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[f(41) = 5x - 164] Acima da dor

Cada vez mais perto do fim ):

P.S.: aviso importante nas notas finais! <3

🔮

Seu pai ou Jimin. Escolha.

Está escuro, solitário e silencioso, com apenas a voz silenciosa ecoando em minha mente.

Salvar seu pai ou salvar Jimin? Escolha, Jungkook.

Eu não consigo respirar. O ar parece esmagar meus pulmões e a voz não se cala, esmagando também a minha consciência dolorida.

Escolha quem você vai salvar e aceite as consequências.

Escolha. Escolha. Escolha.

A palavra se repete como uma tortura cruel, distanciando-se, mas nunca perdendo a força do efeito que causa em mim até o momento em que meu peito se expande com um grande volume de ar e meus olhos se abrem bruscamente, arregalados e assustados assim como está o meu coração, que bate acelerado.

Preciso de longos minutos para olhar ao redor, ainda sem me mover sobre a cama de solteiro. Sinto meus batimentos continuamente desarranjados, tão desordenados quanto a bancada de estudos na qual pouso minha atenção, do outro lado do quarto.

Movendo apenas meus olhos, eu continuo observando o cenário.

O uniforme da escola pendurado no encosto da cadeira; o livro de geografia caído ao lado da mochila; o punhado de roupas limpas, mas ainda não dobradas, amontoadas sobre meus livros e cadernos do ensino médio.

Eu estou no meu quarto. É definitivamente o meu quarto.

Lentamente, cheio de medo, eu fico sentado. Em seguida, jogo o lençol para o lado e fico de pé.

Não parece haver qualquer som ao redor além de minha própria respiração inconstante e inconsistente, em nível de pânico.

A cortina fechada me impede de ver o lado de fora, mas permite que feixes de luz invadam o quarto, interrompendo a penumbra o suficiente para que eu enxergue o meu reflexo no espelho da porta do armário aberta.

Não há sequer uma tatuagem em minha pele.

Meu cabelo está mais curto; meu corpo, menor.

No reflexo, eu me vejo usando a minha antiga blusa do Dead Kennedys, que passou a ser usada como pijama desde que ficou permanentemente manchada com tinta de parede e, mais tarde, foi aposentada por não caber mais em meu corpo.

Este sou eu. Este é meu quarto.

E isto é o passado.

Eu consegui voltar?

Isto é três anos atrás, quando...

— Ga-eul, meu mulherão, esse uniforme fica lindo em você! Tudo fica lindo em você, meu deus, é a mulher mais bonita do mundo!

— Pai... — Eu chamo, desesperado, assim que reconheço a voz.

Reconheço, também, as palavras exageradas que ele dizia quase todos os dias para minha mãe, e meus pés parecem criar vida própria quando me guiam para fora do quarto, pelo corredor, até a sala de estar.

— Pai... — Chamo novamente, com a visão se tornando embaçada sob as lágrimas que surgem violentamente.

Ele está aqui, abraçando minha mãe pelas costas, enchendo-a de elogios matinais enquanto ela, com o mau humor de sempre, tenta afastá-lo, mas falha nisso e em conter o riso.

— Mãe... pai... — Desta vez, não sou eu que chamo. É Junghee.

Eu olho para trás em reflexo, a tempo de ver quando meu irmão vem do banheiro. Ele também parece indiscutivelmente mais novo, com os olhos grandes cheios de vergonha, o andar desajeitado e o corpo miudinho.

Junghee passa ao meu lado e para pouco à frente, para dizer, olhando para nossos pais que agora olham para ele, ainda abraçados de maneira desengonçada:

— Acho que entupiu de novo...

Minha mãe aperta os olhos e contrai o sorriso já discreto, enquanto meu pai, na contramão, gargalha exageradamente.

— Seu irmão dá um jeito quando acordar. Ele já está craque nisso.

Quando acordar...?

Eu aperto meus olhos, vendo Junghee caminhar para a cozinha, ainda mortificado de vergonha, e meus pais desfazem o abraço somente para ficarem um de frente para o outro, com os braços de meu pai rapidamente envolvendo minha mãe mais uma vez enquanto ele beija a bochecha dela e ela, rabugenta, diz:

— Vá acordar o fedorento, Dong-yul. Não acredito que Jungkook ainda está dormindo!

Vocês não estão me vendo?! — Questiono, quase em pânico.

— Você já viu a mente daquele menino? Ele é um gênio! — Meu pai diz, como se fosse incapaz de me ver e de me ouvir — A mente dele funciona em um ritmo completamente diferente, então é claro que precisa de longas horas de descanso!

Gênio — Minha mãe repete, junto de uma risada. — Só se for da matemática, porque o resto? O tonto nem percebe que eu odeio ervilha e coloca várias na minha comida toda vez!

— Você que é boa atriz! Agora o pobrezinho acha que você gosta!

Ei... — Eu volto a chamar, desesperado.

Por que eles não estão me vendo? Por que não me ouvem?

— Mas é tão bonitinho — Minha mãe diz, agora com um súbito sorriso bobo, quando abraça meu pai — Ele com a carinha toda feliz dizendo: mãe, botei ervilha extra no seu arroz! Eu não me aguento. Baita coisinha linda a gente fez, hein? Meio mal humorado, mas quem sou eu pra julgar? É a coisa mais fofa!

— Ô, se é. O mundo deveria nos agradecer por termos feito Jungkook e Junghee. Acertamos demais, não foi?

Mãe... pai... por favor...

— Eles são perfeitos, mas um entupiu o vaso de novo e o outro dorme feito pedra. Vá dar um jeito nisso e eu preparo o café da manhã.

— Sim, senhora — Ele diz, beijando-a na bochecha mais uma vez. — Fica linda toda mandona assim! Meu mulherão!

— Pelo amor de deus... — Eu ouço minha mãe resmungar em meio ao riso enquanto meu pai começa a se afastar.

E ele vem em minha direção.

Pai! — Chamo, já aos gritos.

Nada.

Ele passa direto e eu giro sobre meus pés para acompanhá-lo com os olhos quando vejo que ele entra em meu quarto depois de dar batidas suaves na porta aberta.

— Hora de acordar, Jun.

Rapidamente, eu saio do lugar e caminho até o quarto, mas, assim que passo pela porta, meu corpo parece ser jogado de volta para o lugar escuro, um plano inteiro sem luz, sem sons, sem pessoas, não importa o quanto eu gire sobre meus pés, olhando em todas as direções para ver somente o mesmo a cada vez: um grande e completo nada.

— Pai! — Grito, mas minha voz não tem som.

Escolha! — A voz volta a repetir como um eco mudo que antecede o momento em que o nada cresce e engole tudo, cala a minha existência, e repete uma última vez: — Escolha agora!

Eu volto a respirar fundo e sonoramente, lançando uma bomba de ar para meus pulmões, que se expandem em meu peito ereto quando fico sentado na cama, em um gesto brusco, com o corpo coberto por uma fina camada de suor.

Longos instantes se passam enquanto meu peito se expande e contrai com lufadas carregadas e eu me curvo para a frente, esfregando as mãos em meu rosto antes de jogar os cabelos para trás.

Foi tudo um sonho.

Um pesadelo.

De novo, exatamente o mesmo pesadelo que vem me atormentando há uma semana.

Uma semana desde que visitei o túmulo de meu pai. Uma semana desde que descobri que eu poderia ter tentado mudar o seu destino mais uma vez. Uma semana desde que descobri que não posso mais tentar... não posso, porque abri mão da única coisa que poderia me fazer mudar o passado.

E eu abri mão dessa única coisa para salvar Park Jimin.

Então, é... há uma semana, eu tenho pesadelos com a escolha que fiz, como se meu próprio subconsciente se aproveitasse da fragilidade de minha mente durante o sono para me castigar.

Não porque me arrependo de lutar para salvar Jimin.

Mas porque me culpo por não conseguir salvar meu pai também.

Enfim, é uma semana de tortura, de pensamentos destrutivos, de arrependimentos e ponderações que em nada me fazem bem, apenas me desgastam cada vez mais, corroendo minha mente já tão cansada.

É uma semana evitando Jimin.

Hoje é o sétimo dia sem vê-lo, sem responder suas mensagens ou atender suas ligações, e eu acordo como se um trator tivesse passado por cima de mim durante o sono.

Mentalmente, estou tão exausto quanto meu corpo.

O passar dos dias parece uma lenta tortura, enquanto eu me pergunto a cada segundo: quanto tempo leva para o tempo curar tudo?

— Ei, neném...

Eu olho para a porta do quarto luxuoso e escuro, protegido por grossas cortinas blackout que mantêm toda a luz do sol fora mesmo quando a personificação dele caminha em minha direção.

Ainda sentado e completamente atordoado, eu esfrego meu rosto mais uma vez para aliviar a expressão apavorada que sei carregar agora, e olho na direção de meu amigo quando ele deixa uma bandeja na mesa de cabeceira e, logo em seguida, caminha até uma das janelas.

— Cuidado com seus olhos — Avisa — Hyung vai abrir as cortinas.

Eu imediatamente desço meus olhos até os pés de Hoseok, que são fielmente seguidos pelo cachorro que o acompanha de um lado para o outro dentro de sua casa ostensiva.

Quando ele abre as cortinas, o cômodo inteiro se ilumina e meus olhos mais uma vez se deparam com o luxo concentrado no quarto de visitas da família Jung, que, sem que fosse planejado, está me acolhendo há sete dias.

Depois da ida ao cemitério e do encontro com Seon Yeong, eu não conseguia ficar em casa, não conseguia conversar com minha mãe, com meu irmão, tampouco com Jimin.

