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Sem emprego

"Eu seria um líder destemido
Eu seria do tipo alfa
Quando todo mundo acredita em você... Como é isso?"
The Man - Taylor Swift

Jimin's POV 

Minha mãe Jiyeon sempre foi vista por mim como uma grande inspiração, uma alfa forte e inteligente que sabia muito bem como enfrentar qualquer obstáculo para conseguir alcançar o que almejava, e ela me incentivou e apoiou sempre, enfatizando que os caminhos que levavam a realização de um sonho poderiam ser árduos, mas valiam a pena.

E por esse e mais vários outros motivos que foi muito doloroso perdê-la.

Jiyeon era um espírito livre, gostava de aventuras, não perdia a chance de estar em algum grupo de escalada ou rapel, já havia pulado de paraquedas incontáveis vezes, assim como tinha alguns voos de asa delta e saltos de bungee jumping em sua lista, e mesmo que eu nunca tivesse a acompanhado pois não era tão fã de adrenalina assim, amava ouvi-la contar suas histórias.

Porém mesmo que todos esses esportes radicais deixassem minha mãe Sojin com os cabelos em pé, temendo pela vida da esposa aventureira, o que veio tirar a vida da minha mãe alfa foi um acidente de moto, há cerca de dois meses atrás, nos deixando completamente desolados.

Sendo filho único, tive que lidar com todas as questões burocráticas após o falecimento precoce de Jiyeon, minha mãe Sojin não tinha condições psicológicas para tal coisa, foi um baque enorme, e o que eu mais temia era que Sojin nunca mais fosse a mesma depois de tudo aquilo, mas sabia que provavelmente eu também não seria mais o mesmo.

Perder uma de minhas mães tão repentinamente foi uma das maiores dores pelas quais já passei, entretanto era exatamente naquele momento de tristeza que eu teria que seguir uma das principais lições que Jiyeon havia me dado, sobre ser forte, desabar se for preciso, pois lágrimas não fazem de ninguém fraco, mas continuar seguindo em frente.

Acho que quando começo a falar assim sobre as coisas que ela me ensinou, fica bem claro a minha admiração pela mesma, Jiyeon sempre teve um grande impacto em minha vida, tanto que foi com ela que conheci e me apaixonei pela profissão que exerço nos dias de hoje.

Desde bem novinho eu a acompanhava até seu trabalho sempre que podia, e me lembro bem de um Jimin bem pequenininho, de olhos brilhantes e bochechas rechonchudas, observando sua omma sentada naquela poltrona grandona, na enorme sala da direção da empresa, admirando sua postura e já tomando minhas primeiras lições sobre liderança, pois era naquela cadeira de CEO que eu também me sentaria um dia.

A empresa de nossa família já havia completado seu centenário de existência, sendo atualmente uma das maiores no ramo de construção civil e arquitetura em nosso país, fazendo o sobrenome dos Parks ser bastante conhecido e respeitado, nos colocando na lista dos mais influentes, mesmo que o título de "família exemplo para a sociedade" às vezes me soasse bem irônico.

Mas voltando ao que realmente importa, a minha mãe foi a terceira pessoa a receber a liderança da empresa que foi fundada pelo meu bisavô, e ficava claro para qualquer um que a visse que Jiyeon era uma líder nata, tanto que foi ela mesmo que me preparou desde que iniciei a faculdade, pois minha mãe tinha muito a ensinar e eu estava ansioso para aprender.

E hoje, aos vinte e sete anos eu era um arquiteto formado, que já tinha passado por muita coisa, pois sendo um ômega cresci vendo que a sociedade me enxergava como a classe inferior, tive que bater de frente com muita gente intolerante ao mostrar minha capacidade para estar onde estou, e infelizmente muitas dessas situações me prepararam para ouvir da minha própria família que eu não poderia assumir o cargo que era por meu direito, mesmo que eu não esperasse que isso fosse acontecer:

— Como assim somente os alfas da família podem assumir a empresa? — Indaguei espalmando minhas mãos sobre a mesa de reuniões, onde outros seis Parks estavam reunidos em volta... Em sua maioria, alfas.

— É uma norma antiga, Jimin, eu pensei que soubesse disso. — Meu tio respondeu franzindo o cenho, ajeitando seu paletó.

Desde o falecimento de Jiyeon, a empresa ficou sendo chefiada pelo atual vice-presidente da empresa, que era o irmão mais novo de minha mãe, mas ele não poderia ficar nessa função por muito tempo, pois em breve seguiria liderando uma das filiais da empresa em outro estado, e por esse motivo ele tinha marcado aquela reunião onde eu e demais membros da família fomos reunidos para decidir como tudo seguiria dali em diante.

— Até o momento eu não fazia ideia disso. — Afirmei ainda pasmo com a notícia.

