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70. Caçador e Presa

Düran já não estava mais tão certo de sua decisão. Talvez não estivessem tão bem na Pedreira, mas apostaria sua única tocha que estavam melhor do que eles por lá, caçando na escuridão e no silêncio sem nem saberem o porquê de tanto alarde.

Seus passos eram lentos quando queria que fossem rápidos, mas já sentia-se exposto demais em meio ao terrífico e completo breu daquele corredor sem fim, labiríntico. O único som que ouvia era o de seus calçados contra o cimento frio e sua respiração entrecortada que envergonhava a si próprio, conotando um medo que não queria ter. Ladeado por portas fechadas e trancadas, sua curiosidade apenas aumentava e já não sabia se andava em círculos. Seu lado paranóico temeu também que logo os outros encontrassem Azura e Bron e o deixassem ali por qualquer motivo que fosse.

Enquanto seus devaneios mais o assustavam que distraíam, teve certeza de ter ouvido um som fino ecoar pelo corredor até chegar aos seus ouvidos. Seus pés pararam bruscamente e Düran apurou sua audição. Ouviu outra vez, depois outra. Era um som ritmado e constante que ele logo identificou. Sua mente pinçou uma memória não tão distante de dias chuvosos em Petrichor.

Uma noite ele acordou de madrugada com uma tempestade a bater em sua janela, mas não foi o que lhe despertou. Sentiu uma gota de água gelada pingar bem na ponta de seu nariz. Düran esfregou os olhos até ver a infiltração logo sobre sua cama. Durante a noite, foi obrigado a mudar sua cama de lugar e colocar um balde sob a goteira. Voltou a dormir com aquele som, o mesmo som que ouvia agora. Gotas de água pingando, ritmadas. Não pensou que aquele som tão inocente pudesse um dia assombrá-lo. O petrichoriano tornou a andar e, a cada passo que dava, ouvia com mais nitidez as gotas de água pingando. Seguiu-as sem pensar, apenas arrependendo-se quando um cheiro inebriante alcançou suas narinas. Ele logo as tapou com o antebraço. O cheiro de podridão não significava nada bom e ele sabia. Era o cheiro da morte.

Um arrepio percorreu-lhe a espinha e Düran obrigou-se a continuar. Não queria continuar. Queria voltar correndo como uma criança assustada para o lado de fora e esperar por lá. Mas não. Azura precisava dele.

A tocha oscilava em sua mão e temeu que logo a escuridão o engolisse. Com a ameaça de seu coração saltar pela boca com o nervosismo, Düran continuou em frente, persistindo, até que outra cena tirou-lhe a coragem. Suas pernas bambearam quando um escarcéu de sangue viscoso entrou no foco da luz. O petrichoriano estremeceu. Aquele sangue era recente. Ele o contornou quando viu que o rio vermelho continuava e seguia um caminho. Tremendo e não ousando tirar o braço da frente das narinas, contornou o sangue e seguiu o trajeto, torcendo para que aquilo não significasse o pior. Sua mente fértil lhe mostrou o pior diversas vezes, mas ele não estava pronto para o que viria. O sangue descia até um vão, de onde pingava para o andar de baixo. O som da goteira da chuva em uma inocente noite em Petrichor já não lhe traria memórias tão agradáveis. Sua curiosidade foi mais forte que seu medo. Düran seguiu a trilha do sangue até descer uma escada e outro som sobressaiu-se à goteira. Um que ele nunca esqueceria, somando por uma visão que assombraria seus pesadelos até seu último dia, assim que chegou aos pés da escada.