Então, em um impulso no meio da noite, enquanto todos dormiam, eu peguei algumas roupas e montei em Belinda para ficar longe dali.

Pensei em vagar por aí, mas o frio começou a me torturar e não tinha dinheiro para um hotel; pensei em ir para a casa de Yoongi, mas Seokjin e Namjoon estão sempre lá e eu não queria precisar responder às perguntas deles sobre Jimin. Por fim, pensei em Hoseok, que me recebeu às duas da manhã com nada além de um abraço caloroso e a compreensão de que não era o melhor momento para perguntar por que eu precisava ficar longe de casa, da minha família e do meu namorado.

A verdade é que sequer eu sei responder com exatidão.

— Trouxe seu almoço — Hoseok diz, então, voltando a se aproximar para pegar a bandeja e sentar ao meu lado.

— Já é tão tarde assim? — Pergunto, sem força na voz.

Mickey, o shih tzu fiel, deita sobre as pantufas de Hoseok assim que ele dobra as pernas sobre a cama alta, acariciando minhas costas.

— Essas cortinas confundem nosso relógio biológico, não é? — É tudo que ele diz, sem me repreender por ser uma baita de uma visita inconveniente.

— Sua família deve me odiar.

— Não se preocupe com eles, neném. Você mal sai do quarto, então eles até esquecem que você está aqui. E, quando lembram, só perguntam se você está bem ou se precisa de alguma coisa. Sério, você pode ficar tranquilo. Hyung te abriga por quanto tempo for preciso.

Eu olho para a bandeja ainda intocada entre nossos corpos, e me sinto um pouco culpado.

A família inteira de Hoseok parece ser tão gentil quanto ele; seus pais me trataram com nada além de cuidado e respeito mesmo que não me conhecessem, e sua irmã parece sempre tentar me alegrar de alguma forma.

Eu, de maneira oposta, mal sei reagir às palavras gentis que escuto por essas pessoas que me deram um lugar para ficar sem cobrar nada em troca. Em partes, não sei reagir porque essa é minha natural falta de jeito, mas tudo parece infinitamente acentuado diante da confusão emocional sob a qual me encontro.

— Coma um pouquinho, Jungkookie — Ele pede, cuidadoso, diante da minha ponderação silenciosa. — Não está frito, mas é frango, então...

Mesmo sem apetite algum, eu pego a porção de arroz com frango entre porções de legumes e frutas e, somente para não ser ainda mais ingrato, começo a comer sem vontade. Ao meu lado, Hoseok se cala em um silêncio duradouro; mas, apesar de sua ausência de palavras, eu percebo seu olhar continuamente atento a mim e sei que não demora muito mais para que ele finalmente fale algo.

— Ei... — Aí está.

— Que? — Devolvo, ainda sem energia.

— Você não quer conversar sobre o que aconteceu? Eu estou preocupado, Jungkookie...

Antes que eu responda, a campainha de sua casa luxuosa alcança meus ouvidos e, em reflexo ou em uma tentativa de apenas desviar minha atenção, eu olho na direção da porta do quarto por alguns segundos. Enfim, respondo com apenas um gesto negativo, balançando a cabeça para os lados.

Hoseok suspira pesarosamente, mais uma vez acariciando minhas costas de maneira demorada, e apenas responde com um gesto tão silencioso quanto o meu, devolvendo-nos à ausência de conversas que, na conjuntura atual, é completamente desconfortável.

Muito tempo se passa até que ele parece prestes a dizer mais algo, mas é interrompido quando ouvimos batidas vindas da porta aberta e rapidamente olhamos para tal direção.

— Yoon... — Hoseok diz, imediatamente ainda mais manso e encantado, quando vemos o piromaníaco caminhando para dentro do quarto.

— Oi, Hobi — Yoongi diz, curvando-se brevemente para deixar um beijo rápido na boca de Hoseok. Logo em seguida, bagunça meus cabelos com um gesto preguiçoso. — Oi, filhote.

Eu não respondo, olhando-o demoradamente enquanto ele se senta ao meu lado e a comida fresca amolece em minha boca, esquecida por alguns instantes.

— Está tudo bem, bebê? — Hoseok pergunta, analisando-o demoradamente enquanto, com as mãos escondidas nos bolsos, o olhar de Yoongi se perde em algum ponto além da janela.

Yoongi não parece ter pressa em responder. Quando o faz, ainda sem olhar para nós, ele diz de maneira crua:

— Minha avó morreu.

Meus lábios se separam sem que eu perceba, em um gesto de puro espanto, e Hoseok parece processar as palavras antes de entendê-las e ficar de pé, dando a volta até sentar ao lado de Yoongi, abraçando-o com cuidado.

— Yoon... meu deus, eu sinto muito.... Eu sinto muito mesmo...

Eu ouço Yoongi inspirar profundamente, de maneira sonora, antes de expulsar o ar e acariciar a cintura de Hoseok enquanto deixa, nele, um beijo na testa.

— Está tudo bem — Diz, lentamente. — Ela sempre me ensinou a ter uma visão diferente sobre a morte — Ele pausa. Parece hesitar sobre dizer as palavras que se perdem a cada vez que ele abre e fecha a boca, indeciso, até enfim confessar: — Mas ainda é estranho... ela era minha única família além de Seokjin, então eu precisei de alguns dias para começar a me recuperar da notícia... e ainda estou tentando fazer isso.

— Dias? Yoon... ela faleceu há dias?

— Há uma semana.

Meus olhos se arregalam sem que eu tenha controle sobre o gesto.

Seon Yeong faleceu no mesmo dia em que conversou comigo?

Eu sei que ela disse que o próprio tempo estava acabando, mas eu não imaginei que estaria tão perto do fim. Agora, a notícia de seu falecimento vem como um novo baque, ainda que eu tenha sido avisado.

— Desculpa por ter mentido dizendo que estava ocupado. Quer dizer, eu estava, mas — Yoongi pausa, desajeitado, com a voz cansada. Não parecem ser dias bons para nenhum de nós. — Você entendeu.

— Entendi, bebê... Não precisa se desculpar, deixa de ser tonto. Eu só queria ter ficado ao seu lado, mas entendo que ficar sozinho foi o melhor para você.

Ele balança a cabeça para cima e para baixo, devagar, enquanto seus olhos viajam em minha direção e encontram o meu semblante carregado. Ele me olha em silêncio, parece me avaliar em segredo e escolher as palavras seguintes até que revela:

— Ela se despediu de mim. Eu conversei com ela uma última vez... e ela falou sobre você, Jungkook.

Eu não me surpreendo diante da revelação, mas entendo a delicadeza da situação e, por isso, faço-me inteiramente consciente sobre meu tom de voz, que pondero cuidadosamente até anular toda a agressividade quase natural, para perguntar:

— O que ela disse? — Assim que as palavras escapam, eu contraio meus olhos e sobrancelhas e, atordoado, corrijo o que deveria ter dito primeiro: — Ah, foi mal. Eu sinto muito...

Ele aperta os lábios em uma linha fina, desenhando-os em um sorriso mínimo, frágil, e seus olhos pequenos descem até se prenderem na imagem da mão de Hoseok acariciando a sua, sobre sua perna.

Olhando somente para esse ponto, Yoongi diz:

— Eu não entendi muito bem. Só sei que ela te viu antes de... enfim. E eu tenho neurônios o suficiente para entender que o que quer que tenha acontecido para você estar assim, tem ligação com esse encontro.

— É. — É tudo o que digo, enchendo a boca de comida somente para ter um pretexto para não falar nada além.

Nós todos ficamos em silêncio por alguns segundos, ouvindo somente os pequenos suspiros de Mickey deitado sobre as pantufas de Hoseok, e logo ouço também o som sutil dos movimentos de Yoongi quando ele tenta alcançar algo dentro do bolso da calça jeans desbotada.

Dali, ele tira um papel, e olha demoradamente para ele antes de estendê-lo em minha direção.

— Ela deixou uma última mensagem para você.

Eu olho para o papel dobrado e hesito por longos instantes, sinceramente desejando dizer: tira esse cacete de minha frente.

Seon Yeong marcou algumas das piores situações que vivi nos últimos meses e até mesmo olhar para esse pedaço de papel me dá calafrios.

No entanto, a notícia de sua morte ainda não assentou em meu coração, o que me deixa desestabilizado o suficiente para que a ideia de mau presságio seja escondida por trás do respeito ao luto de Yoongi, ainda que ele confesse senti-lo de maneira diferente.

Então eu pego o papel; mas, no lugar de lê-lo, guardo-o diretamente no bolso da calça de moletom que visto.

— Você não vai nos dizer o que aconteceu? — Yoongi pergunta, depois de me ver guardar o bilhete sem pensar duas vezes.

— Não é da conta de vocês. — Eu deslizo no controle do tom e, antes que possa impedir, respondo agressivamente.

— É da nossa conta, sim, se envolve minha avó de alguma forma, ou se envolve qualquer coisa relacionada àquelas chances malucas que nós vivemos com você.

— Yoon, Jungkookie — Hoseok chama com o tom apaziguador. — Vocês dois estão em momentos ruins, por favor, não briguem agora...

Yoongi aperta os ombros em um gesto conformado, movendo a cabeça de um lado ao outro enquanto pressiona a mão de Hoseok antes de soltá-la para ficar de pé e, devolvendo as palmas aos bolsos do jeans, caminha até a janela do quarto espaçoso.

