Sem mentiras
"A fantasia dentro da minha cabeça, os sonhos que tenho
Eles poderiam ser nada além de esperança vazia?
É uma pergunta que repeti todos os dias"
Girls Like Us - Twice
Jungkook's POV
Somos uma sociedade conduzida a base de cheiros, reconhecemos o perfume natural da pessoa que nos atrai antes mesmo de saber o nome dela, assim como também um pai ou uma mãe conseguia identificar a fragrância natural de seu filhote em grandes distâncias, é algo que vem em nosso DNA, um olfato apurado que as vezes ajuda e em outras apenas atrapalha.
Diziam que atualmente éramos mais guiados por nossos narizes do que por nossos corações, e não deixava de ser uma verdade, quantos romances não começaram apenas porque num belo dia alguém sentiu um perfume tão fascinante que o deixou completamente enfeitiçado?
Foi assim com os meus pais, e minha mãe adorava contar a história do dia que conheceu meu pai. Foi no primeiro dia de sua faculdade e eles sentaram lado a lado no refeitório, e mesmo com o odor de tantos alimentos e de tantas pessoas, minha mãe afirma que o único perfume que conseguiu prestar atenção foi o do meu pai, que se destacava entre qualquer outro para ela.
Meu pai completava dizendo que desde que tinha entrado naquele refeitório estava sentindo o perfume de orquídeas que minha mãe possuía, era como se as partículas que compunham aquele cheiro tivessem grudado dentro de suas narinas e não queria se desgrudar, tanto que ele continuou a sentir aquele odor pelo resto do dia.
Cerca de um ano depois os dois estavam se casando, e era comum que as coisas fossem assim tão rápidas para casais como minha mãe e meu pai, que se afeiçoam pelo cheiro alheio antes mesmo de se conhecerem, diziam que quando o perfume te atraia antes mesmo que ver o rosto da pessoa dona do odor, era quase certo que esse casal teria uma história duradoura.
Com tantas pessoas que conheci foi exatamente assim, se viciaram no perfume natural e em seguida se viciaram na pessoa que o possuía, talvez fosse a nossa forma de encontrar nossa alma gêmea, se é que essas coisas existem, porém prefiro acreditar num pouquinho de magia de vez em quando.
Mas ainda prefiro idealizar que nossa alma é fragmentada, e que assim como uma peça de quebra cabeça, ela pode se encaixar com muitas outras almas, e que durante sua vida, você encontra os outros pedaços para se conectar, com alguns conseguirá ficar encaixado por muito tempo, e com outros nem tanto, mas sempre haverá mais pessoas com almas acopláveis a sua, porque para mim, almas gêmeas não são apenas uma.
Mas por que eu entrei nesse assunto? Bem, acho que costumo ficar bastante pensativo quando percebo meu real interesse por alguém.
Jimin era sem dúvidas o motivo das minhas indagações naquele momento, porque o seu cheiro me fascinava e sua presença me alegrava, e naquela noite em que dançamos juntos, naquele jardim iluminado por lâmpadas penduradas em varais, eu percebi que não adiantaria mais negar as coisas para mim mesmo.
Eu poderia dizer que era simplesmente o meu alfa atraído pelo seu ômega, já que Jimin claramente estava entrando em pré-cio, era fácil notar pela intensidade do aroma natural que ele exalava, os feromônios de ômegas nesses períodos tendem a ficar realmente fortes, porque o objetivo era exatamente atrair alfas e betas, porém seria mentira afirmar que o único motivo dos meus pensamentos bagunçados por ele eram apenas instintivos.
Mas eu tinha que me colocar no meu lugar, Jimin não era um cara que conheci no trabalho ou numa balada, não era o flerte de um aplicativo de namoro, era o ômega que estava procurando um pretendente num reality show, e eu era um participante desse programa. Como saber o que era genuíno e o que era apenas encenação?
