Sem receios
"Queria não ter expectativas
Mas eu espero, você espera, nós esperamos"
Expectations - Lauren Jauregui
Jungkook's POV
— Tô me tremendo até agora. — Murmurei para Yoongi, enquanto entrávamos nos dormitórios.
— Respira, tatuado. — O loiro brincou, me dando um leve empurrão no ombro. — Não tenha um treco agora, você tem um encontro para ir.
— Estou tentando. — Respirei fundo, me sentando sobre minha cama. — Cara, eu nem lembrava do que o Jimin tinha falado na entrevista, achava que ele só estava tentando puxar papo pra me distrair, eu fiquei muito nervoso por causa das câmeras.
— Ele tinha me dito que a gente tinha o mesmo filme favorito, mas não achei que fosse algo relevante, mal lembrava da nossa conversa. — Yoongi respondeu, dando de ombros.
— A verdade é que ele está um passo à frente de todos os participantes, se engana quem pensa que pode o ludibriar e virar o jogo. — Comentei e o mais velho assentiu.
— É verdade. — Expressou, se deitando sobre seu colchão.
Ainda estava surpreso em como a primeira eliminação do programa se sucedeu, todos imaginavam que teriam provas secretas e que Jimin faria suas eliminações da forma que preferisse, porém ninguém estava esperando que fosse acontecer naquele momento, eu me tremia todo só de pensar em ter meu sendo chamado para sair pela porta da frente logo na primeira semana.
A forma como Jimin conduzia tudo me surpreendia, ele era tão centrado e seguro do que estava fazendo, e eu de certa forma invejava esse comportamento, pois mesmo sendo um alfa, nunca tive um espírito de liderança muito forte, não sabia como agir quando colocado sobre pressão e muitas vezes preferi me abster da posição de comando de um grupo, mas agora via em Jimin um bom professor e uma inspiração.
Também não esperava que ele fosse escolher a minha ideia de um "primeiro encontro perfeito", pois eu estava tão indeciso sobre o que colocar em minha resposta que acabei jogando um monte de ideias uma atrás da outra, acreditei que ele leria aquilo e acharia uma grande bagunça, mas isso na verdade o agradou.
Como eu não conhecia Jimin direito, não sabia se ele era do tipo mais caseiro ou festeiro, se gostava de restaurantes finos ou uma simples lanchonete, se curtia romance ou era desencanado disso, então atirei no escuro, escolhendo várias coisas que poderiam ou não lhe chamar atenção.
Porém, ao que parece, acertei em cheio em minhas escolhas.
— Que roupa eu visto, hyung? — Indaguei a Yoongi, pois o encontro aconteceria naquela noite mesmo.
— A noite vai estar fresca, então não pega uma jaqueta muito pesada. — O alfa respondeu rapidamente. — Talvez uma camisa de mangas longas já esteja de bom tamanho, aí você pode dobrar as mangas se sentir calor, e mostrar as tatuagens, vai que ele acha sexy...
— Sinceramente acho que o Jimin é o tipo de pessoa difícil de impressionar. — Falei, rindo soprado.
Ok, eu realmente tentava me convencer de que não tinha interesse algo na parte romântica daquele reality, mas não podia fingir que não me importava com a minha imagem perante Jimin, não queria aparecer de qualquer jeito ou parecer um idiota na frente dele, o que talvez viesse a se tornar uma tarefa difícil, pois sempre que ele aparecia, eu ficava nervoso.
— Eu não sou muito bom de papo e coisas assim, sabe? — Confessei baixinho, coçando a nuca, completamente sem graça. — Não quero entediar ele.
— Acho que o que vai deixá-lo mais interessado é se você não deixar a conversa morrer, fale sobre você e pergunte coisa sobre ele, o papo vai fluir. — O Min aconselhou. — E também Jimin sabe que tem que manter a audiência interessada no programa, então se você travar, ele vai te ajudar.
Eu senti falta da forma como Yoongi me tratava desde que perdemos contato, ele sendo quatro anos mais velho do que eu sempre tinha um jeitão de irmão mais velho, não apenas quando queria me dar conselhos, mas no seu jeito de tomar conta de mim também, querendo proteger e ajudar, e eu apreciava muito isso.
— Irei fazer isso, hyung. — Respondi, sorrindo levemente.
— E cuidado com o olho gordo que está rondando por aqui. — Disse num tom mais baixo, fazendo um gesto com a cabeça na direção de um certo alguém que estava do outro lado do quarto. — Se é que você me entende.
— Sim, entendi. — Afirmei, suspirando.
O senhor ruivo chatinho que eu ainda não sabia o nome tinha sido um dos outros participantes com pontuação alta, e ele não aparentava ser alguém que sabe perder, até podia tentar disfarçar a cara de bravo na frente das câmeras, mas quando estas se desligaram, ele mostrou rapidamente que não estava nada contente com a escolha de Jimin.
Ou em outras palavras, estava soltando fogo pelas ventas com o fato dele não ter ganhado a etapa de encontro, e sim eu. Mas eu não estava me preocupando com os chiliques do ruivo mimado de qualquer forma, o mais importante era me preparar para o encontro de mais tarde.
{~>x<~}
— Você está pronto? — A diretora do programa me perguntou, sorrindo simpática.
Não, eu não estava nem um pouco pronto, porém não queria amarelar ou parecer um bobão na frente de todas aquelas pessoas, então apenas acenei com a cabeça, seguindo Moonbyul pelo jardim do estacionamento dos estúdios de gravação, com toda a equipe que nos filmaria carregando seus equipamentos atrás de nós.