A cascata de sangue que pingava do andar de cima servia de cenário para uma cena que lhe embrulhou o estômago. Düran viu um corpo no chão, estirado, mas não conseguiu identificá-lo. Estava ensanguentado dos pés à cabeça e algo o devorava de dentro para fora, virando-o do avesso. A luz de Düran iluminou uma criatura que ele nunca sequer imaginou que um dia pudesse andar pelo Vale de Awa. Não era alta, mas mais alta que ele, curvada sobre o corpo sem vida e cirurgicamente extraindo seus órgãos com garras afiadas que mais pareciam navalhas. O corpo era branco e magro, como se feito apenas de ossos, e espinhos irregulares espalhavam-se por seu tronco. Düran não aguentou a cena. Seu estômago colocou para fora apenas bile. O som chamou a atenção da criatura e Düran viu, pelo canto dos olhos, que aquele corpo não era mais assustador que aquela cabeça. Pontiaguda e com dentes apurados que ocupavam mais da metade de onde estaria seu rosto, o sangue escorria de sua boca. Não tinha olho algum, mas olhava para o petrichoriano e ele sabia. Empalideceu e sua única reação foi gritar.


De repente, toda e completa discrição dissipou-se. As pernas de Düran moviam-se como nunca. Corria por sua vida por corredores escuros e sem norte. A tocha foi o que primeiro caiu de suas mãos assim que viu que o novo alvo da criatura era ele.

Sua respiração tornou-se uma desesperada súplica e sua voz desapareceu, voltando apenas como gritos exasperados de pavor quando ouvia os velozes passos da criatura atrás dele. Nunca em toda sua vida sentiu tanto medo. Pela escuridão conseguia ouvir as garras de navalha batendo repetidamente no chão e os grunhidos agudos animalescos se aproximando. Correr não lhe daria chance alguma e Düran sabia.

A amena luz que entrava por uma das janelas, mais fraca que a de Marama, mostrou-lhe o caminho que deveria seguir. De todas as portas fechadas, uma à sua direita estava entreaberta. Foi onde o homem se jogou.

- Ouviu isso? - Frey cochichou.

Shiu - Ginevra a repreendeu.

As duas pararam bruscamente. O primeiro andar era diferente dos outros, consideravelmente mais largo e alto, espaçoso e aberto. As duas contornaram os largos degraus da escada principal e rumaram para os fundos do edifício. Logo, estavam em um ambiente aberto, um hall amplo com papel de parede desgastado e entulhos por todos os lados. Foi onde estagnaram quando Frey ouviu aquele ruído distante.

- O que foi isso? - a Kino insistiu, apesar da bronca da bruxa.

Ginevra também ouvira. Era como um grito esganiçado, um arranhado áspero.

- Não sei.

De costas uma para a outra, instintivamente, iluminaram com suas tochas o hall ao redor. A chama fraca iluminava mal o ambiente e tinha o alcance curto, o que fazia o escuro tão próximo ser tão desconhecido e aterrorizante.

- Sente isso? - Frey indagou.

Antes que Ginevra perguntasse, o cheiro putrefato invadiu as narinas da bruxa. Era como se a própria morte estivesse as rondando. Já não sabiam dizer de onde vinham os barulhos que ouviam, nem se os míseros estalados ao redor das duas seriam ratos ou passos.

- Vamos sair daqui, Gine - a Kino cochichou. O vento glacial que entrava pela porta da frente, mesmo que distante, conseguia alcançá-las e fazer o medo ficar ainda maior, excluindo qualquer calor das chamas nas tochas.

- Não sem Azura - a bruxa protestou, determinada. Por mais que quisesse sair dali, por mais que a angústia inexplicável de estar lá dentro lhe sufocasse como um nó na garganta, Ginevra não sairia de lá sem Azura, porque sabia que, em outro cenário, Azura não sairia de lá sem ela.

Frey bufou, ansiosa. Afastou-se a passos largos da bruxa. Sozinhas seriam mais ágeis.

- Frey! - Ginevra quis gritar, mas conteve-se.

- Vamos, Gine! - voltou-se para ela.

A bruxa abriu a boca para protestar aquela pressa e falta de cuidado, quando o pavor estampou-se em seus olhos. Foi rápido demais, mas ela viu aquela figura atrás de Frey. Foi rápido e foi tarde. A Kino rumou de peito ao chão, aos gritos, quando teve as pernas puxadas bruscamente em direção ao breu. Sua tocha apagou-se e Ginevra juntou-se à ela nos berros de desespero e medo do desconhecido.