Não era como se em duas semanas eu estivesse me vendo carregando uma paixão por ele, porém eu tinha sim muito interesse nele, queria o conhecer mais, queria que não estivéssemos dentro de um programa filmado para a televisão, queria ter a certeza de que ele não era somente um ótimo ator, mas estava esperando coisas demais.
— Não estou entendendo, qual o grande problema, Kookie? — A pergunta veio de minha mãe, que me olhava curiosa enquanto eu estava perdido em meus próprios pensamentos após contar a ela tudo o que vinha sentindo.
Naquela semana não houveram gravações ou provas, Jimin acabou entrando em seu heat na terça-feira, e como não poderia comparecer para julgar os resultados dos testes, a produção decidiu adiar as gravações, mas na próxima segunda-feira tudo retornaria ao normal.
Como as filmagens não aconteceriam, a grande maioria dos participantes decidiu retornar para suas casas, e eu fui um desses, que passei a semana inteira na casa de meus pais, os contando tudo que poderia sobre o programa, apenas ocultando informações que não estavam autorizados a ser compartilhados a pessoas fora do reality por causa do contrato.
Não que eu não confiasse que minha família saberia manter segredo, porém preferia evitar fazer qualquer coisa que poderia me prejudicar de alguma forma dentro do programa, então se era contra as regras, eu seguiria a risca, ainda mais depois das palavras ditas por Daeshin.
O alfa ruivo deixou claro com apenas uma frase que ele tinha uma informação sobre mim que poderia me tirar de dentro do reality, não foi uma ameaça, mas soou como um aviso, porém eu não deixaria um mimadinho como ele me abalar dessa forma, eu não ficaria nas mãos dele, Daeshin achava que agora estava um passo à frente, mas eu daria um jeito de virar esse jogo.
Ainda não tinha um plano, mas passei toda aquela semana pensando no que poderia fazer, cheguei a contar a Junghyun e ele me falou que também ficaria pensando em algo, porque o que fizeram contra mim em meu último emprego não poderia se tornar algo que me prejudicaria pelo resto da vida, ainda não tinha como provar minha inocência naquilo, mas não abaixaria a cabeça a alguém como Daeshin.
— Mãe, eu não entrei nesse reality para conseguir um marido, entrei por causa da promessa de prêmios em dinheiro e pelo fato de ser uma boa propaganda profissional. — Argumentei, e minha mãe continuou a me olhar com curiosidade.
— Mas você mesmo me disse que suas desconfianças sobre ser tudo armado se foram, e está interessado nesse rapaz, o Jimin. — Ela expressou, franzindo o cenho.
— Ainda sim... — Suspirei, antes de continuar: — O que você faria no meu lugar?
— Acho que a gente não escolhe por quem vamos nos interessar, você foi para esse programa planejando uma coisa e acabou tendo outras, no seu lugar eu não perderia a chance de conseguir ambas as coisas que me foram proporcionadas. — Disse em seguida. — Uma chance de mostrar meu profissionalismo e também uma chance de conquistar a pessoa por quem fui conquistada.
Suspirei, desviando o olhar para o tapete da sala, ficando pensativo após o conselho de minha mãe. Nossa relação nunca teve obstáculos, eu era um livro aberto com ela porque minha mãe fazia eu me sentir seguro em desabafar sobre qualquer coisa, não havia julgamentos antecipados e críticas negativas de sua parte, ela sempre foi uma mulher doce e prestativa, e também segura de si e muito inteligente, era minha melhor amiga e também a pessoa que eu mais respeitava, confiava cegamente em suas intuições.
— Eu nunca tive de frente com algo assim, Kookie, mas sempre acho que o caminho da sinceridade deve ser seguido, quando tiver a chance, conte ao Jimin quais eram suas reais intenções ao entrar no reality, e depois o diga como se sente agora. — Minha mãe aconselhou logo após.
