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28. Única Chance

Caiden teve medo de dormir e acordar novamente no desalento do Bosque das Lamúrias. Tudo aquilo lhe parecia um sonho.

Aquelas pessoas eram fantásticas e surpreendentes, como se viver fora da redoma de reis genocidas lhes fizesse bem.

O homem ainda não tivera tempo de conhecer tudo o que quis. Ficou plantado naquela extensa clareira no qual fora recebido.

Os Kinos lhes instruíram como prosseguir dali - se fossem ficar, que plantassem as próprias raízes.

- Como caralhos se constrói um abrigo? - Tereza indagou em certo ponto do dia. A ruiva tirou a blusa que lhe deram e secou o suor da testa com a mesma. O sol os castigava.

Caiden olhou ao redor.

Aquela clareira gigantesca era ladeada de tendas bem feitas de diversos tamanhos diferentes e com diversos materiais.

Gisèle, sentada na grama com o pequeno Cöda nos braços, parecia ainda mais perdida que eles.

- Eu vou dar uma volta. - o homem pronunciou.

- Pra onde, Caiden? - Tereza pareceu se indignar. - A gente vai ter que dormir no frio de novo hoje, eu não consigo!

Gisèle riu.

- Eu volto já. - o homem anunciou antes de sair, deixando as duas sozinhas. Não tinha mais medo que elas se matassem àquele ponto.

Caiden tomou a liberdade de explorar aquele intrigante lugarejo. Sentia-se pisando em ovos, todavia. Sua mentira era que estava observando as tendas dos outros para saber ao menos como começar a sua. A verdade é que estava fissurado por algo que não entendia.

O homem prendeu os cabelos até então soltos no habitual rabo de cavalo e sentiu-se confortável para tirar a camisa no dia quente. O sol lhe rachava o couro cabeludo.

Ele viu quando uma bola de futebol desgastada e pesada parou aos seus pés.

Ei, tio! - ouviu uma criança gritar.

Caiden encontrou a voz que o chamava. Um garoto pedia pela bola, esperando para voltar ao jogo. Caiden a chutou de volta com precisão, sendo mais sorte que técnica, utilizando da perna boa. Quando mais novo, jogava todos os dias nas ruas de D'Ávila.

Ali, no pequeno campo improvisado, uma pequena roda de pessoas se reuniu para cochichar. O daviliano sentiu-se sendo observado.

Uma garota cruzou o campo à trote até onde ele estava.

- Ei. - ela murmurou. - É o cara novo que a Aurèlia trouxe, não é?

Caiden sorriu.

- É, acho que sou eu.

- Frey. - a garota lhe ofereceu um aperto de mão firme.

- Caiden. - ele a cumprimentou.

- Está faltando um no time adversário. Quer jogar?

Se Caiden precisasse, não saberia por onde começar a descrever Frey. Era uma garota magra de poucas curvas e parecia ter por volta de sua idade, mesmo que não conseguisse dizer com certeza. Seus cabelos castanhos e ondulados eram pouco armados e compridos, presos em um rabo de cavalo alto. Frey tinha olhos acajuzados e pequenos, nariz delicado e lábios finos. Sua pele branca estava queimada do sol e duas linhas brancas estavam desenhadas sob seus olhos, assim como estavam os de Aurèlia. Vestia uma calça marrom folgada e um bustiê preto. Parecia atlética e seu fraco sorriso, mesmo que simpático, era intimidador, de certa forma.

Caiden percebeu que lhe devia uma resposta.

- Eu jogaria, mas minha perna...

Frey olhou para a ferida na perna do homem, recente.

- É, é uma boa desculpa. - a garota riu. - Certo, cara novo, eu vou ganhar ali aquele jogo e eu te ajudo com o abrigo.

Caiden olhou para trás. Tereza e Gisèle discutiam sobre como começar, claramente perdidas.

- Assim, de graça?

Frey deu de ombros.

- Você não tem nada pra me dar. - a garota riu.

- Então eu saio no lucro de qualquer jeito?

A garota torceu os lábios, cogitando.

- Me dê sua camisa, então.

Caiden viu a camisa nova que Aurèlia lhe cedera. Nova para ele, velha para outro.

- É a única que eu tenho.

A garota riu de modo travesso.

Frey! - ela olhou para trás quando ouviu seu nome ser chamado do campo. Voltou-se para Caiden.

- Okay. - Caiden concordou. - Só se você ganhar.

Caiden sorriu e passou a mão no rosto. Tinha mais a ganhar do que a perder.