O silêncio me faz pensar que a conversa morreu definitivamente, mas, muitos instantes depois, Yoongi diz:

— Nós todos estamos em momentos ruins. Taehyung me mandou mensagens desesperado porque Junghee não para de chorar de preocupação com o irmão, Seokjin está desolado com a morte de nossa avó, Jungkook está assim... sinceramente, está tudo uma merda para todo mundo.

Minha respiração se torna mais carregada, enquanto eu absorvo as palavras de Yoongi e só consigo pensar em uma coisa, em alerta:

— Junghee está o que?

Yoongi sorri de maneira azeda, lançando um olhar por cima do ombro em minha direção.

— O que você acha, filhote? Não é só ele. Taehyung disse que sua mãe também está mal, se culpando por ter feito você ir ao cemitério. E Jimin...

Eu espero a conclusão.

Eu mandei mensagens para Junghee avisando que estava bem — inteiro, pelo menos. Sei que Hoseok também deu notícias minhas constantemente, então de forma alguma quis deixar ninguém preocupado.

Eu só... precisava de um tempo. De distância.

Enfim, sob minhas ponderações amarguradas, Yoongi completa:

— Diz para ele, Hoseok.

Eu olho para Hoseok hyung, sem dizer qualquer coisa, apenas esperando.

Ele hesita por alguns instantes, mas, ao fim, confessa com delicadeza:

— Eu e Yoongi não entendemos direito o que aconteceu há uma semana, Jungkook... mas eu troquei algumas mensagens com Jimin e ele está em pânico. Completamente em pânico.

Eu continuo olhando-o, mas Hoseok não parece ter mais nada a dizer; no lugar, Yoongi retoma a fala e, assim, imediatamente atrai meu olhar de volta:

— Eu não falei muito com ele. Não falei muito com ninguém, na verdade, mas hoje perguntei como ele estava e... — Ele pausa, buscando algo no próprio celular. Quando encontra, caminha em minha direção e me entrega o telefone. — Ele respondeu isso.

Eu aceito o aparelho, ansioso para ver o que parece ser a última mensagem que Jimin enviou para Yoongi.

— "Tentando destruir meu corpo para esquecer tudo o que está destruído dentro dele"? — Leio em voz alta, perdendo a força a cada palavra lida.

Yoongi volta a sentar na cama, enquanto Hoseok contrai uma expressão preocupada e eu releio a mensagem antes de perceber que Jimin não recebeu a resposta de Yoongi.

— Eu estava chegando aqui quando vi a mensagem — Yoongi diz o que facilmente consigo perceber pelos horários. — E respondi na mesma hora, mas ele ainda não recebeu... e eu estou preocupado, Jungkook.

Eu largo o celular de Yoongi, poupando-me de dar qualquer resposta. No lugar, caminho apressado até o banheiro do quarto e paro diante da bancada, na qual deixei meu celular esquecido, desligado, e imediatamente ligo o aparelho.

Enquanto ele inicia, eu desajeitadamente puxo meus cabelos para trás e prendo os fios já compridos, afastando-os de meu rosto para poder lavá-lo antes que eu use um pouco do enxaguante bucal para aliviar a sensação ruim.

Assim que me ergo, puxo a toalha e seco o rosto com uma mão; com a outra, inicio uma nova chamada para o telefone de Jimin.

Cai direto na caixa postal.

— Cacete, Ji... — Resmungo, desesperado, e caminho de volta para o quarto, onde pego meu casaco e o visto de qualquer jeito antes de pegar as coisas de Belinda.

— Neném? — Hoseok chama, assustado.

Eu, com a mente acelerada, apenas digo:

— Eu vou encontrar Jimin.

Com o aviso impulsivo deixado para trás, eu saio do quarto e logo em seguida da casa, caminhando sobre a fina camada de neve em direção à área coberta na qual Bee está estacionada há sete dias.

Com o capacete e a primeira parada definida, eu ligo o motor e, sem qualquer outra demora, sigo em busca de meu Jimin.

O que mais me apavora é saber que, no passado, ele tentava aliviar a dor emocional ao machucar o próprio corpo; é saber que, agora, talvez esteja fazendo isso novamente.

Eu nunca quis machucá-lo; nunca, nem em mil anos, eu seria capaz de fazer qualquer coisa pensando em causar algum mal a Jimin.

Se me afastei por esses dias, é porque precisava. Mas só agora percebo que eu simplesmente sumi. Eu não fui sincero, como sei que seria o suficiente para fazer Jimin entender que eu precisava colocar a cabeça no lugar. Ele sempre entende.

Desta vez, no entanto, eu fugi. Eu fiz, com ele, o que pedi para que nunca mais fizesse comigo.

Por isso, eu me desespero e, assim que estaciono Belinda na frente de sua casa e vejo Pandora aqui, salto rapidamente para o chão e abro passadas largas em direção à porta, na qual bato insistentemente depois de tocar a campainha.

— Oh — É a mãe dele quem abre a porta, surpresa ao me ver, mas eu corto toda a cordialidade para dizer:

— Eu preciso falar com ele.

Ela exibe uma breve expressão de surpresa, secretamente talvez abominando a ideia de que um cara como eu seja namorado de Jimin, que é sempre tão gentil e comedido.

No entanto, não demora para que sua expressão se torne mais suave e ela se afaste delicadamente da porta, permitindo que eu passe para o lado de dentro.

— Achei que vocês tinham terminado...

Enquanto tiro minhas botas e deixo o capacete no móvel da entrada, eu olho para ela, subitamente espantado.

Tá doida?

— Ele disse isso? — Pergunto, no lugar de chamar a mãe dele de maluca em voz alta.

— Não — Ela diz, fechando a porta com cuidado. — Ele disse que acha que perdeu você de vez.

Eu umedeço meus lábios, controlando meus gestos para oferecer apenas uma negativa, antes de dizer o que jamais imaginei dizer tão facilmente:

— Eu amo Jimin, sei que ele me ama também, e nós somos felizes juntos. Eu só precisava de um tempo afastado por outros motivos.

Ela concorda, parecendo me analisar cautelosamente por trás dos trejeitos gentis.

É atenta como Jimin, se eu puder dizer. E, assim como ele em tantos momentos, ela diz com a voz mansa, mas com um quê ferino, um pouco passivo-agressivo:

— Não machuque o meu filho, Jungkook.

O que facilmente poderia ser um pedido, soa como um aviso perigoso com seu tom, mesmo com o sorriso que o acompanha. E eu, ciente de que vou me odiar tanto quanto essa mulher odiará caso eu faça qualquer coisa com a intenção de magoá-lo, não me assusto com sua ameaça implícita, não quando quero sempre e somente o melhor para Jimin.

E eu espero que ser namorado dele faça parte desse melhor mesmo depois de tudo que passamos juntos, contra o universo ou contra pequenos atritos de relacionamentos comuns.

— Pode me quebrar inteiro se algum dia eu fizer mal para ele.

— Não tenho tamanho para isso — Ela responde, o que não torna sua ameaça menos real. — Ele está ensaiando. Pode ir.

— Valeu — Eu digo, sem mais cordialidades, e abro uma passada larga até o degrau da sala, seguindo apenas de meias na direção do cômodo quase vazio que já conheço.

Quando paro diante da porta aberta, eu vejo a parede recoberta por espelhos, o ventilador preguiçoso no teto e o aparelho de som reproduzindo uma das músicas que gostamos.

Jimin está no centro do cômodo fechado por paredes brancas; sentado no chão, de frente para o espelho, ele abraça os próprios joelhos, com as costas tatuadas expostas, suadas e subindo e descendo com movimentos acelerados, como quem se recupera de um grande esforço.

De olhos fechados, e sob minha aparição silenciosa, ele não me percebe. Eu não faço qualquer coisa para mudar isso. No entanto, a música logo acaba e dá seguimento ao que parece uma sequência aleatória, e eu logo reconheço os acordes da canção que escrevi pensando nele.

Diferente de todas as vezes em que incansavelmente ouviu Meu frango frito, a expressão de Jimin se enche de agonia e ele abre os olhos, preparando-se para ficar de pé, mas perdendo o impulso dos movimentos quando então finalmente me percebe aqui.

Nos primeiros instantes, eu aproveito tantas partes de sua pele exposta para procurar qualquer sinal de que Jimin se machucou; no entanto, não vejo sequer uma nova ferida.

— Para de ouvir essa música — É a primeira coisa que digo, tanto tempo depois.

Ele continua me analisando pelo reflexo, com a expressão e o olhar carregados, parecendo incerto sobre o que fazer. Eu, também sem certeza alguma agora que cheguei aqui, dou passadas hesitantes cômodo adentro e sigo até o aparelho de som conectado ao notebook.

Nele, busco por Read my mind e, assim que minha voz canta o primeiro verso na gravação, troco a música.

— Bote Meu frango frito de novo. — Jimin finalmente diz algo, e viro para ele para encontrá-lo agora olhando diretamente para mim.

— Você não pareceu feliz quando ela começou — Devolvo, mantendo a distância de vários passos entre nós.

— Porque ela me faz pensar ainda mais em você.

— Pensar em mim é algo ruim, agora?

Nossa, que sonso.

Eu me arrependo da pergunta assim que ela se forma, mas a expressão de Jimin pouco muda mesmo quando ele se aproxima e pega a garrafa de água no chão, ao lado do notebook, no qual retorna à faixa anterior e substitui nossa música favorita por uma que foi feita para nós.

Ao se erguer novamente, ele fica frente a frente comigo, ainda sem me tocar, com os olhos bonitos cheios de sentimentos conflitantes.

