Capítulo 5- Morte
Os dois andavam calmamente pelos corredores abandonados do hospital a procura do escritório do médico incendiário. Sera que ele tinha encontrado uma maneira de transferir sua alma para outro corpo e fugiu e se sim, será que consegiu fazer isso?
Mesmo querendo seus filhos mais que tudo, a ideia de ferir outra pessoa para tal feito era inadmissível. Seus pensamentos são rapidamente interrompidos pelo seu telefone que vibrava em seu bolso.
"Alo, não posso falar agora." Sussurrou para o aparelho em sua mão.
"Oi, desculpa incomodar novamente" risos eram escudados do outro lado da linha. "Vamos adiantar o Natal para amanhã. Sei que as chances de você vir são pequenas, mas seria tão legal se você pudesse aparecer. Sentimos sua falta"
"Eu não sei, se tudo tiver certo quem sabe" E com uma pequena dor no peito desligou a ligação, sua comoção era visível.
"Quem era? Importante?" Instigou o garoto curioso, enquanto ela respirava profundamente.
"Era meu irmão, ele liga algumas vezes para mim, porém não falo com ninguém faz tempo, não tenho coragem" guardando o celular, não podia deixar de lembras de seis parentes que muito não vê e como era bom ter todos reunidos.
"É culpa, não é? Sei como você se sente. Por isso escolhi me entrega para escuridão, se eu simplesmente não pensar em nada, não tenho dor" ela queria poder dizer o contrário, negar o que ele dize e o fazer mudar de ideia, contudo não sabia encontrar as palavras certas.
"Seus pais ainda te amam e sei que eles não o culpam, queria poder te fazer pensar diferente, mas eu não consigo fazer o mesmo comigo." Desabafou fazendo a luz oscilar rapidamente e as sombras se excitarem.
"Infelizmente não penso assim, mas logo isso acabara e não precisarei me preocupar com nada. Só espero que encontre o que você procura, você me lembra um pouco a minha mãe, também era superprotetora e tão bonita quando." Nesse momento exibiu um tímido sorriso em sua boca ao ouvir as palavras do gentil menino.
A mulher sentiu seu coração pulsar um pouco mais forte e sua lanterna voltar a brilhar afastando o mal que parecia aguardar a hora de atacar. Será que era tão difícil superar essa culpa que ambos carregavam.
Andando entre as salas estava diante das três proibidos que o garoto havia mencionado. Diferente das outras essas estavam intactas e totalmente brancas, com uma iluminação própria como se não pertencessem àquele lugar.
"Por aqui é diferente, o que tem de tão especial nelas?" Perguntou curiosa, mas o pobre menino nada sabia dizer. Eram tão misteriosas para ele quando para ela.
Sua mão curiosa por momento pensou em tocar uma das maçanetas, o que aconteceria de tão grave se abrisse uma das portas? A senhora só havia mencionada sobre uma, talvez as outras fossem restritas apenas aos mortos.
Contudo ao tocar em uma maçaneta sentiu sua mão queimar com uma grande intensidade e logo tratou de soltar. Sacudia rapidamente o local da queimadura que estava bem vermelha por causa de seu toque.
Por que isso acontecia? Pensou para si. Mesmo com tamanha curiosidade tratou de ignorar aquilo, não havia ido ali para isso e não podia deixar sua atenção ser roubada por coisas fúteis.
O cheiro de queimado parecia ter atingido o seu auge, quase a fazendo vomitar de tão insuportável, parecia estar no próprio inferno. Faltava pouco, logo poderia sair daí.
"Espera" falou o menino que interrompeu sua caminhada bruscamente. "Ele está vindo, vou tentar um jeito de atrasar um pouco. Última porta a esquerda é o que você procura." E com um simples movimente atravessou o chão para o andar de baixo a deixando sozinha.
Enchendo o peito de coragem, seguiu o seu caminho a procura de documentos que poderiam fornecer uma respostar menos radical. Mas tinha outra questão, e se eles tivessem aceitado a passagem para outro lado?
Improvável, a voz deles no telefone eram inconfundíveis, estavam aqui e não tinha tempo suficiente para ser pegos pela escuridão. Todavia, onde estariam?
A sala do doutor exalava enxofre, símbolos ritualísticos por todas as parte e cantos, além de vários objetos de diferentes religiões. Tinha ido muito longe para conseguir sua vida eterna, será que consegiu?
Inúmeras anotações, algumas confusas, mas estavam claras sobre o retorno dos mortos para os vivos, um corpo saudável e sem alma que só era possível ser encontrado em duas situações.