— Se tivesse continuado a trabalhar na empresa da família depois de se formar em vez de ir para a concorrente, talvez soubesse. — Jisung me provocou, e ele nada mais era do que o meu primo mais babaquinha e mauricinho, o que me fez respirar fundo para não responder o que eu realmente queria.

Meus familiares nunca tinham encarado bem o fato de que após eu me formar na universidade, havia decidido que não iria trabalhar na empresa dos Parks, unicamente porque eu queria seguir meus passos e conquistas sem sentir que estava conseguindo alguma coisa unicamente por ser o filho da chefe.

Eu queria concorrer e ganhar uma vaga de emprego por minhas próprias habilidades, porque sabia que se eu fosse diretamente contratado pela empresa da família, sempre ficaria um pouco duvidoso sobre mim mesmo, não queria ser um privilegiado apenas por ser filho da CEO, precisava lutar minhas próprias batalhas e ganhar experiência em um ambiente completamente novo.

E não era como se eu não tivesse sofrido preconceitos após conseguir esse emprego, pois área de arquitetura e engenharia era dominada por alfas, e eu era o único ômega em minha equipe, o que me fez permanecer quatro anos lá dentro tendo que aguentar certos babacas que não davam o devido valor a minha competência, como se o fato d'eu ser um ômega me fizesse inferior e menos apto a aquela profissão.

Claro que calei a boca de muita gente ao não lhes responder com palavras, mas sim com resultados, todas as vezes que meus projetos eram elogiados pelos clientes e colocados em prática pela diretoria.

Meu gerente dizia que eu iria longe, e eu acreditava nele porque sabia que estava fazendo por onde, porém mesmo que o chefe fosse um cara legal e eu estivesse crescendo dentro da firma, tinha pedido demissão naquela semana, pois agora, após o falecimento de minha mãe, era minha vez de cuidar da nossa empresa.

— Vocês sabem muito bem que eu não queria ser o "filhinho da chefa", qualquer promoção que eu ganhasse diriam que é nepotismo. — Respondi a provocação do meu primo. — Mas isso não importa agora em todo caso, mudem essa regra ridícula.

— A única pessoa que atualmente pode interferir nas regras é o patriarca da família, mas acho que o vovô concorda com todos aqui que não existe motivos para mudarmos algo que tem funcionado tão bem por todos esses anos. — Minha tia disse, enquanto olhava para meu avô na ponta da mesa, e ele apenas suspirou e assentiu.

— É sério isso? — Eu expressei desacreditado. — Essas normas foram escritas há mais de cem anos, já está na hora de inovarem e abrirem essas mentes fechadas.

— Jimin, as normas da empresa estão ali para serem seguidas, se não consegue seguir regras tão simples, talvez prove que não está preparado para tal cargo. — O irmão do meu avô disse, me enchendo de raiva. Mas a verdade era que esse meu tio-avô nunca tinha gostado de mim ou de Jiyeon, já esperava palavras assim vindas dele. E outra, ele nem trabalhava na empresa, só estava ali de intrometido, para ver o circo pegar fogo talvez.

— Em todo caso, seu primo Jongin está apto para assumir o cargo em breve, já que é o único que preenche todos os requisitos ditados pelas regras da empresa. — A minha tia expressou, virando o rosto para olhar para seu filho sentado ao seu lado na mesa.

Também olhei na direção do meu primo Jongin nesse momento, porém apenas o vi escorregar mais ainda em sua cadeira, encolhendo-se e quase se escondendo embaixo da mesa, tentando não ser notado talvez, mas agora todos os olhos estavam vindo em sua direção.

Até diria que a cena chegava a ser cômica, se não fosse tão trágico perceber a forma como ele não tinha autonomia alguma sob a própria vida. Jongin nunca quis se formar em arquitetura, mas não sabia dizer "não" para as insistências de seus pais, e agora estava ali prestes a ganhar uma função que não desejava porque não conseguia se impor contra.

Era um tanto triste também saber que um dia já fomos mais próximos, eu o considerava um amigo quando éramos mais novos, nós brincávamos juntos, estudávamos juntos, tínhamos segredos, era legal... Entretanto os pais dele achavam que Jongin tinha que se cercar de alfas, que andar comigo estava o deixando "molenga", e outras coisas idiotas do gênero, e foi dessa forma que me distanciaram dele até que ele se tornasse um desconhecido para mim.

— Vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara. — Falei estressando, bagunçando meus cabelos azulados com os dedos num ato desinquieto. — Sou o único sucessor direto da minha mãe, tenho o direito.

