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95. Ele Me Disse Para Voar

Há muito Ginevra sentia-se solitária. Desde que saíram da cabana de Puipuiga no Bosque das Lamúrias, percebeu que o sentimento angustiante não se tratava apenas da saudades de casa, mas um buraco gritante no peito que se alastrava mais e mais à medida que ela se descobria bruxa. Tanto a compartilhar e tampouco com quem. Conhecer Dante lhe trouxe breves esperanças, mas a inquietação criou raízes em seu âmago. Até colocar os pés em Cinzas.

Um refúgio, um abrigo, uma base inteira para bruxos e bruxas, jovens a idosos, fugitivos das garras da coroa. Ali, encontrou os seus. Foi como se o poder tornasse às suas mãos, toda a sabedoria de sua avó brotava de dentro para fora como se esta estivesse ao seu lado. A bruxa juntou os seus e não teve dúvidas de que proteger pássaros azuis seria uma árdua tarefa, mas nada que não pudessem obter êxito.

- Tentamos uma vez, Ginevra - uma das bruxas, uma anciã de cabelos brancos, lembrou-a. - Tentamos mais de uma.

- Mas não tinham a mim.

Suor ardente e lágrimas de frustração e esforço levaram um povo quase extinto a se reerguer. Estavam lá, unidos em rebeldia, prontos para devolver a dor à coroa. Ginevra tinha a fórmula que não tinham, a sabedoria escondida que sua avó lhe deixou.

Suor ardente e lágrimas de frustração e esforço fizeram os pássaros voarem. Dessa vez tinha certeza: eles chegariam ao destino.

Botaram-se a caminho da Pedreira, um povo inteiro. Os cinzentos reviram as terras fora da cidade natal depois de anos escondidos, prontos para mostrarem o que guardavam nas mangas e por debaixo dos panos por tanto tempo.

Se antes os vagantes soubessem, caminhos secretos ligavam Vocra e Cinzas, caminhos que evitavam um abismo de milhares de pés sem fundo. Por terra marcharam, o tempo inteiro, com a cabeça erguida. Nenhuma criatura ousou importunar um exército como aquele, gigante em suas próprias proporções.

Revezando os cavalos e as armas, caminhavam incessantemente em silêncio quase perturbador. Já não nevava e a trajetória era fácil. Apenas fisicamente. Manter-se são e largado aos próprios pensamentos era uma luta pessoal que podia desestabilizar um por um ali mesmo, antes de pisarem em campo de batalha. Cada passo os levava mais próximos a um destino incerto e temeroso. Na frente, guiava Azura.

- Não me contou o que aconteceu - a corajosa voz de Ginevra chamou-lhe a atenção.

Cavalgando lado a lado por uma terra onde passaram por um sofrimento tão recente, petrichoriana e bruxa se entreolharam. Ginevra estava com um capuz folgado a cobrir a cabeça do vento cortante, a postura imponente retomou seu lugar.

- Sobre o que, Gine? - Azura, ainda com a voz abalada, questionou-a.

- Depois de... - a bruxa inspirou. Não precisou terminar a sentença. Depois de Düran morrer, ela quase disse. Não tinha eufemismo algum que cobrisse aquela cena tão dolorosa a Azura. Ele não faleceu ou partiu daquela para melhor, ele morreu tão brutalmente que tocar no assunto era quase uma indelicadeza. Uma necessária indelicadeza. - Você não me conta mais nada, mulher.

Azura riu para o chão. Era a segunda vez que Ginevra reclamava com ela sobre guardar seus segredos só para si. Na primeira vez estavam felizes na Pedreira, bebendo e dançando, comemorando a vida.

- Sinto sua falta - a bruxa prosseguiu com um meio sorriso.

- Sinto a sua também, Gine - a petrichoriana a olhou de soslaio. Estavam próximas o suficiente para que suas mãos se tocassem e foi o que fizeram, em um gesto acalorado que mais queriam que fosse um abraço.

- Azura - Ginevra lançou-lhe uma risada travessa e olhou para trás, para ver se ninguém bisbilhotava-lhes a conversa -, se deu conta de que é a primeira pessoa da história a voar nas costas de um dragão? - Azura riu, colocando uma das mãos sobre as rosáceas do rosto. - Aquele bicho podia ter comido a sua cabeça.

