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VI - Revelação

— O que está fazendo...? Argh!

Mesmo sabendo que era inútil, ela se contorceu, tentando se soltar. Tris não respondeu sua pergunta, apenas continuou enrolando a corda ao redor dela, fortalecendo sua prisão. Tudo que Aeliana conseguiu fazer foi observá-lo, irritada consigo mesma por ter deixado um humano prendê-la.

Quando terminou de envolvê-la, Tris se aproximou para segurar em seus ombros para levantá-la, mas Aeliana tentou acertá-lo com a cabeça. Infelizmente, os reflexos dele eram muito bons, pois se desviou rapidamente. Em vez de se aproximar e ajudá-la a levantar, Tris suspirou e puxou-a pela corda, surpreendendo Aeliana com sua força. Sabia que alguns humanos eram fortes, mas não imaginava que ele nem faria um único som ao erguê-la por uma corda.

Com a Lúmen de pé, ele a levou até o olmo branco no qual o Ethério das serpentes estava preso.

— O que está fazendo?! Me solta!

Aeliana continuou se contorcendo, mas Tris apenas a prendeu ao lado do Ethério, ignorando-a completamente. Ele voltou até os cipós ao lado da fogueira e passou a trançá-los mais uma vez.

— Ei. Ei! Por que você me prendeu também? Me solta daqui! Me solta! — Ela insistiu no chamado por um tempo. — Por favor, me tira daqui. Tris, seja razoável, me tira daqui!

Os gritos, ecoando na clareira vazia, reverberando nas árvores ao redor, pareceram ficar cada vez mais altos. No entanto, Tris continuou a ignorá-la enquanto trançava os cipós. Quem não conseguiu ignorar a voz da Lúmen foi o Ethério ao seu lado, que finalmente despertou.

— Me solta! Me solta! Me solta! Me sol...

— AAAAH! CALA A BOCA!

O berro conseguiu o seu intento, assustando Aeliana e fazendo-a se calar ao olhar para o Ethério. Tris apenas levantou a cabeça para observar os dois por um segundo, mas logo voltou à sua interminável tarefa.

— Que droga! Garota chata! — Depois de reclamar, o Ethério tentou se mexer, só então percebendo que estava preso. — Que porra é essa?! Por que eu estou preso? Me tira daqui!

— Ah, então eu sou chata? Quem está pedindo para ser solto agora?

— Cala a boca, sua merdinha. Você também está presa. Não estou falando com você. — Ele começou a olhar em volta e, quando avistou Tris sentado livre perto da fogueira, fez menção de falar com ele, mas foi interrompido por Aeliana:

— Merdinha é a mãe. Não fala assim comigo!

— Como ousssa falar da minha mãezzzinha?

A raiva o fez sibilar de novo, mas Aeliana não demonstrou nem um pingo de medo. Primeiro, ela sabia que ele não conseguiria se transformar novamente naquele dia. Segundo, ela já tinha lutado contra ele e até que tinha se saído muito bem, como sempre acontecia quando manejava sua lança, então estava preparada para outra rodada. Terceiro, ela mesma estava com raiva demais para se preocupar com a dele.

— Então é melhor parar de me xingar também — exigiu ela.

— Deixa eu sair daqui, eu vou matar você!

— Ha! Quero ver você sair daí. Vai, sai. — O Ethério começou a se remexer, como ela tinha feito antes, e Aeliana gargalhou quando ele também não conseguiu se soltar. — Sai. Você não ia me matar? É para eu esperar sentada?

— Sua pirralha, eu vou matar você! Aaaah!

Nenhum dos esforços surtiu efeito e Aeliana continuou rindo do Ethério. Não estava mais tentando se soltar ou chamar por Tris. Já que não podia sair dali mesmo, pelo menos estava se divertindo com o Ethério. Sabia que ele tinha no mínimo 400 anos, mas parecia tão jovem quanto ela com toda aquela birra, e na aparência também. Além disso, daquele jeito ele não parecia nem um pouco assustador, parecia um Ethério qualquer.

— Aah! Desisto! Eu sempre esqueço como a Liana Estelar é forte — resmungou o Ethério, parando de puxar as cordas e deixando os ombros caírem, sua respiração ofegante. — Que droga está acontecendo afinal?

Sentindo-se tão derrotada quanto ele, Aeliana nem tentou fazer como Tris e ignorá-lo. Diferente do homem de olhos vermelhos, ela não tinha muita capacidade de ficar calada. Apontou com o queixo na direção de Tris e respondeu:

— Aquele cara ali nos prendeu.