— Não nesse caso, já que Jiyeon só teve um filho ômega, pelas regras você só poderia assumir esse cargo de herança ao lado de seu cônjuge alfa, já que assim que essa pessoa se casar com você, também se torna da nossa família. Claro que seria mais apropriado que ele já estivesse trabalhando aqui conosco, como foi com alguns dos nossos antepassados... — Meu tio começou a explicar. — Mas, você poderia entrar como COO, ou talvez...

— Não estudei todo esse tempo para ser o diretor de operações, eu me preparei para ser o CEO. — Retruquei o interrompendo, bufando em frustração.

— Só anda com alfas e agora acha que pode agir como um. — Jisung murmurou, num tom baixo, mas o suficiente para que eu escutasse.

— Se não tem nada inteligente para acrescentar, fique calado, primo. — Falei revirando os olhos para as baboseiras daquele menino.

— Jiminie, encare isso como uma oportunidade, você sabe que a maioria dos ômegas da sua idade já estão casados e... — Meu tio começou a falar, e mesmo que até tivesse bastante simpatia pelo irmão mais novo da minha mãe, não queria ficar ouvindo aquelas asneiras vindas dele também.

— Ah não, não me venham com isso de novo, já falei que não vou aceitar casamento arranjado. — Interrompi antes que começassem com o velho discurso sobre ômegas casarem cedo e blá blá blá.

— Mas o Namjoon é um ótimo rapaz, vocês se dariam bem. E a família Kim já mantém conexões com a nossa empresa há anos, sabemos que ele seria o alfa perfeito para você, querido. — O meu avô disse com uma expressão cansada, o patriarca da família parecia extremamente entediado, provavelmente ele preferia estar jogando seu dominó na pracinha do que estar naquela sala.

Já fazia uns dois anos que eles tentavam me aproximar desse tal Namjoon, no entanto as únicas coisas que eu sabia sobre esse alfa era o fato dele ser um engenheiro civil, ter vinte e oito anos e ser o filho do meio do casal Kim, que também tinham uma construtora, e a mesma estava ganhando mais notoriedade em Seul, mas fora essas informações básicas, eu não tinha muito para dizer sobre ele, só tinha o visto uma ou duas vezes em confraternizações da família e não tinha me despertado interesse, apesar de ser um cara bem bonito.  

— Já tenho o Tae na minha vida, é o único alfa que eu preciso, obrigado. — Afirmei, sorrindo ladino.

— Oh claro, o artista... — Minha tia azucrinante proferiu. — Soube que ele namora com outro alfa.

— Não me surpreende que você tenha uma postura tão inapropriada para um ômega, só anda com esses indecentes. — Jisung completou, agora sim me tirando do sério.

— Olha aqui, dobre a língua antes de falar sobre o meu amigo. — Expressei em alto tom. — Se sua mente é limitada por conta dos seus próprios preconceitos o problema é unicamente seu, isso não te dá o direito de insultar ninguém.

— Garotos, por favor, sem brigas. — Meu tio apaziguou a situação, se virando para meu primo em seguida. — Jisung, se não vai nos ajudar, então também não fique tentando atrapalhar com suas provocações sem sentido.

Meu primo baixou a cabeça e felizmente ficou calado, mas provavelmente ele só estava dizendo o que quase todos ali também pensavam, porém se fingiam de polidos e amáveis perante a sociedade, mas escondido por trás daquelas boas maneiras existiam índoles contestáveis, eu os conhecia e sabia das podridões de suas mentes pequenas.

A verdade era que eu nem deveria estar surpreso com o que estavam me dizendo, nunca foram a favor d'eu ter escolhido arquitetura como minha profissão, porque sabiam que um dia estaríamos exatamente onde estamos agora, comigo exigindo meus direitos sobre a gerência da empresa da família, um negócio dominado por alfas, onde eles não queriam esse ômegazinho aqui no comando.

— Então é isso? Não vou poder assumir a posição de CEO porque sou um ômega? — Questionei olhando para cada um, e as respostas não vieram, o que apenas afirmou o que eu já pensava. — É um absurdo, vocês me tem aqui, preparado para dirigir essa empresa, mas se negam a mudar uma regra arcaica.

— Não temos apenas você, Jimin, seu primo aqui também está perfeitamente preparado para essa função. — Meu tio-avô argumentou, apontando para Jongin.

— Oh, é mesmo? — Falei sarcasticamente, encarado Jongin agora. — E você quer esse cargo, primo?

Jongin me encarou por mais segundos do que tive paciência para contar, torci que ele levantasse daquela cadeira e finalmente gritasse para todos os que estava entalado em sua garganta por anos, porém notei em seu olhar que ele não diria o que realmente estava pensando, e me senti decepcionado, mas de certa forma, o entendia também, já tive os mesmos medos.

— Sim. — Ele respondeu baixo, desviando seus olhos dos meus.