- Não, não Tohrak - Azura discordou.

- Você é completamente maluca.

A petrichoriana soltou uma gargalhada muda, sentindo falta daquelas conversas que deixavam os dias menos mórbidos. Olhou para Ginevra, que a olhava também. O sorriso da bruxa desfez-se aos poucos, assim como o de Azura. A petrichoriana prosseguiu.

- Doeu muito - olhou para a frente, para a infinidade escura que era Vocra - quando Düran... - sua boca tremeu, mas recompôs-se. - Eu acho que não disse nada porque... vai me achar maluca.

- Acha que logo eu vou te achar maluca, mulher? - Ginevra a encorajou.

- Tem razão - Azura brincou. Tomou o ar antes de desandar a falar: - Quando Düran morreu, eu literalmente senti como se uma parte minha morresse junto, Gine. Foi exatamente a mesma coisa que senti quando perdi Petrichor. Aí eu ouvi... quase um sussurro, sabe? Mas não falado. Era o vento. Ele me disse para voar.

Azura olhou pelo canto de olho para Ginevra. A amiga a escutava atentamente.

- Eu... - a petrichoriana balançou a cabeça, soltando uma risada que assemelhou-se a um lamento - não sei como, mas eu tinha certeza de que se... eu montasse em Tohrak, em Shiro, eu podia só... sabe?

Ginevra concordou com a cabeça.

- E como foi? - seus olhos escuros brilhavam de expectativa, um rosto quase infantil desenhava-se nos traços da face.

A amiga lhe sorriu.

- Foi a melhor coisa que já fiz - admitiu. - Na hora, eu... eu não liguei para nada, Gine. Estava doendo e... e eu só queria que Tohrak voasse. Foi egoísta, vejo isso agora. Quase matei Kohan de preocupação.

- Eu também, não se esqueça de mim - a mulher tentou quebrar o gelo. - Prossiga.

- Aí eu... eu acho que nunca doeu tanto, Gine - as lágrimas tornaram aos olhos de Azura, mas ela não deixou que ninguém além da amiga as visse. - Foi como se tudo se repetisse na mesma hora. Petrichor todinha, meu pai, meus amigos, Düran... tudo foi arrancado das minhas mãos e eu senti tanto e gritei tanto que... que teve uma hora que eu não senti... nada - os olhos de Ginevra marejaram com lágrimas de empatia, mas sustentou-as em silêncio. - Teve uma hora em que quis gritar e chorar e berrar, mas nem dor eu sentia e nem lágrimas eu tinha. Foi então que percebi... Cacete, estou voando nas costas de um dragão! - riu por entre as lágrimas que logo secou. - E aí, foi tudo a maior calmaria, Gine, você tinha que ver. Não tinha paisagem, mas tudo estava tão lindo. O vento cantava nos meus ouvidos e meus olhos não sabiam nem para onde olhar. Eles encontraram o horizonte, o sol ameaçando nascer como em todos os dias e... eu olhei com muito cuidado. O horizonte, aquela luz de Sonca. Deu vontade de voar até ver de onde ela vem e puxar ele para cima outra vez. Mas eu só... pedi.

- Pediu pelo que? - Gine sussurrou.

- Pedi que Sonca me desse um sinal de que ainda estão lá, Gine, por mais que a gente não os veja, não os sinta. Que ainda estão olhando por nós e que essa guerra não é só nossa. Queria um sinal de que meu pai está lá com todo o meu povo e... com Düran também.

Azura apenas olhava para os céus. Um silêncio se interpôs entre as duas.

- E... o que aconteceu? - temendo pela resposta, a arandiana questionou.

A amiga lhe lançou um olhar tão iluminado quanto o próprio sol.

- Foi só por um segundo, Gine, mas eu tenho certeza - Azura sorriu. - O sol brilhou para mim.

 -Até mesmo as estrelas caíram dos céus para lamentarem a perda de Safira, a bruxa mais poderosa que já tinham visto, a mulher que deu sua vida para que seu povo pudesse continuar vivendo. - Viorica leu. Encostada em uma das centenas de prateleiras da sessão infantil da biblioteca, escolheu um dos livros que mais lhe marcou a infância. Lili ouvia atentamente a cada palavra, os olhos grandes brilhando.

- Ela morreu? - a pequena perguntou.