O Ethério das serpentes olhou de novo para Tris, voltando a reconhecer a pessoa que estava no comando.

— E quem é ele? — Aeliana deu de ombros. Poderia dizer que ele era o irmão de Isolde e explicar tudo o que tinha acontecido. Quase o fez, mas sabia que acabaria sendo cortada pelo Ethério, que não se importava com ela. — E como ele conseguiu prender nós dois?

— Bom, você me derrubou com o seu veneno. — O Ethério assentiu, disso ele lembrava. — Aí ele veio por trás e te acertou na cabeça. Nós dois apagamos. Ele provavelmente prendeu você primeiro porque é mais forte... — O Ethério abriu um sorrisinho convencido e Aeliana revirou os olhos. — E me prendeu quando eu estava distraída.

O Ethério a observou da cabeça aos pés com as sobrancelhas levantadas, depois torceu a boca e bufou, voltando a observar o homem que trançava os cipós.

— Tem certeza de que você é uma Lúmen?

— É claro que eu sou! — A dúvida a irritou. — Eu só estou um pouco atrasada.

— Pela sua aparência, você tem pelo menos uns 18 anos...

— Vinte.

— Já devia estar no terceiro ou quarto nível — continuou ele como se não tivesse sido interrompido —, mas a lança que usou contra mim nem era luminosa.

— Não precisa apontar o óbvio... — resmungou ela.

Ficaram em silêncio por um tempo depois disso, com os dois observando enquanto Tris terminava uma corda e começava outra.

— Por que ele continua trançando aquilo?

— Eu que vou saber? Estou tão presa quanto você.

— Ei! Oh das cordas! Olha pra cá! — Tris o ignorou. — Ele é surdo?

— Só quando quer — resmungou Aeliana.

— Ei! Eu tenho uma dúvida — ele tentou de novo. — Por que prendeu nós dois? Não devia escolher um lado?

A reação foi um respiro profundo e um suspiro longo. Percebendo que não conseguiria ficar em paz com aqueles dois, Tris levantou a cabeça e olhou para eles. No momento em que os olhos vermelhos brilharam em sua direção, o Ethério das serpentes arregalou os olhos e deixou o queixo cair.

— Você... — fez menção de dizer o Ethério, mas Tris balançou brevemente a cabeça em negativa, um movimento quase sutil o suficiente para Aeliana não notar, mas ela estava atenta demais. A negação calou o Ethério, que apertou os lábios e respirou fundo, suas narinas dilatando, em seguida abaixou a cabeça e ficou quieto.

— O que foi isso? — perguntou Aeliana baixinho para o Ethério ao seu lado, logo depois de Tris voltar à sua atividade, mas o homem, apertando os dentes para se manter calado, simplesmente balançou a cabeça e olhou rapidamente para Tris, apertando os olhos, antes de baixar a cabeça de novo. Foi então que Aeliana se lembrou de uma coisa. — Ei — sussurrou, fazendo o Ethério olhar para ela com relutância. — Você ficou nervoso quando eu mencionei os olhos vermelhos quando estávamos brigando, não foi? — A careta dele foi sua resposta. — Por quê? O que os olhos vermelhos significam?

— Você não é muito burrinha para uma Lúmen?

— Eu não sou burra, só fui criada diferente.

O Ethério não pareceu acreditar e a ignorou de novo, revirando os olhos.

— Ah, que isso?! Agora você também vai me dar um tratamento de gelo? Que droga, vocês dois! Alguém fala alguma coisa! — Foi ignorada. Então, sabendo o que poderia irritá-los, respirou fundo e começou: — Ok! Ninguém vai falar nada? Então eu vou falar... a noite inteira se for preciso. Espero que você não queira dormir! — gritou na direção de Tris. — Sabe, eu não sou burra. — Começou a tatear o próprio quadril disfarçadamente, de repente lembrando que talvez pudesse sair dali. — Sei muitas coisas, a maioria nem mesmo os Lúmenes sabem. Eu não entrei na Academia nem estudei direito, então não sei muito do que os Lúmenes sabem, mas sei outras coisas. Sei, por exemplo, que os Lúmenes da Aurora são os últimos a participarem do teste para a Academia, o que significa que logo eles estarão livres para investigar as mortes aqui do bosque. Sei que os Ethérios são ótimos em seguir rastros, mas eles não são muito inteligentes para encobri-los. Além disso, eu sei que as propriedades curativas e luminosas da Liana Estelar não são as únicas. Os cipós são muito resistentes à força, mas são facilmente cortáveis. Outra coisa que eu sei é que pessoas muito confiantes esquecem alguns detalhes. Podem esquecer, por exemplo, de remover os pertences pessoais de quem capturam. — Aquela frase fez com que Tris levantasse a cabeça e a observasse com o cenho franzido. — Também podem esquecer que as rubelitas são feitas com pontas bem finas e que, se usadas com força suficiente, podem fazer alguns cortes.

