Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

81. Poder e Amor


Odile assumiu uma missão que aos olhos de terceiros era impossível. Para ela, não. Lembrava-se vagamente da mãe, mas algumas memórias eram cristalinas como água. Esta sempre lhe dizia que o impossível era uma questão de perspectiva. Se lhe dessem cinco minutos, faria o impossível acontecer.

Cinco minutos, Odile repetia consigo. Em o que se pareceram breves cinco minutos, a rainha moveu montanhas. Isolou doentes em suas casas com comida e água. Certificou-se de que Pöli ainda estava vivo e Celeste, estável. Como explícito nas palavras do livro negro da biblioteca, as colheitas pereceriam. Odile ordenou que separassem, estocassem e distribuíssem igualmente os alimentos da horta coletiva, sob supervisão das crisantianas. Para Isaac, arrumou uma tarefa diferente. O homem correu juntamente com o filho por ruas e ruelas atrás de ferreiros e começaram a se armar, armar um povo.

- Deveríamos fortificar as barricadas.

A rainha, sentada no mesmo palco onde outrora se expusera para a Pedreira, ouviu uma voz ao mesmo tempo doce e dura ao seu lado. Nem a percebera ali, a daviliana de cabelos loiros e olhos azuis como o céu em dias de esplendor de Sonca. Gisèle estava escorada em entulhos de madeira. Em suas mãos, afiava pontas de flecha como Caiden fazia. Nem mesmo era uma boa atiradora, apenas precisava ocupar a cabeça.

- Não deveríamos - Odile lhe respondeu.

- E por que não? - Gisèle não a olhou.

- Porque temos que sair daqui.

Imediatamente, a loira parou o que fazia. Subiu seus olhos azuis para encarar os esverdeados da rainha, que a fitava.

- Está ficando louca.

- Não estou - Odile balançou a cabeça. - Se isso acaba com o rei, não podemos ficar esperando sem fazer nada. Eles devem estar esperando nós morrermos aqui, isolados pela própria bolha que fizemos.

- E acha que ir comprar uma guerra com toda a guarda real vai nos dar mais chances? - Gisèle arregalou os olhos. - Prefiro morrer aqui.

A loira voltou para o que fazia, desviando os olhos dos da rainha. Odile não se importou com a descrença. Um sorriso singelo surgiu em seus lábios, mas a daviliana não o viu.

- O que está fazendo?

- Não precisa puxar conversa comigo.

Odile ergueu as sobrancelhas.

- Está fazendo errado.

- O quê? - Gisèle estressou-se.

- Não é assim que se afia uma lâmina.

A loira revirou os olhos e continuou o que fazia. A rainha levantou-se e se sentou ao seu lado, para o desconforto da daviliana.

- Posso te ajudar?

- Não preciso de ajuda.

- Largue de orgulho, Gisèle - a rainha tomou as lâminas na mão e Gisèle pensou em discutir, mas estava cansada. Apenas observou o que a rainha fazia. - Você não esfrega a pedra na lâmina. Você deixa a pedra parada em uma superfície e suavemente passa a lâmina. Assim.

Gisèle observou-a pelo canto dos olhos. Fazia mais sentido, realmente, odiava admitir para si mesma. Surpreendeu-se com as habilidades daquela mulher que devia ter criados até para escovarem seus dentes.

- Como sabe meu nome? - Gisèle indagou. Odile sorriu, sem desviar a atenção do que fazia.

- Sei o de todos vocês.

- Nunca te falei meu nome.

- Mas Nikki sabe.

- Nikki?

- Lírio.

- Ah - ergueu uma das sobrancelhas. Recostou-se novamente na madeira atrás de si. - Vocês têm um passado confuso.

- Talvez um pouco - concordou a rainha.

- Você o ama?

- É claro que sim.

- E Sohlon?

Odile parou à menção do nome. Olhou para a loira, que a encarava.

- O que tem ele?

- Você o ama?

A rainha comprimiu os lábios.

- Já amei.

- Não mais?

Seu peito doeu. Desviou do olhar da daviliana. Odile colocou a pedra e lâminas de lado e ameaçou levantar-se.

- Não quis ser rude - Gisèle mostrou certa fragilidade que ainda carregava. - Só não consigo acreditar que tenha mudado tanto em tão pouco tempo.

