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21. Gruta de Ahern


- Por que está nervosa?

Gaia sobressaiu-se ao ouvir a voz da mãe.

Distraída, a garota prendia os cabelos castanhos em um coque alto e bem feito, tomando os devidos cuidados para não deixar fios soltos.

Ela viu a mãe pelo espelho, parada ali em sua porta.

O sol já ameaçava entrar pelas frestas das janelas da humilde moradia da família.

- Não estou nervosa.

Rose aproximou-se da filha. A mulher tinha os cabelos aloirados e ralos sempre presos em um rabo de cavalo baixo. Tivera a primeira filha jovem. Ainda era uma bela mulher.

Pelo ombro, virou uma impaciente Gaia para ela.

Rose tomou as mãos da filha e as observou. Suas unhas estavam roídas. Algumas pontas dos dedos estavam enfaixadas, encobrindo ferimentos auto-infligidos. Rose conhecia a menina.

Gaia tomou novamente as mãos para si.

- Como a rainha se sente com uma criada-pessoal tão desleixada?

- A rainha não se importa.

Gaia despiu a camisola e vestiu um confortável e elegante vestido preto. Jogou um xale verde por cima e se olhou no espelho. Rose a observava.

- Devia passar uma maquiagem de vez em quando.

Gaia revirou os olhos.

- O que foi? - A mãe protestou. Ela tomou o queixo da filha e a olhou de frente. - É tão bonita...

- Por que pega tanto no meu pé, mãe? - Gaia bufou.

- Porque o seu trabalho nos sustenta aqui, criança.

- Não sou mais uma criança.

Rose riu uma risada debochada. Gaia preferiu não discutir.

- Não estrague tudo. - A mãe pediu, como se soubesse que a filha escondia algo.

Um barulho alto de panelas caindo no andar de baixo fez a conversa findar ali.

- Por que não implica com Nafré? - Gaia passou pela mãe e saiu do quarto. - É ela quem precisa de atenção.

As duas desceram as escadas uma atrás da outra.

Nafré, a filha mais nova, segurava uma frigideira em mãos enquanto tentava recolher as outras panelas que derrubara no chão.

Gaia e Rose a observaram sem dizer nada, procurando explicações para a arruaça tão cedo.

- Acho que eu vi um rato. - A filha mais nova murmurou.

- E tentou matar com a panela? - Gaia provocou.

- Com a frigideira. - A loira levantou-a como se fosse óbvio.

Gaia riu para a mãe, como se dissesse "não disse?".

Nafré era o cúmulo da beleza. A garota tinha seus quinze anos e parecia o mais puro anjo das pinturas das catedrais. Seus cabelos loiros e claros pendiam em perfeitas ondulações até o meio das costas da garota. Os olhos eram sua característica mais marcante. O direito era como os das outras duas mulheres da família, castanho escuro. O esquerdo, entretanto, brilhava o azul do céu em seus dias mais esplendorosos.

Rose apenas respirou fundo.

- Arrume essa bagunça, Nafré. - Rose suspirou. - Aproveite que sua irmã está saindo e vá com ela.

Nafré não reclamou. A garota rapidamente arrumou a bagunça na cozinha e dirigiu-se para seu quarto.

Gaia aproveitou de um desjejum rápido - um gole de käfi matinal para acordar o estômago e uma fatia de pão. Pensou em pegar também uma banana, mas Nafré já estava de volta.

A garota tinha os cabelos meio presos e um sobretudo marrom escuro cobria seu vestido rosa salmão. Ela tomou sua bolsa preta e passou-a a tiracolo.

- Não está atrasada? - A irmã mais nova provocou.

- Não enche.

Gaia limpou a boca com um guardanapo e tomou o próprio caminho.

Nafré seguiu Gaia pelas ruas de ladrilhos colina acima.

As duas raramente tinham assunto para botar em dia. Quando não estavam se amolando, estavam distantes.

Gaia não admitiu para a mãe, mas estava nervosa, sim. Tinha se metido por caminhos que não sabia mais estar disposta a seguir, por mais que achasse ser necessário.

A manhã estava gelada e os primeiros raios de sol ainda não tinham tocado as ruas de Crisântemo.

Gaia puxou o xale para o peito.

Sua visão periférica captou algo. Sentiu-se observada.

A garota olhou em volta e o viu ali, no beco. Esperava por ela.

Uma pontada no estômago assolou-a.

- Vá indo. - Ela murmurou para Nafré.

- Aonde vai? - A irmã perguntou.

- Tenho que resolver algumas coisas antes do dia começar.

Nafré ergue uma das sobrancelhas, desacreditando.

- Anda logo, criatura. Vai perder a primeira aula! - Gaia acrescentou.

