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18. Subúrbios

Apesar de desfrutar dos melhores benefícios que todo o Vale de Awa dispunha, Odile não pregara os olhos durante toda a noite. Vagarosamente remexeu-se na cama, puxando para o peito o tecido de cetim fino que lhe tocava a pele nua.

Seu marido dormia tranquilamente ao seu lado.

Sohlon estava igualmente despido, uma lembrança da noite passada. Ele a procurara como não fizera por meses, enquanto Kaha ainda estava no ventre da esposa. Seus braços nus e musculosos a envolviam.

Odile suspirou fundo.

A claridade que entrava por entre as cortinas era fraca, como se Sonca ainda se espreguiçasse. A rainha desvencilhou-se devagar dos braços do rei, que apenas resmungou e acomodou-se novamente, retornando ao sono profundo.

Kaha dormia como um anjo no berço ao lado do casal, embrulhado em um manto avermelhado quente e confortável.

A rainha sorriu ao olhar seu pequeno fruto. Ela colocou sua mão sobre o peito da criança, certificando-se que estava bem. Sua ansiedade a assolava desde que o pequeno nascera. Só conseguia pensar em tudo que faria para mantê-lo seguro.

- O que faz de pé tão cedo, minha rainha? - Odile sobressaiu-se com a voz do esposo. Por mais calma que fosse, ressoava por todo o dormitório do casal.

Odile caminhou até seu armário e tirou de lá seu mais delicado robe de cetim vermelho, que lhe tocava os pés ao vestir. O tecido lhe cobriu o corpo nu, deixando o decote à mostra.

A rainha sorriu ao se aproximar da cama do rei.

Sohlon virou-se para cima, esperando pela esposa. Ao passo que Odile se aproximou, o marido a puxou pela cintura. A rainha acomodou-se sobre ele, passando uma perna de cada lado de seu corpo.

- Minha mente anda agitada, Sohlon. - A mulher pegou-se admitindo.

- O que a aflige? - Sohlon tirou os cabelos negros e compridos da frente do rosto de sua esposa. Seus dedos continuaram deslizando por seu colo, até pousarem em sua coxa.

- Não sei como consegue dormir tão tranquilamente sabendo que D'Ávila está rebelando-se contra nós. E que há dois fugitivos com uma criança que pode acabar com tudo que construímos.

Sohlon soltou o ar bruscamente e deitou Odile ao seu lado, ficando com o rosto colado ao da esposa.

- Acha que são os primeiros a encobrir uma criança?

Odile não encontrou uma resposta. Seus olhos verdes como esmeraldas focavam os castanhos de Sohlon.

- O que ocorreu em D'Ávila foi um evento isolado. Logo nossos homens acabarão com isso e o fogo vai se acalmar. Quanto à Petrichor, aquela terra de ninguém... Talvez até possamos aproveitar alguma coisa do que sobrou. - Sohlon prosseguiu. - Além do mais, achei que não acreditasse nas palavras do Oráculo.

- Não quero acreditar. - A feição de Odile ainda estava amarrada. - Eu só tenho essa forte sensação de que... tempos ruins estão por vir.

Sohlon nunca duvidou da esposa. Sabia que a rainha tinha pressentimentos fortes e que raramente falhavam. Não saberia dizer se eram um dom ou apenas os instintos certeiros de uma mulher ardente.

- Estamos preparados para tempos ruins.

- Estamos?

- Sim. - O rei perdeu-se nos olhos de Odile. Era encantado por ela desde a primeira vez que a vira. - Desde que estejamos lado a lado.

O resmungo de Kaha despertou a atenção do casal real.

- Nós três. - A rainha confirmou e se levantou, rumando em direção ao berço da criança acordada.

- Deixe essa tarefa para sua criada. - Sohlon pediu, acomodando-se na cama monumental. - Descanse por mais tempo.

- Não confio em ninguém, Sohlon, já lhe disse.

- Arrumamos uma criada pessoal de confiança, Odile.

A rainha tomou Kaha nos braços, que chorou com a fome que sentia. Odile sentou-se na confortável poltrona que ornava o canto do quarto e colocou o seio para fora, alimentando seu filho.

- Gaia foi fortemente recomendada por Lorde Mïrra.

- Não confio em Lorde Mïrra.

- É, você não confia em ninguém.

- E estou errada?

Sohlon não respondeu. Sabia que a rainha estava mais que certa. Qualquer um que tivesse alguma vantagem em apunhalá-los pelas costas, o faria.