Gaia não queria, mas reconhecia perfeitamente a mulher que a olhava no espelho dessa vez. Ela voltara - a pobre criada pessoal da rainha que não sabia vestir-se.

Seus olhos inchados e carregados de olheiras evidenciavam que ela não dormira aquela noite. Os Deuses sabiam que ela tentou. Sua roupa de cama estava completamente revirada.

Rose entrou no quarto, ela viu pelo espelho. Dessa vez, a figura da mãe era mais que bem-vinda.

Gaia tentou falhamente segurar uma lágrima.

- Ah, minha querida... - a mãe a envolveu em um abraço, tomando cuidado com as queimaduras no braço da filha.

A noite passada voltou à memória das duas.


Rose bebia sua terceira xícara de chá de erva doce e seus dedos impacientemente batiam no revestimento da pia. A noite já corria madrugada afora e suas duas filhas não estavam em casa.

Assim que ouviu a porta da rua abrindo, rumou em direção à sala batendo os pés, por mais aliviada que estivesse.

- Mas que merda vocês duas acham que estão fazendo?! - a mãe berrou, adentrando o hall de sua casa. - Ainda moram sob o meu teto e eu exijo que...!

Ela cortou a frase na metade ao ver a situação das duas meninas.

Nafré fechou a porta assim que a irmã a ultrapassou.

Gaia não conseguiu olhar para a mãe. Ela apenas tirou o paletó de Isaac e exibiu o braço coberto por gazes.

A mãe a fitou. Sua filha estava bela como nunca, mas triste como nunca. Rose levou uma das mãos ao peito ao se aproximar da primogênita.

- Desculpa, mãe, eu... - Gaia começou a falar, mas a mãe passou os braços ao redor de seu pescoço e a puxou para si com cuidado.

- Eu morri de preocupação. - Rose cochichou ao ouvido da filha.


Gaia olhou para o ferimento no braço, o qual a mãe jeitosamente a ajudara a proteger com curativos bem feitos. A garota virou para a mãe com uma base em pó em mãos.

- Me ajuda com isso? - ela referiu-se ao seu rosto.

Rose sorriu tristemente e tomou a base das mãos da filha.

A mãe ajudou a filha a se arrumar, coisa que Gaia nunca permitiu antes. Rose deixou os belos cabelos da filha soltos e colocou bonitos brincos dourados em suas orelhas furadas. Nas vestes, entretanto, não pôde caprichar. Gaia separara um vestido simples e preto, a cor do luto. O luto falso pelo bebê que ainda vivia nos fundos da casa de Dona Lore.

Ao descer à cozinha, Gaia viu Nafré com os belos cabelos loiros e ondulados presos em um rabo de cavalo. Ela nunca os prendia, apenas quando estava tensa ou nervosa.

A irmã mais nova vestia um agasalho de lã vermelho naquela manhã, cor que lhe caía bem. Ela virou-se para as duas mulheres que entraram pelo batente. Nafré encostou-se no armário da cozinha e assoprou o käfi em uma grande xícara nas mãos. Trocou olhares confidentes com a irmã.

O sol começava a nascer no horizonte onde o Mar de Pétalas e o Oceano Platina se encontravam, entrando na cozinha com raios dourados e alaranjados que pouco aqueciam aquela família na manhã gelada.

- Precisa ir hoje? - Rose arriscou a pergunta à primogênita, pegando pão e manteiga na geladeira.

- Se um dia aquela mulher precisar de mim, esse dia será hoje. - Gaia suspirou, comendo algo pela primeira vez em um bom tempo, mal percebendo o quanto estava com fome.

- A rainha te bateu. - Nafré jogou no ar.

- É, e onde eu vou reclamar?

Nafré deu de ombros.

- Você fez o que pôde, minha guerreira. - Rose deu um beijo na filha e se retirou da cozinha, subindo novamente as escadas de sua casa.

Gaia suspirou e aproximou-se da pia para pegar um copo de água da torneira.

- Não vai contar pra ela? - sua irmã caçula indagou em voz baixa.

- Claro que não.

- Ela merece saber, Gaia.

- Cacete, Nafré. - a irmã xingou. - Mirza foge hoje à noite com aquela criança e eu vou me forçar a acreditar que o príncipe morreu. Assim como todo mundo acha. E você devia acreditar nisso também, pro seu bem e pro meu. E pro da mamãe também.

Nafré fez uma careta.

- Mas agora que está na merda comigo... - Gaia continuou.