Tris se levantou imediatamente, caminhando até ela com passos duros e rápidos, mas antes que chegasse, a corda afrouxou ao redor da Lúmen e ela a deixou escorregar até seus pés.

— Eles são realmente muito fáceis de cortar — comentou Aeliana, sorrindo para Tris, que não estava muito feliz com a fuga dela. — Agora, vai responder minhas perguntas? Eu não vou ser pega de surpresa de novo.

Mais uma vez, o homem de olhos vermelhos respirou fundo e suspirou. Aeliana achou que ele cederia, que responderia suas perguntas, mas se surpreendeu quando ele voltou a avançar em direção a ela. Separou os pés e levantou as mãos fechadas, pronta para lutar contra ele. Embora não pudesse controlar a Luz Eterna, Aeliana era muito boa de briga e sabia que tinha vantagem contra um humano. Porém sua surpresa foi maior ainda quando ele simplesmente a puxou para ele, girando os corpos dos dois e se colocando entre ela e o Ethério. O frio que a obrigava a usar o sobretudo de Radiel perdeu a força, mas a mente de Aeliana ignorou o fato por estar concentrada nas reações de Tris.

Ele puxou o ar por entre os dentes cerrados e apertou os olhos. Aeliana arregalou os dela, entendendo que ele tinha se colocado na frente do veneno que o Ethério das serpentes tentou cuspir nela de novo. Pensou que ele fosse cambalear também, perder os sentidos, mas Tris respirou fundo e prendeu a respiração.

Os olhos dele estavam cravados nos dela e, tendo certeza dessa vez, Aeliana viu a cor vermelha mudar. O rubro furioso deu lugar a uma combustão latente e uma tonalidade azulada emergiu. A mudança de cor foi como um sinal de alerta, uma fagulha de aviso que precedia a erupção da emoção fervente. O azul, tomado por uma energia implacável, representava a tempestade iminente, uma chama de raiva que incendiava os olhos com uma determinação inabalável.

Aeliana perdeu o ar. Era como se ela estivesse diante de uma sinfonia visual, uma expressão de emoção que se traduzia em cores vívidas. Os olhos vermelhos, que agora faiscavam com um azul elétrico, tornaram-se um espetáculo cativante, instigando a curiosidade da observadora sobre quem era aquele homem. Não precisou ativar a Clarividência Celestial para saber que a mudança havia sido causada pela Luz Eterna, mas definitivamente não sabia explicar como um humano podia utilizá-la dessa forma.

Tris soltou Aeliana e ficou ereto. Aeliana também ignorou a volta do frio, porque, com o sobretudo de Radiel, ele não era tão forte. Apesar de seus olhos demonstrarem uma raiva latente, todo o corpo e os movimentos de Tris demonstravam uma calma controlada. Ele se virou para o Ethério, que rapidamente se encostou na árvore, como se quisesse se encolher, mas o orgulho impedisse. Mesmo assim, engoliu em seco. Quando Tris deu um passo em sua direção, começou a se explicar, tentando não parecer que estava implorando – só que estava, sim:

— Senhor! Não era para pegar em você. Estava mirando na Lúmen, mas o senhor entrou na frente. Sem ela aqui, podemos fazer o que quisermos. Podemos conversar e falar sobre o que nos uniu aqui hoje...

— Você sabe quem é ela? — A pergunta não poderia surpreender mais os dois seres que acompanhavam o humano. O Ethério franziu o cenho, observando Aeliana atentamente, depois alternando o olhar entre Tris e ela.

— E-ela... Ela é sua...? — Tris inclinou a cabeça e o Ethério se calou momentaneamente. Depois arregalou os olhos e acusou: — Senhor, eu não acredito! Não pode ter escolhido outra Lúmen para ser sua companheira!

— O quê?! — disseram juntos Tris e Aeliana.

— Quem é companheira de quem aqui?! — perguntou Aeliana.