A rainha sentou-se novamente, dessa vez voltada para Gisèle.

- Não espero que entenda - a rainha murmurou. - Sei de seu passado, também.

- Como assim?

- Histórias voam - Odile sorriu, travessa. - Sei que é a autora dos cartazes azuis de D'Ávila que nos deram muita dor de cabeça.

Gisèle riu.

- Deram?

- Ah, sim - a rainha suspirou, lembrando-se. - Sohlon estava furioso com a "insolência".

A loira orgulhou-se. Sorriu, mas logo seu sorriso desfez-se.

- Se sabe de meu passado, então sabe porque não confio em você.

- Como disse, não espero que entenda - Odile prosseguiu -, mas tem duas coisas que nos mudam de um dia para o outro, Gisèle - a rainha viu a loira esperando por uma continuação. - O poder e o amor. O poder cresce à cabeça e você se sente a dona do mundo e faria de tudo para continuar lá. E o amor é um sentimento tão perigoso... eu faria tudo por Sohlon, mas aí veio o pequeno Kaha. E eu faria mais ainda por ele. E Lírio... o amor muda a gente, nos traz lembranças de quem fomos.

- Se ainda ama Sohlon, como sabemos que não vai voltar correndo para os braços dele quando estivermos todos virando pó e morrendo de fome e doenças?

Olhos verdes e azuis se encontraram, nenhum dos pares acanhados. Odile tinha uma resposta que nem ao menos sabia ter.

- Porque assim como o amor nos muda, ele abre nossos olhos.

Aurèlia deixou o queixo cair. Enquanto os outros ganhavam espaço atrás dela, a Kino olhava o mapa de segundo em segundo, como se algo tivesse lhe escapado. Não conseguia acreditar que ali, bem ali, estava Cinzas, a terra das histórias, terra morta de terra cinzenta, palco da primeira revolta que o Vale de Awa conheceu. Tudo o que precisavam era atravessar um abismo.

Alaric gritou e ergueu os braços, arrancando as risadas dos outros. Sua voz ecoou pelo espaço vazio. Frey foi colocada no chão sob as comemorações. Abraços improváveis foram dados.

- Que carranca é essa, mulher? - Düran indagou a Aurèlia.

- Ainda não chegamos - resmungou. - Não gosto de cantar vantagem antes da hora.

- Tenho certeza que esse papelzinho aí vai nos dizer como passar - Azura, bem humorada, aproximou-se de Aurèlia.

Os outros observaram o abismo. Na escuridão em que se encontravam era impossível ver a profundidade. A distância, entretanto, era dedutível.

- Trinta, quarenta metros? - Kohan cerrou a sobrancelha, indagando a si mesmo.

- Você sempre foi ruim nisso - Ginevra riu ao seu lado. - Diria que cinquenta, sessenta.

- Qual acham que é a profundidade disso aí? - Caiden perguntou, aproximando-se perigosamente do beiral.

- Não estou afim de descobrir - Frey murmurou, engolindo seco.

- Se for baixo e escalável...

Frey, de onde estava sentada, jogou uma pedra na escuridão. Os outros observaram-na cair. Quando desistiram de tentar ouvi-la, diversos segundos depois, escutaram um ecoar subir até seus ouvidos.

- É alto - Caiden concluiu.

- Para caralho - Frey concordou.

- O que é isso? - Azura estudou o desenho nas mãos de Aurèlia. Algo ligava as fronteiras de Vocra e Cinzas, um pequeno rabisco perpendicular.

- Meu pai deve ter escorregado a mão desenhando. Isso é sujeira.

- Parece uma ponte - Düran percebeu.

- Uma ponte como aquela? - Ginevra chamou a atenção de todos. Seus instintos lhe foram úteis mais uma vez. Foi difícil decifrar na escuridão, mas logo vislumbrou a formação que guiava uma ponta a outra. Estava para a esquerda de onde estavam, poucos minutos de caminhada, uma miséria para quem andara dias e horas até lá.

Antes de irem, se entreolharam.

- O que estamos esperando? - ansioso, Kohan tomou Frey nos braços e seguiu o caminho em direção à ponte. A Kino riu. Estavam verdadeiramente rindo, finalmente. Pelo que Frey sabia, seriam os primeiros em anos a pisar em Cinzas e ela, conterrânea de Azura e Gisèle e outros, tornaria à casa onde nasceu.