E, enfim, ele diz o que parece ter pensado em dizer por muito tempo:

— Achei que você não queria mais me ver.

Eu desvio os olhos por um instante, ouvindo os versos que escrevi sinceramente, e minha sinceridade não desvanece somente porque as coisas estão difíceis.

Eu quis dizer cada coisa que digo através dessa música, e essas coisas não mudaram.

Eu o amo. Eu amo Jimin. Eu o amo tanto que a sua suposição de que algum dia pensaria em me manter longe para sempre soa absurda, ao mesmo tempo em que entendo por que ele teve esse medo.

— Tem algum capacete aqui com você? — Eu pergunto quando, subitamente, chego a uma decisão.

— Capacete? — Ele repete, confuso.

— Eu acho que deixei um com você — Digo, recuando com um passo porque não quero perder o impulso de coragem passageira. — Está no seu quarto, não é? Eu pego e já venho.

— O que...? Jungkook?

Eu giro sobre meus pés, ignorando seu chamado confuso para então correr escada acima até seu quarto, onde, em meio à sua arrumação metódica, facilmente consigo encontrar o capacete velho que destoa de todo o resto da decoração elegante.

— Ei — Eu digo quando vejo Jungoo de volta à casa dela, deitada sobre a cama com as patas jogadas para o lado, e paro para acariciá-la apenas por um instante — Senti sua falta, xará. Depois eu venho te ver com mais calma, ok? Agora preciso levar nosso Ji a um lugar.

Enquanto narro para a coelha, que me olha sem qualquer expressão, eu abro o armário de Jimin e pego o primeiro agasalho que encontro, e que facilmente reconheço como meu.

— Seu pai é rico feito o cacete, mas vai me deixar sem roupas, vai vendo — Digo para Jungoo, nunca em uma reclamação real.

Por último, penduro o casaco em meu ombro e trago o capacete comigo quando, sem me despedir, saio do quarto em disparada, adiantando as passadas nos degraus da escada de volta à sala de dança.

— Aqui — Digo, estendendo o agasalho grosso para ele. — Para você não ficar com frio.

Jimin pega a peça com um gesto hesitante e os olhos confusos, segurando-a ao lado do corpo quando tenta me analisar para descobrir o que está acontecendo.

— O que é isso, Jungkook?

— Um casaco. Veste.

Ele me olha sem esboçar sequer um traço de riso, enquanto eu pauso a música e fecho o notebook sem me preocupar em desligá-lo.

— Anda, Ji.

Suas sobrancelhas se contraem ainda mais e, enfim, ele diz:

— Você me ignorou por uma semana inteira, e até para saber que você estava seguro em algum lugar eu tive que perguntar para outras pessoas, Jeon.

— Jeon é o cacete.

Jeon é o cacete é o cacete. Eu quero uma resposta. Você não pode aparecer aqui assim, como se nada tivesse acontecido, depois de me deixar em pânico por dias.

Eu massageio minha nuca, completamente desconfortável, e me abaixo para deixar o capacete no chão antes de quebrar a distância até Jimin, segurando-o pelo rosto com as duas mãos enquanto sinto seus olhos carregados e conectados aos meus.

De todas as coisas que tenho para dizer, de toda a conversa que precisamos ter depois do desastre de uma semana atrás, por enquanto, a única coisa que digo é:

— Yoongi me mostrou a mensagem que você mandou para ele.

A expressão de Jimin se torna confusa, até que ele parece compreender minhas palavras.

— E o que foi que vocês entenderam do que eu disse? Eu estou ensaiando, dançando até meus músculos doerem.

— Eu entendi isso quando te vi... mas na hora... seu celular estava até desligado, então...

— Deve ter descarregado — Responde, ainda segurando o agasalho ao lado de seu corpo suado — Foi por isso que você veio? Você achou que eu estava me machucando de novo?

Eu umedeço meus lábios, já sem saber o que responder.

Jimin não parece bravo, mas definitivamente está incomodado, entristecido e confuso, o que é ainda pior.

Eu devo ser mesmo o pior namorado que existe.

— Desculpa. — Eu digo, enfim, com a voz em um fio frágil de insegurança.

Os olhos dele se suavizam apenas um pouco antes que os meus apontem para baixo, e eu ouço nada além do silêncio de Jimin até que ele diga:

— Você está se desculpando por ter se preocupado comigo, Jungkook?

— Não — Digo, voltando a olhá-lo, e tento explicar bem ao dizer: — Estou me desculpando por ter fugido.

Jimin respira fundo, poupando o próprio tempo enquanto lentamente pega a blusa deixada em um dos ganchos ao lado da entrada, vestindo-a antes de vestir o casaco. Já agasalhado, com os cabelos úmidos de suor colando em sua testa, ele gesticula suavemente para a porta aberta ao lado do seu corpo.

— Vamos. Me leva para onde você quer levar.

Eu umedeço meus lábios, já sentindo a coragem começar a se esvair. Antes que desapareça em meu impulso, eu respiro fundo e me aproximo de Jimin, parando em sua frente para tocá-lo por um instante, trazendo sua mão pequena até meu peito e logo acariciando-a no dorso.

— Desculpa, Ji. — Repito, então. — Eu te amo. Eu juro que te amo tanto que às vezes sinto doer e eu amo essa dor... mas a dor que eu estou sentindo desde o dia do cemitério... — Eu expulso o ar, ainda incapaz de descrevê-la. — Eu precisava de um tempo. Então desculpa... não por ter precisado colocar a cabeça no lugar, porque eu sei que você entende... mas desculpa por ter feito isso do jeito que fiz.

Ele hesita, mas enfim desliza o polegar sobre meu peito, olhando para o ponto da carícia enquanto pondera o que dizer.

— O que aconteceu naquele dia foi forte demais, Jungkook. Só... me leva para onde você quer ir, tudo bem?

Eu balanço a cabeça em uma confirmação, mas, antes de enfim acompanhá-lo para fora da casa, eu dou um passo adiante, colando nossos corpos, e seguro sua nuca para deixar um beijo em sua testa, depois um rastro por suas bochechas até sua boca.

Não pretendo fazer mais que deixar um selinho em seus lábios, mas sequer esse gesto Jimin devolve. Ele mais contrai a própria boca antes de recuar suavemente, abaixando-se para pegar o capacete antes de me dar as costas e sair daqui.

Meu coração volta a se agitar quando silenciosamente começo a seguir Jimin, pensando se, desta vez, estraguei tudo.

Eu não quero e não vou ser um desses namorados que fazem besteira atrás de besteira achando que tudo pode ser resolvido com um pedido de desculpas.

Mas, ainda que eu reconheça que fui injusto com Jimin ao evitá-lo por tantos dias, eu não consigo pensar em um cenário diferente para a última semana, não quando meu emocional está desarranjado desta forma, e eu me deparei com a descoberta de que poderia, mas não posso mais tentar salvar meu próprio pai.

Não é uma situação comum; é uma tristeza, um abalo, que vai fundo demais. Como um segundo luto por uma perda que, na verdade, nunca foi superada.

Eu não sei como, diante de tudo isso, poderia ter agido diferente. Isso faz de mim uma pessoa ruim?

Faz de mim alguém que não tem consideração pela pessoa que ama?

Quando chegamos ao lado de fora da casa, eu paro ao lado de Belinda com meu próprio capacete na mão. Segurando-o com força pelo suporte, eu observo Jimin silenciosa e lentamente se preparar para colocar a proteção, mas então parando antes de encaixá-la na cabeça quando percebe meu olhar.

— Eu sou um bosta, não é? — Disparo, todo frustrado.

As sobrancelhas de Jimin se contraem de imediato; os olhos bonitos e pequenos ficam ainda menores, mas em nenhum momento demonstram raiva, apesar de seu óbvio distanciamento.

— Você sabe que eu não consigo interpretar muito bem o que as pessoas estão sentindo, Ji, então me diz... você ainda me ama?

Desta vez, os olhos se arregalam em uma sequência de reações tão bruscas que, em outra situação, me faria rir antes de esmagá-lo inteiro em um abraço apaixonado.

— É claro que eu te amo — Ele responde assustado, talvez até ofendido. — E é claro que você não é um bosta, Jeon, pelo amor de deus!

— Você vai terminar comigo?

Eu sei que estou dando um show de perguntas ridículas, mas o nervosismo e a falta de entendimento levam a melhor.

— Eu achei que você tinha terminado comigo, mas é claro que não vou terminar. A última semana foi uma merda, Jungkook, e sinceramente eu não sei como poderia não ser. O que nós temos é muito bom e eu não vou dar fim a isso por causa de algo que sequer estava sob seu controle de verdade, mas também não posso fingir que não me abalou. Tem mais alguma pergunta absurda para fazer?

Talvez.

E lá vai:

— Eu posso te abraçar?

Jimin fica sem reação por um curto instante, após o qual suspira levemente e deixa o capacete sobre o assento de Bee. Com as mãos livres, ele para bem em minha frente e, com a gentileza e carinho que já conheço tão bem, desliza os braços para envolver minha cintura até colar nossos corpos e descansar seu queixo em meu ombro.

Eu logo o abraço de volta com o braço livre, enlaçando-o pelo pescoço para puxá-lo ainda mais para perto antes de deixar um beijo no topo de sua cabeça.

— Eu te amo, Ji — Digo em um fio de voz.

Ele balança a cabeça suavemente em resposta.

— Eu te amo com minha vida inteira, gracinha. Você sabe disso.

Eu suspiro um pouco mais aliviado. Ainda há muito peso em meus ombros, em meu coração, mas saber que eu e Jimin estamos bem é um primeiro sopro de alívio.