— As câmeras não vão ficar em cima de vocês, fique despreocupado, vai ser como se elas nem estivessem lá. — Ela começou a falar. — O encontro é real apesar de estar sendo tudo filmado para o programa, então apenas aja no seu normal, Jimin realmente quer lhe conhecer.
— Ele quer? — Perguntei, arregalando um pouco os olhos, e vi ela sorrir mais uma vez, assentindo.
— Claro que sim, Jungkook-ssi. — Respondeu em seguida. — Agora vamos, Jimin já está nos esperando.
E ele realmente estava, e minhas mãos começaram a suar automaticamente, no mesmo segundo em que senti seu perfume vindo junto de uma brisa de vento, e assim logo o avistei de braços cruzados, encostado num carro que deveria ser seu, enquanto tinha um olhar distraído, olhando para cima, para as poucas estrelas que estavam presentes no céu escuro naquela noite.
Mas ele logo notou nossa presença, e suas íris vieram em minha direção, quase me tirando o ar pela intensidade de seus olhos felinos. Seus cabelos azuis se deixavam serem bagunçados pelo vento fresco, e eu sorri todo abobado, ficando tímido no segundo seguinte, apenas porque ele estava me encarando.
Minha nossa, eu estou muito ferrado.
Essas sensações estavam me deixando temeroso, afinal não tinha entrado naquele reality com a intenção de conquistar o herdeiro dos Parks, mas a verdade era que ele estava me conquistando sem ao menos se esforçar para isso, Jimin era simplesmente cativante, e eu via que não havia como desviar antes de ser atingido por todos os seus charmes.
— Boa noite a todos. — Jimin disse antes mesmo que qualquer um pudesse dizer, e todos o responderam rapidamente... Eu gaguejei um pouco, mas respondi o seu "boa noite" também.
— Vamos arrumar uma câmera no seu carro, Jimin, depois os daremos os microfones. — Moon informou ao Park, que apenas assentiu.
As pessoas que traziam seus equipamentos seguiram até um outro carro, começando a guardar suas coisas, pois pelo que eu havia entendido, aquela galera que estava presente nos seguiria durante toda a noite, não apenas por conta das filmagens, mas também por Jimin ser o herdeiro rico que estava saindo com um completo desconhecido, tinham que cuidar de sua segurança.
E mesmo que aquilo fosse chamado de "etapa de encontro", não era como se fosse realmente um encontro romântico como fingiam ser, apenas servia para que Jimin pudesse conhecer mais o participante, afinal ele não iria escolher qualquer um para estar à frente da empresa de sua família, isso era uma certeza.
— Então, você sugeriu paintball ou laser tag como a primeira parada para o nosso roteiro de passeios, certo? — A voz mansa do ômega me arrancou daqueles pensamentos, me fazendo virar-me em sua direção, o vendo me olhar atentamente.
— Sim, qual você escolheu? — Respondi, tentando não me deixar levar pelo nervosismo.
Eu já disse o quanto a presença de Jimin é dominante? Porque minha nossa, preciso enfatizar o jeito que ele simplesmente magnetiza todos os olhares para si, com esse cheiro natural maravilhoso, e no quão sedutor seu olhar poderia se tornar, fascinando a todos desde a sua forma de andar, de falar e até numa simples atitude de levar os dedos até a franja e puxar os cabelo para trás.
— Mesmo que eu adore paintball, laser tag seria melhor por hoje, não quero correr o risco dos nossos cabelos ficarem sujos de tinta pelo resto da noite. — Ele continuou a falar, ainda com os olhos fixos em mim. — O que você acha?
— Eu concordo. — Murmurei, desviando minhas vistas para o chão.
— Então já vou avisando que sou meio competitivo. — Disse, rindo baixinho.
— Estamos no mesmo barco então, Jimin-ssi, pois eu também sou. — Retruquei levantando a cabeça, tentando não ficar agindo tão timidamente o tempo todo.
— Melhor ainda então, gosto de ter adversários tão ávidos quanto eu. — Afirmou, sorrindo de lado.
— Se estivermos no mesmo time, melhor será, já que nossa fome por vitória se iguala. — Expressei, também abrindo um sorriso leve.
— E eu estou com muito apetite hoje. — Disse ladino, fazendo todos os meus instintos ficarem em alerta, reconhecendo o tom provocante que o ômega usava.
— Digo o mesmo. — Falei, vendo sua expressão de contentamento se intensificar.
O que apenas serviu para me deixar ainda mais ansioso por aquela noite.
{~>x<~}
Quando Jimin disse que era competitivo, ele estava falando bem sério.
O Park até poderia não ser o melhor jogador de laser tag do mundo, mas sabia como usar seus pontos fortes para poder se sair bem, como o fato de ser flexível e veloz, tanto que havia restado apenas um cara do time adversário, enquanto na nossa equipe ainda havia eu, ele e uma outra moça que não conhecíamos.
Era engraçado pensar que Jimin e eu nem precisamos de muito tempo juntos para já ter adquirido uma parceria, estando na mesma equipe pudemos andar juntos por todo o circuito do jogo e montar jogadas em conjunto. Talvez fosse muito cedo para falar, mas para mim tínhamos adquirido uma conexão imediata.
Ou eu que estou sendo muito emocionado mesmo.