- Agora que você me colocou na merda... - Nafré corrigiu.

- Te mandei embora e você ficou lá, criatura.

- Tudo bem, diga logo o que quer.

- Preciso de um favor. - Gaia deu um bom gole na água. - Pode matar a sua aula hoje?

- Logo você me pedindo isso? - Nafré sorriu, vitoriosa. - Claro que posso, eu sou bem boa em astrologia.

- Ai, meus Deuses, logo astrologia...

- Quer que eu vá olhar o bebê?

- Quero que vá olhar se Lore sobreviveu a essa noite com o bebê.

Nafré riu e terminou o käfi em mãos. O cheiro gostoso do grão vermelho moído aromatizava todo o recinto.

- Okay, o que eu ganho com isso?

- Eu não te dou um safanão na orelha, Nafré!

A irmã mais nova riu. Seu esporte era importunar Gaia. Talvez, pensou, nesse momento ela precisasse.

Azura ousou olhar para trás, mesmo sabendo que o arrependimento logo a acometeria.

Azriel entrou em seu campo de visão antes de Arande. O olhar do pacífico garoto estava agora mergulhado na mais profunda cólera.

A petrichoriana não sabia o que dizer. Sentia que aquilo era sua culpa. Que o desfortúnio e a calamidade a seguiam desde que completara sua vigésima primavera.

Seis fugitivos. Dessa vez, Azura não estava sozinha.

Trotaram sobre os cavalos por pelo menos uma hora no mais completo silêncio.

Azura desconhecia tudo por ali. Viu os cavalos subirem um morro escuro e de grande declive coberto por árvores densas até perderem-se em estreitos de terra ainda mais esburacados que as ruas de Arande.

Kohan parou o animal assim que as árvores baixas transformaram-se em pinheiros altos e bem espaçados. Uma pequena casa surgiu ao lado deles, após uma cerca desgastada pelo tempo.

Ginevra foi a primeira a descer do animal, seguida logo pelos outros cinco. Kohan puxou dois cavalos para os fundos daquele casebre rapidamente e Azura o seguiu com o outro animal.

A garota estudou a casa. Camuflava-se bem à vegetação ao redor e ao escuro.

- Onde é aqui? - indagou.

Kohan, entretanto, não a respondeu. Ela não o culpou.

Um barulho de estilhaços de vidro caindo ao chão de madeira fez-se ser ouvido.


Alaric quebrara a vidraça com uma pedra.

Ao olhar para o lado, vitorioso, Azriel segurava uma chave nas mãos.

- Como tem a chave?

- Não tenho, eles escondiam embaixo do vaso, imbecil. - o irmão respondeu, impassível.

Azriel abriu a porta do pequeno casebre e o adentrou. O cheiro de mofo e poeira os assolou. O familiar ambiente os saudou, dessa vez trazendo lembranças que os pegou desprevenidos.

Um por um, os seis se encontraram ali, no chalé no qual passavam as férias com os avós antes dos entes queridos falecerem.

- Não deveríamos continuar? - Viorica indagou.

- Não. - Kohan rispidamente a respondeu, atravessando a porta da frente e a fechando em seguida. - Essa noite eles não nos acharão aqui. Não essa noite. Vai nos dar tempo de pensar o que fazer e...

Não precisou completar a frase. Eles acabaram de deixar a vida como conheciam para trás, para sobreviver. Acabaram de deixar a mãe e ver o pai morrer brutalmente em frente aos seus olhos. Precisavam daquela noite para sentir. Respirar.

Ginevra foi a primeira a deixar toda a dor sair arranhando por sua garganta.

Na noite escura, todos puderam ouvir seu soluço cortante. A garota foi ao chão com os dois joelhos batendo no piso de taco. A bruxa abafou um berro de dor com as mãos e os outros não resistiram a segui-la nos prantos. Nenhum se salvou, mesmo que não demonstrassem. Azriel foi o primeiro a aproximar-se da irmã e abraçá-la com força, puxando-a para mais perto.

Viorica alcançou a mão do amado mesmo no escuro. Ele a apertou com pesar. Aquela noite não sairia de sua memória - o dia mais feliz e ao mesmo tempo mais desastroso de sua vida.


Pareciam ter se passado horas de puro silêncio.

Viorica havia cedido ao cansaço, dormindo desconfortavelmente em uma poltrona reclinável no canto da sala onde estavam todos reunidos.