Em meu abraço, Jimin se move suavemente até posicionar sua boca à frente da minha; e, desta vez, é ele quem me beija suavemente, sem ir além de um selinho que é muito mais significativo que muitos gestos mais intensos.

Depois, ele deita a testa na minha, do nosso jeito.

— Eu te amo — E repete enquanto eu, de olhos fechados, aproveito para senti-lo tão perto. — Mas se chamar meu namorado de bosta de novo, você vai se arrepender.

Eu sorrio fraco, ainda abalado demais.

— Ok. Fiquei sabendo que ele sabe fazer coquetel molotov... melhor não me meter com ele.

Nah. Só sabe falar.

Eu sorrio um pouco mais, já sentindo a ausência de seu corpo quando Jimin recua completamente e pega o capacete, desta vez colocando-o na cabeça.

— Vamos. — E diz. — Seja lá para onde você quer ir tão de repente.

A verdade é que a coragem continua perdendo força em mim e é um último fio de impulso que me faz montar em Belinda para nos levar ao destino que não imaginei visitar novamente.

Mas enquanto eu sinto receio sobre minha decisão, ainda que o clima entre nós dois não seja dos melhores, Jimin confia o suficiente para me acompanhar mesmo sem saber para onde estamos indo.

Mas, assim que chegamos, ele diz, apreensivo:

— Jungkook...

Eu prendo o capacete em Belinda, já de pé sobre a grama sob neve. Jimin abraça o capacete, assustado e incerto, enquanto meu olhar se firma sobre os portões envelhecidos do cemitério.

Meus batimentos parecem mais frágeis, exatamente como a coragem que ainda me resta quando olho para Jimin e, já agonizando, peço:

— Vem comigo, por favor. Eu não quero ir sozinho.

Ele olha unicamente para mim, de maneira intensa e preocupada.

— Tem certeza de que quer fazer isso agora, Jungkook? Vai te fazer bem?

Eu balanço a cabeça para os lados em resposta à segunda pergunta.

— Mas eu preciso fazer isso, Ji. Estou tendo pesadelos há dias e tudo isso está me sufocando. Está me matando, Jimin-ssi. Eu tenho que falar com ele... mesmo que ele não me responda, eu preciso...

Jimin ainda aperta o capacete; parece indiscutivelmente preocupado, e é claro que eu entendo. Se estivesse no lugar dele, não sei se concordaria com o que quero fazer quando as feridas estão novamente tão abertas.

Por isso, tento explicar:

— Desde que sofri o acidente e perdi as memórias, eu tenho sonhado com algo, Jimin. Eu sonho, mas nunca lembro do que sonhei quando acordo. Não é como o pesadelo que estou tendo, não é apenas uma projeção da minha mente... eu sei que não é. Agora, eu sei, eu sinto que é meu pai tentando falar comigo como falou outra vez, Ji. Mas eu não tenho mais meus poderes, então não vai funcionar... simplesmente não vai.

— Amor...

— Eu não posso mais ouvir o que ele diz, mas se existir uma chance de que ele me ouça... eu tenho muito a dizer, e não fazer isso está me destruindo. Eu preciso falar, então por favor... vem comigo.

Jimin finalmente deixa o capacete sobre Belinda, mantendo a mão sobre ele por mais alguns segundos antes de dar uma passada para se afastar de Bee e, com sua mão, segurar a minha, entrelaçando nossos dedos com força.

— Certo. Se você realmente quer fazer isso — Decide, então. — Estou aqui com você, Jungkook. Eu sempre vou estar ao seu lado.

Eu olho para nossas mãos unidas antes de subir meu olhar até encontrar as íris gentis e bonitas de Jimin.

Eu tento sorrir em agradecimento, mas a verdade é que toda a minha energia está concentrada em um esforço descomunal para não mudar de ideia. Assim, a minha expressão continua tensa, sem qualquer traço de leveza, e eu pressiono os dedos de Jimin entre os meus quando enfim começo a dar passos para dentro do cemitério.

Está tão vazio quanto estava há uma semana, o que facilmente se justifica pelo frio intenso que parece ainda mais vivo aqui, no lugar de descanso dos que partiram.

Quando enfim paro diante do túmulo de meu pai pela segunda vez em um intervalo de tempo curto demais, eu solto a mão de Jimin para secar as minhas em meu moletom, limpando a fina camada de suor que nelas começa a se acumular.

— Oi, pai.

Eu respiro devagar, como se dizer apenas essas duas palavras levasse toda a minha força.

Afetado, eu me ajoelho sobre a neve, sentindo o frio alcançar minha pele através da roupa, e deixo meus olhos pousarem sobre o nome eternizado à minha frente.

Ainda esfregando as mãos em minhas coxas, eu tento buscar as palavras certas para dizer, para por para fora o que me sufoca por dentro, mas cada combinação de letras e sílabas e sons parece longe demais dos meus verdadeiros sentimentos.

Por fim, eu olho para trás, na direção de Jimin, antes de voltar a olhar para o túmulo. E, dentre todas as coisas possíveis, a que escolho dizer é:

— Esse é Jimin, meu frango frito — Com uma suave expressão arrependida, explico: — O que quer dizer que ele é o amor da minha vida. E também é meu namorado.

Quando percebo Jimin se ajoelhando ao meu lado, eu o olho a tempo de vê-lo curvar o corpo em um cumprimento respeitoso.

— Oi, senhor Jeon.

Eu aperto meus lábios em um sorriso pequeno demais, voltando meus olhos para a lápide, quando então confesso:

— Jimin é esquisito feito o cacete, pai. Ele se apaixonou por mim antes mesmo de falar comigo pela primeira vez, doido mesmo.

— Ei...

— Mas eu o amo. Eu o amo como um doido, ainda mais doido que ele é. Queria que vocês tivessem se conhecido de verdade... você ia gostar dele. Quer dizer, você sempre foi tonto e gostava de todo mundo sem precisar de esforço. Acho que Junghee herdou isso de você... e eu nasci rabugento como mãe.

Eu respiro fundo.

Doi saber que nunca receberei resposta sobre tudo o que estou falando, mas, ainda assim, parece existir uma pontada de alívio em simplesmente falar.

— Eu meio que colapsei o universo por Jimin, sabia? Quer dizer... você sabe. E eu fiz o mesmo por você... eu tentei te salvar, mas não consegui, e agora não posso mais tentar. E isso — Eu perco o impulso de falar. Por um instante, abaixo os olhos e respiro fundo. — descobrir isso me faz sentir que estou te perdendo de novo.

Eu sinto o olhar de Jimin pousado em mim, mas não olho para ele. No lugar, sento-me completamente sobre o chão, curvando meu corpo para passar a mão no rosto, calado.

Isso é difícil.

— Você se arrepende? — De repente, ouço a pergunta suave, hesitante e assustada.

Rapidamente, viro meu rosto para olhar para Jimin e, dessa vez, ele está olhando para um ponto qualquer à frente, com os olhos ainda mais cheios da angústia que ali já estava.

— Se não tivesse me salvado... você ainda poderia voltar no tempo e salvar seu pai, Jungkook. Então... você se arrepende?

Eu abaixo meus olhos, demorando-me em um silêncio que me faz ponderar a resposta.

Eu me arrependo?

— Não, Ji.

Ele nada diz; eu, uma semana depois da descoberta, digo tudo:

— A verdade é que até Seon Yeong tentou salvar meu pai... lembra? Quando ela invadiu a conferência e alertou sobre o acidente. Ela tentou e não conseguiu, então acho que era inevitável. Eu acho que morreria tentando, mas não o salvaria. Quanto mais penso sobre isso, mais tenho essa certeza.

— Eu achei que você tinha se arrependido. — Ele confessa, com a voz frágil. — Eu achei que você voltaria a me odiar.

— Ji... — Eu olho para ele mais uma vez, negando com toda a sinceridade que existe em mim. — É impossível. Mesmo que um dia o nosso namoro acabe, eu nunca vou me arrepender de nada que fiz para salvar sua vida. Nunca.

Ele senta completamente sobre as pernas, esfregando as mãos pequenas sobre o rosto, e logo se encolhe em um gesto que parece impulsivo e momentâneo porque, alguns instantes depois, eu sou surpreendido quando ele se lança em minha direção e abraça meu corpo.

— Ji — Eu chamo, literalmente sem ar de tanto que ele me aperta. — Eu te salvei e você quer me matar?

Eu sinto o chacoalhar suave de seu corpo e vejo seu sorriso tão aliviado quanto seus olhos, que enfim parecem superar a angústia esboçada em seu rosto até então.

E sinceramente?

Não me arrependo. Eu não me arrependo mesmo.

Ainda é difícil aceitar que o que aconteceu é irreversível; no entanto, eu sei que é. Porque, de alguma forma, Jimin estava destinado a morrer e eu estava destinado a salvá-lo. O meu destino lutou contra o dele e, juntos, escolhemos e batalhamos pela história que hoje vivemos.

A chance era mínima, mas ela sempre existiu; sempre existiu a pequena e desesperançosa possibilidade de conseguirmos.

Por mais que a minha aceitação não caminhe lado a lado com o saber, eu tenho discernimento o suficiente para entender que, sobre a história de meu pai, eu não tive o mesmo poder. O destino dele estava traçado e não há nada que possa mudá-lo.

Mas eu sei que tentaria. Se ainda tivesse comigo o poder de tentar, eu tentaria até meu último suspiro, ou até o último suspiro da minha negação, até o momento em que enfim aceitaria que nada poderia ser feito.

