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112. Pouri | Parte 2

Odile correu. A adrenalina encobriu toda a dor que sentia. A dor na glote, a dor no peito. Sohlon estava certo e ela sabia. Entretanto, um dos dois morreria naquela noite. Ela não podia se deixar abalar por palavras.

O rei abaixou-se com a investida nos olhos que quase o cegou, mas recuperou-se. Virou de costas e viu a rainha arrastar-se até a faca. O ódio subiu-lhe a cabeça e ele a alcançou. Puxou seus calcanhares e a rainha gritou em protesto, mas voltou-se para ele. Ele fez o mesmo com os joelhos da mulher e a trouxe para mais perto. Odile, sabendo que ele a subestimava, despejou uma joelhada no maxilar do homem e escapou. Levantou-se e correu até a faca. Tomou-a em mãos e colocou-se em posição de luta.

Viu Sohlon se levantar e olhar dela para a espada na cama.

Os dois correram até ela e a mulher a alcançou primeiro. Odile ameaçou jogá-la para longe, mas Sohlon a interceptou. Puxou-a pela blusa e jogou a mulher na cama outra vez. A espada foi ao chão. A rainha tentou acertá-lo com a faca, mas o rei montou sobre ela.

Ia cantar vantagem, humilhá-la, dizer o quanto passaram deliciosos momentos naquela cama para terminarem daquela forma, mas Odile reergueu-se. Conseguiu tirar uma das mãos dos apertos de Sohlon e, vendo-se livre, arranhou-lhe a garganta. O rei desestabilizou-se e ela conseguiu livrar-se dele. Não o atacou, entretanto. Resolveu se livrar da arma que seria sua perdição se ele alcançasse. Escorregou para fora da cama e logo levantou-se. Um chute certeiro e a espada voou pela janela estilhaçada.

Odile olhou para o rei. Sohlon estava com os olhos arregalados. Aquela espada era seu xodó. Era com ela que treinava todos os dias ao lado de Roto, cuja traição ainda não engolira.

A rainha viu no homem que conhecia tão bem. Sohlon estava aos frangalhos. As lágrimas negras voltaram a escapar.

- Sua traidora - cuspiu as sentenças de ódio.

A rainha e ele circundaram o quarto, mantendo sempre a mesma distância. Sohlon tirou da bota uma adaga. Estavam com armas semelhantes e nenhum dos dois era acostumado com estas.

Odile teve medo que as palavras lhe destruíssem ali.

Ela ficou entre Sohlon e a porta de saída. Poderia sair correndo, mas não o faria. Não sem antes terminar o serviço que começou.

- Acha que vão perdoá-la pelo que fez, Odile? - Sohlon tentou. Rodou a adaga em mãos. - Eles nunca vão te perdoar, está entendendo? Mesmo se vocês vencerem essa guerra estúpida que criaram só para matar gente dos dois lados, a primeira coisa que vão fazer é te jogar na fogueira. Não, isso seria fácil. Você matou os filhos dessas mães, desses pais. Eles vão fazer você sofrer, Odile. E eu pagaria pra ver.

Odile engoliu em seco.

- Eu sei.

- Então por que está desse lado, sua estúpida?

A mulher olhou para o chão por um mísero instante antes de olhar para os olhos de Sohlon. Surpreendeu-se ao não vê-los mais negros. Suas íris estavam de volta, e ela conseguiu lê-lo perfeitamente, como sempre o fez. Sohlon estava despedaçado. Naquele instante, era apenas ele. Pouri não estava lá, o que tornou tudo surpreendentemente mais difícil.

- Porque eles merecem que quem se sente no trono não sejam pessoas como eu e você.

Sohlon enfureceu-se. Partiu para cima de Odile, que desviou. Ela despejou um golpe em sua direção que cortou o ar e alcançou seu braço. O rei cambaleou para trás, surpreso. Levou uma das mãos ao ferimento e viu o sangue sair. Foi como se lembrasse que ainda era apenas humano.

Odile não descansou. Se o marechal acrescentou algo em sua vida, foi torná-la mais forte. Física e psicologicamente. Mal soube ele que ela faria parte de sua ruína.

A rainha apenas desviou. Viu a fúria nos olhos de Sohlon, pronto para matá-la, e arquitetou seu plano. Ela recuou. Uma, duas, três vezes, até dar de costas com o armário. Assim que ele planejou dar seu golpe final, Odile jogou-se ao chão e a adaga fincou-se na madeira do móvel.