— A Jiyeon colocou muitas coisas na sua cabeça, ela deveria ter te avisado sobre as normas. — Minha tia comentou com um ar presunçoso.

— Está querendo me convencer de que ela me treinou todos esses anos em vão? — Indaguei encarando a irmã de minha mãe.

— Talvez seja esse o caso. — Ela respondeu, e alguns outros na mesa concordaram também.

— Vocês são inacreditáveis! — Exclamei me levantando, caminhando até a porta de saída em passos pesados.

Ninguém mexeu um fio de cabelo para vir atrás de mim, e eu agradecia por isso, porque naquele momento não estava com cabeça para conseguir conversar com eles, mas a verdade era que o descaso deles com a minha ausência apenas mostrava que não se importavam realmente com a minha presença naquela sala de reuniões.

Mas tudo bem, da próxima vez que eu for visto naquela sala, estarei sentado na cadeira da ponta.

{~>x<~} 

— Mas isso é uma loucura, eles podem mesmo fazer isso? — Taehyung questionou quase berrando, revoltado com tudo que eu tinha lhe contado.

Assim que saí daquela reunião dos infernos, dirigi para a casa de Taehyung, meu melhor amigo desde os tempos de ensino médio, ele me entendia como ninguém mais, éramos grudados, e muitas vezes costumávamos brincar dizendo que só poderíamos ser almas gêmeas, era a pessoa perfeita para escutar meus desabafos.

E em pensar que hoje somos quase como irmãos, mas o fato de Taehyung ser um alfa quase fez nossa amizade nunca acontecer, pois isso me fazia ter receio de o deixar se aproximar quando éramos mais novos, já que para a maioria dos alfas babacas da minha escola eu era tido como o "ômega desbocado", o qual eles não poderiam mexer porque "eu não sabia brincar", afinal eu não aceitava suas piadinhas movidas a preconceito e estereótipos contra a minha casta, e isso os deixava com raiva, mas minhas mães haviam me ensinado a me defender e principalmente a nunca calar a minha voz.

Porém Tae veio a se mostrar uma das pessoas mais doces e divertidas que eu já tive o prazer de conhecer, o mesmo tinha sido criado por um casal de ômegas ativistas, que lutavam pelos nossos direitos há anos, não era atoa que tinham criado um filho tão sensato como Taehyung.

Preciso dizer que o fato de sermos um ômega e um alfa mantendo um amizade fez muitas fofocas surgirem sobre um pseudo-romance entre nós? Porque foi isso o que mais aconteceu em todos esses anos desde que começamos a andar juntos.

Nunca ligamos para isso, mesmo que as fofocas tenham aumentado bastante durante a faculdade, já que Taehyung sendo um estudante de artes plásticas, adorava me ter como seu modelo para quadros e até mesmo uma escultura, a qual eu tinha até hoje em cima da estante do meu quarto, porque adorava me gabar sobre ter sido o muso inspirador de um artista.

— Pelo visto eles podem. — Afirmei, rindo sarcasticamente. — Falei com meus advogados, e eles até disseram que eu poderia entrar com um processo, mas que dificilmente conseguiria algo, a lei não está ao meu lado, ainda não existe nenhuma que proíba as empresas de possuir normas como essa.

— Não existe ninguém lutando contra isso? — Taehyung questionou, enquanto ajeitava seus cabelos recém tingidos de verde menta com os dedos, os jogando para trás.

— Existe, mas ainda estão longe de conseguir alguma coisa. — Respondi, suspirando frustrado.

— Você estudou e se dedicou tanto, nunca precisou de alfa nenhum ao seu lado para guiar seus passos, você merece estar a frente dessa empresa. — Afirmou, e eu sorri levemente.

— Não importa o quão preparado eu estou, enfrentei a mesma coisa na empresa onde trabalhei até agora, vivia recebendo aqueles olhares presunçosos de alfas em minha direção, como se tivessem me dado a permissão de entrar em um meio que pertencem a eles.

— Mas isso é tão injusto! — Exclamou enfurecido.

— O mundo é dos alfas, Tae, eles apenas fingem que nos dão espaço, e depois nos olham como se lhes devesse um agradecimento por terem deixado ômegas e betas como eu entrarem em seu clubinho. — Expressei com um sorriso irônico presente nos lábios. 

— Não posso dizer que entendo, pois sou um alfa e com certeza nunca passei por algo assim, mas você sabe que eu estou aqui para te apoiar no que quer que seja, Jiminie. — Falou, se sentando ao meu lado no sofá, estendo sua mão até a minha, a segurando.

— Eu sei que sim. — Afirmei, firmando mais o aperto de nossas mãos juntas.

— Como a Sojin vai reagir quando saber disso? — Perguntou sobre minha mãe ômega.