Aceitando ou não, não importa. Não quando se trata de Jimin. A forma como me sinto sobre ele, sobre a nossa história e sobre o nosso amor não muda, não importa como eu me sinto sobre meu pai.

Então... não. Nunca, nem mesmo em mil anos, mil universos ou mil chances. Eu jamais seria capaz de me arrepender de salvar meu Jimin.

E agora que finalmente entro em acordo com meus sentimentos conflituosos, um peso parece ser tirado de meus ombros. Porque em nenhum momento durante os últimos sete dias eu me arrependi do meu sacrifício, mas tive medo de me arrepender. E eu me culpei e me atormentei com pesadelos, como se pudesse ter feito algo além do que fiz, mas eu vejo agora que não podia.

— Gracinha...

Eu percebo que meu olhar estava distante assim que ouço o chamado manso de meu amor, e logo volto a olhá-lo, mirando seu rosto lindo, as bochechas gordas, a ponta do nariz avermelhada pelo frio e os olhos sempre tão cuidadosos para mim.

— Tudo bem? — Ele pergunta, acariciando meu rosto delicadamente.

Em resposta, eu inclino minha cabeça contra seu toque, sentindo-o lentamente, e fecho os olhos para respirar fundo.

— Só estava organizando meus pensamentos. — Confesso.

— Conseguiu?

— Sim. E confirmei pela milésima vez que eu te amo e que, se precisasse de cem, duzentas, trezentas ou mais chances para te ter aqui comigo, eu usaria cada uma delas até conseguir te salvar.

Ele nada diz. Quando abro meus olhos, encontro os seus úmidos, cobertos por uma espessa camada de novas lágrimas que ainda não se derramam.

— Meu amor...

Essas duas palavras são tudo o que ele diz. Todo o resto se perde no ar, e eu não preciso ouvir nada além para saber cada um de seus sentimentos.

Assim, pouso minha mão sobre a dele, ainda em meu rosto, antes de trazer seu pulso aos meus lábios para beijá-lo sobre as cicatrizes antigas.

— Amor sempre acima da dor, não é?

Ele sorri, mas também chora, e balança a cabeça em uma concordância suave, mas sincera.

— Sempre acima da dor.

Eu suspiro, voltando meus olhos para o local de descanso de meu pai. Quando o faço, lembro-me do que guardei em meu bolso e, em um novo e repentino sopro de coragem, pego o papel dobrado, sentindo que essa é a hora certa para ler a última mensagem que Seon Yeong deixou para mim.

Quando desfaço a dobra da folha, meus olhos logo se deparam com as palavras finais daquela que indiscutivelmente marcou minha vida.

Mesmo depois de partir, ela marca uma vez mais.

"Algumas coisas são inevitáveis e irreversíveis. Você fez tudo o que podia. E você não tem culpa de nada, apenas de salvar alguém que partiria jovem demais.

Em meu descanso eterno, eu sempre lembrarei daquele que lutou incansavelmente contra o próprio universo, e venceu. Eu sempre lembrarei da sua força. Mas você não precisa ter o poder de mudar o passado para ser forte. Seguir a vida é um ato de coragem, e eu acredito na sua. Então viva, Jungkook. Essa é a maior força que você tem.

O meu tempo acabou, mas vocês têm uma longa e bela vida pela frente. Seja feliz, mesmo que nem todos os momentos sejam felizes.

Adeus, minha criança.

Lee Seon Yeong"

— Adeus é o cacete — Eu digo, depois de ler suas palavras duas vezes. — Até a próxima vida, velha doida

O olhar de Jimin continua atento e confuso; o meu, se torna instável sob as lágrimas que preciso conter, porque é lendo as últimas palavras de Seon Yeong que duas coisas acontecem.

A primeira é que só então eu pareço entender que ela se foi.

A segunda é que ela partiu, mas deixou para trás as palavras que eu precisava para saber que, sim, fiz tudo o que podia por meu pai.

Perdê-lo já é uma dor com a qual não aprendi a lidar. Perdê-lo sentindo que de alguma forma a culpa era minha seria uma dor que eu não suportaria.

Então a angústia existe. Ela não irá embora tão cedo. A dor é forte. A saudade nunca vai parar de existir... mas a culpa, ela, eu sei que não pertence a mim.

— Pai, — Eu volto a falar para ele, guardando o bilhete de volta em meu bolso. — eu sinto sua falta todos os dias. Eu penso em você todos os dias. E todos os dias eu tenho medo de ter me tornado uma pessoa de quem o senhor não sente orgulho, mas eu espero que você saiba, onde estiver, que eu estou tentando. Eu estou tentando ser alguém bom, alguém como você. Você sabe? Você tem orgulho de mim?

Agora, Jimin absolutamente nada diz. Ele parece respeitar este momento no qual as palavras finalmente começam a jorrar e a dizer uma parte do que queria dizer, porque dizer tudo é algo que acho que nunca conseguirei.

Mas, assim como as palavras, uma lágrima escorre e eu rapidamente uso o dorso de minha mão para recolhê-la, mesmo sentindo que outras virão.

— Você sempre vai ser o melhor pai do mundo e eu espero ser pelo menos um pouco como você. Sabia que eu sou pai também? De uma coelha... o nome dela é Jungoo e ela é brava feito o cacete, mas também é bonitinha demais. Aposto que ela te morderia todo e você ainda olharia para ela com todo o amor do mundo.

Tenho tanto a dizer, mas muito parece ser impossível de ser colocado em palavras. Então eu respiro fundo, recolhendo as novas lágrimas que caem.

— Eu nunca aceitei que você se foi, mas eu vou tentar. Eu vou seguir a minha vida porque sei que é isso que você quer, e porque eu tenho pessoas que me amam e que amo também... mas eu nunca, nem por um dia, vou parar de sentir sua falta. Nunca.

Jimin fica de pé ao meu lado. Eu sinto seu toque em minhas costas, acariciando-me em um gesto de apoio e consolo enquanto eu volto a limpar as lágrimas cada vez mais abundantes.

— Eu espero que isso também não seja um adeus, pai. Espero que, em outra vida, eu possa ter a sorte de ser seu filho de novo.

Eu expulso todo o ar, usando a força que resta em mim para ficar de pé, e passo o braço ao redor do ombro de Jimin para puxá-lo para perto, sentindo-o me envolver com seus dois braços esguios e deitar a cabeça em meu ombro.

— Eu preciso ir. Mãe e Junghee estão preocupados comigo e eu quero que eles saibam que vai ficar tudo bem. Eu sempre vou te amar e sentir sua falta... mas vai ficar tudo bem.

Jimin me abraça mais forte, esperando pacientemente mesmo que, depois da despedida, eu não saia do lugar.

E me surpreende ao dizer:

— Eu prometo que vou fazer seu filho muito feliz, senhor.

Eu nego suavemente, beijando-o na testa e puxando-o para abraçá-lo inteiro, com meus dois braços, e garantir:

— Eu já sou feliz, amor.

Mais uma vez, Seon Yeong está certa. A vida pode ser feliz mesmo que nem sempre traga felicidade.

E um dos motivos da minha está entre meus braços; outros, estão me esperando voltar para casa.

— Vamos, Ji — Decido, então, depois de longos instantes.

Ele assente, enchendo meu pescoço de beijos e me apertando com força uma última vez antes de se afastar e tocar meu rosto carinhosamente, secando minhas lágrimas enquanto me olha e sorri com orgulho, amor e alívio.

— Vamos, gracinha.

Nossas mãos se unem uma vez mais, assim como nossas vidas, e nós enfim seguimos nosso caminho.

Damos grandes passos de volta para Bee e pequenos passos em direção ao resto de nossas vidas.

Antes de colocar os nossos capacetes, no entanto, eu dou um salto enorme quando, agarrado à sinceridade das palavras que disse para meu pai, faço valer a minha promessa e dou mais um passo adiante, impedindo que o passado me faça desistir de tentar algo que sempre quis.

— Ji? — Por isso, eu o chamo.

— Oi, meu amor.

Eu umedeço meus lábios. Isso é completamente impulsivo, ao mesmo tempo em que parece tão certo.

Depois de pensar tanto é chegar a lugar nenhum, eu subitamente encontro minha resposta.

Então, digo:

— Eu vou para Seul com você.

Jimin não tem reação. Sinceramente, eu não o culpo. Agora, eu sei que é isso o que quero fazer, mas até então nada fazia parecer que minha decisão estava próxima de ser tomada. E não estava.

Mas eu quero seguir a minha vida. Eu quero retomar a coragem que um dia tive de arriscar; quero fazer coisas diferentes, porque insistir nas mesmas apenas me fará continuar exatamente no mesmo lugar, e não é aqui que quero estar.

Mas acho que é isso que eu venho fazendo há tanto tempo. Eu amo matemática, mas estou levando o meu curso na Hangsang como nada além de uma obrigação, porque eu sequer consigo entender o que de fato quero para o meu futuro. Eu tenho notas boas, talvez as melhores do curso inteiro, e ainda assim sinto que não estou aproveitando tudo o que poderia aproveitar de algo que amo.

Nos últimos tempos, saltei de um emprego para o outro, buscando qualquer um que me aceitasse, sem de fato tentar encontrar o que quero fazer da vida.

Então eu quero fazer isso. Eu quero tentar.

— Eu vou trancar meu curso na Hangsang por um semestre, então eu tenho um plano B caso Seul não dê certo. E... não sei. Tomar esse tempo para tentar descobrir aonde quero chegar, ao invés de continuar caminhando em qualquer direção... sabe?