A irmã não caiu em seu papo, mas fingiu-se estar convencida.

Nafré continuou subindo a rua sem olhar para trás. Gaia esperou-a virar na esquina seguinte para ir de encontro com seu observador.

Isaac a esperava ali, sabendo de seus horários.

Ele era um homem mais charmoso que bonito. Seus cabelos eram levemente encaracolados e castanhos, e seus olhos eram verdes como os da realeza. Beirava seus vinte e sete anos, mas gostava de carregar responsabilidades grandes, como ela logo percebeu.

Isaac esperou ela alcançá-lo e fez um sinal para que ela continuasse seguindo o beco escuro. Gaia o obedeceu. O homem esperou-a passar e olhou ao redor, vendo se nada suspeito acontecia pelas ruas naquela manhã.

Sem concluir nada, ele juntou-se a ela.


- Ainda está com a gente? - Isaac mal a saudara.

Gaia respirou fundo e cruzou os braços. Estava nervosa e ansiosa.

- Minha cabeça está em jogo aqui, Isaac.

- Não, a sua parte é a fácil, Gaia. - Ele recostou-se no beco atrás de si. - Meu pescoço está em jogo. E dos que vão me seguir. Não vai dar pra trás agora, vai?

Ela olhou para o céu, desviando o olhar do dele incessantemente.

- Está realmente amarelando? - Isaac a julgou com um sorriso debochado no rosto.

- Vocês não me contaram nada, porra! - Gaia vociferou por entre os dentes cerrados.

- Você disse que queria fazer a diferença, Gaia. Foi por isso que nos procurou.

- Vocês me encontraram.

Ele abriu um sorriso amarelo. O homem, quase uma cabeça mais alto que ela, tirou um pequeno recipiente do bolso e dali tomou um cigarro, acendendo-o.

Tragou forte antes de continuar.

- Quer? - Ele ofereceu o tabaco em mãos.

Gaia negou com a cabeça.

- Gaia, - O homem continuou. Isaac sabia que sua lábia era boa. Conquistava quem quisesse. Talvez conseguisse usar disso para convencer a ela também. - disse que queria fazer a diferença, certo? E eu estou te dando uma oportunidade de ouro aqui. Precisamos de você.

Gaia levou um dos dedos aos dentes tentando roer as unhas, percebendo logo que não tinha mais unha para roer.

- Não quero que ninguém se machuque.

- Ninguém vai se machucar.

Ela bateu um dos pés no chão, impaciente.

Ok.

- Ok?

É. - Ela confirmou, sem convicção. - Sigam o que combinamos então. Mas se der merda...

- Eu não faço ideia de quem você é.

Ela concordou com a cabeça.

- Certo. Vamos acabar com isso, então.

- Não, Gaia. É aqui que tudo começa.

Com a faca já quase cega, Caiden arrancava a pele do coelho que conseguira caçar. Já não se importava mais com a carnificina.

A noite passada não saía de sua cabeça.

Gisèle acendia a fogueira à luz do dia enquanto Tereza dançava por entre as árvores com o pequeno Cöda.

- Ele sorriu! - A ruiva gritou para os outros dois.

- Ele é muito novo pra sorrir. - Gisèle murmurou.

- Mentira, ele está tão feliz aqui com a tia Tereza... não é, meu príncipe?

Gisèle riu para ela mesma. Já tinha percebido como aquele pequeno ser humano causava um impacto diferente em cada um deles.

A ruiva parou de rodopiar e cravou seus olhos em Caiden. O homem estava visivelmente tenso.

Ela deu uma última olhada em Cöda com um sorriso e lhe deu um dos dedos para que a criança segurasse. Assim, aproximou-se de Caiden. Ela abaixou-se ali, ao seu lado.

Caiden não levantou os olhos, no entanto. Não queria conversar.

A ruiva insistiu.

- Quer falar sobre o que aconteceu essa noite?

Caiden soltou o ar pesadamente.

- Não.

Ela deixou um sorriso murchar aos poucos.

- Eu não acho que esteja maluco, Caiden.

- Não disse que estava.

- Muito menos que tenha sonhado.

Impaciente, Caiden fitou a ruiva.

- Alguma coisa aconteceu, Tereza. - Ele cedeu, cochichando. - Não gosto desse lugar e não estamos seguros aqui.

Com seus grandes olhos castanhos, Tereza o fitava.

- Estamos mais seguros aqui do que em D'Ávila, Caiden.

- Espero que esteja certa. - Ele pregou.

Ela abriu a boca para falar algo, mas o mau cheiro que entrou por suas narinas fez seu rosto contorcer-se em uma careta. Ela logo reconheceu. Cöda a fitava como se zombasse dela.