Um livro chamou sua atenção, a linha tênue entre o mundo dos mortos e dos vivos. Nele continha detalhes sobre os dois lados, quem poderia ficar em cada canto e aqueles que poderiam ficar em ambos.
As últimas páginas tinham informações sobre as três portas, e foi nessa parte que suas pernas pareciam ter perdidos todas as forças enquanto desabafa no chão. Então essa era a verdade sobre esse lugar?
Era isso, sua última gota de esperança tinha se esvaído, para ela era fim de jogo, já havia entregado todas as fichas. Não tinha mais forças nem para reclamar de seu destino cruel.
"Você ainda está aqui?" perguntou o garoto entrando na sala nervoso. "vamos embora, te levo para fora daqui. Não consegui afastar ele" informou demonstrando certa urgência.
"Não vou a lugar nenhum" falou sussurrando com a cabeça baixa.
"Sua lanterna, está quase apagando." O garoto notou que o brilho dele era tão fraco quando de uma centelha de palha. "não, não. Você não pode desistir assim"
"Você desistiu, por que eu não posso" estava certa de sua decisão.
"Eu estou morto, você não. Ainda pode mudar sua história..."
"SAI DAQUI" gritou o interrompendo de maneira violenta o deixando assustado com tal atitude.
Ele deu dois passos pequenos para trás, o que teria acontecido que teria deixado naquele estado. Os passos dele estava próximo, correu para levantar ela, contudo nem toda força que ele fazia poderia a mover dali.
"Não, não, não" Repetiu assustado ao ver a presença do ser terrível que entrava naquela sala pronto para ceifar uma alma.
""Deixa-a em paz", sussurrou o menino correndo na direção dele. Usando toda a sua força tentava bloquear o caminho dele. Pareciam que estava tentando segurar um trem que se movia lentamente o ignorando completamente como se ele nem existisse.
Batia e batia cada vez mais forte, até que.
"DEIXA-A EM PAZ" gritou o menino usando toda a sua força, pela primeira vez um morto havia gritado. Não só isso, parecia que a escuridão que o absolvia estava fazendo o caminho reverso.
Sua face voltava a ter um olho e uma boca, sua aparência de quanto estava vivo havia voltado.
Porém a criatura o tratava com desprezo e com apenas um movimento de mão o jogou violentamente contra a parede. Semelhante a um boneco de pano ele voo para o outro lado.
Só que naquele momento uma luz forte começou a preencher a sala, tão forte que poderia cegar qualquer um que entrasse lá. Todo o local estava branco pela claridade fazendo até o monstro usar seus braços como proteção.
"Fique longe dele" ordenou a mulher que avançava sem medo, enquanto ele recuava atormentado.
Suas tentativas de avanço eram inúteis, sua pele queimava como nunca havia acontecido antes. O menino correu ao seu lado e segurando a lanterna o fez o brilho aumentar tanto que parecia um segundo sol dentro do local e fazendo tudo estremecer como num terremoto.
E no instante seguinte virou cinzas espalhando tudo pelos cantos e fazendo-os dois respirarem aliviados. O caçador dos vivos deve o seu fim determinado por um vivo e um morto.
"Viu, isso foi incrível" Pulava alegremente o garoto enquanto o seu olhar exibia seu brilho novamente.
"Seu rosto, ele voltou" comentou a mulher ao mesmo tempo que alisava a pele dele delicadamente. "Você era um garoto tão bonito"
"Ainda sou" gabou-se o menino com muita determinação e logo os dois riram por breves segundos.
"AHHHH, vocês estão aqui" A velha senhora entrava ali exibindo seu semblante de felicidade.
"Como assim? Onde você estava esse tempo? A lanterna não fez falta para a senhora?" perguntou a jovem curiosa.
"Minha querida, eu não tenho medo dos mortos, são eles que tem medo de mim" deu uma risada tímida enquanto colocava sua mão em frente a boca. "fico feliz que tenham alcançado seus objetivos, ambos tenham" a senhora se aproximava levando consigo a sua bengala que batia constantemente no chão.
"E porque eles teriam medo da senhora, é só uma velha" o jovem parecia ter recuperado seu espírito travesso, fazendo ela ria ainda mais.
"Ora meus amigos, eles têm medo de mim porque..." nesse momento uma cortina de fumaça a envolveu a cobrindo por completo e no instante seguinte surgiu uma figura alta com o rosto pálido e liso, seus dedos finos e na sua mão direita uma enorme foice.
"porque eu sou a morte".
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