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5 - Colisão

A sensação que enchia as veias de Alice, quando ela pisava dentro de um set de filmagem, era sempre a mesma.

Euforia.

Deleite.

Expectativa.

Pertencimento.

Ela não sabia quando a paixão pelo cinema havia nascido em si; talvez sempre tivesse estado ali, disfarçada já nas brincadeiras de criança, quando imitava os gestos e as falas das atrizes das novelas infantis que assistia com Sueli.

O tempo passou, os anos vieram, mas aquela vontade, aquele desejo palpitante, aquela energia eletrizante que a rodeava toda vez que estava diante de um holofote...

Ah, aquilo só ficava mais forte.

E se acentuou nas aulas de teatro, nos pequenos curtas que participou, durante seus estudos em Artes Cênicas.

Ela sabia que havia nascido para estar diante de uma câmera.

Só precisava mostrar aquilo para o resto do mundo também.

Vai dar certo. Vai dar certo. Vai dar certo.

— Bom dia. Por favor, aonde os testes femininos serão feitos?

— Ali, naquela direção. É só seguir por aquele caminho.

— Muito obrigada.

Erguendo o queixo e inspirando fundo, Alice seguiu para a direção apontada, contagiada pela energia do vai-e-vem tão típica dos estúdios.

Aquele poderia ser seu novo local de trabalho.

Só precisava que tudo desse certo.

Vai dar certo. Vai dar certo. Vai dar certo.

Apesar dos estragos causados pela chuva, Alice tinha que admitir que o dia cinzento, com vento úmido e uma fina garoa, deixava o clima para os testes ainda melhor — afinal, o filme que o estúdio queria produzir era um suspense noir, ambientado na década de 50, cheio de suspense, sensualidade e traições.

Uma audição em um dia nublado e escuro deixava tudo ainda mais alinhado e certo.

O teste que faria era para o papel de Verônica Cesarini, a protagonista misteriosa e típica femme fatale dos filmes daquele gênero, que, aos olhos do investigador da história — o outro protagonista—, pareceria apenas mais uma vítima enredada na trama recheada de crimes, figuras marginalizadas e noites chuvosas.

Para Alice, a proposta do estúdio de gravar aquele filme em Blumenau era ousada e inovadora.

A maior parte das produtoras preferia focar nas comédias nacionais, nos dramas clássicos sociais, nas novelas e em algumas outras pequenas produções.

Mas um suspense noir...

Alice não conseguiu segurar o sorriso de animação.

Aquele era um dos motivos pelo qual estava tão ansiosa por fazer parte do elenco principal. Quantas vezes teria a oportunidade de participar de um filme noir nacional, ambientado na cidade onde nascera e crescera?

Alice se aproximou do local preparado para os testes, pegou sua ficha e foi orientada para aguardar sua vez.

— Alguém conseguiu alguma informação?

— Alguém sabe o padrão que eles estão buscando?

— Será que vai ter algum rosto conhecido aqui no meio?

— Certeza que o "mocinho" do filme vai ser feito pelo filho dos donos daqui do estúdio.

— O filho deles é ator? Certeza que é cartinha marcada então!

— Resta saber quem vai interpretar a Verônica.

As perguntas das demais atrizes que esperavam para realizar a audição se misturavam nos ouvidos de Alice.

Tentando não roer a unha de nervosismo, ela andou pelo estúdio, atraída quase que magneticamente para a mesa de buffet preparada para os funcionários e para todos aqueles que fariam os testes naquela manhã.

— Não é porque eu trabalho para a empresa, mas a comida é de altíssima qualidade.

Alice olhou para o lado, vendo um rapaz com um uniforme de trabalho depositando mais caixas de salgados sobre a mesa.

— Posso ver.

Céus, tudo cheirava maravilhosamente bem.

— Recomendo os croissants de calabresa. — O rapaz apontou para os salgados dourados e bem assados.

A boca dela salivou, mas Alice se manteve no lugar.

O rapaz encrespou o cenho.

— Não vai pegar nada?

— Obrigada, estou bem.

— Tem certeza? Você parece meio pálida. Vai por mim, já fiz vários serviços assim, de entrega de comida em sets de filmagem, e o que mais vi foram atrizes desmaiando de fraqueza.

Alice baixou os olhos, lendo o nome escrito no crachá do rapaz — já estava mentalizando que o papel era seu e, assim, precisaria conhecer o nome de todos, até dos funcionários terceirizados.

— Obrigado, Jonas. Manterei isso em mente. Acho que vou comer alguma coisa enquanto espero minha vez chegar.