Eu sabia que não deveria ficar alimentando expectativas em cima daquilo, ele ter me escolhido para a etapa de encontro foi um golpe de sorte, afinal Jimin nem ao menos sabia quem tinha dado a resposta que ele mais gostou, já que não havia a identificação do candidato, e mesmo que soubesse o meu nome, não acho que ele se lembraria de mim ou algo do tipo.
Porém não querer ter expectativas e realmente não ter são coisas bem diferentes, começar a me interessar dessa forma por ele poderia ser uma grande distração do meu objetivo, precisava me manter focado naquela competição, chegar até os finalistas me daria prêmios, e eu precisava disso para poder ajudar os meus pais.
É claro que eu sabia que o Jimin era o rei desse tabuleiro, agradá-lo seria essencial para que um jogador chegasse até a final, entretanto eu não queria ser falso ou puxa saco com ele, porque se fosse para ganhar coisas dessa forma, eu preferia nem competir.
Tanto que mesmo que estivéssemos nos divertindo naquela noite, não podia dizer que realmente tinha a vibe de um encontro, e eu estava adorando isso, porque mesmo sabendo que estávamos sendo filmados, em nenhum momento vi Jimin tentando incrementar ou forçar uma cena para parecer mais interessante, ele apenas seguia sendo autêntico em suas reações e personalidade.
A forma completamente despreocupada em aparecer para as câmeras que Jimin mantinha estava me ajudando a também não ficar pensando o tempo inteiro naquilo, era como estar saindo pela primeira vez com um novo amigo e descobrindo mais sobre ele, sem precisar simular sorrisos ou tentar "agir de forma descolada" o tempo todo.
Infelizmente não tínhamos conversado muito ainda, apenas trocamos algumas palavras no caminho até o laser tag, sobre coisas simples como nossas idades, formações acadêmicas e cidade em que nascemos. Assim me fazendo descobrir que ambos somos de Busan, e que ele agora estava exigindo que eu chamasse de hyung, sendo Jimin dois anos mais velho.
O Park era carismático e tinha um jeitinho todo envolvente de ser, daqueles que a nos atraem como mosquitos para uma lâmpada acesa, e eu ainda não sabia como lidar com a bagunça mental que isso estava me causando, pois eu percebia as minhas ambições naquele reality mudarem.
— Jungkook, acho que vamos precisar usar o famoso ataque surpresa. — Jimin sussurrou para mim, me dando um susto por sua voz ter soado muito próxima do meu ouvido, já que estávamos agachados, com ele atrás de mim.
— Não sei se seria uma boa, correr até lá juntos pode ser game over para nós dois. — Falei, afinal estávamos tentando montar um plano para poder chegar até o cara do outro time, que estava sozinho, atrás de um amontoado de feno mais a frente.
Naquela altura do jogo, eu não sabia mais aonde a menina que restava no nosso time tinha se metido, mas Jimin se manteve escondido ao meu lado, atrás de uma gigantesca pedra espacial feita de papel machê, pois a partida estava acontecendo num cenário que tinha alguma temática confusa de velho oeste misturado com espaço sideral, que eu sinceramente não tive tempo para tentar compreender.
— O que faremos então? Ele foi o único do time que restou, então está tomando cuidado, não abaixar a guarda. — Jimin informou, me causando leves arrepios na nuca quando sua respiração se chocou contra minha pele.
— Precisamos fazer ele se expor para fora do esconderijo. — Respondi, fingindo não estar levemente mexido pela proximidade de nossos corpos.
— Ele pode estar alerta e se preparando para esperar a gente fazer alguma coisa primeiro para que possa contra-atacar no mesmo instante. — O ômega expressou, suspirando frustrado.
— Então vamos fazer alguma coisa, porém não juntos. — Falei, me virando de frente para ele. — Eu vou primeiro, apareço na frente dele e o distraio, enquanto ele se focar em mim, você chega de fininho e finaliza no jogo.
— Beleza, vamos. — Disse, e nos levantamos rapidamente, saindo de nosso esconderijo.
Tomei distância de Jimin, andando a passos lentos em sua frente, chegando primeiro, entrando pela direita enquanto o ômega viria pela esquerda depois de mim. E assim contei alguns segundos antes de pular para frente para tentar pegar o cara do outro time de surpresa, mas quem acabou sendo surpreendido fui eu, pois assim que cheguei atrás do monte de feno, não havia ninguém ali.
— Ué, eu tinha certeza que tinha visto ele se escondendo aqui. — Falei, franzindo o cenho.
— Eu também vi. — Jimin respondeu, surgindo do lado oposto ao meu.
— Ei, você... — Uma terceira voz chamou, e assim me virei, vendo o menino do outro time, mirando sua arminha na direção do meu colete.
Tudo o que veio em seguida foi uma sequência de acontecimentos tão rápidos que eu mal entendi o que estava acontecendo:
Primeiro o menino atirou o feixe de luz contra o meu traje, o que o fez apitar no mesmo instante, me eliminando do jogo antes mesmo que eu pudesse reagir, e Jimin vendo que eu não poderia derrotar o cara do time adversário, correu para ficar atrás de mim, assim me usando como seu escudo.
O menino percebendo que não conseguiria acertar Jimin antes de ser acertado, decidiu correr para também se proteger atrás de alguma coisa. E a gente foi atrás, mesmo que tecnicamente eu não poderia mais participar, mas estava ali servindo de escudo humano num joguinho de laser tag.
