morte eu ainda me lembrasse desse cheiro.

Depois de algum tempo fazendo quimioterapia, enfim apareceu um doador de medula óssea, a cirurgia seria hoje. O que aconteceria comigo? Não fazia ideia, eu poderia sair morta daquela mesa de cirurgia, e essa possibilidade não me era tão assustadora como seria a algum tempo atrás, porém olhar para Andressa torcendo por mim me quebrava.

Como seria depois da minha morte? Ela sofreria muito? Conseguiria seguir em frente após quanto tempo? Descobriria minha paixão secreta por ela em algum momento?

Suspiro quando não tem mais lágrimas para descer, me afasto de seus braços para olhar em seu rosto tristemente choroso. Passando a mão para limpar debaixo dos meus olhos, ela me mostra seus dentes em um belo sorriso capaz de aquecer até o coração mais gelado de todos.

— Você vai conseguir meu anjo, e daqui a um tempo estaremos pulando de paraquedas, tirolesa e qualquer uma daquelas coisas de doido que você gosta.

Não sabia o que estava por vir, nem ela sabia, mas mesmo assim suas palavras confiantes despertaram um pedacinho meu que pensei estar morto a um tempo.

— Estou com medo. — Murmurei sentindo seus dedos levantarem meu rosto para olhar diretamente em seus olhos.

— Você é forte, corajosa, vai tirar essa cirurgia de letra. E eu vou estar aqui por você, não importa por quanto tempo, eu sempre estarei aqui para você Gabriella.

Sorrio sentindo meu coração bater acelerado como não batia há muito tempo, nem sabia que ele era forte assim. Ela faz essa dor ser suportável, como se eu conseguisse tudo, me senti extraordinária.

Seguro na sua mão, sentindo meu corpo responder imediatamente ao toque de nossas peles, a amava, ela era o sonho da minha vida, a coragem e força necessárias para eu conseguir abrir meus olhos diariamente.

Daria meu último milésimo de vida apenas para ter a oportunidade de vê-la me olhando daquele jeito novamente, como se eu fosse a culpada de seus sorrisos bobos, como se eu pudesse ser dona de pelo menos um pedaço do seu coração.

Queria poder jogar toda nossa amizade para o espaço e beijá-la, poder sentir sua respiração próxima ao meu ouvido, sua mão me tocando. Mas esse desejo pode destruir tudo, ela pode me dar um tremendo fora e sem querer destruir o restinho que sobrou da Gabriella de antes.

Nosso momento se acaba quando minha mãe entra no quarto com aquela expressão pesada, o rosto inchado e vermelho de tanto chorar.

Não precisou mais que um olhar para mim saber que aquele era o momento da partida. Não haviam palavras o suficiente para serem pronunciadas, por isso me levantei saindo do quarto sentindo o mundo pesado contra minhas costas. Pensamentos negativos me açoitavam, mas ao olhar para trás, vendo meus pais e minha amiga, uma esperança brotou em meu peito.

Naquele momento, a antiga Gabriella gritou em meu coração dizendo querer lutar, ela estava pronta para qualquer que fosse o desafio.


PARTE II

Existem momentos da nossa vida que fazem todas as coisas terem valido a pena.

Antes de entrar na cirurgia que definiria se eu permaneceria viva ou não, a morte parecia ser uma ótima solução. Desejei do fundo do meu coração, com todas as minhas forças, não sobreviver apenas para ter paz em algum lugar.

Porém, estava tão certa disso que quando me virei para trás olhando meus pais e minha amiga, percebi como minha vida poderia ser valiosa.

Naquele momento decidi que lutaria, diferente de todos meus pensamentos anteriores, eu quis verdadeiramente mudar minha vida. Antes de a anestesia ter feito efeito, olhei para o teto e torci com todas as minhas forças para que essa cirurgia desse certo, torci para sobreviver e me livrar desse câncer. Mesmo as coisas podendo dar errado, eu iria lutar, iria tentar todos os dias da minha vida estar viva.

Essa mudança de pensamento pode ou não ter influenciado em algo no meu organismo, mas quando saí da sala de cirurgia, não era um corpo sem vida, era eu, Gabriella, aquela garota obcecada por margaridas, que adorava correr e fazer coisas radicais.

Quando o médico me disse que eu tinha vencido, foi a melhor coisa do mundo. Me lembro bem dos olhos pequenos dele, o sorriso grande, os meus pais esperançosos, todos na expectativa, e então a boa nova.

Foi tanta alegria, tanta lágrima, de emoção e felicidade. Depois de dois anos praticamente, enfim me senti uma vitoriosa.

Ali estava eu, livre do câncer, em um pós-cirúrgico, me permitindo pensar em um futuro como a um tempo não fazia.

Saindo totalmente dos meus pensamentos, permito a entrada da pessoa que havia batido na porta do quarto hospitalar. Na minha frente estava um enorme buquê de margaridas e um sorriso enorme, glorioso, capaz de mexer totalmente com minhas estruturas e me fazer repensar em como deveria lidar com as coisas daqui para frente.

— E então? O que o médico disse?

A ansiedade na voz me faz querer rir de felicidade, pego o buquê admirando as flores. Como falaria agora? Ensaiei diversas vezes esse momento na minha cabeça, mas as palavras fugiram no exato momento em que a olhei.

Andressa tinha se jogado na cama com seu costumeiro jeito desleixado, seu jeans rasgado, os cabelos repicados emoldurando um rosto bonito, com olhos claros e nariz fino, qualquer um poderia se sentir atraído por essa garota.

— Eu venci Dressa.