— Prefiro não pensar nisso por enquanto, ela não está em condições para ganhar novas preocupações, por enquanto não vou contar nada a ela. — Respondi em seguida.

Minha mãe Sojin havia viajado para sua cidade natal, planejava ficar com seus pais por algumas semanas, ela precisava de um tempo longe daqui e eu a apoiei nisso, sabia do quanto minha omma estava abalada e precisando espairecer, e a verdade era que permanecendo aqui ela passaria muito tempo sozinha também, pois que eu estaria muito ocupado em todos esses dias.

— Olha, eu posso não ser formado em uma área relacionada à construção civil... — Tae começou a falar, atraindo minha atenção novamente. — Mas se o único jeito de você se tornar o líder dessa empresa é se o seu alfa assumir do seu lado, porque não bolamos um casamento de fachada?

— Esse tipo de coisa não funciona realmente, Tae. — Disse, rindo soprado em seguida.

— Talvez não quando você se relaciona com um desconhecido, mas estou falando de nós dois nos casarmos no civil, e assim... — Ele continuaria a explicar sobre seu plano, mas eu o interrompi antes disso.

— Ei, eu agradeço muito o que está tentando fazer, mas eu não poderia pedir algo assim para você. — Expressei sorrindo levemente, enquanto minha mão ia em direção de seu rosto e acariciava sua bochecha. — E você não me disse esses dias que estava pretendendo pedir o Jin em casamento?

Seokjin e Tae estavam juntos há cinco anos, tinham se conhecido num barzinho que o eu e Taehyung frequentamos na época de faculdade, pois Jin se apresentava no palco daquele bar todas as semanas e a nós íamos lá para o assistir, até meu amigo começar a ficar até mais tarde apenas para conversar com o cantor. Quase um mês depois eles e engataram no namoro que já completava seu quinto ano de existência.

Nunca fui um cara que idealizava romances arrebatadores ou acreditava em amores para a vida inteira, mas quando eu via a forma como esses dois eram bobos um pelo outro, começava a ganhar uma nova esperança no amor. Jin e Tae com certeza já tinham enfrentando muito preconceito sendo um casal formado por dois alfas, mas eram mais fortes do que qualquer intolerância, e eu torcia demais pela felicidade deles.

— Sim, mas sabendo da situação, o Jin entenderia. — Taehyung proferiu e novamente eu sorri, meu amigo era uma pessoa altruísta demais às vezes.

— Não vou atrasar a sua vida e a sua relação com seu namorado por causa dos meus problemas, eu vou arrumar outra saída, não se preocupe. — Expliquei, mesmo que eu ainda não tivesse nenhuma ideia. 

— Eu já estou preocupado, Jiminie. — O Kim disse, enquanto meus dedos brincavam com o longo brinco que estava pendurado em sua orelha direita, causando um barulhinho característicos das pedrinhas brilhantes da joia se batendo.

— Eu sei, Taetae. — Assenti, o vendo segurar novamente a minha destra que mexia em seu brinco, entrelaçando nossas dedos mais uma vez. — Mas eu vou dar um jeito nisso, e se nada der certo, eu me mudo para o interior, vou criar bodes e plantar alfaces.

— Você é mauricinho demais para algo assim, Jiminie. — Retrucou rindo do meu plano reserva.

— Tá dizendo que eu não posso me tornar um fazendeiro saradão? — Indaguei semicerrando o olhar.

— Acho que no máximo você teria um amor de verão com um fazendeiro saradão. — Disse arqueando uma das sobrancelhas.

— É, você tem razão. — Afirmei e ele soltou mais uma risadinha. — Mas agora eu preciso espairecer um pouco, limpar minha mente para que possa organizar as ideias. — Expressei me afastando dele e me deitando completamente no sofá, jogando meus pés para cima do colo de Taehyung. — Sinto que minha cabeça vai explodir.

— Quer que eu peça algo para você comer? — Perguntou, enquanto eu o sentia desamarrando os cadarços dos meus sapatos, os quais eu deveria ter tirado na porta de entrada, mas estava tão alterado quando cheguei em sua casa, que acabei nem me dando conta disso.

— Não, nem estou com fome. — Respondi, virando meu rosto para olhar a televisão que estava ligando, passando um comercial qualquer. — O que você estava assistindo aí quando eu cheguei?

— É um reality show de relacionamento. — Contou, agora tirando os sapatos que eu ainda calçava, os colocando num cantinho ao lado do sofá. — Um cara alfa sendo disputado por vários ômegas e betas, nada de novo e provavelmente é tudo armado, mas eu me divirto assistindo.

— Nossa, minha família teria uma síncope se me visse participando de algo assim. — Comentei e ele riu, assentindo.