Jimin pisca lentamente, do jeito esquisito de sempre, nessa piscação estranha que me faz questionar:

— Você não quer mais que eu vá?

Ele pisca de novo, ainda mais esquisito, e nega furiosamente assim que parece entender minhas palavras. Quando eu estou prestes a contestar sua resposta, ele se atrapalha todo tateando os bolsos em busca de algo.

— Droga. Meu celular ficou em casa.

— Sério? Eu tomo o que pode ser uma das decisões mais importantes da minha vida e é no seu celular que você pensa, Jimin?!

— Me empresta o seu — Ele tem a cara de pau de dizer, socando a mão em meu bolso até pegar meu telefone.

Eu recuo com um passo enquanto ele, que já sabe a senha, desbloqueia o aparelho para fazer o que quer que seja mais importante que o próprio namorado dizendo que vai embora com ele.

Beleza.

Show de bola.

Andando de um lado para o outro, eu paro aqui e ali para olhá-lo, deixar um som muito mal humorado escapar e voltar a me agitar.

Enfim, paro novamente e anuncio, puto da vida:

— Cacete, viu?! Quer saber? Eu vou para Seul, mas vou fingir que nem te conheço quando te encontrar pela cidade! Ingrato.

— Jungkook — Ele finalmente me chama, sem dar uma foda para o meu drama, e eu vejo seus olhos assustados e pousados em mim. — O resultado da Academia de dança. O e-mail com a resposta já chegou.

Ah.

Ok.

Então era isso.

— E aí?

— Não sei. Estou com medo de abrir.

Medo não sei de quê. É óbvio qual é o resultado.

— Vê, Ji — Digo, parando ao seu lado para poder ver a tela do celular, e vou logo selecionando o e-mail da Academia, o que quase provoca uma síncope no coitado do meu namorado.

Ele respira fundo umas três vezes antes de rolar a tela e ler o início da mensagem:

— Olá, Park Jimin — Começa. Para, nervoso, antes de prosseguir: — É com satisfação que a Academia de Dança de Seul informa que você foi — Ele para novamente, desta vez para arregalar os olhos e abrir o maior sorriso antes de prosseguir: — que você foi selecionado para preencher uma das vagas em nosso programa de dança contemporânea. — Enfim, ele me olha, e é a coisa mais linda do mundo vê-lo com um sorriso desse tamanho ao anunciar: — Eu consegui!

Eu ainda tento prolongar o drama sobre ele deliberadamente ignorar a minha decisão, mas me desmancho inteiro em um sorriso de otário quando Jimin salta em minha direção e me abraça forte para comemorar, enlaçando minha cintura com as pernas como parece fazer sempre que fica tão feliz como agora.

— Eu consegui, amor!

Eu o abraço de volta, sentindo algo bom e genuíno como achei que não sentiria novamente por muito tempo.

— E eu estava certo. Eu disse que você ia conseguir, Ji — Faço questão de dizer, esmagando-o com meus braços. — Essa Academia é sortuda demais por ter você.

Ele afasta o rosto, rindo para mim ao saltar para o chão, mas mantem os braços ao redor de meu ombro.

— Eu consegui. E você quer ir para Seul também... então nós vamos mesmo fazer isso, não é? Nós vamos para Seul... juntos?

— Não. Mudei de ideia. Vamos separados.

Ele me repreende com o olhar e com um soco suave em meu ombro, mas não demora para apertar os olhos, rindo e dando soquinhos no ar antes de voltar a pular em mim.

E nós ainda estamos na frente de um cemitério.

Qualquer pessoa que veja a cena pode ter uma ideia muito errada, mas que se exploda. Jimin merece comemorar.

E eu? Eu acho que também mereço sentir felicidade, mesmo que ainda precise me resolver com vários outros sentimentos em guerra aqui dentro.

— Nós vamos morar juntos? — Jimin parece enfim perceber, ainda eufórico. — Nós vamos morar juntos!

— Yep. Vamos brigar feito o cacete. Acho que o término vem.

— Sim! — Ele nem dá bola. — Mas não vamos precisar brigar para decidir quem fica com Jungoo!

— Sonso. Você já tinha decidido que ia ficar com ela.

Ele se balança em meu colo, tão feliz que sequer consegue ficar parado, e sinceramente continua me esmagando com esses abraços.

Quem vê esses bracinhos nem imagina a força que eles têm.

— Cacete! — Poderia ser eu a dizer, mas é ele. — Eu preciso levar a documentação para a matrícula até o fim do mês. É melhor ir logo ou eu posso perder a vaga e...

— Nós estamos na segunda semana do mês, Jimin...

— E se acontecer algum imprevisto?! Eu posso perder um documento e precisar tirar a segunda via e não ter tempo caso deixe para a última hora! Ou um temporal pode impossibilitar todos os vôos e trens até Seul. Ou eu posso mudar de ideia!

Eu rio, agora que ele está de volta no chão, andando de um lado para o outro, subitamente se estressando com detalhes que provavelmente sequer se concretizarão.

— Eu vou comprar uma passagem para essa semana! E vou aproveitar para procurar nossa... meu deus, nossa futura casa! Nossa!

— Ei, doidão, não vai procurar sozinho, não. Eu vou procurar junto, ou você acha que vou deixar você escolher uma cobertura em uma torre de luxo lá em Gangnam? Nem com o cacete.

Jimin nega, me puxando para um selinho rápido antes de garantir:

— Com você, eu moro até em uma barraquinha sem teto.

— Fofo. Mas eu quero um teto.

Jimin ri e eu, segurando-o pela cintura, devolvo o selinho antes de dizer:

— Sabe o que mais eu quero? Sair daqui. Então anda logo, eu tenho choro de Junghee para secar e grito de Ga-eul para ouvir.

Meu namorado, e acho que, em breve, colega de apartamento, me abraça uma última vez antes de me soltar e pegar o capacete, bastando isso para que eu faça o mesmo e monte em Bee para pilotá-la do meu jeito favorito: com Jimin junto.

Durante o percurso de volta, então, eu aproveito essa sensação. A sensação de liberdade que Belinda me traz, a sensação de conforto, segurança e amor que a companhia de Jimin me provoca e também a sensação de saudade e dor que continua me acompanhando.

— Acho melhor esperarmos um pouco antes de contar para a sua família, não é? — Jimin questiona assim que desligo o motor de Bee na frente de casa. — Sobre Seul.

— Relaxa. — Eu digo, saltando para o chão e tirando o capacete enquanto ele faz o mesmo. — Eu sei o melhor a fazer com aqueles dois.

Jimin apenas concorda, segurando minha mão quando ofereço minha palma livre para ele antes de puxá-lo pelo pequeno gramado até a porta.

Assim que giro a maçaneta e vejo a sala pequena da casa em que cresci, vejo também Junghee deitado no sofá com a maior cara de choro, a cabeça apoiada no colo de Taehyung enquanto o melhor amigo, namorado ou sei-lá-mais-o-que dele o conforta com um carinho na cabeçona.

Mas, assim que me vê, os olhos inchados de Junghee se arregalam e ele levanta em um pulo só, logo correndo em minha direção.

— Hyung! — Ele chama, me abraçando com força e deitando a cabeça em meu peito. — Hyung, você voltou!

— Ei, moleque... foi mal por ter sumido...

Ele ainda me abraça, balançando a cabeça em uma negativa quando afasta o rosto para me olhar com as duas íris tão escuras quanto as minhas.

— Você tá bem, hyung?

— Vou ficar.

— Meu deus! — Antes que Junghee diga mais algo, minha mãe vem pelo corredor dos quartos, com os olhos imediatamente tomados por alívio quando ela me vê e caminha em minha direção. — Fedorento, meu bebê — Ela diz, empurrando Junghee para o lado para poder parar perto de mim, segurando meu rosto com as duas mãos enquanto parece buscar algo de errado.

— Ai, mãe... — Junghee resmunga primeiro.

— Eu estou bem, fedorenta — Garanto, ainda sendo alvo de sua análise cuidadosa.

Quando enfim confirma que estou inteiro, ela suspira e, ao fim, estala a mãozona na minha cabeça com um tapa mais forte que qualquer um que eu tenha recebido ao longo dos meus dezenove anos.

— Cacete! É assim que eu sou recebido de volta?!

— Não era para voltar, porque não era para ter ido! Seu maluco! Você não tem mãe, não?! Queria me matar do coração?!

— Oi, tia — Jimin diz, passando para o lado de dentro como se eu não estivesse prestes a ser vítima de um crime, e ainda deixa um beijo na cabeça da doida, sem medo nenhum do perigo.

— Oi, querido — Ela responde, sorrindo para ele antes de voltar a me olhar e me dar outro tapa.

— Mãe!

— Você está de castigo.

— Eu tenho dezenove anos.

— Que se exploda! Enquanto morar na minha casa, pode ter trinta e dois anos e ainda vai ficar de castigo, sim!

Eu suspiro, inspirado pela coragem de Jimin para juntar uma porção da minha e puxar minha mãe que, apesar de bizarra de tão brava, ainda é menor que eu. E, assim, abraço seu corpo que parece tão pequeno perto do meu.

— Desculpa, mãe. Eu só precisava colocar a cabeça no lugar.

Ela suspira intensamente, mas, no lugar de mais gritos, eu recebo é um abraço de volta, enquanto ela diz:

— Eu que peço desculpas por ter feito você se forçar a ir visitar seu pai quando não estava pronto, filho. Eu sinto muito mesmo.