Porém percebemos logo que correr de dois não era uma tarefa simples, não demos nem cinco passos antes que Jimin tropeçasse em meus pés e me fizesse cair, o trazendo junto naquela queda. Meu corpo foi impulsionado para frente por causa do peso dele contra minhas costas, e assim fomos ao chão juntos, nos embolando naquele tombo fatídico que provavelmente seria editada em câmera lenta nas filmagens.
O menino vendo que a gente tinha se atrapalhado, saiu de trás de uma pilastra, pronto para finalizar o jogo, mas antes que conseguisse acertar Jimin, a menina do nosso time que estava sumida até então surgiu por detrás de um celeiro de plástico que havia no cenário, pegando o menino de surpresa e apontando a luzinha do laser nele, o eliminando do game no mesmo instante.
Ouvi a moça soltar um gritinho de comemoração, enquanto seus amigos — que antes também estavam em nosso time antes de serem eliminados — retornaram a arena festejando com berros e pulos. Já eu ainda estava jogado de cara no chão, inerte, tentando catar o restinho do meu orgulho que havia se espalhado por aquele piso.
Talvez eu fosse continuar ali por um tempo, repensando minha trajetória no jogo, se a risada contagiante de Jimin não tivesse me feito reagir.
— Quando isso for para o ar, vão achar que a gente combinou tudo. — Ele disse ainda gargalhando, tentando abafar sua risada ao esconder seu rosto contra as minhas costas.
— Você está bem? — Perguntei, mesmo que fosse eu que tivesse levando a pior naquele tombo, pois ele caiu em cima de mim.
— Claro, você amorteceu minha queda. — Brincou, apoiando suas mãos no chão para poder se levantar. — Você se machucou, Jungkook-ah?
— A minha dignidade está um pouco ferida, mas eu vou superar. — Ironizei, sentindo seu peso sair de cima do meu corpo assim que se colocou de pé, rindo do que eu tinha falado.
Jimin entendeu suas mãos em minha direção em seguida, me ajudando a levantar... E talvez eu tenha ficado igual um palerma segurando a palma por mais tempo do que o necessário, ainda mais porque eu já estava de pé e o ômega não precisava mais me ajudar.
Na verdade precisava sim, porque com esses olhares intensos que ele me lança, minhas pernas ficam bambas muito facilmente, é bom ter onde me segurar.
— Você gosta de comida caseira? — Seus lábios se moveram, mas não compreendi de primeira o que ele tinha me dito.
— Oi? — Questionei, desentendido.
— Estou perguntando se você gosta de comida caseira, tradicional e tal, o lugar que eu reservei para comermos é nesse estilo. — Explicou brevemente.
Ainda estamos de mãos dadas, só para constar.
— Ah sim, eu amo restaurantes assim. — Respondi, e ele sorriu animado.
— Então vamos, porque faz mais de cinco horas desde a minha última refeição, estou faminto. — Jimin disse, soltando minha canhota para levar a sua mão até a barriga, acariciando o abdômen em movimento circulares. Fofo.
— Sim, vamos. — Falei, sorrindo levemente.
Sua mão pequena em comparação a minha agarrou-se firme contra minha destra, me guiando até a saída da área do laser tag.
{~>x<~}
O Park tinha escolhido para jantarmos num restaurante simples e popular na região, apreciei a escolha porque aquele lugar me deixou nostálgico, me recordou muito bem dos tempos de ensino médio, quando meu irmão e eu íamos num lugar muito parecido com o que estávamos agora, sem contar que o ambiente aconchegante e o cheiro delicioso que vinha dos pratos também eram pontos a mais.
A galera da produção do reality também estava presente, sentados em mesas próximas a nossa para que pudessem capturar uma boa imagem, mas nessa altura do campeonato, eu já nem estava me importando com esse fato.
— Então você tem um gêmeo idêntico? — Jimin perguntou, já que estávamos falando sobre irmãos e família.
— Sim, temos até o mesmo perfume natural... — Lhe garanti, rindo baixo ao ver que Jimin me olhava cheio de curiosidade, como se estivesse segurando-se para não questionar alguma coisa em especifico. — E pode fazer a pergunta que quiser sobre isso, sei que pensou em várias.
— Algum namorado ou namorada de vocês confundiu os dois? — Indagou algo que eu já tinha ouvido muito antes.
— Não, mas a gente já ficou a fim da mesma pessoa na adolescência. — Contei, enquanto bebericava o meu vinho.
— Uou, e como foi isso? — Questionou, dando um gole em seu suco, já que não tinha pedido nada alcoólico por estar dirigindo.
— Bem chato, a gente brigava o tempo todo nessa época, mas a pessoa não retribuía nenhum de nós dois de qualquer forma, e isso apenas ficou no passado. — Falei, dando de ombros. — Hoje nossos interesses pessoais são bem distintos, acho que dificilmente iremos nos interessar pela mesma pessoa novamente.
— Lembro de que quando eu era mais novo, vivia pedindo um irmãozinho para as minhas mães. — Jimin começou a divagar. — E as vezes penso que tudo teria sido bem diferente se eu tivesse realmente tido um irmão para equilibrar as coisas, muitas vezes senti que o peso de ser o herdeiro era demais para apenas eu segurar.
— É um império empresarial, imagino que para um jovem crescer ouvindo que será o futuro dono de tudo aquilo, possa ser amedrontador. — Comentei, o vendo assentir algumas vezes.
— Às vezes era mesmo, em outros momentos era apenas fantástico saber que eu faria parte daquilo. — Expressou, abrindo um sorriso agora.