Sohlon puxou a arma, mas não conseguiu tirá-la de lá. Então, Odile agiu.

A rainha chutou-o para longe e Sohlon viu-se obrigado a largar a arma lá. Odile investiu.

Ela encurralou Sohlon entre sua faca e as janelas que davam para o precipício do lado de fora.

- Odile... - Sohlon arriscou um olhar de piedade.

A rainha não amoleceu. Investiu contra Sohlon até que ele não tivesse escapatória. A luta tornou-se física. Ele partiu para cima dela e derrubou-a no chão. Mas Odile estava com a faca em riste. A lâmina afundou no peito do homem e Sohlon ofegou.

A rainha alavancou-o de cima dela e, chorando como uma criança, jogou o corpo do homem ao chão. Montou em cima dele e despejou mais um golpe. E outro.

Viu a vida esvair-se do corpo de Sohlon e parou. Ela não tinha mais forças para lutar. Tampouco ele.

Odile soluçou com uma criança. Ela amou Sohlon, nunca mentiu sobre isso. E sabia que ele estava certo sobre ela. Sobre o povo. Ela não sobreviveria àquela noite.

- Sabe o que... - o homem olhava para ela, à procura dos olhos esmeralda que ele tanto amava. Ela o olhou nos olhos. Sohlon não podia mais machucá-la. Sua voz saiu com tanta dificuldade que ela achou que a frase terminaria ali. Ele continuou, entretanto. - Sabe o que me deixa mais intrigado?

Odile esperou. Sohlon levantou uma mão fraca, o que ela não temeu. Ele levou-a ao rosto da mulher, sujando-o do sangue que saía de seu peito.

- Nós lutamos tanto para que a profecia não se concretizasse. E conseguimos. Tudo para no fim, você ser a minha ruína, rainha Odile.

Apesar das palavras duras, a mão de Sohlon em seu rosto acariciou suas bochechas, logo antes do rei dar seu último suspiro, longo e sufocado, e desfalecer. Um dos elos de Pouri no Vale de Awa, na terra dos homens, acabara de ser quebrado.

Pouri temeu pela primeira vez na noite. Tão focado em Azura, esqueceu-se de que Sohlon ainda fazia parte de seu pacto. Ele sentiu as facadas que atravessaram o peito do rei como se fossem nele próprio e soube, naquele momento, que seu poder em terra já não era o mesmo.

Aquela forma de Pouri se foi, Azura assistiu a tudo, enquanto a criatura horrenda tornava-se outra vez o marechal de olhos negros.

Se entreolharam por um segundo, ela e Roto. Azura entendeu o que aconteceu. A mulher engoliu toda a dor ao se lançar em direção à adaga no chão. Tomou-a na mão direita e mergulhou atrás de uma das pilastras jogadas enquanto Roto vinha atrás dela com a espada.

A mulher escondeu-se na escuridão. Ela mordeu o lábio com força quando arrancou a própria blusa. Ver o corpo pintado com os desenhos de Petrichor a fez sentir-se mais forte. Usou da blusa para fazer uma atadura e ali repousou o braço aos frangalhos. Teria que se virar com um só.

- Você deu sorte, menininha - ouviu Roto chamá-la. - Está enganada se acha que isso acabou pra você.

O marechal era maior e mais forte que ela. Estava inteiro, diferente dela. A vantagem era gritante. Mas, perto do Deus com quem ela lutava instantes antes, ele era um miserável.

Azura cerrou os olhos e lembrou-se da voz. Era o pai. Não sabia se estava alucinando, se a dor era tanta que a fez escutar coisas, mas teve certeza de que a voz, real ou não, era de Nero. "Não é sua hora, pequena Azura".

- Não é minha hora - cochichou para si mesma. Ela levantou-se sem muita firmeza, mas recuperou a postura agora com a adaga em mãos. Olhou para o salão e não o encontrou. Roto brincava com ela. Ele só não imaginava que ela também sabia brincar.

- Eu e Pouri somos um - ouviu a voz do marechal, circundando por entre os destroços do salão. - E se é da vontade dele que você seja destripada nos pés do trono, eu farei isso. Está me ouvindo?

Ela fugia de sua voz, apenas para ganhar tempo. Queria tê-lo em plena visão antes de avançar. Não deixaria a guarda baixar e não se deixaria mover por impulso algum.