- Isso aí é história de criança? - Fin, afastado com Deco no colo e ouvindo tudo, questionou.

Viorica riu e prosseguiu.

Safira ainda estava lá, eles só não a enxergavam - a doce voz da mulher contou. - Safira era a raiz, era o vento e o canto dos passarinhos nas manhãs de sol - Viorica sorriu. Quase chorou. Sua mãe lhe contava aquela história com todos os detalhes e era ela no lugar de Lili, apurando os ouvidos e a imaginação, debruçando-se sobre o livro para enxergar as ilustrações. Era um tempo em que se davam bem, ela e a mãe. Apesar dos pesares, sentiu saudades. - Em volta de Nova Celina, na manhã seguinte às lágrimas em seu velório, choveu. Choveu tanto que das sementes que Safira plantou ao redor da terra, uma floresta cresceu e todas as mais bonitas e deslumbrantes criaturas viveram ali. Safira era o dragão, a serpente de fogo e a fadinha. Foi como continuou seu legado de proteger a terra que tanto amou.

Olhou para baixo. Lili não mais olhava para as ilustrações no livro, mas para ela.

- O que foi, querida?

- Eu nunca tinha ouvido essa história - a pequena murmurou.

- E gostou?

Lili pensou, torcendo o lábio.

- É uma das minhas favoritas - inocentemente comentou. - Só perde para O Príncipe das Ruínas. Você conhece?

Viorica negou com a cabeça. Lili levantou-se e bateu a poeira das roupas.

- Se eu achar - a pequena, empolgada, perguntou -, você lê pra mim?

A arandiana sorriu em resposta. Antes que pudesse respondê-la, entretanto, ouviu a movimentação do lado de fora da biblioteca agitar-se mais do que o normal. Gritos de bulício e correria fizeram o desenho de seus lábios desmanchar-se. Trocou olhares preocupados com Fin, mesmo que silenciosos. Levantou-se de um salto.

- Vá procurando, querida - comentou com Lili, como se pudesse escondê-la da vida real por mais um pouco. - Fique com seus irmãos e eu já volto, pode ser?

- Espera, Vio! - Lili segurou na saia de seu vestido. - Não vai lá fora!

- Vou só ver se precisam de mim, querida, está tudo bem - Viorica mentiu. - Vai ser rapidinho, okay?

Fin já estava ao seu lado, de pé. Puxou-a pela mão para um canto onde Lili não pudesse ouvi-los.

- Fique com eles - Fin estendeu Deco para a mulher, mas ela balançou a cabeça, negando.

- Eu vou lá fora - tirou do coldre a faca que guardava e esperava, sem convicção, não precisar usar.

- Você está...

- Grávida? Eu sei - Viorica lembrou-o. - Mas se surpreenderia com o que uma mulher que está gerando uma vida é capaz de fazer, garoto.

Fin tentou detê-la, mas viu nos olhos da arandiana que ela não acataria nenhuma de suas ideias.

- Fiquem aqui - a mulher pediu. Lançou mais um olhar calmante a Lili e irrompeu porta afora.


A Pedreira estava o caos que ela conhecia, o que causou um arrepio em sua espinha. Pelo mar que corria em direção ao centro, reconheceu uma figura que nadava contra a maré em sua direção.

- Azri! - gritou. O homem rapidamente alcançou-a. - O que está acontecendo?

Foi só então que percebeu que o sino tocava.

- A torre de vigília encontrou movimentação na floresta a noroeste - ofegante, o cunhado lhe contou.

Viorica empalideceu.

- Movimentação?

- São muitos, Vio - Azriel murmurou. - Estão voltando.

- E as barreiras?

- Reerguidas, por enquanto.

- E Lírio?

- Na linha de frente. Não temos plano melhor agora a não ser...

- Lutar? De novo?

Os olhos de Azriel encontraram os da mulher. Até então, evitava seu olhar. O silêncio entre eles respondeu pelo arandiano. Azriel surpreendeu-a com um abraço apertado.

- Vá, Vio.

- Para onde, Azri? - a voz da mulher falhou dentro de seu abraço.

 -Fuja, se esconda, não sei - pediu. - Meu irmão confiou que eu cuidaria de você - afastaram-se para se olharem nos olhos. - Não vamos aguentar outra investida, mas podemos retardá-los um pouco mais...