Aqueles minutos pareceram perfeitos, rumo à ponte que lhes levaria à respostas. Foi como se nada pudesse abalá-los na reta final. Pareciam felizes, minimamente. A viagem fora mais perigosa do que esperavam. Testou-lhes do início ao fim, ou o que parecia ser o fim.

Contornando o abismo com sigilo, Kohan foi na frente com Frey em suas costas, agora ignorando a necessidade do lençol que Düran moldara para a longa viagem. Aurèlia permitiu-se respirar pela primeira vez e deixou-se afundar na retaguarda do grupo.

Quando nada parecia poder abalá-los, Pouri deu as caras outra vez.


Kohan sentiu as unhas de Frey cravarem em seus ombros. Quando foi protestar o gesto da Kino, esta cobriu-lhe desesperadamente a boca. Foi quando percebeu que algo estava errado.

O arandiano travou seus passos no chão e olhou em volta. A paupérrima luz que surgia no horizonte delineava silhuetas escondidas na floresta. Aos pés da ponte, por entre os arbustos e árvores tenebrosas, Kohan viu o que Frey viu. Brancas como a neve, as criaturas mesclavam-se ao cenário como se suas garras fossem extensões dos espinhosos galhos do beiral do abismo. Ambos perderam o ar. Kohan sentiu dedos delicadamente envolverem sua cintura e o puxarem para trás. Soube imediatamente de quem se tratava. Com cautela, retornou, e com cautela seguiu Azura para onde esta o levava. Quando todo o grupo estava distante o suficiente, pararam e se entreolharam. Mesmo sem luz, conseguiam decifrar a palidez e o pavor nos rostos uns dos outros.

- Achei que já tivéssemos acabado com essas coisas - Caiden vociferou.

- Precisamos de um plano - Ginevra murmurou - para afastá-los de lá. É nossa única entrada para Cinzas.

- São criaturas estúpidas - Kohan colocou Frey no chão. A Kino apoiou-se nele e na perna boa, juntando-se para ouvir a conversa sussurrada. - Não enxergam.

- Mas têm ótimos ouvidos - Azura lembrou-o. Balançava o corpo para frente e para trás, ansiosa.

- E já mataram um dos nossos - Caiden lembrou de Bron. - E quase arrancaram a perna de Frey.

- Não vamos subestimá-los - Aurèlia passou as mãos pelos cabelos. - Eu tenho um plano. Quantos eram?

- Vi dois - Frey comentou.

- Pelo menos quatro - Azura balançou a cabeça, negando.

- Certo, me escutem com atenção - Aurèlia olhou em volta. Estavam em um pequeno círculo entre as árvores. Acreditavam estar distantes o suficiente para que aqueles animais não os ouvissem, encobertos pelos sons da natureza, do vento ensurdecedor que cruzava o abismo mais para frente. A Kino verbalizou seu plano. - Temos quatro arqueiros.

Se entreolharam. Contaram junto com os olhos de Aurèlia: ela, Caiden, Alaric e Azura.

- E eu? - incrédula, Frey indagou.

- Está ferida, Frey.

- Não preciso da minha perna para atirar, Aurèlia - esbravejou. - Sabe que sou a melhor arqueira que temos, seja lá o que for fazer.

Aurèlia abriu a boca para discutir, mas Frey estava certa. Ela era realmente boa com as flechas.

- Certo. Eu só preciso de dois. Frey, você fica desse lado, eu vou para o outro.

- E por que você? - Caiden indagou.

- Porque eu nunca erro o alvo - confiante, sorriu para ele. - Gine, consegue manter a ponte firme?

- Como assim? - a bruxa questionou.

- Ninguém deve passar por essa merda há anos. É madeira e corda, vai estar desgastada. Consegue deixá-la mais forte?

Ginevra pensou por um segundo.

- Consigo - respondeu, por fim, determinada.

- Certo - a Kino concordou com a cabeça. - Você faz suas mágicas e me ajuda a atravessar. Vem logo em seguida. Alaric, ajude Frey a subir em uma árvore. Ela te dirá qual. Tem que ser boa o suficiente para que ela tenha uma boa mira de toda a ponte.

"Aqui desse lado, vamos deixar uma tocha. Eu acendo outra lá do outro. Vamos nos ver com mais clareza".