- Ai, ele cagou em mim! - A ruiva esbravejou, levantando-se.

Caiden permitiu uma risada sair de sua boca.

- Quando eles aprendem a se limpar sozinhos? - A ruiva se afastou em direção ao riacho, ainda reclamando. Tinham que improvisar mais algumas fraldas.


O riacho transformou-se gradativamente em um rio à medida que eles o contornavam. Não queiram deixar a fonte de água que tão de bom grado se mostrara para eles.

Os três davilianos andaram até não sentirem mais os próprios pés.

A mata tão extensa sobre suas cabeças os poupava dos impetuosos raios de Sonca. Quando este começou a se pôr, entretanto, o sopro gelado da floresta foi o que os assolou primeiro. A noite seria fria.

- Me deixe ficar acordada essa noite. - Gisèle sussurrou para Caiden enquanto erguiam seu pequeno acampamento. - Seria meu turno, de qualquer forma.

- Eu estou bem pra ficar acordado. - O amigo respondeu.

- Caiden...

- Pare com isso, Gisèle.

- Com o quê?

- De me olhar com... pena. Eu nem sei.

A loira inspirou profundamente. Caiden virou as costas para ela, buscando um pouco de água do rio, quando ouviu-a admitir.

- Eu o ouvi chamando-a ontem, Cai. - Gisèle murmurou. - Carú.

Caiden não conseguiu olhar para a amiga. Ele apenas se levantou e fitou o outro lado do rio que agora dispunham.

- Sinto falta dela.

Gisèle virou o amigo para ela e segurou-o pelos ombros, obrigando-o a olhar para ela, consideravelmente mais baixa.

- Acha que eu não?

- Nós deixamos eles lá, Gis.

Gisèle balançou a cabeça, negando.

- Não sabe em que pé estão.

- Não sei se estão vivos.

- Carú fez o que fez para que você pudesse oferecer uma vida pro irmão de vocês.

- Ela podia ter vindo. Ela e Coli.

- Ela fez a escolha dela.

Caiden sabia que Gisèle estava certa.

- Descanse. Eu sei me virar, Cai. A noite não me assusta. Esse bosque não me assusta. Mas você... Preciso que tenha a cabeça no lugar. Eu não consigo sozinha.

Caiden fitou Tereza de canto de olho.

- Não está sozinha.

A ruiva não ousara largar o pequeno Cöda. Tereza repousava com as costas em uma das árvores, conversando com o menino em seu abraço.

- É. Acho que podemos confiar nela. - Gisèle sussurrou, mesmo sabendo que Tereza não os ouviria nem se quisesse.

- Ainda com o pé atrás?

Gisèle riu para si mesma. Fitou os olhos castanhos de Caiden.

- Não mais.

Um sorriso travesso desenhou-se em seus lábios.

- O que foi? - O amigo indagou.

- Nada.

- Gis...

- É só que... eu vejo como ela olha pra você.

- Pra mim? - Caiden ergueu as sobrancelhas, olhando de soslaio para a ruiva.

- Bom, pra gente. Ela sempre me mortifica quando estamos conversando...

- E daí?

- Ciúmes. - Gisèle sorriu, brincando com o homem.

- Qual é, Gisèle? - Caiden também riu. Suas bochechas coraram. - Não temos mais quinze anos.

- Só adolescentes têm paixonites secretas? - A loira questionou. - Confia em mim, ela tá caidinha.

Caiden não soube responder. Viu-se visivelmente constrangido.

Gisèle o deixou ali, pensando na vida, logo antes de juntar-se à Tereza e Cöda. Tinha a sensação de que a noite seria longa.

Viorica escorregou na frente, contornando as pedras que os levavam à gruta.

Estava deslumbrante aquela noite - mais que o comum, Alaric observou.

Ela trocara as habituais saias por uma calça azul larga que cintilava à luz da lua e uma blusa preta curta que estreitava-se em seu pescoço deixava os braços e abdômen à mostra.

O casal contornava as pedras dos rochedos de Arande como se já o tivessem feito milhares de vezes. Sabiam exatamente onde pisar e que caminhos seguir, evitando as águas ímpias do Oceano Platina.

A Gruta de Ahern era um lugar distante da orla, pouco conhecido pelos forasteiros, mas um lugar especial para os arandianos que ali fincaram raízes.

Viorica finalmente deslumbrou o lugar pelo qual era apaixonada. Não sabia há quanto tempo não o visitava.

Ela tirou os sapatos e escorregou para a piscina natural formada ali entre os rochedos. Seus pés afundaram na água ainda quente. Alaric a imitou, erguendo as barras das calças. Lado a lado, ambos olharam para a gruta que desenhava-se à frente deles.