— Você não tem uma prima que entrou no Big Brother? — Relembrou um fato antigo que eu provavelmente tinha lhe contado há anos atrás.

— Não, ela só fez a inscrição, mas pais dela descobriram e fizeram o maior escândalo. — Falei rindo soprado.

— Não foi essa prima que te ensinou a usar o vibrador? — Taehyung perguntou, me fazendo quase gargalhar, ele realmente prestava atenção nas minhas histórias.

— Sim, o meu primeiro heat estava chegando e eu estava com vergonha de perguntar para as minhas mães coisas assim. — Comecei a falar, sendo tomado pela nostalgia. — A noona é três anos mais velha do que eu, e também é uma ômega, sem contar que era uma das minhas melhores amigas, era a pessoa perfeita para eu tirar minhas dúvidas naquele momento.

— Poxa, mas e eu? A gente já era seu amigo nessa época. — O Kim disse fazendo um biquinho.

— Mas você é um alfa e a gente ainda estava no início da amizade, fiquei constrangido de falar sobre o assunto. O que hoje até soa irônico, porque até sobre chuca a gente conversa. — Falei rindo e ele concordou.

Sentia falta da prima Jisook, desde que ela foi morar no exterior a gente tinha perdido completamente o contato, mas eu ainda me lembrava dela com muito carinho, Jisook noona era tido como a ovelha desgarrada da família, porque ela sempre tinha batido de frente com eles, havia sido uma grande aliada minha dentro daquela corja por anos, e eu a admirava muito.

— É aquela mesma prima que posou pelada, não é? — Perguntou levando a mão até o queixo, adquirindo uma postura pensativa.

— Sim. — Afirmei, agora relembrando mais desse fato. — Todo o clã dos Park explodiu quando descobriram, a mídia caiu em cima como se isso fosse o escândalo do ano, e os pais dela a mandaram para um intercâmbio no Japão. Queriam descansar a imagem dela ou sei lá o que, deixar a poeira baixar e fingir que nada aconteceu, mas na verdade ela decidiu ficar em Osaka e cortou laços com a família depois disso.

— Tá certa ela em se afastar da toxicidade dessas pessoas, não tem que viver se limitando e se censurando por causa dessa gente. — Tae expressou, e no mesmo instante uma ideia começou a surgi em minha mente.

— Caramba, Tae! É isso que eu vou fazer. — Falei em alto tom, me levantando de supetão, dando um susto no alfa.

— Vai posar pelado? — O Kim indagou confuso.

— Não, garoto! — Neguei rapidamente, rindo da sua expressão desentendida. — Estou falando sobre o reality.

— Quer se inscrever em um reality? — O esverdeado questionou ainda sem compreender.

— Não, eu quero criar um. — Proferi sorrindo ladino.

— Olha, eu sei que sua família é bem influente, mas não acho que ao ponto de criar um "Keeping Up with the Parks". — Argumentou dando de ombros.

— Não estou querendo dar uma de Kardashians, estou falando sobre um reality de relacionamento, como esse que você estava assistindo, onde o cara está procurando um parceiro entre os vários participantes. — Falei apontando para a televisão.

— Mas você quer se casar com um desconhecido, Jimin? — Indagou franzindo a testa.

— Óbvio que não, seria um reality fake. — Expliquei, mas sua expressão confusa continuou intacta. — Tae, a minha família iria pirar se descobrisse que estou tentando montar algo assim, que me expõe e expõe o nome da família, eles não suportam nada que chegue perto de "manchar o nome dos Parks". 

— Mas nenhuma emissora vai aceitar exibir um reality que é apenas de fachada. — Apontou algo importante.

— O Hobi não é filho do dono daquela emissora? — Perguntei citando o ômega de cabelos avermelhados que era nosso amigo há algum tempo. — A gente pode pedir um favorzinho para ele, explicar o plano e a situação.

— É bem capaz dele topar esse seu plano maluco, já que tem uma quedinha por você. — Retrucou rindo, descrente do meu plano.

— Qual é, Tae! Você não vai ficar do meu lado? — Indaguei fazendo um biquinho, o dando um leve empurrão no ombro.

— Do seu lado eu sempre estou, mas desisti de entender como as ideias funcionam dentro da sua cabeça depois que você disse que era uma boa ideia fazer aquele curso de design de marionetes e aquele outro para aprender a fazer pão. — Proferiu enquanto contava nos dedos os cursos desnecessários que eu havia feito.

— Foram aulas super divertidas, ok? — Retruquei como se fosse ajudar.

— Eram inúteis, Jimin, você nunca mais tocou numa massa de pão na sua vida depois daquelas aulas. — Tae disse a verdade. — E também tenho certeza que na sua vida você nunca precisou costurar uma roupinha para algum boneco de marionete.