— Não acha que ele vai me achar impulsivo ou emocionado demais? — Questionei, a fazendo soltar uma risadinha.
— Talvez. — Afirmou, dando de ombros. — Ou talvez ele veja o que eu vejo, um rapaz esforçado e que preza em ajudar sua família, que também é sincero quanto ao que sente, e que não precisa ficar fazendo joguinhos para chegar onde quer.
— Quando diz "joguinhos", está insinuando que eu deveria contar sobre Daeshin também? — Indaguei arqueando uma das sobrancelhas, e ela assentiu.
— Não tenho certeza sobre isso, esse Daeshin me parece alguém perigoso, se ele se esforçou tanto para descobrir algo contra você porque te acha uma ameaça para ele, sabemos que ele poderia ir mais longe, e isso me preocupa. — Declarou, e eu concordava com ela.
— Me preocupa também, mãe. — Afirmei também.
— Então seja sincero com o Jimin ao dizer que não se esforçará apenas para a parte empresarial desse reality, mas que também pessoal. — Orientou mais uma vez, me fazendo pensar.
— Mas eu ainda não sei se quero continuar nisso. — Disse em seguida. — As vezes eu olho para aquelas câmeras e só consigo pensar que o Jimin é um personagem, e eu a pessoa que está sendo iludida pensando que essa persona é alguém real, mas assim que as câmeras desligarem e as cortinas baixarem, a verdadeira pessoa por trás do personagem vai surgir, e será alguém de quem eu não gostarei.
— Pode ser que isso aconteça realmente, mas e se não acontecer? — Indagou franzindo a testa. — Se arrisque, filho, você tem duas possibilidades, 50% de chance desse que conheceu ser o Jimin real.
— Está falando de porcentagem com um administrador financeiro? — Perguntei brincando, e ela riu. — Não é tão simples, não é algo meio a meio, tem vários outras possibilidades além.
— Se tem possibilidades positivas, por que não tentar? Não estou pedindo para ser impulsivo, continue tendo cuidado e averiguando tudo, mas se permita um pouco também. — Proferiu, sorrindo docemente.
— Tudo bem, mãe, pensarei nisso. — Afirmei, também sorrindo em sua direção.
Minha mãe me mostrou uma expressão leve, tentando disfarçar sua preocupação, antes de se levantar do sofá dizendo que iria comer algo, mas não sem antes depositar um beijo na minha testa e me pedir para não esquentar tanto a minha cabeça, para respirar e me distrair um pouco também, antes que explodisse de tanta ansiedade e nervosismo.
Segui o conselho da mais velha, me dirigindo ao meu antigo quarto para procurar alguma coisa para fazer, talvez jogar videogame ou ler um dos meus antigos mangás, os quais deixei na casa dos meus pais depois que me mudei, apenas para continuar tendo coisas aqui quando viesse passar um tempo, pois tinha o costume de ler alguma coisa antes de dormir.
Porém sequer cheguei a chegar em meu quarto, meu celular começou a tocar muito antes, me fazendo franzir o cenho ao ver que um número desconhecido chamava:
— Alô? — Proferi assim que atendi a ligação.
— Jeon Jungkook? — Uma voz grossa do outro lado da linha me respondeu.
— Sim, sou eu. — Afirmei, um tanto desconfiado.
— Aqui quem fala é um representante de Park Jimin. — O homem declarou em seguida. — Ele gostaria que o senhor comparecesse o quanto antes no nosso escritório para uma reunião.
— Mas é sobre o quê? — Indaguei, achando aquilo bem estranho.
— Isso apenas o senhor Park poderá te informar. — Respondeu, e jurei ouvir algumas risadinhas abafadas no fundo.
— Tudo bem, qual o endereço do escritório de vocês? — Pedi em seguida.
— Estaremos mandando via mensagem de texto em breve. — O homem da voz grossa informou, mantendo um tom super sério, e novamente as risadinhas vieram ao fundo da ligação.