O rei se levantou e caminhou até a família. O homem beijou a testa da esposa e acalentou a cabeça do filho.

- Não. Mas não se estresse tanto, minha rainha. Logo os fugitivos de D'Ávila serão encontrados e tudo voltará ao normal, eu prometo.

Odile fechou os olhos e inspirou fundo.

Sohlon nunca havia quebrado uma promessa. Até agora.

Estava cedo para fazer tanto frio. Mesmo assim, o gélido vento que cortava as ruelas de Crisântemo assemelhavam-se ao sopro maldoso de Pouri, o Deus da escuridão.

A luz de Marama teimava em esconder-se atrás das nuvens precipitadas e carregadas que dominavam os céus daquela terra.

A garota segurava com as pontas dos dedos no corrimão da escadaria, temendo dar um passo em falso nos degraus úmidos que desciam e levavam cada vez mais aos subúrbios da cidade.

Gaia puxou o capuz do manto e protegeu a si mesma do frio constante.

Quanto mais se afastava do centro rico de Crisântemo, mais se deparava com o contraste dos subúrbios.

A pobreza, a fome.

A garota apressadamente passou por uma ruela em que uma família tentava aquecer-se ao redor de uma fogueira improvisada. Tentou não pensar em quanto tempo durariam naquela situação tão precária.

Gaia ousou olhar-se de soslaio em uma superfície de vidro quebrada na rua. Seu reflexo não assemelhava-se ao da garota que um dia acreditou ser.

Gaia de Crisântemo não era de família pobre. Nunca sentiu na pele a fome e frio das ruas daquele lugar tão cruel.

Sua criação foi rígida, criada para servir aos outros sem questionar. Cresceu de cargo em cargo, trabalhando para lordes e mais lordes, até ser recomendada como criada pessoal da própria rainha.

Uma honra, disseram. A maior honra.

Gaia já fora bela. Sabia que, embaixo de toda aquela máscara que a escondia, ainda era. Seu corpo exibia magreza, do rosto fino às pontas dos dedos longilíneos. Seus cabelos castanhos - que batiam na altura de seu busto - antes eram ondulados e esvoaçantes. Agora, apenas uma guerra de fios quebradiços que resultavam sempre em mechas armadas e rebeldes.

Seus olhos verdes eram escuros, mas já tiveram mais vida. Agora, resumiam-se à olheiras fundas que ela tentava esconder como possível todos os dias.

Seus sonhos iam além dos portões de Crisântemo. Iam além de escovar os cabelos da rainha e temer que qualquer deslize lhe custasse a cabeça. Foi assim que ela parou ali.

Os passos da garota se engrandeceram ao aproximar-se de seu destino.

Gaia desviou de olhares curiosos ao entrar em uma das vielas mais afuniladas de toda a cidade.

O beco se estendia para os céus, mas era tão estreito quanto seus ombros.

Uma garoa fina e cortante começou a cair dos céus assim que Gaia encontrou seu destino - uma porta de madeira maciça e antiga que discretamente misturava-se à parede em que se encontrava.

A garota olhou para os dois lados antes de bater na porta - estava sozinha.

Não tardou a aparecer um par de olhos familiares pela porta entreaberta.

- Está atrasada. - A voz rouca da senhora a lembrou, dando passagem.

Gaia não perdeu tempo respondendo. A garota adentrou o cafofo escuro e com cheiro de mofo, mas quente o suficiente para que deixasse seu manto de lado.

- Estou aqui agora, Dona Lore.

Lore fechou a porta assim que a figura conhecida de Gaia adentrou, trancando-a, além da fechadura normal, com um trinco em cima e embaixo, por precaução.

Dona Lore era uma figura velha com muita bagagem nas costas. Seus olhos azuis como o Oceano Platina já tinham visto de tudo naquelas terras.

Estava cansada.

Era esse seu motivo de estar ali. A senhora arrumara aquele espaço para que pudessem se reunir em paz.

A luz fraca das velas iluminava o barraco abafado.

Gaia trocou olhares com Dona Lore antes de prosseguir.

- Sem enrolações, garota, só falta você. - A senhora balançou a cabeça impacientemente. - Sabe onde estão.

Gaia concordou com um aceno de cabeça e seguiu casa adentro, descendo os degraus escuros daquele corredor mergulhado em breu. Ela ouviu os passos da senhora logo atrás dela.

De repente, como se nunca tivesse participado das reuniões antes, Gaia sentiu uma pontada na barriga.

Ansiedade, pensou. Por quê?

Só esperava que nada daquilo colocasse sua vida em risco.

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