- E então? - Viorica manteve-se firme. - Seu irmão confiou que eu cuidaria de você também - a mulher tomou uma das mãos do homem e a apertou com força. Não chorou e nem temeu. - Vamos juntos, Azri.

- Fugir?

- Atacar.

Azriel puxou o ar com força, determinado. Tomou a mão de Viorica com mais força e rumou para a corrente, em direção ao centro.

- Vamos juntos.


Foram parar na linha de frente, Viorica e Azriel. Encontraram pessoas queridas ali, as quais se afeiçoaram. Lírio, Gisèle e Carú, que não era uma guerreira, era uma mãe. Os crisantianos, Gaia, Nafré e Isaac, que não tinha mais nada a perder a não ser as duas que protegia, deixando-as atrás do corpo prostrado para a guerra. Dante alcançou Azriel e lhe deu um beijo silencioso. Silêncio. Por toda a Pedreira, silêncio. Até o sino cessara.

Estavam no portão a noroeste, esperando pela barricada que logo seria derrubada, sabiam.

De cima da barreira os arqueiros estavam prontos, as flechas armadas, apontadas para a escuridão e para o inimigo que se aproximava.

No entanto, um a um, a postura destes desarmou-se. Lírio foi o primeiro a perceber. Até então, estava pronto para morrer, ferido e na linha de frente. Todavia, viu que algo estava errado. Os arqueiros olharam para trás, para ele, mas Lírio não compreendeu aqueles olhares.

A barreira, sustentada pelos mecanismos que eles mesmos criaram, cedeu, deixando que os portões se abrissem. Toda a Pedreira deu um passo para trás, assustada, pronta para morrer lutando.

Viorica, não. Viorica manteve-se um passo à frente. Seu coração batia tão forte no peito que sentia que poderia engasgar com ele. Uma forte sensação de familiaridade a abraçava.

Avistou o exército que avançou pelos portões sem agressão nenhuma, caminhando de volta à terra amiga. O primeiro a pisar na Pedreira, ela reconheceu, era o homem que tinha colocado a aliança em seu dedo e o filho em seu ventre. Alaric abriu os braços.


A faca escorregou das mãos da mulher e rumou ao chão, fincando na terra ao mesmo tempo que o soluço de Viorica cortou o silêncio. As lágrimas tornaram aos seus olhos e precisou certificar-se de que não estava alucinando. Era ele, não o confundiria nunca. Seus pés correram em direção a ele antes mesmo que sua mente a mandasse fazê-lo.

Com toda a Pedreira petrificada, Viorica era a única que corria. Sentiu o vento bater no rosto e trazer o cheiro do homem para ela outra vez. A distância entre eles novamente tornou-se tão pouca quanto sempre deveria ter sido. Sob os soluços do casal, povos se reencontraram.

A Pedreira era grande o suficiente para todos, um grande palco para os que tornaram ao lar, inteiros e em busca de calor de abraços familiares. A vida tomou forma e mesclaram-se cinzentos e pedreiros, deslumbrados com o que viam. Tinham um exército, pessoas dispostas a lutar. Eram agora pelo menos o dobro do que achavam ter. O ar exalava alegria e, principalmente, esperança.

O mundo girou entorno daquele abraço infinito e o tempo congelou. Alaric chorou como uma criança ao vê-la bem, molhando as mangas do vestido da mulher. Enfiou o rosto em seu cangote e sentiu seu cheiro com um sentimento doloroso que transcendia a saudade.

- Você está bem? - a mulher afastou-se para olhá-lo nos olhos, beijá-lo na boca.

Alaric concordou com a cabeça.

- E você? E nossa menina? - as mãos de Alaric repousaram sobre o ventre da mulher, que riu, sabendo que ele tentava provocá-la com aquela discussão boba.

- Não vai acreditar, Ric, mas eu acho que você está certo - a mulher engoliu as lágrimas de felicidade. - É uma menininha.

O arandiano tomou-a nos braços outra vez e gargalhou, agradecendo aos céus.

- Nossa Diana está bem, então?

- Pode escolher o nome que quiser, homem - Viorica sorriu, lembrando-se do acordo entre eles -, contanto que não me deixe mais desse jeito.

- Não vou, Vio - Alaric beijou sua testa e repousou ali, em seu lugar preferido, nos braços de Viorica. - Eu prometo.