Alaric tomou a mão de Viorica na sua.

Ela olhou de seus dedos entrelaçados para o homem. Sorriu. Com um sorriso no rosto, correram para o interior do refúgio.


Alaric abriu a mochila que trouxera enquanto Viorica brincava com os pés dentro da água do mar que invadia a gruta, ambos à luz das chamas das velas que acenderam, espantando os animais que ali viviam. Aquela noite era deles.

Quando a garota olhou para trás, arfou ao ver o que o namorado preparara - Alaric estendera um cobertor acolchoado em um dos cantos da gruta e abrira um vinho. Ele sentou-se ali, convidando-a.

- Não é muito, mas...

Viorica saltitou como uma criança até ajoelhar-se ao seu lado.

- É perfeito. - Ela tomou o vinho das mãos do homem e deu uma golada. - E esse é dos bons.

- Eu tenho bom gosto pra vinhos.

- E pra escolher mulheres, também. - Ela brincou.

Alaric riu. Agradeceu mentalmente por Viorica não saber o quanto seu peito batia forte naquela noite.

- O que foi? - Como se os pensamentos do homem o entregassem, Viorica indagou.

- Nada. - Alaric mentiu, puxando-a para seu colo. A garota colocou as pernas aos lados do corpo do namorado. - Fiquei... ansioso com essa noite.

- Ah é? - Ela o provocou. - Ansioso por quê? Não é você que é o senhor corajoso, burlador de regras?

- Não estou nervoso com o toque de recolher.

- O que o aflige, então? - Ela tomou seu rosto nas mãos.

Alaric perdeu-se em seus olhos. Ele tomou as coxas da mulher nas mãos e a voltou de costas para o chão, colocando-se por cima. Viorica soltou um riso agudo.

- O que pretende fazer da vida, Viorica?

A garota estranhou a pergunta.

- Isso é porque eu saí da casa de minha mãe? - Ela contornou o rosto do homem com a ponta dos dedos. - Já disse para não se preocupar.

- Não. A longo prazo. Onde se vê?

Viorica focou os olhos no teto da gruta, perdendo-se em pensamentos.

Alaric deitou-se ao seu lado.

- Eu não sei. - Ela respondeu sinceramente, dando de ombros. - Parece tudo tão incerto...

- Vai querer estar aqui?

- Em Arande?

- É.

Viorica sentou-se fitando o mar que quebrava próximo à eles, a maré subindo gradativamente.

A pergunta a desconcertou.

- Por que essa agora? - Ela indagou.

- Queria ter certeza de uma coisa.

Viorica levantou-se.

- Não acho que eu queira estar aqui.

- E onde, então?

- Eu não sei. - Ela recostou-se no rochedo ao seu lado, cativada pela bela pintura que a lua refletia no mar. - Talvez em Vocra, ou em Pedreira. Conhecendo uma vida diferente. Esse lugar me traz lembranças... difíceis.

- E eu, Vio? Estou nos seus planos?

A garota riu. Seus pensamentos voaram com pergunta tão óbvia.

A vida passou perante seus olhos. Seu pai a deixara. Sua mãe a detestava. Ela apenas sobrevivia, dia após dia, até conhecer aquele homem que mudara sua vida.

Alaric entrara em seu coração de um modo avassalador. Ela não entendia. Antes, achava que estava apenas apegada à uma relação. Queria sentir algo. E sentiu. Conheceu ali o amor que nunca teve. Deu uma amor que nunca deu.

Quando ela pensava em seu futuro, a primeira coisa que lhe vinha à mente era o sorriso de Alaric.

Ela voltou-se para trás, pronta para aconchegar-se ao seu lado, mas deparou-se com ele não mais sentado, e sim em pé com o rosto a centímetros do seu.

Viorica abriu a boca para perguntar do que se tratava aquilo, quando focou seus olhos nas mãos do homem.


O anel brilhou à luz da lua.

Uma lágrima quase instantânea escorreu de seus olhos.

- E aí? - Nervoso, o homem indagou.

Ela riu por entre as lágrimas. Seus braços envolveram o homem com tanta força que sentiu os músculos fadigarem.

- Você é meu plano, Ric.

Ele sorriu.

- Então...

- É claro que sim, imbecil.

Os dois gargalharam. Ele limpou as lágrimas da noiva e colocou o anel em seu dedo, que serviu perfeitamente. Ali era seu lugar.

O êxtase tomou lugar no coração dos dois.

Alaric a puxou de volta para o ninho que criaram e apagou as velas. Ali selaram aquele amor, aquele pedido, aquela noite - mal sabendo o que os esperava de volta à terra firme.


(ilustração autoral - Nafré)

(inspirada na atriz Kathryn Newton)

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