— Do que você está falando? — indagou Tris ao mesmo tempo.

— Eu pensei...

O Ethério alternou de novo a visão entre Aeliana e Tris. Os dois acompanharam seus olhos, observando um ao outro. Percebendo que estavam muito próximos, afastaram-se rapidamente, cada um com uma expressão diferente para o outro. Enquanto Aeliana demonstrava inquietação, Tris demonstrou nojo. Aquela reação pareceu aliviar o Ethério, que suspirou e disse:

— Ai, ainda bem. Por um segundo achei que o senhor tinha cometido o mesmo erro outra vez.

Tris olhou para ele com os olhos apertados, o azul faiscando ainda mais.

— Desculpe, senhor — resmungou o Ethério —, mas vamos combinar...

Tris suspirou alto, calando-o.

— Eu preciso dela por enquanto.

— Como assim? — perguntou Aeliana ao mesmo tempo em que o Ethério perguntava:

— Por quê?

Tris suspirou de novo, mas não disse nada, apenas se aproximou do Ethério, retirou uma pequena faca do cós da calça e cortou as cordas que o prendiam. Tanto trabalho por nada...

— Não toque nela — avisou e o Ethério levantou as sobrancelhas, curioso, mas simplesmente concordou. Já estava se arriscando bastante com seu modo arrogante de falar.

— Ei! Você vai soltá-lo? — perguntou Aeliana, dando alguns passos para trás.

— Já soltei. Agora, sente-se.

— E se ele me atacar de novo?

— Sente-se, Aeliana.

Foi a primeira vez que ouviu seu nome ser pronunciado por ele. Não a teria chocado tanto se a voz não tivesse atingido um timbre tão baixo e potente, do tipo que o conselheiro Lysander usava para dar uma ordem. Um tom que a fez lembrar do que tinha acontecido naquele dia e do motivo de estar ali.

Teria refutado a ordem e ido embora se não estivesse em tanta desvantagem e com tanta... curiosidade. Por algum motivo, o Ethério, rei das serpentes, tratava o homem de olhos (novamente) vermelhos com educação, uma ponta de medo e um toque sutil de reverência, como se ele pudesse, de alguma forma, ameaçar um rei. Tris já tinha derrubado o Ethério antes, mas como um humano poderia realmente diminuir a arrogância e o orgulho daquele homem?

Tris ainda tinha algumas cordas de Liana Estelar à sua disposição e ela obviamente não era páreo para o Ethério. Resmungando baixinho coisas ininteligíveis, ela foi até a fogueira e se sentou. Se não fosse a situação em que se encontrava, seria a curiosidade que a moveria nessa direção. Ela precisava entender o que estava acontecendo.

Tris e o Ethério a seguiram, sentando-se ao redor da fogueira também. Ficaram em silêncio por um instante até Tris perguntar:

— Qual é o seu nome?

— Víperos — respondeu o Ethério, levantando o queixo com orgulho.

— Onde está seu pai?

— Ele foi morto. — Víperos apertou as mãos em punhos, mas continuou falando normalmente: — Há 19 anos.

Aeliana notou que Tris suspirava sempre que se sentia frustrado ou abalado de alguma forma. Mas os suspiros dele, naquele momento, faziam menos sentido do que aquela conversa. O homem de olhos vermelhos parecia desapontado, triste até, após receber a notícia, quase como se alguém querido tivesse falecido.

— Você não teria uns cinco anos há 19 anos? Como conheceu o pai dele? — Ela se intrometeu na conversa.

— Você é muito burrinha mesmo...

— Não falei com você!

— Chega, vocês dois — ordenou Tris. — Ela tinha acabado de nascer quando tudo aconteceu. Duvido que os Lúmenes falem de mim agora, então ela não poderia saber quem eu sou — argumentou com Víperos, que simplesmente torceu a boca para ela. — Eu não tenho 25 anos, Aeliana. Não tenho nem perto disso.

— Então é mais novo? Aí mesmo é que não poderia conhecer o pai dele. — Quando Tris franziu o cenho para ela, Aeliana se levantou em um pulo: — Você não pode ser mais velho! Nenhum humano envelhece tão bem!

Tris inclinou a cabeça diante das palavras dela e Víperos soltou um risinho.

— Você está atraída por ele por acaso? Que ironia...

— Eu não sou humano — revelou Tris, impedindo que outra discussão começasse entre Víperos e Aeliana.