— Para de julgar os meus hobbies, a conversa não era sobre isso. — Expressei enquanto pegava uma das almofadas coloridas e jogava em sua direção.

— Jiminie, isso me parece um plano que poderia dar muito errado, e se tiver muitos inscritos? — Perguntou com uma expressão preocupada.

— Reality shows são cancelados a todo momento por diversos motivos, é só inventar um e todo mundo vai entender. — Falei dando de ombros.

— Você quer bancar um reality show de empreendedorismo e de namoro ao mesmo tempo? — Questionou ainda desacreditado.

— É isso aí. — Afirmei sorrindo, fazendo um sinal de joinha em sua direção.

— Tem certeza que não quer posar pelado?

— Taehyung!

{~>x<~}

"Você ainda se lembra da maneira 
como nos sentíamos quando éramos crianças?
Vivíamos o momento
E o medo era um estranho para os nossos lábios"
Invisible things - Lauv

Jungkook's POV 

Suspirei cansado enquanto passava pela porta de entrada da casa dos meus pais, já vendo meu irmão sentado no sofá, cercado por papéis e com uma expressão preocupada em seu rosto, uma visão que estava se tornando costumeira nos últimos tempos, infelizmente.

— Ei, como foi a entrevista? — Junghyun perguntou, levantando seu rosto para me olhar.

— Não vai dar em nada. — Respondi enquanto tirava meu casaco e o jogava em cima do sofá. — Aqueles filhos da puta mancharam meu currículo, qualquer empresa da área que puxa pelo meu nome, fica sabendo do que aconteceu.

Há cerca de três meses atrás eu havia sido demitido sem direito da empresa em que trabalhava há dois anos e meio na área administrativa, tudo por conta de uma armação contra mim, mesmo que eu não tivesse como provar esse fato.

Em resumo, eu e mais alguns funcionários da estávamos concorrendo a uma promoção para gerente financeiro, e pelas fofocas que corriam pelos corredores, o chefe estava bastante interessado em trazer uma pessoa mais jovem para esse cargo, e o meu nome permanecia na lista dos favoritos.

Pouco tempo depois desses burburinhos começaram a rolar, acabei sendo demitido, pois tinham encontrado "provas" no meu computador que indicavam que eu tinha propositalmente alterando os números de algumas planilhas, diminuindo o valor que antes havia em contas para falsificar um resultado de lucro negativo, pois segundo as teorias deles, eu estava fazendo aquilo para poder mostrar planilhas que trariam resultados insatisfatórios, e depois chegaria até o chefe com alguma ideia brilhante para alavancar esses lucros, e quando a minha ideia fosse aceita e colocada em prática, eu mostraria os resultados verdadeiros, trazendo assim a falsa impressão de que minha ideia estava funcionando, e assim o cargo de gerente financeiro cairia nas minhas mãos de bandeja. Obviamente tudo isso era mentira.

Eu nunca tinha alterado resultado algum e muito menos tinha acesso direto as planilhas que mostravam os lucros da empresa, porém era a minha palavras contra todas as "provas" que existiam em meu computador, as quais eu sabia que tinham sido plantadas pela pessoa que chegou com essa mentira até os ouvidos do chefe, mas não tinha como comprovar isso.

Pois eu trabalhava numa sala com mais três pessoas, e os computadores dali tinham senha, entretanto todo mundo sabia a senha de todo mundo, e não haviam câmeras dentro do cômodo, somente no corredor, mas nem elas me ajudariam, já que na sala onde eu ficava era um grande entra e sai de pessoas o tempo todo, qualquer tinha acesso, ou seja, poderia ter sido qualquer um.

Vi nos olhos do meu gerente que ele não acreditava que eu tinha feito aquilo, ele sabia que eu estava falando a verdade sobre tudo ser uma armação, porém meu chefe também não tinha nenhuma prova ao meu favor, e teve que me demitir.

E até então. eu tinha feito alguns bicos, mas nada de um cargo fixo, afinal sempre que o meu último trabalho era questionado nas entrevistas, os empregadores ficavam sabendo do que aconteceu e eu automaticamente perdia a oportunidade, mesmo que eles dissessem a clássica frase: "entraremos em contato".

— Eu fiz a contas esse mês e... — Meu irmão começou a dizer, e pelo seu tom de voz eu sabia que ele não viria com uma boa notícia em seguida: — Nossas contas estão quase zerando, vamos ter que dispensar as enfermeiras.

Há cerca de um ano atrás meu pai havia sofrido um acidente no trabalho que lesionou sua medula espinhal, o deixando tetraplégico, porém segundo as palavras do médico, felizmente não seria uma condição definitiva, diziam que ele tinha grandes chances de recuperar os movimentos, mas isso levaria tempo.