O rapaz sorriu ao ouvi-la chamá-lo pelo próprio nome, fez um gesto de despedida e se afastou.

Alice correu os olhos pela mesa bem servida, o estômago roncando alto de fome. Talvez fosse melhor comer alguma coisinha. A maçã não fora suficiente. Ela queria estar bem o bastante para o teste. Lutou para vencer a tentação e não pegar nenhum pedaço de bolo ou croissant. Com um pratinho em mãos, se serviu de vários cubos de queijo branco e algumas castanhas de caju.

Suspirou e fitou o prato.

Bom, haveria outro momento para o croissant.

Ela se afastou da mesa, buscando um canto mais afastado do set, apoiando as costas em uma das colunas enquanto saboreava lentamente os cubinhos de queijo branco.

Aos poucos, outras garotas que participariam dos testes se aproximaram da mesa, servindo-se de pequenas porções como ela.

— Olhe só para aquela ali! — Ouviu uma voz feminina do outro lado da coluna. — Pegando dois pedaços de bolo de chocolate!

— Deve estar muito bom. — O homem que estava ao lado dela, de costas para Alice, respondeu ao comentário.

A mulher soltou um chiado atípico pelo nariz.

De soslaio, Alice virou a cabeça.

E seu queixo quase caiu.

A mulher que estava ali era ninguém mais, ninguém menos que Suzana Oliveira, uma das maiores atrizes nacionais do momento, que já beirava aos trinta e nove anos e continuava parecendo uma mocinha de vinte.

Meu Deus, de perto a atriz era ainda mais linda!

E se ela estava ali...

Suzana Oliveira vai fazer o teste para o papel da Verônica Cesarini?!

O cubo de queijo quase entalou na garganta de Alice.

Não queria deixar o negativismo tomar conta de seus pensamentos, mas ninguém ali era páreo para Suzana Oliveira.

— É melhor pedir para a empresa responsável pela comida trocar o cardápio — Suzana sibilou para o homem. — Essas "atrizes" de hoje não têm controle nenhum na boca. Depois ficam aí, chorando pelos cantos, porque não conseguem nenhum papel por estarem acima do peso e com zero brilho na pele.

O homem respondeu com um murmúrio cansado.

Alice inspirou fundo, fitando o restante dos cubinhos de queijo.

— Ei, garota! — Suzana Oliveira ergueu a voz, em um tom ríspido e reprovador, chamando a atenção da moça que havia pegado dois pedaços de bolo. — Não esqueça que a câmera nos engorda! Se continuar comendo desse jeito, você não vai caber no figurino e vai parecer uma bola no filme.

Alice entreabriu os lábios, compadecendo-se em silêncio pela garota que suspirou e deixou o prato de bolo de lado.

O mundo dos bastidores não era tão doce quanto algumas pessoas acreditavam.

É tão horrível ouvir isso. Não sai mais da cabeça.

— É o mundo do showbusiness, garotinha. — Os olhos de Suzana se voltaram para ela. — Se não aguenta uma crítica, caia fora.

Alice piscou.

Puta merda.

Tinha dito aquilo em voz alta?!

Céus, bem que Sueli falava que ela sempre pensava alto e verbalizava coisas sem perceber.

Sentiu o rosto arder na mesma hora.

— Eu...

Antes que Alice pudesse pensar em qualquer justificativa para explicar que não tinha se metido propositalmente na conversa, o homem que conversava com Suzana Oliveira se virou e a fitou.

Foi como uma colisão.

O mundo se calou ao redor dela.

Tudo o que Alice escutou foi um galopar único e forte do próprio coração no peito.

Era ele.

Era mesmo ele.

O homem misterioso que a ajudara no bar.

Ali.

Embaixo das luzes do estúdio.

Diferente da noite anterior, a luminosidade agora o favorecia por completo, acentuando os traços firmes do rosto, a barba feita ao redor do queixo quadrado, os cabelos claros levemente caídos, os músculos dos braços marcados embaixo da camisa social; uma combinação que parecia gritar que ele tinha saído de um filme, carregado de um mistério denso e sedutor, daqueles que alma queimaria tentando decifrar.

E os olhos dele, surpresos e fixos dentro dos seus...

Não eram apenas de um azul profundo e límpido, mas também carregavam nuances esverdeadas, tão enigmáticas como a energia silenciosa que ele emanava.

O coração dela falseou outra vez.

A mesma cor de olhos que...

— Atenção! — Uma voz alta irrompeu pelo estúdio. — Garotas que vão fazer o teste para o papel da Verônica, se preparem! A audição vai começar agora mesmo!

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