— Não é humano? — Ela se sentou lentamente, observando Tris com o cenho franzido. — Mas você brilha como um humano.

— Ah... Se usou seus poderes para me ver através da Luz Eterna, deve ter notado o brilho em meus olhos. — Como ela abriu a boca, Tris afirmou com a cabeça. — Quanto ao resto, é um pouco complicado.

— Se você não é humano, é o que então?

Tudo aquilo parecia plausível. Desde que o vira pela primeira vez, Aeliana percebeu que ele não era um humano normal. Os olhos vermelhos eram muito diferentes para isso, ele era bonito demais para ser um humano e sabia de coisas que não eram tão fáceis de saber, coisas que provavelmente só quem estava na Academia poderia saber. Apesar de ter sido atingido pelo veneno de Víperos, ele não tinha sentido seus efeitos, estando completamente bem até agora.

Porém, depois de tudo isso, o que mais a fascinava ainda era a mudança da cor dos olhos. Sabia que Lúmenes no sexto nível de magia, ou seja, Mestres da Luminosidade, podiam manipular a luz para mudar sua aparência. Mas não foi aquilo que aconteceu com os olhos de Tris. Eles tinham mudado espontaneamente.

Sabia disso porque Lúmenes ficavam com os olhos brilhantes quando usavam a Luz Eterna, de um jeito que quem os visse não saberia qual era a cor deles. Isso também se aplicava ao momento de mudança de aparência. Além disso, somente os que realmente dominavam a técnica conseguiam diminuir a luminosidade dos olhos enquanto mantinham o feitiço. Tris não tinha ficado com olhos brilhantes em momento algum, tinha simplesmente mudado a cor deles de vermelho para azul. Por isso, ela imaginava que ele não fosse um Lúmen.

— Eu sou um Ethério — respondeu ele. Aeliana estava prestes a argumentar outra vez que ele não brilhava como um Ethério, mas ele continuou: — Eu sou Aurórastris, o Ethério dos dragões.

O peso das palavras ecoou através do bosque, reverberando entre as árvores como um murmúrio fantasmagórico. Um silêncio profundo se estendeu pelo ar, uma pausa tensa que parecia capturar até mesmo o sussurrar do vento entre as folhas.

Aeliana, ainda processando a revelação, sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto a verdade pairava no ar. Ethério dos dragões. A ideia parecia quase absurda, uma mistura impossível entre mito e realidade. O silêncio que envolvia o bosque era tão palpável que até mesmo os sons naturais da floresta pareciam ter sido engolidos por essa revelação extraordinária.

Então, quebrando o silêncio como uma trilha de fumaça desvanecendo-se ao vento, uma risada descrente escapou dos lábios dela. Era uma risada carregada de incredulidade, uma resposta à magnitude da informação revelada. Aquela risada, apesar de ser uma expressão de descrença, também continha uma centelha de nervosismo diante do desconhecido.

— Ethério dos dragões? — murmurou Aeliana, sua risada misturando-se ao suspiro do bosque agora desperto para essa nova realidade. Seus olhos revelavam uma mistura de incredulidade e curiosidade renovada. A revelação abria um leque de possibilidades e perguntas na mente dela. — O Ethério dos dragões está preso — afirmou, externando todo o conhecimento que tinha sobre o assunto. — Foi selado pelos Guardiões da Luz Eterna.

— Fui — concordou Tris, respirando fundo. Os olhos mudaram outra vez e, agora, todos os músculos tensionaram. — Há 20 anos. Por isso você não pode me ver brilhar através da Luz Eterna.

— Então não se recuperou totalmente? — perguntou Víperos, intrometendo-se na conversa, demonstrando certo nervosismo.

— Apenas um dos selos foi rompido — revelou Tris. — Só o meu corpo físico foi solto.

— E agora?

— Agora preciso romper os outros selos.

— E como vai fazer isso? — A cada pergunta, Víperos parecia mais nervoso, demonstrando preocupação e desespero.

— É nesse ponto que vocês entram.

— Você não pode fazer nada agora?

— Espera! — Aeliana levantou as mãos como se pudesse impedi-los de continuar a conversa com o gesto, descartando a urgência das perguntas de Víperos. Ela também queria algumas respostas. — Você está falando sério? É mesmo o Ethério dos Dragões? — Tris confirmou com a cabeça. — E precisa da minha ajuda? — Ele assentiu de novo. Aeliana bufou, olhando de um para o outro, mas terminando com os olhos cravados nos de Tris: — E por que eu ajudaria?