Düran tapou a própria boca com as duas mãos, mas seu ofegar ainda era o único som que ouvia pelo quarto, logo somando-se a passos lentos e calculados do lado de fora, leves como os de um caçador atrás de sua presa. Ele sabia quem era quem naquela equação.

Com uma das mãos trêmulas, alcançou o facão na bainha atada a sua calça. Perguntou-se se de algum modo conseguiria atacar, tão petrificado do modo que estava. Düran escondeu-se atrás da porta e observou pela fresta das dobradiças.

Aquele cheiro o seguiu. A criatura tinha um andar quase calmo, como se soubesse o que estava fazendo. Düran evitou ao máximo olhar para aquele rosto. Viu braços tão longos que quase alcançavam o chão e unhas afiadas vermelhas do sangue de quem quer que fosse aquele corpo.

O que quer que fosse, saiu de seu campo de visão. Düran esperou segundos que lhe pareceram minutos antes de finalmente tornar a respirar. Tinha que sair dali. Tinha que achar Azura e Bron e sair dali o quanto antes, antes que aquele animal voltasse por ele.

Lentamente, Düran tirou a mão da frente da boca. Ele precisava de luz para guiar-se. Não se imaginava indo a lugar nenhum com a chance, por menor que fosse, de esbarrar com aquilo outra vez. Porém, viu-se sem alternativa. Sua tocha caiu apagada no corredor de piso frio, onde agora fazia companhia para um corpo sem vida e com um destino cruel.

Com toda a cautela que ainda conseguia ter, Düran deixou seu posto atrás da porta. Quis saber o que aquela sala escondia, mas nunca conhecera um escuro tão escuro, onde nem a palma de sua mão estendida em sua frente conseguia ver. Foi assim, perdido em passos ébrios, que o petrichoriano esbarrou em uma mesa de ébano ao seu lado. O som estridente da madeira ecoou por todo o corredor. Düran perdeu toda a cor naquele instante, quando teve certeza de que seu esconderijo tinha sido descoberto. A criatura voltara por ele.


Düran correu de volta por onde veio, ofegante e desesperado. Os passos atrás de si eram rápidos e mexiam com seu psicológico. Parecia mais de um par de pernas correndo atrás dele e não cediam por um só segundo. O animal esganiçou e aquele grito alcançou seus ouvidos, fazendo o petrichoriano apavorar-se ainda mais quando percebeu a proximidade. Por um instintivo medo, Düran olhou para trás, mas arrependeu-se da decisão. A vaga luz que entrava pelas janelas estilhaçadas à sua direita iluminaram aquele animal correndo em sua direção em uma cena apavorante. Aquela boca com dentes afiados que ocupava metade de seu rosto estava pronta para arrancar seus órgãos internos assim como fez com o outro corpo. Düran tinha certeza de que seria o próximo. Tropeçou.

O homem foi ao chão e sentiu suas mãos amortecerem sua queda sobre algo líquido e viscoso. Sangue. Ele caiu sobre o corpo e viu-se sem escapatória. Sua voz retornou e ele gritou. Ergueu por formalidade o facão ao ver a criatura a menos de dois metros dele. Pelo menos morreria lutando.

Preparou-se para um ataque fatal, mas este não veio. Düran ouviu o som de algo afiado cruzar o ar ao seu lado e viu quando a flecha alcançou o animal. Uma, duas, três vezes. A última, na altura da boca escancarada, a fez finalmente cair sobre os joelhos e tombar aos pés de Düran. Ele não precisou olhar para trás para saber quem o salvara.

Mesmo à fraca luz de uma noite sem lua, Düran distinguiu os inigualáveis olhos acinzentados brilharem na escuridão. Agora, carregavam um pavor que ele vira poucas vezes e esperava não ver nunca mais. Azura ainda tinha o arco armado e apontado em direção a um corpo sem vida de uma criatura que, caso precisasse descrever, apenas diria ser a personificação de seus piores pesadelos.