— Sua família sempre o apoiou? — Perguntei, mas no mesmo segundo me arrependi, ao notar seu olhar se tornar nublado.
— Ah, minhas mães sim, a minha família em si... é uma outra história. — Suspirou pesado, antes de desviar o assunto: — E os seus pais?
— Sempre apoiaram bastante meu irmão e eu, nossos pais são as pessoas mais carinhosas e receptivas que conheci em minha vida. — Respondi, não querendo me aprofundar muito nesse tópico ou citar os últimos acontecimentos em minha vida, e nem sobre as atuais condições dos meus pais.
Sentia medo de que Jimin entendesse que eu estava usando a situação dos meus pais para conseguir vantagens no jogo, fazendo os outros sentirem pena ou algo assim, não queria passar a impressão errada, e também ainda não nos conhecíamos realmente, preferia não sair segregando minha vida pessoal assim.
— Isso é muito bom, ter apoio é gratificante. — Jimin comentou com melancolia.
O tom de voz dele acabou me deixando pensativo, voltando a aquelas suposições sobre os Parks talvez estarem por trás do funcionamento daquele reality, colocando Jimin em frente às câmeras como uma marionete enquanto eles controlavam as cordas.
E eu realmente não queria que a realidade daquele programa fosse tão dura, porém não iria fingir que isso não poderia ser uma realidade, mesmo que Jimin sempre parecesse tão confiante e a par de tudo, aquilo poderia ser uma grande fachada, e eu não sabia o quanto era verdade.
— Você ficou pensativo... — Jimin certificou.
— Foi só umas lembranças da minha família que rodaram aqui na minha cabeça. — Falei, sorrindo para disfarçar.
Jimin de certa forma ainda permanecia um mistério para mim, era fácil identificar sua boa educação e sutileza, porém além da personalidade simpática e competitiva, havia um vazio inexplorado pela minha compreensão, e eu não esperava que ele simplesmente decidisse me mostrar todas as lacunas que o compunham, mas ter a consciência de que talvez eu estivesse lidando com uma persona me deixava mais curioso.
Sua expressão triste ao tocar no assunto "família" dizia algo, pois também era notável uma certa fúria em seu olhar, assim como uma falta de vontade de se estender naquele tópico mostrava coisas além do "não vou segregar coisas a um estranho", havia raiva e ressentimento em sua voz.
O cara com a pele coberta por tatuagens ali era eu, mas Jimin parecia ter outros tipos de tatuagens gravadas em sua alma, aquelas da mágoa e do rancor.
— Quantas tatuagens você tem? — A pergunta vinda dos lábios de Jimin me deu um susto, parecia que ele estava lendo meus pensamentos.
— Já perdi a conta, mas sei que são mais de vinte. — Disse, pois fazia um bom tempo desde a última vez que contei cada uma. — E você, tem alguma?
— Só uma. — Respondeu, fazendo o sinal de "um" com o dedo indicador. — Mas não vai dar para você ver.
— Por que não? — Indaguei franzindo a testa.
— Porque eu iria ter que tirar as minhas calças para te mostrar, e estamos no meio de um restaurante. — Expressou rindo, e eu arregalei os olhos.
— Espera... A única coisa que te impede de tirar as calças para mostrar a tatuagem agora é o fato de estarmos num restaurante? — Perguntei brincando, e ele riu novamente, jogando o corpo pra trás.
— Isso, e as câmeras. — Disse semicerrando o olhar, mudando sua atitude no mesmo instante, para uma mais maliciosa.
— Você é um flertador nato, Jimin hyung. — Afirmei, e ele deu de ombros.
— Eu tento. — Falou, sorrindo de lado e pegando sua taça para bebericar seu suco.
E ele tem precisava tentar, com todo esse carisma e essa áurea cheia de atratividade, um sorriso era o bastante para fazer pessoas se encantarem por ele, e eu era uma dessas pessoas, afirmo sem sombra de dúvidas.
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"Coloque um preço na emoção
Estou procurando por algo para comprar"
Fine Line - Harry Styles
Jimin's POV
A parte romântica do reality era o que mais me desmotivava, afinal eu não tinha interesse algum em namorar ou casar com qualquer um daqueles alfas, a intenção inicial daquele programa não era nem que ele fosse ao ar, mas ali estava eu tendo que cumpria as clausulas de um contrato que assinei estupidamente sem ler.
Entretanto estava sendo mais divertido do que eu imaginava que poderia ser.
Fiquei surpreso ao saber que eu havia escolhido logo o tal alfa com cheiro de framboesa para essa primeira etapa de encontro do programa, Taehyung me encheu o saco depois dizendo que isso só podia ser coisa do destino e outras baboseiras como essa, o pior foi que Jin ainda foi na onda do namorado, e os dois ficaram o resto do dia no meu ouvido, falando sobre esse assunto.
Mas enquanto eu fingia estar irritado com eles, escondia minhas verdadeiras emoções em cima de tudo isso, me assustava um pouco perceber que eu realmente tinha ficado mexido por causa do cheiro desse alfa, não era algo comum de acontecer comigo e essa novidade me deixou confuso.
Tanto que horas antes de entrar no meu carro para dirigir até os estúdios, estava com o celular na mão, pronto para ligar para a Moon e dizer que estava indisposto e não poderia assim, apenas porque sentia medo.
Porém pensei melhor, não seria justo com Jungkook ganhar essa prova e no fim não receber o que havia sido prometido, eu tinha que fazer esse esforço e ser imparcial...