— Ok, obrigado. — Agradeci, ainda um tanto confuso com aquilo. — Irei aí hoje mesmo.
— Obrigado você, tenha uma boa tarde. — Disse simplesmente antes de desligar.
Guardei meu celular cheio de perguntas, afinal Jimin estava afastado por causa de seu heat, pelas minhas contas naquele momento ele estava no quinto dia do período, que normalmente dura cinco dias mesmo, então tinha a possibilidade da reunião não ser propriamente com Jimin, o que apenas me deixava ainda mais curioso, por que precisavam falar comigo?
Mas não seria parado no corredor da casa dos meus pais que eu teria essas respostas, por isso segui para meu quarto, troquei de roupa e avisei minha mãe que estava saindo, chamando um uber em seguida, já que haviam me mandado o endereço do escritório como tinham prometido segundos depois da ligação ser encerrada.
O percurso não foi longo, poucos minutos depois o carro já estava estacionando no lugar indicado, e de primeira eu pensei que o motorista tinha errado a rua, mas quando ele me afirmou que o endereço era aquele mesmo, comecei a ficar ainda mais confuso, pois não fui direcionado a um prédio cheio de escritórios ou a uma empresa, mas sim a uma mansão no bairro nobre da cidade.
Após descer do carro, fiquei com todos os meus sentidos alertas, estava apreensivo e cheio de neuras pousando em minha mente, tanto que pedi para o motorista esperar mais um pouquinho, o mesmo não ficou nada feliz com esse meu pedido, até pareceu bem desconfiado, mas disse que ficaria esperando alguns segundinhos.
Assim me senti um pouquinho mais seguro em seguir até o portão da mansão e tocar a campainha do interfone, ouvindo uma voz masculina responder segundos depois:
— Sim? — Uma voz masculina respondeu pelo interfone.
— Sou Jeon Jungkook, marquei uma reunião com o senhor Park. — Respondi, ainda olhando para os lados, desconfiado.
— Ah claro, pode entrar. — O homem disse rapidamente.
Os portões automáticos fizeram um som de "click" antes de suas portas de ferro começarem a se abrir lentamente, enquanto eu as assistia se afastando para me dar a visão de um gigantesco jardim, um lugar que parecia ter saído diretamente do cenário de alguma novela.
A gigantesca casa jazia ao fundo, sendo cercada por aquela grande área arborizada, o local eram tão deslumbrante que acabei começando a dar passos para trás para ter uma visão panorâmica, só parando de andar quando senti meu quadril bater em algo, que era mais precisamente uma caixa de correio.
Uma caixa de correio com o sobrenome "Park" entalhado em letras douradas.
No momento compreendi melhor o que estava acontecendo, Jimin não tinha me chamado para uma reunião em seu escritório, ele tinha me chamado para a sua casa.
{~>x<~}
"Nós poderíamos queimar e colidir
Nós poderíamos ter uma chance
Sem segurar em nada
Como se fosse nossa última dança"
Last Dance - Dua Lipa
Jimin's POV
— Ele chegou! — Taehyung exclamou entrando em meu quarto de repente.
— Ótimo. — Afirmei, me levantando da cama e andando em sua direção. — Como eu estou?
— Com cara de cansado. — O Kim afirmou rindo de leve, me fazendo emburrar a expressão.
— Eu acabei de sair do heat, Tae. — Argumentei, passando por ele, mas não sem antes lhe dar um belo de um tapa no ombro por rir da minha cara de exaustão pós-cio.
— Que deveria ter durado até hoje, domingo, mas terminou na sexta a noite. — Ele veio falando atrás de mim, enquanto caminhávamos até a sala da casa. — Você falou com seu médico sobre isso?
— Sim, ele falou que é estresse, cortou meu período, o que o fez durar apenas três dias. — Respondi dando de ombros.