Assim que conseguiu permitir-se finalmente descansar o corpo, Azura recostou o tronco no sofá empoeirado da antiga casa dos avós dos arandianos. A petrichoriana analisou as feridas - mesmo que superficiais, os ralados nas articulações ardiam de forma preocupante. Seu nariz apenas recentemente parara de sangrar e a dor da pancada no osso ainda latejava.

- E agora? - a tímida voz de Azriel cortou o silêncio depois de tanto tempo.

A resposta para aquela pergunta parecia dolorosa ou inexistente. Ninguém ao menos tentou verbalizá-la.

Uma fungada de Ginevra pôde ser ouvida.

- Sinto muito. - a voz frouxa da bruxa ecoou pelo recinto, parecendo fazer com que todos despertassem para a conversa.

Ginevra não se parecia mais com a garota que Azura conhecera. Não parecia a mulher forte e inabalável que a cominava noites afundo.

- Nada disso é culpa sua, Gine. - Alaric sussurrou.

Ginevra debochou com uma risada triste.

- Eu não sei o que aconteceu. - a mulher murmurou, escondendo a cabeça entre os joelhos, sentada ao lado do sofá. - Eu não sei o que eu fiz, eu matei aquele cara... aquela luz...

- Gine, - Azura levantou-se do sofá e rumou em direção à amiga. Ela abaixou-se ao lado de Ginevra. - não foi culpa sua.

- Tem razão. - a grosseira voz de Kohan fez-se ser ouvida. - Foi sua.

Azura olhou para trás, assustando-se ao perceber que ele a acusava.

Pela luz da lua, a garota o viu encostado na parede oposta a ela. Seus olhos a fitavam, trucidantes.

- Não pode acusar ela. - Azriel tentou defender a garota.

- Não, deixe ele falar. - Azura se levantou.

Kohan bufou. A tensão nasceu na sala.

Pela luz da lua que entrava das janelas do casebre, o homem passou as mãos pela nuca em um ato frustrado.

- Se não fosse por ela, a gente ainda estaria em casa, dormindo. Aqueles merdas iam revistar nossos quartos, não iam encontrar nada e nossa única preocupação seria no come que o Alaric levaria quando voltasse pra casa. - Kohan vociferou. - Mas, não. A gente está aqui. Meu pai está morto. Eu não sei da minha mãe. A minha terra está em guerra, sendo dizimada, tudo isso por causa de uma estrangeira que...

- Que o quê? - Azura incisivamente questionou. - Que vocês salvaram sem querer?

- Me culpe por isso, então. - Alaric pronunciou.

- Cale a boca! - Kohan bradou.

- Talvez tivesse sido melhor me deixar morrer, então. - a petrichoriana afirmou, erguendo as sobrancelhas. - Talvez tivesse lhes poupado de muitos problemas.

Kohan atravessou a sala em um segundo, fulo, parando em frente à Azura, que não recuou.

- Assim que eu te vi na porra da mesa da minha cozinha eu soube que você traria problemas. - o homem sussurrou. - Eu preferia que tivéssemos deixado você morrer.

Azura cerrou os punhos. Estava pronta para fazer ele retirar todas aquelas palavras. Entretanto, conteve seus impulsos. Sabia que Kohan não era o inimigo.

- Chega, Kohan. - visivelmente abalada, Ginevra levantou-se. - Façam bom uso do tempo e saliva de vocês e me digam para onde vamos agora.

Kohan foi o primeiro a recuar. Sentiu raiva subir sua cabeça, mas as palavras da irmã faziam sentido.

- Precisamos evaporar de Arande antes que mais venham. - Viorica, ainda exatamente na posição em que dormia, colocou-lhes o óbvio. - Por mim, já deveríamos estar a caminho de qualquer outro lugar.

- Me diga por onde, então. - Azriel passou as mãos pelo maxilar. - Só temos duas opções e nenhuma delas me parece viável.

Em silêncio, esperaram pelas palavras do garoto.

- Ou seguimos para a orla e procuramos por um barco para nos tirar daqui, - Azriel prosseguiu. - ou o Bosque.

- O barco, então. - Alaric concordou.

- Vão estar nos esperando. Sabem que é para lá que vamos. - Kohan, esfriando a cabeça, colocou um ponto à discussão.

- O Bosque, então. - Azura propôs.

Um desconcertante silêncio atravessou a sala.

- Que ideia estúpida. - Kohan ousou provocá-la novamente.

- Tem melhor? - a petrichoriana debateu.

- Quem entra no Bosque das Lamúrias, não sai do Bosque das Lamúrias. É por isso que aquela fronteira de Arande é desconsiderada.