- E nós? - Kohan questionou.

- A isca - Düran respondeu por ele. - Estou ficando bom nisso.

Aurèlia concordou com a cabeça.

- Só façam barulho suficiente para que saiam de perto da ponte. Depois, venham. Junto com Frey. Eu vou ter uma boa mira de um lado da ponte e Frey do outro. Não vão chegar perto de ninguém, nem que tentem.

Rapidamente, os oito entreolharam-se. Ginevra acendeu as chamas entre eles, deixando os pares de olhos evidenciarem o quanto estavam apreensivos e frustrados. Tudo estava muito perto de chegar ao fim. Se seguissem o plano de Aurèlia à risca, teriam uma chance.

Um grunhido gutural e animalesco interrompeu-lhes os pensamentos. Estavam mais perto do que pensavam. Deviam ter ouvido ruídos daquela conversa.

Sem nada mais discutirem e selando um acordo apenas visual, seguiram seus caminhos, determinados a acabarem logo com aquilo.

- Vio?

A arandiana assustou-se com a aproximação. Tão distraída quanto estava, mal ouviu os passos de Azriel pela casa. Estava andando de um lado para o outro do quarto que dividia com Alaric. O cheiro de seu marido começara a sair de suas roupas de cama e, cada vez mais, Viorica encontrava-se perdida.

- Oi, Azri - sorriu-lhe falsamente.

- Está quieta - recostado no batente da porta, seu cunhado observou-a de braços cruzados. - O que está rolando?

Viorica cerrou as sobrancelhas. Balançou a cabeça, como se a resposta para aquela pergunta fosse óbvia.

- Não pensa neles?

- Como assim? - Azriel riu. Sua expressão nublou-se outra vez quando viu que Viorica não tinha clima algum para humor. - É claro que penso, Vio. São meus irmãos.

Seus olhos marejaram e sua visão embaçou, impossibilitando-a ainda mais de enxergar a casa escura. Piscou pesadamente e deixou que duas lágrimas escorressem por seu rosto. Azriel não as viu, mas ouviu-a fungar.

- Se estamos na merda aqui, o que está sendo deles lá, Azri? - a mulher limpou seu rosto com as costas da mão. - Eu nunca achei que... eu o amo tanto...

Azriel deixou seu posto no batente e adentrou o quarto. Para surpresa de Viorica, abraçou-a fortemente. A mulher assustou-se, mas logo envolveu-o com os braços. Azriel era pouco mais alto e tinha um abraço reconfortante.

- Eles vão voltar logo, Vio.

- Como pode ter certeza? - sussurrou. - Você ouviu o que encontramos. É o maldito fim dos tempos e Alaric está fora dessas barreiras sobrevivendo a sabe-se lá o que. Eu tenho um filho dele no ventre e eu não posso criar essa criança sozinha! E se eu adoecer, Azri, assim como os outros, eu vou perder essa criança? Eu vou morrer?

Azriel afagou os cabelos de Viorica. Puxou-a para mais perto. Vio sentiu-se melhor. Talvez precisasse de um colo. Estava sentindo-se só. Não tinha o amor da mãe que deixou em Arande e o único homem por quem sentiu amor estava lutando batalhas que ela não conseguia nem ao menos imaginar.

- Não vai morrer. Não vou deixar - o arandiano acalmou-a.

- Não me deixe também, Azri - carente, Viorica pediu-lhe. Parecia que algo consumia-lhe de dentro para fora. Tinha pouco pelo qual viver, mas ao mesmo tempo tanto.

- Não vou - o arandiano beijou sua têmpora. Sentiu-se mal por ser deixado para trás da viagem dos irmãos, mas esqueceu-se de que Viorica não podia ficar sozinha. Alaric precisava estar lá, mas ela precisava ficar, e este confiou que ele cuidaria bem de sua noiva enquanto não voltasse. - Não vou a lugar nenhum.

- Como ela está? - Dante indagou. Estava sentindo-se desconfortável sozinho no quarto de Azriel. Não conseguiu ouvir a conversa dele com Viorica, mas ouviu-a chorar. Sentiu um alívio quando o arandiano juntou-se a ele. Azriel fechou a porta ao passar. Dante já deixara uma vela acesa no canto do quarto com os colchões dispostos pelo chão.