— Pelo menos era só isso, mas agora vá lá receber o seu convidado. — Declarou, vindo até o meu lado e passando um de seus braços por cima dos meus ombros.
Logo descemos as escadas que davam acesso a sala principal da casa de minhas mães, mas o Kim não permaneceu comigo, pegou outro caminho, indo para a área de lazer da casa, enquanto eu seguia até o andar de baixo, onde Jungkook estava, provavelmente ainda parado no mesmo lugar em que Taehyung tinha o deixado minutos antes, parecendo bem perdido em meio a aquela gigantesca sala.
Sorri minimamente ao revê-lo, já que fazia exatas uma semana desde que nos vimos pela última vez, noite essa em que Jungkook preparou juntamente da produção do reality uma pequena surpresa para mim no jardim, achei muito amável da parte de Jeon tentar me distrair da culpa que estava sentindo por conta do incidente com Daeshin, mas não posso dizer que meus pensamentos naquele momento eram tão adoráveis quanto a atitude de Jungkook.
Mas não era como se desse para esperar muito daquela explosão de hormônios que estava acontecendo dentro de mim, e com certeza estar tão perto do alfa que me atraia não ajudava em nada, ainda mais com o período de pré-heat sendo tão chatinho como costuma ser.
— Oi Jungkook. — Cumprimentei, fazendo Jungkook dar um pulinho no lugar, não tendo prestado atenção na minha presença antes.
— Jimin? — Indagou, parecendo surpreso em me ver, tanto que ficou me encarando por alguns segundos sem dizer nada. — Ah, oi, como está?
— Cansado, mas bem. — Brinquei, dando de ombros. — E você?
— Confuso. — Afirmou, rindo baixo. — Por que me chamou?
— Preciso que veja uma coisa. — Falei em seguida. — Me siga.
Saí caminhando pela casa com Jungkook ao meu encalço, até chegarmos em meu escritório, o qual entrei rapidamente, indo em direção a mesa do local, enquanto Jeon olhava para tudo com curiosidade, seu semblante mostrava claramente que ele estava cheio de perguntas, as quais eu responderia em seguida.
Assim que me sentei na cadeira atrás da mesa, abri uma das gavetas da mesa, tirando de dentro uma caixa pequena de papelão marrom, abrindo sua tampa em seguida e começando a tirar os papéis que haviam ali dentro, começando a espalhá-los por cima da mesa, sob a visão atenta de Jungkook.
— Sabe o que são esses papéis? — Questionei, apontando para aquela papelada toda.
Primeiro ele se aproximou mais da mesa, analisando as folhas, e quando reconheceu o logotipo impresso em um dos papéis, seu olhar automaticamente mudou, a expressão confusa deu lugar a uma mais sombria, mas ele não parecia nem um pouco surpreso em saber que aqueles documentos estavam sob minha posse.
— Sim. — Jungkook afirmou em seguida.
— Eu recebi isso aqui na segunda feira, provas de que você falsificou os resultados de lucro de uma empresa onde trabalhou, algo que com certeza você não disse em sua ficha de inscrição por motivos óbvios, eu nunca selecionaria um participante que tivesse sido demitido por algo grave assim. — Comecei a falar. — Pode me explicar melhor?
— Eu... — Sua voz falhou de início, mas ele continuou em seguida. — Eu estava concorrendo a uma vaga de gerente, junto de outros funcionários da área, e do nada provas surgiram em meu computador, dizendo que eu estava falsificando resultados porque tinha um plano para usar isso ao meu favor, mas eu não fiz isso, Jimin, eu sei que armaram para mim.
— Eu também sei disso. — Declarei em seguida, o vendo arregalar os olhos.
— O quê? — Indagou pasmo, se sentando na cadeira livre a frente da minha mesa.
— Acha mesmo que você ainda estaria na competição se eu não tivesse certeza de que não fez isso? — Indaguei sarcasticamente. — Eu não teria te chamado para conversar, apenas receberia uma ligação avisando da sua eliminação.