Em dado momento, Azura parou de ouvi-lo. Escondeu-se no escuro e novamente o medo a moveu. A adrenalina no sangue. Fugir ou lutar. Ela sabia qual caminho seguir.

A petrichoriana cerrou os olhos. Nero estava lá com ela, teve certeza. Lágrimas de dor ainda escapavam de seus olhos quando se lembrou daquele dia.

"Tenho uma última coisa a ensiná-la antes que complete oficialmente duas décadas de vida".

Eram Bodas de Sonca e Marama. Seu aniversário.

"- O que aconteceu com seus reflexos, Azura? - o pai a rondou com um quê provocador. - Estão iguais aos de um peixe morto".

Azura riu brandamente com a lembrança, tentando esquecer a dor lancinante no braço. Se lembrava de estar vendada quando ele a ensinou. Era como estar no escuro, pensou. Ela respirou fundo. Tudo o que precisava estava ali. Nero lhe ensinara tudo, quase como se soubesse que ela precisaria.

"- Anda, ataque! - o pai gritou".

Em um piscar de olhos, Azura soube onde Roto estava. Soube lutar com ele. Soube suas fraquezas, seus pontos fortes. E ele estava lá, na pilastra logo atrás dela. Então, Azura atacou.

O homem desviou por pouco, cambaleando para trás.

Avançou contra a mulher uma, duas, três vezes, mas de todas Azura desviou, pressentindo cada movimento do marechal.

Roto arfou, surpreso. A mulher segurou um sorriso. Era sua vez.

A petrichoriana avançou. A adaga dançava em mãos como se tivesse vida própria. O marechal não desviou dos golpes, apenas recuou e soube como defender-se com a espada. Lâmina contra lâmina, o familiar som das armas em ação atiçou aos dois.

O marechal tentou atacar no braço ferido, mas Azura esquivou-se. Ele aproveitou para partir para cima dela em um embate corpo a corpo. Nisso ela temia perder.

Roto levou-a ao chão e caiu sobre seu braço aos frangalhos. Azura gritou com a dor lancinante e o marechal aproveitou para imobilizá-la. A adaga caiu de suas mãos e o homem a alcançou.

Azura tentou impedi-lo com as mãos em seu rosto, mas Roto não desviou-se de seu objetivo. Apunhalou a mulher com a própria arma, mas Azura segurou seu punho com apenas a mão direita. Ele, com as duas, empurrou a arma para baixo. A lâmina afundava na direção de seu pescoço e Azura gritou com o esforço. A mão tremulou. Recusou-se a perder ali, apesar da exaustão.

Pensou rápido. Um golpe arriscado demais, mas pouco para quem não tinha mais nada a perder.

Ela soltou as mãos do homem, que afundou a adaga com tudo em sua direção. Azura desviou o tronco, mas não o suficiente para escapar da arma. A adaga cravou-se em seu ombro e ela gritou, mas aproveitou da surpresa do homem. Com a mão livre, socou-lhe o queixo de baixo e Roto desconcertou-se. Ela aproveitou para sair debaixo dele e arrancou a sangue frio a arma do ombro, sem mensurar o estrago em seu braço esquerdo. Rolou para longe. Ambos no chão, olharam um no olho do outro. A distância era de metros. Ele, desarmado. Ela com a adaga, de tão curto alcance.

Roto começou a temer o fim daquele entrave. O homem esgueirou-se até sua espada, mas não contava com uma habilidade escondida de Azura.

A petrichoriana lançou a adaga.

Foi como se o ar paralisasse. Ela sentiu tudo. O medo, a dor lancinante no corpo inteiro. Se um segundo de seus cálculos dessem errado, ela perderia ali como perdeu para Pouri.

Mas, não.

A adaga atravessou o crânio do marechal. O homem caiu de joelhos. Tentou olhar para trás, um último segundo de ciência, e viu-a ali. Sua sentença chegou pelas mãos da petrichoriana. A mesma arma, a mesma morte que ela sentenciou ao general que tentara tirar Arin de Marin e Vera. A morte que começou a guerra. Agora também a terminava.

Assim como Roto, Azura caiu. Estava tão fraca que temeu que não saísse dali. Mas não se importou. Quando caiu, seu corpo voltou-se para a janela. A última cena que viu foi o brilho de Sonca nascer no horizonte.

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