Düran arrastou-se no chão até ficar de costas para a parede, protegendo as próprias costas. Por segundos, apenas a respiração dos dois petrichorianos pôde ser ouvida.

- Azura - o homem chamou.

Como se falar fosse proibido, Azura cruzou o espaço entre eles em três passos rápidos e abaixou-se ao seu lado, tapando sua boca. Ambos apuraram os ouvidos. O que quer que fosse, ainda não tinha acabado. O gotejar do sangue tornou aos ouvidos de Düran e o assombrou. Azura focava em algo mais.

Passos largos cruzavam o corredor e ela não sabia para onde olhar ou o que fazer. A respiração de Düran em sua mão carregava medo e ela sentiu-se assim como ele. Queria enxergar os olhos do homem, mas estavam contra a luz. Queria falar, mas não podia. Os passos tornaram-se mais claros e aproximaram-se dos dois petrichorianos, rápidos e ágeis. Azura sabia que Düran a distinguia, apesar de não conseguir fazê-lo. Ela tirou a mão da frente de sua boca e ambos colocaram-se de pé, dando forças um para o outro que não tinham tido até então. Com as costas coladas, vigiaram as extremidades daquele escuro corredor. Düran com o facão na mão e Azura com o arco e flecha armados. Aguardaram o que pareceram horas incontáveis quando outra figura entrou-lhes no campo de visão. Azura distinguiu-o antes mesmo de vê-lo. A respiração, os passos, a silhueta, o arfar de alívio ao vê-la. Ela deixou a arma cair e não se preocupou mais com o barulho. Jogou-se nos braços de Kohan assim que ele a alcançou e agradeceu aos Deuses por ele estar bem.


Quietos, Azura os guiou até a sala onde primeiro vira aquela criatura e de onde conseguiu escapar quando aquela se cansou de tentar derrubar a porta. A luz da janela fez com que os três se juntassem próximos a ela e trancaram a porta atrás de si, um refúgio seguro pelo menos para se reencontrarem.

Assim que Azura trancou a fechadura, Kohan a puxou para um abraço apertado que praticamente a engoliu, perdida em seus braços. A garota tornou a chorar baixinho, envergonhada pelo medo de ter ficado sozinha até então.

- Você está bem? - Kohan afastou-se para olhá-la. Estava ensanguentada da cabeça aos pés. - Não acredito que te deixei vir sozinha.

- Sim - olhou para o próprio corpo, enjoada. - Não é meu.

- Bron? - Düran questionou, colado à janela.

Azura concordou. Os outros dois logo perceberam de quem era o corpo do lado de fora da sala.

Düran sentiu um ciúmes que não ousou demonstrar em gesto algum. Ele era quem Azura defendia, mas era para os braços de Kohan que ela corria quando precisava de alento. Não era como antes.

- Que merda é aquela? - Kohan indagou.

- Tem mais deles? - Düran prosseguiu.

- Vi dois lá embaixo quando tentei pular a janela e escalar até lá embaixo. Outro no corredor lá fora - Azura explicou, trêmula. - Não sei o que são nem quantos são. Só percebi que... não tem olhos. Não enxergam, mas a audição é...

Não precisou terminar a frase. Impecável era a palavra.

- Precisamos sair daqui com os outros - Kohan cruzou os braços, pensativo. - Achar um lugar seguro.

- Espero que estejam bem - Azura murmurou.

- Espero que tenha um lugar seguro - o petrichoriano desejou.

Antes que pudessem tornar a discutir qualquer assunto, um grito cortou o prédio inteiro até chegar aos ouvidos dos três. Não importava quem fosse, sabiam do que se tratava a emergência. Destrancaram a porta e decidiram improvisar, torcendo para que isso não lhes custasse as vidas ou a sanidade.

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