— Como tem certeza que não fui eu? Eu mesmo procurei por todo lugar daquele computador e pela empresa algo que me inocentasse, mas não consegui achar nada que viesse ao meu favor. — Me perguntou desentendido.
— Jungkook, eu vou ser bem sincero, o nosso mundo é capitalista, interesseiro e egoísta, quando alguém com o meu sobrenome chega para tentar saber algo, as bocas começam a se abrir. — Falei, apoiando meus cotovelos sobre a mesa e entrelaçando meus dedos, para apoiar meu queixo sobre meus punhos unidos.
— Ainda estou confuso... — Murmurou, e eu quase podia visualizar pontos de interrogação flutuando sobre sua cabeça.
— Quando eu recebi essa caixa cheia de informações, fiquei bem surpreso, mas não chocado, afinal tive que lidar com mentirosos por toda a minha vida, e acho que aprendi linguagem corporal o suficiente para identificar um bom mentiroso. — Continuei a explicar. — E quando eu olhava para você, não enxergava nenhum falso calculista que tentou fraudar uma empresa.
— Mas Jimin... — Tentou me questionar, mas logo o interrompi.
— Não, Jungkook, eu não te dei um voto de confiança apenas porque é um alfa muito atraente, porque sei que beleza não significa bondade, sorrisos e olhos bonitos podem enganar muito facilmente. — Proferi rapidamente. — Mas eu precisava saber se o participante que mais estava me cativando na verdade era um grande manipulador.
— Você foi investigar. — Ele afirmou, e seu olhar se tornou perdido, como se ainda não acreditasse.
Na verdade eu poderia muito bem ter acreditado em tudo o que aqueles documentos diziam, porém como aquilo chegou até minhas mãos como uma entrega sem remetente, e isso encheu aqueles papéis de alertas vermelhos em minha visão, afinal eu sabia que os competidores do reality não eram idiotas, eles sabiam que Jungkook estava se tornando um concorrente forte, então ter alguém querendo o prejudicar não seria novidade.
Precisei investigar, precisei saber mais, mesmo sabendo que talvez eu estivesse sendo mais influenciado pelo fato de ter gostado de Jungkook, e não querer acreditar que aquela pessoa que ele mostrava ser na verdade era uma farsa, porém de qualquer forma não seria a primeira vez que me via iludido por um personagem.
E eu não queria repetir esse erro de acreditar demais, entretanto também não queria ser injusto com Jungkook, e o remover do reality antes de saber a verdade, por isso fui atrás de mais informações, mesmo temendo quebrar a cara. E logo também estaria tentando descobrir quem enviou aquele pacote, já com o nome de todos os outros concorreres do reality na lista de suspeitos.
— Exatamente. — Confirmei em seguida. — Já contactei algumas pessoas para me ajudarem nisso assim que vi o conteúdo dessa caixa, e o estresse e nervosismo acabou fazendo o meu heat vir adiantado, o que me atrapalhou bastante, tive que acompanhar a investigação remotamente.
— Como foi essa investigação? — Indagou franzindo o cenho.
— A minha equipe foi até seu antigo emprego e disseram que representavam a mim, que estavam fazendo uma apuração para saber se você seria um funcionário confiável para a empresa dos Parks. — Contei mais um pouco. — O que não é mentira, você realmente está sendo avaliado dentro do reality para entrar na minha empresa.
— E o que aconteceu? — Perguntou curioso e ansioso.
— Eles tiveram permissão de conversar com algumas pessoas que trabalhavam com você, mas pedi que deixassem de lado as que estavam concorrendo a aquela vaga juntamente de você. — Falei brevemente. — Seus antigos colegas foram unânimes, todos gostavam muito de você, e quando o incidente da fraude dos resultados foi citado, ninguém acreditava que tinha sido você, nem mesmo seu antigo chefe.