Aurèlia encontrou-o sem dificuldades. Estava frente a frente com Dante e os olhos de ambos brilhavam de alegria e tristeza. Estavam sós. Frey não seguia Aurèlia e o xamã não esperava pela filha. Aquele abraço em que jogaram-se doeu, feriu, mas acalmou. Não precisaram dizer nada.

Gisèle viu Caiden ao lado de Azura. Suas pernas bambearam e os olhos azuis navegaram em lágrimas que ela segurava há tanto, sem perceber. Correu sem saber como e jogou-se nos braços de ambos, envolvendo os dois e puxando-os para si, os irmãos que a vida lhe tinha trazido - o de consideração e a de sangue.

Azura devolveu-lhe o abraço e beijou sua têmpora. Queria que aquilo acabasse logo. Precisava conhecê-la tanto ainda.

- Como estão, Gis? - Caiden indagou. - E Carú? Cöda? Coli? Tereza?

- Todos bem, Cai - sorriu, descansando a cabeça naquele abraço caloroso. - Quem são esses?

- Longa história - o daviliano respondeu. - Me deixe rever a todos e eu conto tudo.

- Vou preparar um chá - Gisèle afastou-se para sorrir para ele.

- De erva cidreira?

- Sem açúcar - a loira limpou as lágrimas. - Igual a Dona Cida gostava.

Abraçaram-se outra vez, lado a lado, prontos para rumar para o pedacinho de terra que ainda chamavam de casa.

- Você vem, Az? - Gis questionou.

Azura abriu-lhe um sorriso em resposta.

- Ainda tenho que resolver umas coisas.

Os dois entenderam e partiram, grudados como um só.

Azriel procurou por entre a multidão. Seus olhos vagaram e viram um oceano inteiro de pessoas que se juntava a eles, a um exército em formação. Queria estar feliz, mas sentia angústia no peito por não encontrá-lo. Lembrou-se das palavras duras que lhe disse e que remoía todas as noites antes de se deitar.

Ele não podia tê-lo deixado. Não podia.

- Azri? - a voz veio de trás dele, como se estivesse lá o tempo todo. Azriel voltou-se para trás de supetão, arregalando os olhos.

Kohan não conseguia sorrir, mas seu olhar dizia tudo que estava engasgado na garganta. Ameaçou limpar as lágrimas antes mesmo que escorressem quando Azriel abriu os braços. Os irmãos acaloraram-se no peito um do outro. Azriel soluçou como uma criança.

- O que disse foi da boca para fora, Kohan - Azriel admitiu.

- Deixa disso - Kohan envolveu-o ainda mais no abraço. - Eu estive em Cinzas, irmão.

Os olhos de Azriel brilharam. Não tinha lembranças da terra em que nasceu.

- Como é lá?

Kohan sorriu.

- Te levo lá quando essa merda acabar.

Azura quis abraçar a todos, um por um. Quis ir atrás de Gisèle, da irmã que não conseguiu conhecer, e tomar um chá de erva cidreira sem açúcar, como ela prometeu. Entretanto, estava parada, estagnada logo abaixo da entrada da Pedreira e seus olhos vagavam por todos os lados. Viu além do que os outros viram. A Pedreira era uma terra em ruínas e eles eram poucos, cada vez menos. Encontrou alguém assim como ela, mas que a olhava fixamente. Lírio a alcançou.

- É dura na queda, petrichoriana - o homem murmurou.

Azura abriu um tímido sorriso.

- O que aconteceu aqui, Lírio?

Lírio engoliu a emoção na voz.

- Sohlon.

- E a rainha?

- A levaram.

A petrichoriana arfou.

- Sinto muito, Lírio.

- Não sinta. Vamos atrás dela.

Azura foi a primeira pessoa a sorrir com a notícia, diferente dos outros, apreensivos como estavam. Lírio simpatizou ainda mais com ela.

O homem prosseguiu:

- Nos guiaria, Azura de Petrichor?

Uma corrente de energia percorreu todo o seu corpo. O vento tão familiar envolveu-a, o mesmo vento que sussurrou para que ela voasse nas costas de Tohrak. Dessa vez ela reconheceu. O vento tinha a voz de Nero. Dessa vez, dizia para ela que foi por aquele momento que ela nasceu. Acenou para Lírio, determinada.

- Não há tempo a perder.

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