Diferente de qualquer reação esperada, Andressa ficou calada piscando sem parar para o chão. Franzi o cenho colocando meu buquê de margaridas na mesinha do lado da minha cama caçando sua mão com a minha, quando a apertei seu rosto se virou na minha direção e a imagem da minha Dressa chorando me partiu em mil pedaços.

As lágrimas rolaram por seu rosto de uma forma doída para mim, a puxo um pouco e penduro meus braços ao seu redor, escuto seu choro ir se acalmando com meus dedos acarinhando suas costas.

— O que houve? — Pergunto baixinho no seu ouvido.

Ela tira o rosto do meu pescoço para me olhar diretamente, esfregando os dedos nos olhos, tirando todo resquício de lágrimas.

— Eu pensei... Oh meu Deus, fiquei com tanto medo de te perder Gabi — Fungou, a imagem dela indefesa encheu meu peito de uma vontade imensa de protegê-la — Não conseguiria viver sem você.

— Não diga besteiras — Sussurro tirando a franja de seus olhos carinhosamente.

— Não é besteira, não existe um universo em que eu não me veja do seu lado, rindo com você ou sei lá, te mandando ir para aquele lugar.

Rimos e ficamos nos olhando por minutos, me senti tentada a falar algo, talvez me declarar, mas aquele momento estava perfeito demais para eu estragar com meus sentimentos que poderiam não ser correspondidos.

E é quando Andressa aproxima o rosto do meu deixando milímetros de distância entre a gente. Prendo um suspiro ficando nervosa com o olhar dela que me queimava inteira.

— Quando te vi pela primeira vez na escola, foi como se toda minha vida estivesse me levado para aquele lugar, aquela hora e aquele minuto. Nunca me esqueci de como você me olhou, do jeito que contou uma piada péssima e me chamou para lanchar com você — Sorrimos uma para a outra — Me lembro quando o babaca do Arthur te levou para o baile da escola, inferno eu quis degolar ele com minhas próprias mãos porque... — Morde lábio inferior olhando para baixo e depois voltando seu olhar para o meu — Eu quem deveria ter te levado, eu deveria ter dançado com você na frente de todo mundo e ter te beijado a noite inteira.

Meu coração pulava loucamente, haviam borboletas no meu estômago ansiosas para as próximas palavras. O que eu falaria agora? Como diria ser totalmente recíproco? Meu Deus! Comecei a ficar maluca ou Andressa, minha melhor amiga, estava se declarando para mim?

— Quando você descobriu a leucemia, merda Gabriella, foi o pior dia de toda minha vida, eu morria a cada vez que te via triste, a cada choro, aos sintomas, queria tirar tudo de você e colocar em mim para nunca ver meu anjinho sofrer — Afaga minha mandíbula — No momento exato em que conseguimos um doador eu me enchi de novas esperanças mas também senti medo, medo de nunca ter tido a chance de olhar nesses olhos e poder dizer que eu sou completamente apaixonada por você.

Paralisei, minha boca não conseguia pronunciar uma palavrinha se quer, e com o passar dos segundos vi o nervosismo em Andressa aumentar gradativamente a espera de uma resposta.

— Olha, eu sei que isso é de repente, você pode não sentir o mesmo por mim, me desculpa — Silêncio — Droga, eu não devia ter...

Engulo todas as palavras de Andressa quando choco minha boca na sua.

Foi como se em toda minha vida eu estivesse sem respirar, e quando nossos lábios se encostaram pude voltar a sentir o oxigênio correndo nas minhas veias. Nossas bocas juntas, me deixava flutuando em nuvens de algodão. Parecia tão idiota ter confundido isso com amizade em um tempo da minha vida, quando sua mão se fecha na minha cintura me puxando mais para ela, me desmancho inteira em seus braços, desejando jamais sair daqui.


PARTE III

Eu amava margaridas.

Olho emocionada para meu longo vestido rendado, cravejado com pequenas pérolas, desenhado sob medida, meu buquê perfeito com belas margaridas juntas em um laço branco e para completar, meu cabelo, já crescido, caído por meus ombros como cascatas de chocolate.

Como vim parar aqui? Como consegui ultrapassar obstáculos difíceis para parar justo aqui, dentro desse lugar, esperando apenas um sinal para enfim caminhar até igreja e unir minha vida com a da minha antiga melhor amiga.

Quando estava na cama do meu quarto, definhando em uma quimioterapia dolorosa, pensando em todas as coisas que não pude viver, jamais cogitei ser uma vencedora, mas agora me olhando no espelho, deixo para trás qualquer dor ou sentimento de fracasso, daqui por diante sou uma nova mulher que é amada, que ri e chora sem se sentir culpada, que luta e vence.

Andressa sempre esteve ali comigo, com seus sorrisos de cantos, os olhos de gata manhosa me pedindo silenciosamente para ver todos os seus sentimentos guardados, me desejando na mesma intensidade que eu a desejava.

Ao pisar na porta da igreja e receber todos olhares, inclusive os de minha Andressa, me recordo sem muito pesar da doença que me tirava o ar e a vida, mas que jamais seria capaz de me enterrar. O câncer não foi maior ou mais forte que eu, ele poderia arrancar toda minha paz e eu ainda sim eu iria lutar, lutaria até o fim apenas para ter o prazer de dizer sim e ver os lábios dela se moverem para dar a mesma resposta.

O universo me presenteou com uma nova chance de poder me refazer, eu jamais desperdiçaria isto.

Nossos olhares se conectam pelos instantes em que o padre deu sua benção, e é nesse momento que, como uma metamorfose, minha vida volta a se renovar.

— Eu te amo — Sussurramos em uníssono enquanto uníamos nossos lábios perante a Deus e todas as testemunhas desse amor.

Fim

Palavras: 2395

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