— Eu fui ao cemitério de novo — Confesso, afastando-a com cuidado. — E, na verdade, eu precisava disso. Ainda vai ser difícil, mas nós vamos ficar bem. Ok?

O olhar dela suaviza, sendo tomado por alívio, e eu sorrio antes de balançar a cabeça para os lados, como quem tenta deixar o assunto para depois, e seguro sua mão, puxando-a para o sofá.

— Oi, moleque-ssi — Digo para o orelhudo com o boné, aquele que ganhou de Jimin, virado para trás, e ele responde com um aceno e um sorrisão bandido.

— Oi, Jungkook-ssi.

— Senta aqui, mãe. — Digo, guiando-a até que se sente, propositalmente enfiando-a entre Junghee e Taehyung, que agora parecem ter nascido grudados um no outro.

O plano dos vinte e cinco anos foi completamente frustrado, mas eu ainda tenho o meu direito de irmão mais velho para implicar.

— O que foi? — Ela pergunta. Eu fico de pé diante dos três, enquanto Jimin para no arco da cozinha e ali se recosta, com um copo de água na mão. — Já chegou fazendo mistério, foi?

Depois de olhá-lo por alguns instantes, cruzo meus braços em um gesto defensivo (porque vou precisar) e anuncio de uma vez:

— Eu vou para Seul.

O silêncio é mortal, ainda pior que o silêncio de Jimin quando eu disse o mesmo para ele.

Ali no arco da cozinha, Jimin fica mortificado novamente. Acho que ele queria mesmo deixar o anúncio para depois.

Mas é sério que não existe nenhuma outra reação para a frase "Eu vou para Seul"?

Sinceramente.

— Ah — Junghee parece ter um lampejo de compreensão e pergunta, feliz: — Vai passear? Traga presente pra mim dessa vez!

— Ele está dizendo que vai morar em Seul — Minha mãe corrige, e eu sinceramente não entendo a sua expressão. — Só que não vai.

E lá vamos nós...

— Morar?! — Junghee dispara as perguntas. Eu massageio meu ombro, vendo o moleque ficar de pé como se o choque o impedisse de continuar sentado. — Como assim? Do nada? É brincadeira, né? Você tem um senso de humor muito esquisito, hyung.

— Não é brincadeira, Junghee.

— Então... quê? Por quê?!

Ele ainda parece desacreditado, olhando para mim como quem busca algum sinal de mentira. De repente, ele parece perceber que é sério e encontra a resposta para a própria pergunta ao olhar para Jimin, enfurecendo-se em seguida.

— Por causa dele?! Você vai trocar sua família por seu namorado?!

Estranho. Isso é o que eu esperava ouvir de Jeon Gaeul, não de Jeon Junghee.

— Eu não estou trocando ninguém, moleque... — Começo a dizer, mas ele me interrompe ao apertar os punhos fechados e bater o pé, com o maior faniquito que já vi esse moleque ter.

Ao fim, ele me fuzila por mais alguns instantes e logo em seguida gira sobre os pés e vai pisando fundo em direção ao quarto, onde bate a porta com força.

Eu arregalo os olhos e arqueio as sobrancelhas, agora pousando meu olhar somente em minha mãe, enquanto Taehyung, coitado, fica preso em meio ao drama familiar.

Mas ele é considerado parte da família, então tem que aguentar o tranco das brigas também.

— Vai bater a porta do quarto como ele? — Pergunto para minha mãe e, apesar da escolha infeliz de palavras, é um questionamento genuíno.

Ela nada diz; diferente de Junghee, já estava ciente da possibilidade, mas isso não anula o seu choque que a leva a um suspiro pesado.

— Eu gostaria que você pensasse com mais cuidado sobre isso, Jungkook. É uma decisão séria.

— É... mas não é irreversível... se a senhora disser que eu sempre vou ter um lugar para voltar aqui em Busan.

Ela se curva para a frente, esfregando as mãos pelo rosto, demoradamente, antes de se erguer mais uma vez e ficar de pé.

— Eu vou conversar com o seu irmão. — É tudo o que ela diz.

Eu fecho os olhos, suspirando com cansaço em antecipação quando ela some sem me dizer o que eu esperava ouvir.

— Jungkook-ssi? — Taehyung chama, tenso, com as mãos nos joelhos e tudo. Com a voz mansa e o olhar nervoso, ele diz: — Junghee teve uma semana muito ruim... não fica bravo com ele.

— Se eu estivesse bravo, o moleque já tinha sido quebrado no soco.

Taehyung ri discretamente, logo ficando de pé e apontando para trás com o polegar.

— Eu vou falar com ele, tá? Só tenha um pouquinho de paciência.

Ele me pede para ter o que nunca existiu em mim, mas eu apenas concordo, observando-o quando me dá as costas para seguir até Junghee.

Sozinho com Jimin, eu o observo ainda recostado no arco, com a expressão indecifrável para qualquer um que não o conheça. Mas eu conheço, e sei o que ele quer dizer dessa vez, por isso me adianto:

Sim, entendi que você estava certo e que eu não deveria ter contado agora.

— Pelo menos reconhece.

Eu reviro os olhos, abrindo passadas largas até meu quarto, onde Jimin chega pouco tempo depois e fecha a porta com cuidado.

Eu tiro minha roupa, sem me importar de ficar apenas de cueca em sua frente antes de pegar peças limpas no armário. E digo, ainda revirando as roupas emboladas e amassadas que eu sei estarem deixando Jimin doido de agonia:

— É pior para você. Eles vão achar que eu estou indo só por sua causa e vão te odiar, talvez para sempre.

— Jeon...

— É o cacete. E é sério. Boa sorte.

— Para onde você vai? — Ele pergunta, girando o corpo para que o olhar me acompanhe enquanto eu sigo em direção à porta do quarto.

Com a mão na maçaneta, respondo:

— Tomar banho. Quer vir junto?

— Quero. Mas sua mãe está em casa e eu não quero ouvir grito nem levar tapa.

Eu suspiro.

— É. Também não quero, não.

Ele sorri miúdo e eu abro a porta do quarto de uma vez, mas, antes de ir até o banheiro, eu paro diante da porta fechada do quarto de Junghee. Daqui, sinto meu coração se partir um pouco mais quando ouço seu choro e sua voz trêmula.

— Não deixa ele ir, mãe, por favor!

Eu me afasto logo em seguida, incapaz de ficar irritado.

Fosse qualquer outra pessoa, eu o chamaria de bandido egoísta, dramático e inconveniente... mas é Junghee. É meu irmão caçula, aquele que tem a data de nascimento eternizada em minha pele porque foi o dia em que ganhei o melhor presente de todos.

Minha vontade é de invadir esse quarto e dizer que, cacete, eu não trocaria ele ou mãe por nada na vida. Que o que estou fazendo não é uma troca, mas sim uma tentativa de me encontrar na vida.

No entanto, eu consigo prever o conselho de Jimin me dizendo para dar um pouco mais de tempo e, por isso, sigo ao banheiro, onde tomo um banho quente para tentar relaxar meu corpo enquanto não posso relaxar a mente depois de um dia tão sobrecarregado.

Apesar das coisas boas, hoje estou me sentindo emocionalmente exausto.

Eu só espero que não piore.

Mas então eu saio do banho; visto as roupas limpas ainda no banheiro e, enquanto escovo os dentes, ouço a campainha de casa, ignorando a sensação que dispara em meu peito.

Eu ignoro e continuo ignorando, tentando me convencer de que a sensação nada é além de coisa da minha cabeça.

É somente quando saio daqui e sigo à sala em passadas longas que eu percebo que errei em duvidar da minha angústia.

Eu errei, porque logo vejo Jimin com a expressão desesperada diante da visita que não esperava receber nunca mais.

Mas ele veio. Ele está ali, parado sobre o tapete de boas-vindas, exatamente como estava quando veio até aqui nos oferecer dinheiro, como se qualquer quantia no mundo pudesse compensar a morte de meu pai.

Hajoon. O padrasto de Jimin... três anos depois, ele está aqui mais uma vez.

Continua no próximo capítulo

Olá! Como vocês estão? <3

Perdoem qualquer erro, por favor!!

Gente, deixa eu contar uma coisinha D: supostamente, esse deveria ser o penúltimo capítulo, e o próximo seria o epílogo. E o epílogo seria (e ainda será!) narrado pelo Ji! <3

Mas aconteceu o seguinte: o capítulo de hoje seria indiscutivelmente muito maior que os anteriores e eu me planejei para isso, MAS eu precisei reescrever o capítulo quase inteiro porque ele não tava fluindo como eu queria, o que me atrasou muito, então, para manter a atualização hoje, tive que encerrar antes do previsto ): a parte final é bem importante, então prefiro escrever com calma, tudo bem?

Aí vai ser o seguinte: o capítulo 42 vai sair daqui a duas semanas, como seria normalmente, e uma semana depois da postagem dele eu posto o epílogo narrado pelo Jimin

De qualquer maneira, eu vou dar um desfecho para toda a história já na próxima atualização, e o epílogo vai ficar como um bônus, aí vocês só leem se quiserem!!

Desculpa mesmo por isso ): <3

Enfim! O próximo capítulo então será o último narrado pelo Jungkook. Já se prepararam pra se despedir do fedorento? ):

Ah, esse é nosso último encontro do ano, então feliz natal e feliz ano novo! espero que aproveitem muito, mas sempre pensando na segurança em primeiro lugar!! <3

Por hoje é só! Teoria da vez: por que vocês acham que o padrasto do Jimin resolveu aparecer na casa do Jungkook tão de repente? Beijos, até o próximo ou até a #BelindaEPandora <3

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