- Não pode ter certeza disso. - Azura sentou-se no braço do sofá. - E eu não vejo ideia melhor.

- Já não têm muitas mortes na sua conta, petrichoriana?

- Olhe aqui...

- Parem! - Viorica frustrou-se. - Eu vou ter que concordar com ela.

Todos os olhares voltaram-se para Viorica.

- É uma ideia suicida. - Ginevra concordou com Kohan.

- E temos escolha?

- Por que você está aqui, Viorica? - Por mais que não quisesse, Azriel soou agressivo.

Viorica soltou o ar pesadamente.

- Olhem, - a garota desencostou-se da poltrona e inclinou-se para frente. - pelo que sei, nossa única chance é pelo Bosque. Se não nos encontrarem no centro de Arande, nos encontrarão aqui em breve, é uma questão de tempo e é inegável. Não temos passagem por mar e podemos apenas... dar uma chance para um lugar que pode muito bem ser nossa única chance.

Aquelas palavras foram as primeiras a fazer sentido em toda a conversa. Ela levantou-se.

- Descansem e cogitem. Se me permitem, deveríamos partir antes do sol nascer. - ela acrescentou.

Sem mais palavras de nenhum dos outros cinco, Viorica atravessou a sala em direção à Azura.

A mulher viu os ferimentos pelo corpo da petrichoriana pela luz da lua.

- Deveria cuidar disso. - Viorica sussurrou.

- Vou sobreviver. - Azura brincou, forçando um sorriso.

Viorica abriu-lhe o mesmo sorriso amarelo e alcançou algo que guardava dentro da blusa. Os olhos de Azura brilharam quando ela lhe estendeu seu xale vermelho.

- Voou em minha direção ainda em meio à toda aquela loucura. - A arandiana explicou.

Azura alcançou o pedaço de pano com certo desespero.

- Azura, - Viorica continuou. Não se importou se os outros a ouvissem ou não. - não sei de suas crenças, mas sei das minhas. Nada é por acaso, desde o momento em que te encontramos na praia até agora, onde eu acabei aqui nessa sinuca de bico com você.

Viorica fez uma pausa e fitou os olhos da petrichoriana, que brilharam cinzentos à fraca luz de Marama. Ela prosseguiu e concluiu:

- Sabe que essa merda não é culpa sua.

Azura enroscou o xale no pescoço novamente, lhe dando um conforto que sentiu falta.

Viorica afastou-se e voltou para seu canto, ao lado do noivo.

Como combinado, tiraram suas horas de descanso.

As palavras de Viorica sondaram-lhes a mente até entrarem em consenso - a única alternativa era o Bosque.

Gaia nunca tivera tanto medo em sair de casa até aquela manhã frígida.

Ao mesmo tempo que queria adiar toda sua ansiedade, queria que o dia recém começado acabasse logo.

As rondas nas ruas da cidade real redobraram. Gaia viu soldados por todas as esquinas, armados até os dentes. A notícia da cruel morte do príncipe espalhara-se por todos os ouvidos vivos de Crisântemo e não tardaria a cruzar as fronteiras.

Nafré ficou próxima a irmã.

- Esqueça o que lhe pedi. - a mais velha sussurrou enquanto seguiam o caminho habitual.

- O quê? Por quê? - a indignada loira reclamou.

- Olhe em volta, Nafré, a cidade está um caos. - Gaia nem ao menos a olhou ao responder, nervosa com a movimentação ao redor.

- Okay, então você vai até a Lore?

- Não posso. - Gaia respondeu, como se fosse óbvio.

- Não me dá outra alternativa, então, minha irmã.

Nafré começou a afastar-se, quando Gaia puxou seu punho para perto.

- Cacete, Nafré, por que tem que ser tão teimosa?

A irmã mais nova deu de ombros.

Gaia a conhecia suficientemente bem para saber que Nafré era uma cabeça quente e teimosa.

- Certo. - Gaia cedeu, por fim, sussurrando. - Tome cuidado. Não ouse sair de lá com ele em hipótese alguma e muito menos deixar alguém entrar.

- Não sou idiota, Gaia.

- Vale reforçar, não tenho certeza disso.

Nafré revirou os olhos e soltou o aperto da irmã em seu punho.

Gaia a viu discretamente afastar-se em direção ao Porto das Rosas, rumando para a casa de Dona Lore. Ela orou para que aquela pirralha que chamava de irmã não entrasse em enrascadas maiores ainda.

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