— Ele era quem mais acreditava na minha inocência naquilo tudo, mas ele seria muito cobrado pela diretoria se não me demitisse, afinal não tinha nada que provasse que realmente havia sido uma armação. — Jungkook disse a mesma coisa que seu antigo chefe tinha dito.
— Então ou você é um manipulador muito bom, ou toda aquela gente estava certa. E foi contando com essa segunda opção que fui atrás para conseguir provas. — Expressei, sorrindo de lado. — Mas consegui uma confissão.
— Está falando sério? — Questionou surpreso, com seus olhinhos redondos dobrando de tamanho.
— Depois de falar com todos os antigos colegas de trabalho, pedi que eu mesmo entrevistasse as pessoas que estavam concorrendo a um cargo contra você. — Informei mais uma vez. — Ontem, no sábado, eu conversei com eles.
— E como foi? — Perguntou, se aproximando mais da mesa.
— A maioria me respondia as mesmas coisas, que você era um funcionário esforçado, e que alguns acreditavam que realmente poderia ter sido você e outros não. — Respondi, dando de ombros. — Insisti nas perguntas sobre isso para ver se alguém sabia mais do que estava querendo mostrar, e foi aí que algumas garras começaram a serem colocadas para fora.
— Eu sempre suspeitei que tinha sido uma das pessoas que estava concorrendo a vaga também, mas não conseguia chegar à qual deles. — Contou, suspirando pesado.
— Foram dois, mais precisamente. — Relatei, e dessa vez Jeon não se mostrou surpreso, provavelmente já desconfiava que tinha sido mais de uma pessoa. — Quando eu disse que estaria abrindo uma investigação sobre isso, o primeiro cara tremeu na base, e acabou começando a confessar algumas coisas.
— Ele simplesmente falou tudo pra você? — Perguntou desacreditado.
— Não, primeiro ele me disse que desconfiava de um dos outros concorrentes a vaga, e quanto mais perguntas eu fazia sobre isso, mas ele mostrava que sabia demais sobre uma coisa que dizia ser apenas suposição. — Contei logo após sua pergunta. — Então ou ele estava inventando tudo ou na verdade tinha feito parte do plano.
— Você tem um nome de peso, com certeza ele deve ter pensando que já tinha provas, e deve ter tentado se fazer de informante, fingindo estar ajudando, mas só querendo tirar o dele da reta. — Jungkook concluiu.
— Foi exatamente o que eu pensei. — Disse assentindo. — Foi uma longa conversa, até ele dizer que sabia sim de todo o plano e me contar quem foi que armou tudo.
— E quem foi? — Perguntou mais uma vez.
— Aqui estão mais informações. — Declarei, pegando em outra gaveta alguns papéis que continham mais detalhes do que foi falado nas entrevistas, entregando a Jungkook em seguida.
— Puta merda! — Ele exclamou assim que começou a ler. — Eu desconfiava do Minsun, ele era o que mais me olhava torto quando alguém comentava sobre a promoção e dizia que eu seria escolhido.
— Inveja no ambiente de trabalho é muito comum, infelizmente. — Afirmei, suspirando. — Eu tive a autorização do outro rapaz para gravar tudo o que ele contou sobre o plano, e ele me disse que cooperaria com você caso abra um processo contra esse tal de Minsun, porque se arrependeu muito de ter participando, ainda mais sabendo na situação que você está agora.
— Você deve ter falado com o Daesung, a gente não conversava muito no trabalho, mas uns meses atrás acabamos nos encontrando na rua e eu contei a ele como estava difícil encontrar um emprego agora, que eu sentia como se minha carreira tivesse sido arruinada. — Jungkook contou, desviando o olhar.
— A culpa com certeza pesou para ele. — Eu presumi. — E então, vai seguir com um processo?