Tris levantou as sobrancelhas, assim como Víperos. Aeliana deu um risinho misturado com um bufo. Ela teria mesmo que explicar?

— Você me prendeu...

— Eu salvei sua vida...

— Depois me prendeu. Você diz que é o Ethério mais poderoso de todos, mas não emite nem um brilhozinho. E, se você for mesmo o Ethério dos dragões, por que eu ajudaria o ser mais maligno de todos a se libertar? — Ela viu os olhos vermelhos tremularem, mas dessa vez não mudaram de cor. — Se você romper os selos, vai matar todos os Lúmenes, inclusive eu! — Quando Tris não negou, um arrepio correu a coluna de Aeliana e ela engoliu em seco. — Não vou te ajudar!

A afirmação irritou Víperos mais do que Tris. O Ethério das serpentes se levantou e fez menção de avançar para Aeliana, mas Tris o segurou pela perna e o Ethério parou, obedecendo a ordem silenciosa, ainda que apertasse as mãos ao lado do corpo. A ação chamou a atenção de Aeliana. Agora fazia sentido a reação de Víperos diante daquele homem.

Tinha ouvido falar muito pouco do Ethério dos dragões, afinal, ele era praticamente um mito. Sabia que ele fora selado pela grei dos Lúmenes do Norte mais ou menos na mesma época em que ela nasceu. Sofrera o Selamento Estelar Pentalíptico, uma magia rara que requeria mais de um Lúmen poderoso, mas que selava quem o recebia em cinco partes em cinco direções: Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro. Humanos e Lúmenes diziam que aquele era o maior feito de todos os tempos, um milagre em toda Arkorz, porque ele era o ser mais maligno que já tinha existido, apesar de ser o mais poderoso.

Entre os Ethérios, tinha sido considerado um Deus, mas ninguém tinha permissão ou coragem de dizer seu nome, porque ele tinha sido derrotado. Tinha cometido um erro e fora selado para sempre. Mas ainda era um ser que os Ethérios respeitavam e queriam, por isso não era mais uma surpresa ver o rei das serpentes temê-lo e obedecê-lo tão facilmente.

Nunca tinha ouvido falar que ele se libertara de algum modo, por isso era tão difícil acreditar que estava na sua frente. Mesmo assim, também parecia bem plausível que ela simplesmente não tivesse sido comunicada sobre o fato. Se os selos estavam se rompendo, os Lúmenes fariam de tudo para esconder a informação, não querendo que os menos poderosos e os humanos ficassem com medo, ao mesmo tempo que odiariam deixar os Ethérios mais confiantes.

Tris se levantou, tirando Aeliana de seus pensamentos. Ela não conseguiu reagir, pois olhou em seus olhos e viu o sutil brilho amarelado que começava a banhá-los. Os olhos de Tris, outrora um mar vermelho alerta e uma tempestade de azul elétrico, transformaram-se em um sereno amarelo, como raios de sol acariciando a superfície calma de um lago. O amarelo irradiava uma tranquilidade que contrastava profundamente com a tempestade emocional que ela vira antes, como se a fúria e a serenidade coexistissem em uma harmonia delicada.

Enquanto a Lúmen lutava para compreender a significância desse novo matiz, nos lábios grossos apareceu a sombra de um sorriso. Ele se aproximou dela e abaixou-se à sua frente, encarando-a a apenas alguns centímetros de distância. Aeliana piscou algumas vezes rapidamente quando ele estendeu uma mão, pegou uma mecha dos seus cabelos vermelhos, observou-os por uns segundos e, depois, colocou a mecha atrás da orelha dela. Dessa vez, não ignorou a diminuição do frio quando ele a tocou, mas não pôde reagir a ela. A Lúmen chegou a tentar se afastar quando ele se aproximou de sua orelha, mas paralisou quando o ouviu dizer:

— Acho que você não entendeu que está em desvantagem... — Seu tom diminuiu e sua voz era um sussurro rouco quando terminou: — Aeliana.

Olá, meus arkorzians!

Sentiram a pressão? kkkkk

Finalmente sabemos quem é o homem de olhos vermelhos e como toda essa história está ligada ao prólogo. O que vocês acham? Já têm alguma teoria?

Depois vocês vão saber mais sobre tudo o que aconteceu naquele casamento/armadilha, mas por enquanto vamos descobrir o que a Aeliana vai fazer agora rsrs

P.S.: Esse capítulo tem 4096 palavras.

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