Como não tinha mais condições para trabalhar, meu pai acabou se aposentando por invalidez, e dependia unicamente dessa renda agora, o que não era muito, se formos contar que ele precisa pagar seus remédios, e pelos acompanhamentos médicos de um fisioterapeuta, um psicólogo e um terapeuta ocupacional, sem contar as duas enfermeiras que ajudavam no dia a dia, revezando os horários. 

Minha mãe infelizmente não poderia o ajudar o tempo todo, sempre teve uma saúde muito frágil, tinha graves problemas cardíacos que a acompanharam metade da vida, dependia de remédios e precisava fazer acompanhamento médico regularmente, por esse motivo também não era aconselhável que ela cuidasse do meu pai sozinha, então as enfermeiras que estavam com ele eram necessárias.

— Não podemos demitir as moças, estamos nessa correria atrás de um emprego, alguém tem que ficar aqui para os ajudar. — Eu respondi, e Hyun apenas suspirou.

Para piorar a situação, o Junghyun — meu irmão mais novo por apenas dois minutos já que somos gêmeos — também tinha ficado desemprego naquele mês. Ele é químico, e trabalhava numa empresa de cosméticos, que estava passando por uma crise e teve que dispensar boa parte de seus funcionários para cortar custos, e meu irmão acabou sendo um desses. 

E agora estávamos aqui, dois alfas de vinte e cinco anos, desempregados e cheios de dívidas, com contas zeradas no banco.

— Eu sei, mas a gente não pode mais pagar o salário delas, Kookie. — Ele expressou cansado, ajeitando os óculos em seu rosto.

— Vamos dar um jeito. — Eu murmurei enquanto olhava para baixo, reparando no descascado das minhas unhas esmaltadas de preto, como se fosse ver alguma solução surgir. — Podemos dispensar apenas uma das moças, e a gente fica com ele durante a noite.

— A menos que deem alguma resposta aos currículos que enviei agora, não vai restar muito o que fazer a não ser dispensar as duas enfermeiras, não temos como pagar o salário nem de uma. — Afirmou pegando um dos papéis que analisava antes e me entregando.

O fato era que além dessas despesas médicas com nossos pais, ainda tinha mais uma dívida, que era a que eu tinha feito ao comprar um apartamento e um carro, várias e várias prestações que agora eu não tinha mais como pagar. Não deveria ter colocado tanta fé que conseguiria aquele cargo de gerência.

— Não temos mesmo outra saída? — Perguntei, mesmo que as contas naquele pedaço de papel estivessem bem claras, estávamos inteiramente na lama.

— Seria ótimo encontrar alguém que ajudasse sem cobrar, mas seria pedir demais, a pessoa tem que ficar aqui quase o dia todo para auxiliar nosso pai. — Junghyun disse, enquanto levava a mão até seu cabelo, bagunçado os fios onde antes havia um topete.

— Em hipótese alguma podemos contar o que está acontecendo para a mamãe, ok? — Indaguei e ele acenou positivamente com a cabeça, pois por enquanto, era melhor que ela ficasse alheia a tudo.

— Cara, eu to tão desesperado com isso que se aparecer um cargo de entregador de jornal, eu to aceitando. — Hyun brincou, se jogando de costas contra o encosto do sofá.

— Não adiantaria muito eu aceitar um cargo para ganhar muito menos do que meu salário anterior, continuaríamos endividados da mesma forma, mas se um oportunidade de emprego aparecer, não vou me negar, mesmo que seja assim. — Falei, me deitando ao seu lado no estofado.

— A gente precisa de um milagre... — Ele murmurou após alguns segundos de silêncio, e foi notável o quanto sua voz tinha embargado, me virei automaticamente para lhe olhar, já vendo lágrimas ralas ameaçando descerem por suas bochechas. — Mas acho que uma oportunidade não vai cair do céu.

— Ah, Hyun, não chora. — Pedi, estendendo minha mão até a sua, a segurança firme. — Tudo vai se resolver logo logo.

— Você não pode me prometer isso. — Ele disse, rindo fraco e me encarando através das lentes de seus óculos, como se esperasse que eu falasse algo que o traria mais esperança, afinal às vezes eu me portava muito como o irmão mais velho, mesmo que nossa diferença de idade não fosse mais do que dois minutos.

— Não posso, mas eu sei que tudo vai se ajeitar, é o curso natural quando duas pessoas estão buscando por um mesmo objetivo possível, não vamos ficar desempregados para sempre. — Expressei, talvez tentando convencer a mim mesmo disso também.

— Sim, eu sei. — Respondeu, mas a verdade era que nem ele e nem eu tínhamos certeza de nada naquele momento. 


~♥~ 

Sejam bem vindos ao primeiro capítulo e nos vemos próximo hehehe <3

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