— Não tenho grana para pagar um advogado, hyung. — Jeon afirmou, colocando os papeis sobre a mesa em seguida. — Não tenho dinheiro para nada na verdade, minhas dívidas estão se acumulando, tanto que foi por isso que me inscrevi no reality, achei que poderia ser positivo para mim, mostrar minha competência e também poder ganhar alguns prêmios que o programa oferecerá.
— Então nunca teve pretensão de entrar na minha empresa ou me conquistar? — Perguntei, arqueando umas das sobrancelhas, sorrindo de lado. Sabia que de qualquer forma era o objetivo de muito dos participantes, usar o alcance do reality para se autopromover.
— Antes não... — Jeon respondeu, fazendo suspense.
— Antes não? O que mudou? — Indaguei novamente, curioso.
— Eu conheci você.
— Vish, se apaixonou por mim. — Brinquei, levando a mão até meus cabelos e os puxando para trás. — Entendo.
— Não hyung. — Negou num aceno, rindo baixo. — Mas você é realmente cativante, não há como negar. E pra mim, que antes achava que todo esse reality vinha da mente de um mauricinho que queria aparecer, realmente queimei a língua, você me surpreendeu e ainda me surpreende bastante.
— Não vou fingir que não sei que essa era a visão que muitos tiveram sobre mim quando anunciaram o reality. — Declarei, dando de ombros.
— Eu pensei em desistir do reality, sei que não é um ambiente para mim, nunca estivesse tão sob destaque assim, com câmeras em minha volta e pessoas me observando o tempo todo, e ainda nem sei como será o assédio do público e da mídia quando o programa for ao ar, isso me dá medo. — Jeon confessou.
— Você disse que "pensou" sobre desistir, então mudou de ideia depois? — Perguntei querendo saber mais, sinceramente eu entenderia se ele desistisse, mas não queria que o fizesse.
— Sim, eu quero permanecer empenhado na competição não apenas por conta dos prêmios em dinheiro, mas porque eu agora vejo em você um professor para me inspirar a lidar melhor com questões de liderança e confiança. — Declarou, me pegando de surpresa.
— Sei que pareço seguro de mim quando estou a frente dos competidores do programa, mas tem muitas outras camadas que você não conhece, Jungkook. — Expressei, suspirando prolongadamente. — Não sei se eu seria realmente um bom instrutor para você nisso.
— Você já é. — Afirmou mais uma vez. — Eu quero ter a chance de talvez poder trabalhar ao seu lado um dia, eu vejo a forma como se empenha e conduz as coisas, sua família te negou como o novo gerente da empresa, mas você foi atrás de outras maneiras, é algo motivante, principalmente para pessoas como eu que apenas se acomodaram muitas vezes ou simplesmente desistiram de tentar.
O encarei por alguns segundos, pensando no que poderia lhe responder, porque obviamente era gratificante ser reconhecido, ser visto por alguém, e eu realmente sempre quis ser uma inspiração para pessoas que assim como eu foram desmotivadas e desacreditadas, porém o ouvir afirmar que eu já estava me tornando esse motivador que sempre desejei ser tinha um impacto maior.
— Jungkook... — Murmurei, buscando por palavras. — Você está com fome?
— O quê? — Questionou, franzindo o cenho. A minha pergunta tinha sido aleatória de qualquer forma mesmo.
— Quer fazer um lanche comigo? — Indaguei em seguida. — Eu quero continuar essa conversa, e te perguntar sobre mais algumas coisas, então talvez seja melhor a gente ir para o jardim e ter uma refeição confortável lá enquanto isso. Conversar nesse escritório faz parecer que é algo somente profissional.
É, eu estava o pedindo para ficar...
— Quero sim, Jimin-ssi.
~♥~
Pensamentos dos Jikook enquanto dançavam juntos no cap passado:
Jungkook: 💕✨🌈🌸💞💫🎉🌺
Jimin: 🔥💥💦💘🌶🔞🌞
hehe até o próximo
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