Tá bom, não vou me fazer de rogado, esse alfa é um baita de um gostoso e eu não iria desperdiçar a chance ter um encontro com ele, mesmo que tecnicamente não seja algo tão real assim, já que essas câmeras nos cercando nos limitam bastante.
Eu quase havia pedido a Moonbyul para mudar essa parte do programa, para que eu não precisava ter um encontro por semana com um dos participantes, mas agora agradecia por ter mudado de ideia, pois se tivesse ido em frente, agora não estaria tendo uma noite tão legal ao lado de Jungkook.
— Vai, me diga um desejo de infância que você ainda não tenha realizado. — A pergunta veio do alfa, me arrancando daquele momento pensativo.
Foi frustrante chegarmos a pista de patinação e descobrir que não abriria naquela noite, mas ainda tínhamos mais lugares para aproveitar, então seguimos para a próxima parada: o parque da cidade, que naquela noite estava lotado de pessoas que assim como nós decidiram passear por ali.
— Vai parecer meio bobo... — Murmurei, enquanto caminhávamos lado a lado em volta do lago do parque.
— Claro que não, diga. — Jungkook pediu, tirando pedaços do algodão doce que havíamos comprado na entrada, comendo lentamente.
— Eu sempre quis ter uma boneca de porcelana, daquelas bem antigas, sabe? Francesas e tal. — Respondi, dando de ombros, também pegando um pedaço do algodão doce para mim.
— Socorro Jimin, essas bonecas parecem muito do tipo que vão criar vida durante a noite. — Falou brincando e eu ri, não deixava de ser um pouco verdade.
— Eu sei que elas têm uma aparência de boneca de filme de terror, mas uma prima minha tinha uma, e eu achava linda. — Contei me sentindo nostálgico. — Mas só ficava admirando porque minha prima não deixava ninguém tocar, com medo de que quebrassem.
— E nunca pediu para suas mães comprarem uma dessas pra você? — Indagou confuso.
— Não, eu tinha uns dez anos na época e estava numa fase de achar que eu era muito badass para ter coisas fofas e delicadas, sabe? — Expressei e ele afirmou com cabeça. — Eu meio que queria imitar minha prima mais velha, mas obviamente ela já era uma adolescente e estávamos em fases diferentes da vida, mas eu ainda não entendia isso.
— E depois de adulto nunca quis dar esse presente para si mesmo? — Questionou e eu neguei num aceno.
— Pior que não, nem sei porquê, acho que só não teria o mesma intensidade de emoção que seria se eu ganhasse uma dessas quando criança. — Respondi, percebendo que era a primeira vez que eu contava sobre aquilo para alguém, além de Taehyung claro.
— Entendo. — Murmurou, voltando a comer seu algodão doce, com um olhar perdido nas pessoas que também passeavam em nossa volta, haviam muitos casais ali.
— E você? Não tem algo assim também? — Perguntei querendo saber alguma memória de infância dele também.
— Tive muitos brinquedos que eu queria e nunca ganhei, mas nada que realmente tenha me marcado. — Disse em seguida. — Mas tem uma coisa que eu adorava fazer, que quero tentar de novo.
— E o que é? — Perguntei curioso, vendo um sorriso surgir em seus lábios.
— Vem... — Expressou pegando em minha mão em seguida, me puxando para um lado do parque, e aproveitando uma lixeira que estava no caminho para jogar o palito do algodão ali.
Me deixei ser guiado por ele, tendo minha mente voando em pensamentos ao observar seu rosto de perfil, com seus cabelos subindo e descendo por causa do movimento de seu corpo, já que estávamos andando rápido. Jungkook é realmente muito bonito.
Não era apenas o cheiro dele que era delicioso, a sua companhia também era uma delícia, o papo fluía e eu gostava da forma como ele se expressava, Jungkook tinha o seu jeito tímido no início, porém não precisava de muito para começar a se mostrar mais, e eu só conseguia pensar que queria ter o conhecido antes.
— Chegamos! — Jeon exclamou, soltando uma risadinha ao ver meu olhar confuso direcionado ao playground que havia em nossa frente.
— O que vamos fazer aqui? — Questionei, observando os brinquedos recém pintados. Aquele lugar parecia um tanto assustador durante a noite e sem a presença de ninguém.
— Vamos aqui. — Respondeu, ainda segurando minha mão e me trazendo até uma das gangorras coloridas que havia ali.
— Jungkook, e se essa gangorra não suportar o peso de dois adultos? — Indaguei inseguro, já o vendo escolher um dos assentos do brinquedo, e se sentar.
— Vamos cair de bunda no chão ué. — Disse dando de ombros, e eu ri da forma despreocupada com que ele falou isso.
— Ok, não seria nosso primeiro tombo da noite de qualquer forma. — Proferi, me dando por vencido, também me sentando em um dos lados.
Bastou ele dar o impulso inicial para a gangorra começar a abaixar e levantar para gargalharmos feito duas crianças brincando ali pela primeira vez, e mesmo que rissemos exageradamente, ninguém mais no parque parecia estar nos assistindo, talvez simplesmente não ligassem, e a gente se deixou levar.
Num segundo parecia que eu estava desconectando-me do mundo em volta, do fato de aquilo tudo ser parte de um reality, de ter câmeras nos filmando, de Jungkook ser um dos participantes deste programa, da minha mãe ter falecido fatidicamente, da minha família não me aceitar no posto que é meu por direito, de todos os problemas. Era apenas eu me permitindo.
Cada descida dava aquele leve frio da barriga que era bom de sentir, e eu me dei conta de que não lembrava da última vez que me senti tão leve. Talvez esse reality acabar se tornando algo real não havia sido de todo um infortúnio, pois se nunca tivesse acontecido, eu não estaria vivendo aquele momento.
Nós dois numa gangorra de um playground vazio, acabou sendo tão simples e tão significativo ao mesmo tempo.
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Eu havia rido e negado quando Taehyung expressou que o fato de gostar do cheiro de Jungkook poderia significar alguma coisa, mas agora eu estava ali, fazendo compras para o nosso café da manhã, numa vibe bem casalzinho, e isso me deixava receoso, porém ao mesmo tempo eu não queria fingir que não estava curtindo a companhia de Jungkook.
— A noite está um pouco fria, o que acha de escolhermos alguma bebida quente? — Jungkook perguntou, apontando para as máquinas de café expresso que havia nos fundos da loja de conveniência.
— É uma boa, você pega um café puro para mim enquanto eu vou no caixa passar o que pegamos? — Indaguei, apontando para a cesta em que eu carregava todos os produtos que tínhamos escolhido. Seria um café da manhã bem farto, porque nos empolgamos e fomos pegando de tudo um pouco.
— Ok, já volto. — Assentiu, virando-se e indo na direção das máquinas.
Sorri observando seu dorso tomando distância, enquanto eu ia andando até o caixa, que não havia fila alguma, afinal era de madrugada e apenas um funcionário estava presente.
— Dinheiro ou cartão, senhor? — O homem indagou assim que cheguei ao caixa.
— Cartão. — Respondi, o observando começar a passar as compras.
— Você e seu namorado estão indo a montanha? — O homem de cabelos grisalhos perguntou, provavelmente tinha ouvido Jungkook e eu conversando sobre aquilo enquanto escolhíamos o que comprar.
— Ele não é meu... — Pensei em corrigir, mas não era necessário. — É, estamos sim.
— Tomem cuidado com as pistas de terra perto da entrada da reserva, está parecendo que vai chover e é fácil de atolar o carro por lá. — O senhorzinho aconselhou.
— Ok, obrigado. — Respondi sorrindo, olhando para as vitrines da loja em seguida, vendo que o tempo realmente estava mudando.
Que péssima hora para começar a chover.
{~>x<~}
— Então você nunca teve um namoro sério? — Perguntei após Jungkook dizer que não tinha muita experiência em namoros duradouros.
Tínhamos dirigido até as montanhas, estacionando no ponto mais alto, onde era comum que turistas e pessoas locais viessem para passar o tempo. Eu já tinha vindo ali outras vezes, no ano novo, pois era uma tradição assistir o nascer do sol do primeiro dia do ano, mas fazia algum tempo que eu já não me importava mais com esse costume.
Infelizmente ainda estávamos dentro do carro, tomando nosso café da manhã e esperando que a chuva que tinha começado a cair passasse, mas pelo visto não seria hoje que conseguiríamos assistir um nascer do sol com céu limpo.
— Apenas um foi durante a faculdade, mas durou apenas um ano. — Respondeu, dando de ombros, bebericando seu café fumegante.
— E durante os ruts? — Indaguei, pois eu sempre procurava alguém para passar comigo, ou tomava supressores para retardar os efeitos dos hormônios do heat.
— Eu não tenho cios, Jimin hyung. — Jungkook afirmou, e eu arregalei os olhos.
— O quê? — Perguntei surpreso e confuso.
— O meu cio nunca aconteceu. — Contou, sorrindo de lado, talvez se divertindo com a minha cara pasma com a informação.
— Mas normalmente o primeiro acontece depois dos quinze anos. — Certifiquei, afinal Jungkook já tinha vinte e cinco anos.
— É verdade, o primeiro rut do meu irmão foi quando ele tinha uns dezesseis anos, mas eu cheguei aos dezoito sem nada ter acontecido, então procuramos um médico para saber o que poderia ter ocorrido, e ele disse que quando alfas e ômegas chegam nessa idade sem ter um cio, significa que são inférteis. — Expressou, e eu me senti preocupado por talvez ter tocado num assunto sensível para ele.
— Oh Jungkook, sinto muito se fui invasivo, se quiser podemos contar essa informação da edição. — Afirmei rapidamente, mas Jungkook apenas sorriu, negando com a cabeça.
— A minha fase de ficar mal por causa disso já passou, levei um tempo para aceitar, mas hoje eu apenas me conformei, e está tudo bem. — Contou, mantendo sua expressão calma.
— Que bom, é que sei que muitos alfas que são estéreis ficam com vergonha de falar, porque tem pessoas que os julgam como se isso os fossem fazer menos viris e outras baboseiras como essa, não queria que você fosse vítima de comentários assim ao expor esse fato sobre você. — Aleguei sincero, e ele me olhou de forma terna.
— Comentários assim não me aborrecem mais, felizmente, mas no começo foi por isso que foi tão difícil aceitar o que o médico tinha me dito, porque o cio algo que faz parte da nossa genética, e quando você descobre que vai ser o único entre todos os seus conhecidos que não vai ter isso, é amedrontador. — Começou a contar. — Ainda mais quando você cresce escutando que um alfa só se torna realmente um alfa após o primeiro rut, e dizem a mesma coisa para os ômegas.
— Pois é, já escutei muitas coisas como "todos nascem betas e só serão ômegas ou alfas de verdade após o primeiro heat", é uma frase muito errônea. — Falei, pois crescendo numa família intolerante e retrógrada como a minha, era fácil escutar coisas assim nas rodas de conversa.
— Sim, e como eu ainda era muito jovem quando descobri que nunca teria um rut, comecei a me sentir terrivelmente inseguro, achava que nunca encontraria um parceiro ou parceira que compreenderia isso em mim e outros pensamentos pessimistas assim, foi um período complicado. — Confessou, suspirando.
— Mas ver como você está bem com tudo isso hoje pode ser uma inspiração para pessoas que passam pelo mesmo. — Falei de forma apoiadora, levando minha mão até a sua, a segurando. Jungkook sorriu mais uma vez.
— Sim, acho importante que outras pessoas como eu, que talvez ainda estejam sofrendo após descobrirem isso sobre elas, me vejam aqui e sintam que mesmo que seja assustador no início, podemos superar e passar por cima de qualquer medo de rejeição que ainda exista. — Discursou, me contagiando com seu sorriso.
— Com certeza. — Afirmei em seguida.
— E sobre a sua vida amorosa, Jimin? — Sua pergunta veio logo após, e eu suspirei, um pouco pensativo. Não tinha muito o que falar da minha vida amorosa atualmente.
— Teve uma pessoa no passado que me magoou muito, e isso me deixou bem inseguro por muito tempo. — Disse, dando de ombros e voltando atenção para o sanduíche que eu tinha comprado. — Acabei tendo alguns relacionamentos aqui e ali, mas nada realmente duradouro após o que aconteceu.
Fiquei feliz ao perceber que Jungkook entendeu que eu não queria me aprofundar naquele assunto, e não perguntou mais nada. Voltamos a comer em silêncio, sendo acompanhados apenas pela trilha sonora dos pingos de chuva se chocando contra o teto do carro. Era calmo e reconfortante.
— É, acho que essa chuva vai acabar com o nosso plano de assistir o sol nascer. — Jeon comentou, olhando através das janelas.
— Bem, ainda podemos terminar de tomar nosso café da manhã aqui, mesmo que a chuva vá nos impedir de sair do carro. — Expressei, arqueando uma das sobrancelhas ao lhe encarar em seguida: — Ou você já está cansado a minha companhia, Jungkook?
— Uma companhia como a sua é viciante, não dá pra se cansar. — Expressou num tom de flerte, ficando sem graça no segundo seguinte. Jurei ver suas bochechas ganharem um tom rosado nesse momento.
— Oh, bom saber. — Sorri ladino, me inclinando sobre o painel do carro para alcançar a câmera que havia ali, a desligando.
— Você desligou a câmera? — Jeon questionou confuso, me vendo também tirar o microfone que estava preso em minhas roupas.
— Fomos observados a noite inteira, acho que merecemos um pouquinho de privacidade, não acha? — Indaguei, felizmente a galera da produção não tinha vindo até ali com a gente, estavam contando apenas com a câmera de dentro do carro.
— Concordo contigo. — Disse assentindo, também tirando seu microfone.
Conversamos aleatoriedades até terminarmos nossa primeira refeição do dia, felizmente a chuva tinha vindo de forma intensa no começo, havia passado após uma meia hora caindo incessantemente, tanto que o dia já começando a dar indícios de clareamento lá fora, não iríamos perder a vista do nascer do sol.
— A chuva foi passageira ao menos... — Jungkook começou. — Quer ir lá fora?
— Sim, vamos. — Afirmei, destravando as portas para que pudéssemos sair.
Fomos atingidos por um vento gelado assim que saímos de dentro do carro, a temperatura havia caído bastante após a chuva, e estarmos no topo de um morro com certeza cooperava para que sentíssemos ainda mais frio. Ao menos eu tinha escolhido um jaqueta quente para usar naquela noite, entretanto Jungkook se encolhia por conta do ar gélido.
— Está com frio? — Perguntei, mesmo que a resposta fosse óbvia.
— Um pouco. — Falou, tentando disfarçar, esfregando suas mãos em seus braços cobertos pelas mangas finas da camisa.
Apenas ri baixinho, retornando ao carro e procurando pelo moletom que eu sabia que estava esquecido em cima dos bancos de trás. Coincidentemente eu quase tinha o pegado ontem para guardar, mas acabei esquecendo de fazer isso, felizmente.
— Veste aqui. — Expressei, estendendo o moletom na direção do alfa.
— Não precisa, hyung. — Respondeu, sorrindo sem graça.
— Claro que precisa, pega. — Disse, e ele se deu por vencido, pegando o moletom e abrindo o zíper, vestindo sem seguida.
— Obrigado, Jimin-ssi. — Murmurou baixinho, abraçando seu próprio corpo, parecendo ficar tímido por estar usando uma roupa minha. Que garoto fofo, caramba.
Mas não comentei nada, apenas levei minha mão até seu pulso, segurando suavemente ali e o trazendo comigo. Fomos andando mais para frente, quase chegando na cerca de proteção, da onde poderíamos ter uma bela vista da floresta lá embaixo, dos os prédios da cidade bem distantes e do sol começando a se fazer presente no horizonte.
— Tomei a decisão certa em escolher a sua resposta, Jungkook, obrigado pela noite. — Agradeci, o olhando firmemente, vendo o alfa abrir um sorriso sutil e belo.
— Eu que te agradeço, hyung, não tenho momentos de descontração e despreocupação assim há tempos.
— É, eu também, Jungkook-ssi.
~♥~
aiai :'')
Até o próximo <3
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