- Dormiu - Azriel sentou-se ao seu lado. - Está apavorada.

- E não é para menos - Dante concordou.

Os dois se entreolharam. Estavam confortáveis na companhia um do outro, ao ponto de ser difícil ficarem só. Desde então, eram a companhia mais agradável que tinham, um pouco de paz entre uma guerra que crescia logo atrás de suas janelas.

- O que é isso? - o bruxo indagou. Inclinou a cabeça para indicar o colar que Azriel levava ao redor do pescoço.

O arandiano envolveu-o com os dedos e sorriu fracamente. Lembrou-se do dia em que sua irmã salvara todos eles de criaturas do Bosque das Lamúrias prontas para os deixarem loucos o suficiente para atentarem contra suas próprias vidas. A pequena pedra ainda pesava sobre seu peito, mas ele não ousava tirá-la. Era um amuleto de proteção e uma lembrança de Ginevra, dos irmãos e de o quanto eram fortes.

- Gine fez para mim - explicou.

- É o que?

- Um amuleto. Afasta... o mal.

- Mal?

- Má sorte, mau olhado.

- Afastaria um Deus das trevas? - Dante riu.

- Talvez. Eu espero - Azriel devolveu-lhe um sorriso. Puxou-se para mais perto. Dante estava com as pernas cruzadas e o tronco encostado na parede. Azriel, sentado sobre os joelhos, inclinou-se sobre ele até o Kino não ter para onde escapar. O arandiano sentiu sua respiração calma e fechou os olhos. Uniu seus lábios aos dele com calma e ternura, diferente da primeira vez em que estiveram juntos, desesperados por contato. Dante envolveu uma das mãos nos cabelos de Azriel.

- Queria ter te conhecido em outros tempos - murmurou, apenas afastando seus lábios dos dele.

- Eu também - Azriel beijou-lhe o canto da boca, arrancando-lhe um sorriso. - Te levaria para comer os mariscos com batata do porto. Ou o risoto de camarão que aprendi a fazer.

- Além de tudo, cozinha?

- Só isso. Mas eu faço muito bem - riu.

- O que mais?

- Podíamos ir à Gruta de Ahern.

- É? E o que tem lá? - Dante puxou-o para mais perto, Azriel acomodou-se entre suas pernas.

- É um lugar lindo entre as pedras lá da costa de Arande. Você ia adorar.

Dante roubou-lhe um beijo.

- Me leve lá quando isso acabar, então.

- Minhas terras não tem muito mais a oferecer, não. O mar é incrível, mas...

- Mas o quê?

- Quero conhecer outros lugares. Cinzas, onde nasci. Azura diz que Petrichor é um paraíso. E Vocra tem as melhores praias do Vale.

- Quer conhecer o mundo, então?

- É, eu quero. E o que mais tiver depois dele.

- Acha que tem mais?

- É claro que tem - respondeu, convicto.

- E quer companhia?

Dante apaixonou-se rapidamente. Aqueles olhos verdes tornaram-se facilmente uma obsessão.

- Se for a sua, eu quero - para seu alívio, Azriel sentia o mesmo.

Um pensamento triste acometeu Dante. Seu sorriso murchou ao pensar que aquela guerra não era uma vitória garantida. Pelo contrário, parecia cada vez mais difícil ver um futuro em que o sol voltava a nascer e o Vale tornava-se novamente um lugar habitável e cheio de belezas escondidas. Azriel percebeu seu desânimo e logo o decifrou.

- Ei - chamou-o -, vamos sair dessa.

- Gosto como tem tanta certeza - Dante sorriu tristemente.

- Eu tenho, sim - afastou-se dele por um segundo. De seu pescoço, tirou o colar que Ginevra fez para ele. Colocou ao redor do de Dante.

- O que está fazendo?

- Cuide dele para mim.

- Azri, eu...

- Dá sorte, vai ver - deitou-se no colchão e puxou Dante para deitar-se ao seu lado. O Kino sorriu sinceramente dessa vez. - Vai afastar o medo e as coisas ruins. E aí, quando isso acabar, você me devolve, okay?

- Quando estivermos a caminho de Cinzas.

- Ou Petrichor.

- Até Castilho.

- Isso. Quando estivermos viajando, livres disso tudo, aí sim, você me devolve.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro