[f(30) = 60 -x] Planos simples
🔮
Lá estava eu. De frente para um túmulo, sob o céu azul.
Num primeiro instante, poderia acreditar que se tratava do túmulo de meu pai, este que há tanto tempo me recuso a visitar por saber que ver a lápide que eterniza sua morte seria definitivo demais para a realidade que ainda sinto dificuldades de aceitar.
Mas não se tratava do túmulo de meu pai.
Era o túmulo de Jimin.
Uma versão de mim estava diante dele, ajoelhado, com a expressão triste, mas conformada.
Não foi a falta de surpresa que me tomou qualquer reação de choque ao me deparar com uma realidade na qual Jimin não está mais vivo.
Não. Eu definitivamente entrei em pânico, da primeira vez que sonhei com essa cena.
Na segunda, a surpresa foi menor. Na terceira, também. Essa foi a quarta vez que o sonho fez sua visita. A surpresa já se foi, deixou espaço somente para a falta de compreensão.
Por que Jimin estava morto?
A imagem capturada por meus olhos era turva e leitosa. Mas consegui identificar meu corpo, ou o corpo de uma das minhas várias versões, ali parado.
Assim como cada versão que já conheci em sonho, aquela era diferente do meu eu que vive aqui. Tinha os cabelos curtos, tatuagem nenhuma, se vestia com roupas certamente mais elegantes que as minhas costumeiras escolhas desleixadas.
E também consegui ver toda a dor em sua feição, a tristeza acumulada, o abatimento constante, que me fez ter certeza.
Aquele Jungkook nunca foi feliz. Ele nunca experimentou a felicidade na vida.
E para o túmulo de Jimin, ele repetiu as mesmas palavras que ouvi nas três primeiras vezes que com essa realidade sonhei:
— Mesmo que seja em outras vidas, nós vamos nos encontrar, amor.
Nunca acontece mais que isso. Ou, pelo menos, nunca me lembro. O sonho sempre se resume às palavras ditas ao túmulo à frente. Dessa vez, no entanto, algo diferente aconteceu.
Aquele Jungkook entristecido e conformado olhou em minha direção. Fixamente, pousou seus olhos em mim.
E minha surpresa se fez novamente quando, para meus ouvidos despertos, disse:
— O tempo está acabando. Você precisa cumprir nossa promessa.
— O que? — Foi em reflexo que o questionamento me deixou, assustado.
E ele não só ouviu.
Ele me respondeu.
— Nós escolhemos Jimin como nosso destino. Mas seu universo escolheu um destino diferente para vocês.
Eu não sentia meu corpo. Como em todos os sonhos que me acompanham desde que Seon Yeong me tocou, era uma projeção de minha mente, nada além disso. Mas ele continuou olhando para mim.
E eu perguntei, desesperado por respostas:
— O que eu preciso fazer?
— Vocês dois precisam fazer. Ele precisa revelar o que esconde. E você precisa entender quando for revelado.
— Então ele vai dizer?
— Acredite nele. Existe um motivo para que ele tenha tanto medo de contar a verdade. Um motivo que mesmo ele ainda não compreende. Permita que a confiança que ele sente por você seja maior que esse medo que se enraizou naquele coração.
— E quanto tempo nós temos antes do fim?
— O suficiente.
O suficiente.
Essas foram as últimas palavras, antes que minha mente fosse arrastada para a minha própria realidade.
Aqui, me deparo com uma nova segunda-feira, depois de comemorar os dezesseis anos de Junghee na tarde e noite de domingo.
Depois de ser pedido em namoro por Jimin.
O sonho, como todos os outros, me intriga. Mas, diferente deles, me traz também uma pontada desejada de esperança.
Nós temos tempo o suficiente.
Essa é a mensagem que trago comigo. A que me faz reforçar meu desejo e minha determinação de fazer dar certo dessa vez.
Qualquer que seja o segredo que precise ser revelado, será.
Nós vamos conseguir.
Jimin não irá morrer.
Então não precisaremos esquecer tudo que vivemos nessa chance para tentar novamente na chance de número cem.
Foi com tudo isso em mente que comecei o meu dia bem, pela primeira vez em muito tempo.
Mesmo precisando desentupir o vaso.
Mesmo ouvindo Junghee cantarolando — Tá namorando, hein? — até que eu o largasse na frente da escola.
Mesmo que a primeira aula do dia tenha sido de Jang Jitae.
Eu tenho esperança. Esperança de verdade. E isso é muito mais que por tanto tempo tive.
— Cara, tem pó de borracha na sua bochecha.
Aparentemente, tenho isso também.
Ao ouvir o alerta indiscreto de Sora, eu preguiçosamente passo minha mão na bochecha, sem parar de dar atenção à questão a ser resolvida em meu caderno.
Ainda assim, minha colega de turma, que pareceu decidir sempre sentar ao meu lado em todas as aulas que temos juntos, me dá uma cutucada no braço.
— Que é?!
— Cavalo. — Ela resmunga, em resposta.
Eu expulso o ar furiosamente e rolo os olhos antes de pousá-los na garota ao lado, que tem os cabelos parcialmente tingidos de rosa presos e as unhas pintadas com o esmalte já craquelado tamborilando a própria bochecha enquanto me olha à espera de algo.
— Fala logo. — Insisto com a pouca paciência usual, contendo o tom de voz para não atrapalhar a aula.
— Quero sua opinião.
— Sobre?
Ela recua no próprio assento, até descansar as costas no encosto e abrir o caminho para que minha visão alcance Woo-ri bem ao seu lado.
Ao perceber que nós dois olhamos para ela, a ponta de seu lápis para sobre a folha de caderno e seus olhos confusos e constrangidos devolvem nossa atenção, antes que a cabeça recue um pouco em estranhamento.
— Que foi? — E pergunta, quase num sussurro.
— Diz pra Jeon o que você está querendo fazer.
— Hm... no momento estou tentando calcular a área do gráfico por integração... — Responde, ainda sem entender.
Eu entendo menos ainda, mas quando me livro de um som mal humorado antes de retornar ao mesmo cálculo, Sora me segura novamente pelo braço, reconquistando minha atenção.
— Sobre seu encontro com aquele cara — E diz, ao tentar forçar a memória e compreensão de Woo. — Fala para ele!
Eu não sei o que possivelmente poderia me interessar em qualquer assunto relacionado à vida amorosa de Woo-ri, mas espero até que ela cheque a distração da professora, antes de se curvar um tanto mais sobre a mesa e se aproximar para sussurrar:
— Eu conheci esse cara no sábado e ele me chamou para um encontro.
— Show. Aproveita.
— Pretendo — Ela confessa, junto a um sorriso tímido. — E eu queria ir sem meus óculos. Sora está me enchendo o saco por causa disso e agora está enchendo o seu também, eu acho.
— Por que inferno você vai sem óculos? Pra ver tudo turvo? O cara é feio?
— Pra ficar mais bonita...
Sora aperta os lábios e levanta as sobrancelhas, num gesto que declara sua oposição óbvia à ideia de Woo-ri.
— Vai ficar mais bonita mesmo quando não conseguir ver nada além de vultos tremidos — Respondo, sem muita paciência.
— E é exatamente o que vai acontecer, porque ela nem usa lentes.
— Me dá agonia meter o dedo no olho!
— Então não mete, ué. Vai de óculos mesmo. — Que conversa mais enjoada. — Quem já viu?
— Eu já disse que só quero estar bonita...
— Você é bonita, Woo, com ou sem óculos. — Era só o que me faltava, meu deus do céu. — A diferença é que sem eles você não vai enxergar direito então continuo sem entender qual a necessidade.
— Viu? — Sora parece apoiar completamente o meu ponto. Mas aí vira para mim e diz, confidencial e divertidamente: — Mas vai com calma na hora de elogiar para ela não voltar a se apaixonar por você.
Primeiro que Woo inventou de achar que estava apaixonada por mim porque nós transamos e porque foi gostoso.
Segundo que fala sério.
O que digo, no entanto, não é nem a primeira nem a segunda colocação. É algo que julgo mais importante:
— Eu tenho namorado.
Eu poderia facilmente complementar minha declaração com outras palavras que a fariam mais coerente com o contexto geral. Por exemplo, dizer que esse é o pior momento, já que estou namorando.
Mas eu sinto um prazer essencialmente maior em simplesmente apresentar a frase dessa forma. O mais curta possível para que a informação fique clara.
Não só para elas.
Para mim também.
Eu. tenho. um. namorado.
E meu namorado é Park Jimin.
Santo deus do céu, quando eu pensei que minha vida teria uma reviravolta como essa?
Não é uma reclamação, certamente. Mas a surpresa é genuína, em mim e nelas também.
— Tá de brincadeira?! — E, de tão surpresa, Sora decide parar de controlar o tom de voz e fala alto o suficiente para todo mundo olhar em nossa direção. Com um sorriso falsamente envergonhado, abaixa o tom e diz: — Desculpa, professora...
— Vai terminar sua questão. — Sou eu quem digo. Porque, sim, quis anunciar que estou namorando, mas isso não quer dizer que não me sinto constrangido ao insistir nessa conversa.
— Espera aí. — Ela insiste, já fora do foco da atenção momentânea da classe. — Namorando quem?
— Jimin? Não é óbvio?
— Meu deus... — É Woo quem sussurra, também surpresa. — Quer dizer, felicidades!
— Valeu.
— Gente, mas como assim? — Sora, diferente de nossa amiga, não faz muita questão de ser discreta. — Você é todo cavalo. Nunca te imaginei namorando, menos ainda com Jimin. Achei que era só um lance.
— Estava errada, pelo visto. — Dou de ombros, ainda que compartilhe de sua surpresa. Eu também nunca me imaginei namorando, menos ainda Jimin, meu jurado arqui-inimigo.
— Que bom que estava, então. — Ela finalmente cede, estalando um tapa inesperado em minhas costas. — Já disse antes e repito, agora oficialmente. Casalzão da porra.
Eu tento encerrar a conversa por aí com nada além da expressão de tédio, mas falho em reprimir um sorriso muito do folgado que escapa mesmo assim.
Quando tento voltar minha atenção ao caderno, no entanto, meus olhos antes pousam brevemente numa outra expressão muito menos feliz.
Jinhei, logo na fileira à frente, tentando me fuzilar com o olhar.
Eu nem digo nada. Só levanto minhas sobrancelhas num questionamento mudo e antipático que logo faz sua expressão de poucos amigos virar para o outro lado.
Babaca.
É claro que ouviu o que eu disse. Agora sabe que estou namorando Jimin. Certamente está puto da vida.
Eu, pouco me importo. Não perco mais tempo com ele, mas Jinhei continua possesso ao ponto de quase se jogar auditório afora antes mesmo que a professora libere a turma.
Diferente dele, eu espero até que a aula seja finalizada, me despeço de Sora e Woo-ri — espero que elas tenham identificado meu murmúrio meio mal humorado como uma despedida, aliás — e sigo ao restaurante da universidade para encontrar Jimin, como combinamos de fazer quando ele deixou minha casa, ontem à noite.
Em estranho alinhamento com o sumiço de Jinhei, no entanto, Jimin não chega.
Uma mensagem é a confirmação de que não virá.
Gracinha, vou me atrasar um pouco. Pode se servir antes que o frango acabe :) (13:01)
Eu tenho a certeza mais absoluta de que o motivo do atraso é Jinhei.
Depois de todas as provocações e de ter subitamente se declarado no festival, eu estou certo de que ele não está satisfeito com o término do que quer que tenha vivido com Jimin.
Me incomoda, é óbvio, mas no exato momento não há muito que posso fazer além de seguir seu conselho.
Já com meu almoço servido, eu carrego minha bandeja até à mesa na qual avisto Yoongi e Hoseok juntos, mas quase desisto de me aproximar quando vejo que eles estão meio abraçados, rindo no que parece um momento íntimo.
Mesmo de longe, é fácil perceber a vergonha do piromaníaco, enquanto Hoseok é mais aberto com as demonstrações de afeto que, agora, começam a trocar abertamente.
Eu estou quase recuando para ir sentar com Woo e Sora ou com qualquer outra pessoa, mas Hoseok me percebe parado aqui feito um poste, enquanto decido, e sorri todo alegre.
— Neném! Vem sentar com seu hyung!
Eu expresso todo o meu ódio por ele me chamar de neném na maior altura, no meio do refeitório, e quase envergo a bandeja ao apertá-la com força quando começo a me aproximar.
— Não me chama assim em público. — E esse é meu cumprimento, quando me aproximo.
— Desculpa, neném.
Eu reviro os olhos furiosamente, já ocupando um dos assentos antes de morder uma das tiras de cenoura e pousar meus olhos em Yoongi que, como já imaginava, está todo desconcertado.
Sem perder a chance, digo de boca cheia mesmo:
— Daqui a pouco explode de tão vermelho.
Como se eu pudesse falar alguma coisa.
Em retaliação, Yoongi mete um chute em minha perna por baixo da mesa e eu devolvo o chute em sua cadeira, empurrando-a tão violentamente que os pés metálicos arrastam pelo chão e fazem a maior barulheira.
— Brutamontes do inferno!
Dessa vez, apenas contenho meu riso antes de pegar mais uma cenoura, jogá-la na boca e cruzar meus braços sobre a mesa, ainda com esperança de que Jimin chegue logo para almoçar comigo.
Hoseok deve perceber meu olhar viajando constantemente em direção às entradas. Ou só quer mesmo reafirmar que Jimin é meu namorado, quando pergunta:
— Cadê seu namorado, Jungkook?
— Deve estar com o ex-sei lá o que dele.
Tanto Yoongi quanto Hoseok parecem surpresos pela revelação e eu suspiro, impaciente.
— Aquele bosta resolveu ficar todo em cima do Jimin agora que terminaram. — Desabafo, mal humorado mesmo. — Babaca.
— Então você é do tipo ciumento? — É Hoseok quem pergunta, mais em tom de brincadeira.
— Eu sou do tipo raivoso.
— Disso ninguém duvida, filhote.
Hoseok segura o riso, apesar de agir sempre em minha defesa. Até lança uma olhadela pouco firme pra Yoongi, talvez com esse intuito. Mas, no fim, a maior bronca é para mim:
— Não fica bravo com o Jimin, ok? — E alerta. — Não faz bem pro relacionamento e eu quero que o namoro de vocês seja o mais maduro e feliz possível.
— Você não entendeu, não. Minha raiva é de Jinhei, não de Jimin. O coitado deve estar tendo a maior dor de cabeça para se livrar do babaca.
Hoseok sorri, parece meio satisfeito. Qualquer coisa com essa conotação.
— Mas enquanto ele está lá — Continuo, me remexendo no assento até conseguir tirar, do bolso da calça, o papel dobrado. Sem desfazer suas dobras, exibo para Yoongi e digo: — Preciso de sua ajuda.
— Astrofísica, música ou bruxaria? Já disse que não faço o último.
— Música. — Esclareço.
— Você escreveu uma música?! — A empolgação é inteira de Hoseok, mas eu volto a guardar o papel antes que qualquer um dos dois leia os versos amadores.
— Escrevi. Quero a ajuda de Yoongi para gravar um instrumental.
— Sua mãe é tão bacana, filhote. Não sei como ela esqueceu de te ensinar a pedir por favor.
— Vai ajudar ou não?
— Claro que vai! — Hoseok é quem responde e para mim já é garantia o suficiente. — Eu vou poder ouvir?
— Só se ficar boa. Então diga para seu namorado se empenhar em me ajudar.
— Sua cara de pau é inexplicável, Jungkook. — O tom parece bravo, mas ele está, mais que tudo, envergonhado. E eu nem dou bola, mais preocupado em mastigar e engolir o arroz empapado. — E não somos namorados.
— É, mas aposto que você só está esperando que Hoseok peça e vai ficar chorando no meu ouvido enquanto ele não pedir. Do jeito que fez sobre o encontro.
De novo, Yoongi se enfurece e me chuta por baixo da mesa. De novo, eu devolvo o chute em sua cadeira, com mais força, empurrando-a para ainda mais longe e fazendo ainda mais barulho que da primeira vez.
— Se comportem! — Hoseok pede, meio risonho enquanto ajuda o bruxo mal humorado a devolver a cadeira ao lugar. — Parecem dois nenéns...
Eu balanço os ombros com desleixo, catando uns pedaços da proteína antes de pegar, também, uma porção do arroz. Com tudo estufado na boca, lanço mais uma olhadela na direção das portas, dessa vez rápido o suficiente para não ser percebido pelos outros dois.
Meio que já desisti de esperar, então sigo com minha refeição antes que esfrie, sob os poucos instantes de silêncio que se prolongam antes de, repentinamente, serem interrompidos.
— Ah! — É a voz de Hoseok quem atrai minha atenção. — E sobre... aquilo lá. O colapso do universo, loopings temporais, tempo limitado, cem chances... vocês entenderam. Alguma novidade?
Eu suspiro. Como não costumo fazer, empurro a comida goela abaixo, antes de responder sem alegria nenhuma:
— Mesma merda.
— Absolutamente nada de novo? — Yoongi questiona, dessa vez. — Nem nos sonhos?
— Ah. Sim. Nos sonhos, sim.
— E...?
— Aparentemente, eu escolhi Jimin como meu destino. Fiz uma promessa. Você sabe, em algum dos universos paralelos. E meio que faz sentido com as coisas que aquela voz que fica ecoando em minha mente diz.
— Mas nós já sabíamos que era algo sobre isso, não? — Hoseok pondera, cheio de calma. — Só não sabíamos, não sabemos, aliás, o que está faltando. Qual é o erro que a avó de Yoongi disse que está se repetindo.
— O meu eu do sonho falou algo sobre isso. Disse que o que eu escolhi como destino foi Jimin, mas esse universo em que estamos vivendo escolheu um destino diferente para nós dois. Essa pode ser a causa inicial de tudo.
— Eu não acredito que nós realmente chegamos ao ponto em que essa é considerada uma conversa normal de almoço...
— A vida dos céticos é muito mais fácil, não é? — Yoongi diz, em resposta ao ainda-não-namorado.
Tem um sorriso meio cabisbaixo no rosto, mas não é surpresa. É assim que ficamos sempre que esse assunto vem à tona.
Porque, de certa forma, estamos levando nossas vidas normalmente. Estudamos, nos reunimos, sorrimos, nos apaixonamos, nos preocupamos com coisas pequenas, outras nem tanto.
Fazemos tudo que é suposto ser feito por pessoas em nossa idade.
Mas ainda há algo muito maior acontecendo por trás. Algo que pode interromper completamente as experiências que estamos coletando e aproveitando.
— Não é um assunto sobre o qual eu gostaria de precisar falar — Garanto. Infelizmente, não tenho poder de silenciá-lo. — Mas é isso. Jimin simultaneamente é, mas não é meu destino.
— O erro inicial — Hoseok repete minhas próprias palavras. — E o erro atual?
— Talvez eles não devam ficar juntos. — É Yoongi quem pondera. — Se isso se opõe ao destino traçado por nosso universo. Esse pode ser o erro.
— Não faz sentido. A voz, as dores repentinas que eu sinto, até o que sua avó disse e... sei lá, o que eu sinto quando estou com Jimin... estar com ele parece certo, cara.
— Mas vocês estão juntos. Oficialmente, até. Namorando mesmo. O que poderia estar errado, se esse era o objetivo?
Dessa vez, eu me silencio. As palavras do meu eu projetado no sonho, diante do túmulo, seguem vivas em minha memória.
O segredo de Jimin.
Eu não sei se posso afirmar que esse é, de fato, o erro. Mas é certo que ele esconde algo sobre seu padastro.
Eu só não sei por que um segredo envolvendo esse homem poderia interferir tão diretamente em algo que, aparentemente, envolve nós dois.
Me deixa ansioso, é claro que deixa. Me faz querer insistir no assunto. Mas, além de tentar respeitar o limite de Jimin, agora sei que, o que quer que ele ainda tenha para me revelar, talvez precise ser feito em seu próprio tempo.
Como uma prova final, talvez? De confiança?
É difícil afirmar qualquer coisa. É difícil ter certezas, principalmente quando as informações que eu tenho vêm de sonhos e podem não passar de criações de minha mente.
Vai saber.
De qualquer forma, não digo isso em voz alta para eles. Não me parece o melhor a ser feito.
No lugar, retomo outro assunto que, diante do festival, da aparição do pai de Jimin e do aniversário de Junghee, acabou ficando em segundo plano.
— Ainda faltam muitas respostas. Eu fui visitar sua avó, aliás. Tentando conseguir mais algumas.
— Aposto que ela não disse nada.
— Disse. — Sem demora, contrario sua certeza.
Ela disse muito, aliás.
Que Jimin morre, ao final de cada chance. Que o futuro de Hoseok é incerto.
Informações que, assim como o suposto segredo de Jimin, mantenho apenas para mim. É um peso que não preciso ver outras pessoas carregando, não quando ele não ajuda a chegar a uma solução.
Mas tem algo que eu posso dizer. Algo que pode fazer a diferença. E digo com o coração pesado, ainda que tente esboçar um sorriso de escárnio:
— Ela disse que eu sou como ela. O que não faz sentido, já que não sou velho, nem doido.
Os olhos pequenos de Yoongi não demonstram surpresa, ao contrário do olhar de Hoseok.
— Eu já imaginava. — Ao fim, com a voz sem surpresas, mas carregada de preocupação, o não bruxo diz.
— Como assim? — Hoseok questiona, olhando de um para o outro. Eu, me ocupo em calar minha boca com comida. — Como assim como ela, gente?
— Vocês já sabiam que minha avó não é como as pessoas comuns. Ela tem algo a mais.
— Eu chamo de poderes. — Mais uma vez, Hoseok pondera, ainda surpreso. — Vamos continuar chamando de poderes. Isso quer dizer que Jungkook também tem?
— Eu desconfiei pela primeira vez quando descobrimos que ele e Jimin sonham com outras realidades, mas Jungkook é o único que consegue interagir com elas. E todos os outros detalhes... como a voz que ele disse ouvir. Tem coisas que só ele experiencia. Você e Jimin, que supostamente estão no mesmo barco, não. Já era óbvio que para ele é diferente.
Os olhos de Hoseok continuam surpresos, temerosos, até, enquanto eu silencio todas as palavras desesperadas que quero dizer ao continuamente manter minha boca sempre cheia de comida.
— O que isso significa, exatamente? — E, enfim, ele faz a pergunta que eu mais temia.
E para a qual Yoongi já parece ter uma resposta.
— Se ligarmos todos os pontos... inclusive o que ele acabou de revelar, sobre Jimin não ser o destino que o universo escolheu para ele...
— O que, Yoon? Isso quer dizer o que?
— Que foi Jungkook. Quem causou todo esse caos, foi ele.
— Como assim? — Hoseok até ri, sem acreditar. — Jungkook literalmente desregulou o universo inteiro?
— Ao que tudo indica, foi ele. — Yoongi, por outro lado, segue sério. — É como se ele estivesse lutando contra o destino e isso refletiu na forma como nosso universo funciona. Essa luta não é natural, não deveria acontecer. Então o universo inteiro para de funcionar como deveria. Algo assim. É uma teoria.
É.
É exatamente isso que penso.
Quando as peças se encaixam, ainda que não formem uma imagem inteira, elas esfregam essa revelação em minha cara.
No fim, eu sou mesmo o culpado.
E o pior é que nem lembro de ter feito nada disso. Não entendo com clareza os motivos, nem sei que fim deve ser dado a tudo isso para vivermos novamente como pessoas normais.
Eu ficaria com raiva, se estivesse no lugar deles. Ficaria puto mesmo.
Mas Hoseok é essencialmente diferente de mim. No lugar da raiva que eu até mesmo justificaria, ele abre um sorriso esperançoso.
— Isso é bom, não é? — E, surpreendentemente, diz. — Se você causou tudo isso, também pode reverter!
— Sim. — É Yoongi quem concorda. Mesmo ele, que poderia usar a situação para trocar farpas comigo, não faz mais que me mostrar um sorriso de apoio. — Vai ficar tudo bem, Jungkook.
— Vai. Com certeza, vai. Até porque você fez essa bagunça sozinho, eu acho, mas agora tem a ajuda de seus hyungs para arrumar!
Eu aperto os lábios num gesto incerto que logo se desdobra num sorriso pequeno, meio frágil, mas que é verdadeiro.
Não porque eu tenho total confiança de que tudo dará certo. Mas ainda tenho a esperança que descobri mais cedo.
E também tenho eles ao meu lado.
É uma bagunça fodida, essa na qual me meti. Mas eu estou determinado a devolver cada coisa ao seu lugar. E meu maior alívio é saber que não estou sozinho para fazer isso.
— Mas, Jungkook... não me leva a mal. — De repente, o olhar de Hoseok fica meio carregado. Parece prestes a dizer algo que não deveria. — Você sabe que eu preciso perguntar, não é?
— Perguntar o que?
— Você é tipo a Eleven de Stranger Things? Ou como a Matilda?! Você consegue mover as coisas usando a mente? — E o maluco ergue sua bandeja do almoço no ar, eu juro. — Consegue fazer meu almoço levitar?
Tá de brincadeira que ele quase fez meu coração parar para perguntar isso, né?
Eu reviro os olhos furiosamente, mas é Yoongi quem cai na risada enquanto Hoseok realmente espera por algum desfecho ao seu pedido.
— Quem diria, hein, filhote? E você ainda insistia em dizer que o bruxo era eu.
Eu me desfaço num sorriso teimoso, devolvendo a bandeja de Hoseok à mesa. Usando as mãos, para deixar claro.
Mal consigo controlar meus pensamentos. Quem dirá usar a mente para controlar outras coisas.
Aliás, não controlo a língua também. Porque, antes de enfiar um pedação de frango na boca, aliviado por conseguir finalizar essa conversa com uma sensação um pouco mais leve, eu faço questão de dizer:
— Pode não ser bruxo. Mas ainda não tenho provas de que você não é piromaníaco.
Outro chute em minha perna.
E acho que ter amigos é isso, afinal. Afago e porradaria coexistindo numa só relação.
Então é claro que o restante do almoço é compartilhado com novas provocações e umas risadas enquanto eu e Yoongi fingimos estar bravos um com o outro.
Mas falamos sobre outras coisas que não somente essas improbabilidades do universo que, da maneira mais inimaginável possível, uniram nossos caminhos ao ponto em que nos mantemos juntos não somente porque é necessário. E sim porque queremos.
E, ao longo de toda nossa conversa, Jimin não apareceu.
Fiquei meio encucado? Definitivamente.
Mas também tentei não dar muita moral para isso. Foquei mais em irritar Yoongi ao invés de me encher de preocupação e neurose em antecipação.
Tem um tempinho pra mim, Jungkook-ssi? (14:25)
Queria te ver ): (14:25)
Então já saí do refeitório e já me enfurnei sozinho na biblioteca quando suas mensagens notificam em meu celular.
Com o livro e caderno abertos sobre a mesa da cabine que resolvi ocupar, estudando enquanto espero a hora de ir buscar Junghee na escola, eu coço meu pescoço num gesto meio agoniado, antes de enviar a resposta.
Biblioteca (14:26)
Eu me dou satisfeito com a clareza da mensagem em todas as suas respostas implícitas. Tenho um tempo, também quero vê-lo, estou esperando na biblioteca.
Mas parece meio antipático, então volto à conversa e, dois minutos depois, envio o emoji do polegar fazendo um legal.
Agora sim.
Felizmente, Jimin não parece enfrentar grandes dificuldades para compreender o complexo por trás da minha comunicação virtual e, sem demora, percebo sua chegada ao meu lado assim que me encontra na cabine.
Ele sorri meio manso quando me vê, mas eu meio que só aperto meus lábios numa linha, sei lá, meio encafifada.
Eu não estou com raiva, mas também não estou cheio de felicidade. E é claro que ele percebe.
— Tudo bem, gracinha? — Questiona, já deixando sua bolsa sobre a mesa antes de ocupar a cadeira ao meu lado.
— Hm-hum.
Sério, não estou com raiva.
Nem quero estar, aliás. Primeiro porque apesar de ter quase certeza de que Jinhei foi atrás de Jimin, eu não sei se de fato foi. Segundo, mesmo que tenha ido, por que isso deveria me deixar com raiva do meu namorado?
É ciúmes, claro. Estou um pouco enciumado com a possibilidade.
Mas esse, além de ser um sentimento especialmente difícil para Jimin, também é um sentimento do qual eu não gosto. Então continuo amenizando-o tanto quanto possível, principalmente enquanto não tenho certezas.
— Desculpa por ter desmarcado nosso almoço, Jungkook — Ele diz, puxando a cadeira mais para perto da minha.
— Tranquilo.
Ele se esforça para conter um sorriso. É muito óbvio que o faz, o que me deixa meio inquieto a ponto de devolver o lápis à mesa e olhá-lo. E, meio ansioso pela resposta, pergunto:
— Aconteceu alguma coisa?
— Várias. — Ele responde, com um breve arquear de sobrancelhas e um riso que deixa claro, ao menos, que nenhuma delas foi ruim a ponto de afetar seu humor. — Eu tinha reunião com um professor logo cedo, mas minha mãe insistiu em conversar comigo antes que eu saísse de casa e acabei me atrasando.
— E ficou tudo bem entre vocês dois? — O questionamento é genuíno, na torcida por uma resposta positiva.
No entanto, Jimin aperta os ombros numa confirmação frágil.
— Ainda precisamos conversar mais.
— Sorte sua que você é melhor que eu nisso de conversar. — Pondero, recostando meu corpo na cadeira enquanto mantenho meu rosto virado para o seu, o que me permite ver seu sorriso em resposta.
— É... ainda bem. Porque tive várias conversas hoje. O professor conseguiu arrumar um tempo para falar comigo bem na hora que íamos almoçar juntos, por isso precisei cancelar. Desculpa mesmo.
Sério, ainda bem que não fui babaca de sair alimentando o incômodo e o ciúmes.
Fiquei com raiva de Jinhei, sim, mas isso já não é babaquice. Sentir raiva dele é inevitável.
— Nah, relaxa. Se encrencou lá no departamento dos rodopiadores, foi?
— Eu te odeio por chamar assim — Ele repreende, até me dá um beliscão suave, mas perde toda a seriedade quando se desfaz num riso. — E sem problemas. Eu sou o queridinho de lá, esqueceu?
— Pior que esqueci.
Jimin rola os olhos em resposta, logo se posicionando mais perto. Um cotovelo no topo do encosto da minha cadeira, o corpo virado para o meu, uma mão carinhosamente em minha coxa, acariciando-a sobre o jeans.
— Mas eu sou. — Diz, sem impaciência. — Esse professor vai me ajudar a preparar a apresentação para a última etapa da Academia de dança de Seul.
— Então você decidiu ir?
— Decidi tentar. A última etapa é só em janeiro do ano que vem. Então precisamos chegar até lá. Depois preciso ser aprovado. Só então eu decido se vou, ou não.
Eu não digo nada por muito tempo, ponderando os possíveis desfechos. Antes que me perca neles, no entanto, Jimin finaliza seu relato que até achei já ter findado.
— E quando eu finalmente terminei minha reunião com o professor, quase desmaiando de fome, adivinha quem estava me esperando.
— Jinhei.
Eu não preciso nem de um segundo para ponderar a resposta. Disparo mesmo, com toda a certeza.
— Pois é. — E enfim confirma o que eu já tinha como suspeita, junto a um suspiro impacientado. — De novo com aquela conversa, dizendo que está apaixonado por mim.
— Eu sabia que ele ia atrás de você...
— Vocês conversaram?
— Não. Mas ele me ouviu dizendo que você agora é meu — Eita, meu deus. — namorado.
A mão de Jimin subitamente enrijece sobre minha coxa. Sua postura, também. Os olhos bonitos, no entanto, brilham com felicidade, assim como o sorriso que nasce.
— Você já disse por aí que estamos namorando? — E pergunta, impressionado de verdade.
— Acho que sim.
Jimin ri novamente, subindo os dois braços de encontro ao meu pescoço, até me abraçar por aqui e se aproximar para pressionar sua boca na minha.
— E estamos, não é? — Insiste. — Nós estamos mesmo namorando?
De novo:
— Acho que sim.
Ele mordisca o lábio por alguns instantes, parecendo ponderar algo. Leva segundos, antes de questionar:
— Você quer mesmo? Tipo, de verdade? Não foi só coisa do momento?
— Sinceramente, Jimin? Eu não sei. Talvez tenha sido.
A forma como seus olhos se enchem de surpresa negativa é literalmente imediata. Os lábios gostosos se separam num gesto incrédulo, a pele da testa se franze inteira, ele parece tentar falar, mas não consegue.
Agora eu me sinto meio culpado.
Achei que ele perceberia de cara que é brincadeira e que é claro que eu não aceitei no calor do momento, mas é o completo oposto que acontece.
Mas aí o que eu faço é revirar os olhos antes de segurar o rosto bonito entre minhas mãos. Aperto as bochechas gordas que um dia fui capaz de odiar, sabe deus como, e confesso para sua expressão quase catatônica:
— Brincadeira, Jimin-ssi.
Dessa vez, o que toma seu olhar é alívio mesclado à mais genuína raiva, que é externada quando, passado o susto, ele estala a mão em minha perna num tapa de repreensão, belisca minha barriga, dá mais um tapa nela e para quando vê que caio na risada.
— Não brinca assim, Jungkook. — E pede, todo amargurado. — Que sacanagem!
— Foi mal. Você é meu primeiro namorado. Não sei o que pode e o que não pode fazer.
Jimin ainda tem esse olhar irritadiço, mas relaxa o corpo um tanto mais antes de respirar fundo e, na sequência, revelar:
— Eu também não sei. Você também é meu primeiro namorado.
— Então... brincar sobre eu não querer namorar você está proibido?
— Tão proibido quanto eu te chamar de Jeon.
— Beleza. Não brinco mais nunca.
A feição de Jimin finalmente suaviza inteira. Tardiamente, meu objetivo de arrancar um sorriso seu é alcançado e ele pressiona os lábios como quem percebe algo realmente significativo.
Em voz alta, revela o que:
— Nós somos o primeiro namorado um do outro, Jungkook-ssi. Isso é fofo.
— Isso é errado. — Corrijo. — Nós dissemos que só começaríamos a namorar quando consertássemos, tipo, o universo.
— O universo que vá pro inferno. Eu sou o primeiro namorado de Jeon Jungkook, meu deus.
— É. Você é.
— Será que tenho sorte o suficiente para ser o único também?
— Você está sugerindo que quer me namorar para sempre, Jimin-ssi?
— Sugerindo coisa nenhuma. Estou deixando claro. Eu quero ser seu frango frito assim como acho que você é meu pão com carne.
Meu corpo desliza um pouco sobre a cadeira, buscando mais conforto numa posição que não é lá muito ergonômica, e Jimin rapidamente completa, talvez achando que me deixou desconfortável:
— Mas sem pressão, certo?
Eu finalmente me desfaço num riso meio tonto.
Que cacete. Ele é fofo demais.
Simultaneamente, não tem nada de adorável em seu toque constantemente em minha perna porque, sério mesmo, é surreal a maneira como essa mão miúda tem poder.
Apenas mais uma das contradições de Park Jimin que, ironicamente, descobri adorar.
— Não me senti pressionado, Jimin. — Finalmente, garanto. E jogo verde, logo em seguida: — Mas essa não deve ser uma boa notícia para Jinhei, agora que ele está apaixonado por você.
Jimin expulsa o ar num gesto um tanto inconformado. Certamente, esse não é seu assunto favorito.
— Eu nem acho que ele está apaixonado de verdade, Jungkook. Só deve estar com o ego ferido. Ele tem muita inveja de você.
— Inveja de mim? Fala sério.
— Ele tem. — Jimin garante, acariciando minha coxa continuamente, acho que o faz até sem perceber. — Você é lindo, literalmente um gênio. Nem percebe, mas arranca uns suspiros apaixonados por aí... inclusive os meus. Ele ficava bem incomodado. Não entendia como eu... você já sabe, com ele, mas era apaixonado por você, sendo que você nem me dava moral.
— Não acredito que você desabafava sobre seus sentimentos por mim com ele. — Pondero, meio incrédulo de verdade.
— Claro que não. Nossa relação nunca foi muito de conversas — Sempre bom lembrar que, quando estavam juntos, eles não faziam nada além de beijar e transar.
Que chateação.
A chateação, obviamente, é isso me causar incômodo quando eu sei que isso é normal.
Como sempre, contenho esses sentimentos irracionais. Não é como se fosse fazer algum bem verbalizá-los quando Jimin já faz o que pode para evitar tocar no assunto de qualquer maneira que me gere desconforto.
Assim, evito drama desnecessário e permito que minha atenção seja drenada para outra direção, rapidamente evitando que o sentimento desagradável me desgaste.
Pelo visto, minha inteligência emocional não é como a de uma marmota. Devo estar uns níveis acima. Mas não tantos assim.
— Enfim. — Os olhos de Jimin pousam na própria mão continuamente em minha perna, observando os próprios dedos massageando a parte interna de minha coxa. — Ele só sabia.
— Pelo visto Jinhei não é tão tonto quanto eu sempre achei, então.
— Nem é isso. Qualquer um percebia a forma como você sempre me afetou. Nesse caso, o tonto foi você de não perceber.
Oh, cacete.
E ele diz na maior naturalidade.
— E, só pra deixar claro, Jinhei é babaca demais. — Jimin continua, com esse sorriso miúdo no rosto. — Sério. Eu sei que ele é. Mas ele não é uma pessoa ruim de verdade, só é muito imaturo. Então não dê atenção às provocações dele, ok? Só vai te desgastar. Uma hora ele se toca.
— Não acredito que você está defendendo aquele otário perto de mim.
Jimin arqueia levemente as sobrancelhas.
— Eu acabei de dizer que ele é babaca e imaturo. Onde isso é uma defesa?
— Foi uma defesa. Logo depois de me chamar de tonto, aliás.
— A culpa não é minha se você demorou tanto tempo para perceber que eu sempre fui louco por você, Jeon.
Eu estou ultrajado.
— Jeon? Certo. Vai lá com o babaca imaturo do Jinhei, então.
Dessa vez, pelo menos, ele percebe o tom de humor. Ao invés de acreditar que estamos prestes a iniciar uma nova briga, então, Jimin ri intensa e verdadeiramente.
De mesma maneira, eu mostro um sorriso pequeno, ainda contrariado por ele ter me chamado de Jeon. De propósito.
O sorriso pequeno se mantém. O dele, se ancora no canto dos lábios. A mão pequena, mas surpreendentemente firme deixa minha perna, se arrasta por minha virilha e pousa na região baixa de meu abdômen, onde seus dedos curtos amassam o tecido de minha blusa enquanto seu corpo se aproxima ainda mais.
E ainda que tenha sido uma brincadeira, ele faz questão de responder:
— Nunca, Jungkook. Eu já deixei claro para Jinhei o que você também já sabe. Eu só quero você.
Eu não vou dizer que não fico feliz sobre isso. Não vou dizer que esse seu jeito baixo de falar essas exatas palavras, que sua mão continuamente em contato com meu corpo, que a seriedade mansa em seu olhar não me afetam intensamente.
Também não direi o oposto que, indiscutivelmente, se classifica como verdade.
Ele me afeta inteiro, mexe comigo de um jeito surreal. Nubla minha mente ao ponto de me deixar perdido sobre as percepções do exato momento em que o jogo virou dessa forma.
Eu simplesmente não falo qualquer palavra, porque sou bem capaz de gaguejar.
Toda minha atenção recai em seu rosto. Na testa exposta e emoldurada pelos fios escuros, que exibe orgulhosamente uma das várias pintinhas que, hoje, tão facilmente identifico. Minha atenção recai em seus olhos felinos e ferinos, intensos a ponto de não precisarem de mais que silêncio para desregular tudo dentro de mim.
Eu vejo o nariz, os ossos ressaltados das maçãs, as bochechas gordas, a linha angulosa da mandíbula que finda no queixo tão bem delineado, mas que perde seu lugar de foco quando, logo acima, está sua boca.
Essa desgraça de cacete de boca.
Ela me deixa louco, juro que deixa. Quando olho para ela ou quando toco com a minha.
Eu sou irrevogavelmente devoto à boca de Jimin.
Devoto à boca do meu namorado.
Por isso, não sou capaz de formular frases coerentes. De mesma forma, não sou capaz de resistir ao impulso de tocá-lo.
Sem certezas sobre sua vontade, eu anuncio a minha ao alcançar seu rosto com minha mão. Deslizo meus dedos sobre a mandíbula, ancorando-os no queixo, que puxo suavemente em minha direção.
Ele não apresenta resistência ou hesitação. Seu rosto vem, seu corpo vem junto. A mão sobe de meu abdômen, sem encerrar o contato, até alcançar minha nuca.
Meus olhos continuam presos à sua boca. Dão fim à atenção devota somente quando sobem de encontro aos seus numa última confirmação. Ao encontrá-los cintilando sob o mesmo desejo que carrego, seguro seu rosto no mesmo lugar, apoio minha mão em sua perna para me dar equilíbrio e avanço até finalmente beijá-lo.
E eu beijo, meu deus, desse jeito que me enlouquece toda vez.
A coxa tem músculos firmes sob minha mão, sob os dedos que pressionam a perna através da calça justa que ele usa. Minha língua viaja diretamente para dentro de sua boca, demorando-se na carícia feita.
Meus lábios se prendem aos seus numa sucção lenta, demorada e intensa que antecede o mordiscar suave que ele deixa em meu inferior, repuxando-o ao recuar sua boca que me faz avançar mais uma vez para beijá-la novamente, mas Jimin recua um tanto mais, pressionando seu indicador contra meus lábios para criar uma barreira que, por um instante, me faz acreditar que ele não quer mais.
Mas é o oposto. É mais que um beijo na boca que ele quer.
Com a mão firme em minha nuca, seus dedos correm para cima, enlaçam meus cabelos pela raiz, puxando-os até fazer minha cabeça se inclinar junto ao movimento de seu dedo arrastando-se para baixo, puxando meu lábio até que a digital dele se afaste e toque meu queixo. Desce um tanto mais, pelo pescoço, pomo de adão, chega ao peito, por ele segue seu caminho até chegar em minha cintura, onde todos os seus dedos se abrigam, pressionando-a intensamente no mesmo instante em que me beija o queixo, mordiscando-o.
Puxa meus cabelos com mais força, me faz suspirar em surpresa, expõe meu pescoço, deixando-o ainda mais vulnerável para sua boca que logo beija a pele sensível.
Encaixa sua boca aqui, desliza a língua demoradamente sobre a tez tão receptiva, depois suga a região úmida de saliva com seus lábios.
Meu toque ganha força em sua perna; minha mão sobe até o limite de sua coxa, onde esta se encaixa à virilha, e pressiono meu polegar nesse ponto, perigosamente perto do que sinto vontade de tocar.
A outra, ansiosa e entregue à sensação dos beijos úmidos e demorados que ele deixa em meu pescoço, sobe à sua cabeça, pressionando-a nesse mesmo lugar para que entenda que não precisa parar.
Mas Jimin é teimoso. Eu sinto sua mão agarrar o tecido da minha blusa, puxando-a para baixo até que a gola se alargue ao redor de meu pescoço. Parte de minhas clavículas fica exposta e ele não demora para se aventurar nelas, deixando, aqui, os beijos que antes se limitavam ao pescoço.
A combinação de todas as sensações é deliciosa. Me leva a fechar os olhos sem que de fato tenha essa intenção, assim como não é intencional o suspiro que arranha minha garganta quando ele chupa a pele, com força o suficiente para me dar a certeza de que deixará uma marca.
— Para, Jimin...
O pedido nasce assim, sufocado, sem força ou certeza, mas é o suficiente para que ele interrompa seus toques até se afastar o suficiente para olhar em meus olhos, com os seus preocupados em contraste com a boca brilhando com a própria saliva.
— Você não gosta? — E pergunta, sem ressentimentos, mas preocupação genuína.
Eu aperto sua coxa ainda mais. Esfrego meu polegar sobre a calça, reconhecendo, no tato, a cabeça de seu pau sob o jeans.
Minha negativa vem, tardia, enquanto ele suspira e remexe o quadril contra minha mão, insatisfeito com a limitação do toque íntimo. E explico, então, honesta e desastrosamente cheio de vontade.
— É o oposto. O problema é que eu gosto demais.
— Isso não é exatamente um problema. Você sabe, não é?
Considerando o início da ereção em minha calça e o local onde estamos, sim, é um baita de um problema.
— Nós estamos na biblioteca, Jimin. — Digo, em resumo. O resto fica subentendido.
— Parece até que você já esqueceu como a maioria dos alunos usa essas cabines, Jungkook... e não é para estudar.
Ele tem um ponto.
Mas eu nunca pensei que seria uma dessas pessoas sem noção que usam o espaço da biblioteca com propósitos safados. Me opunha veementemente à ideia, aliás.
Está difícil manter essa mesma veemência agora.
— Pode relaxar — Vencendo minha frágil resistência, ele diz. Me puxa o cabelo, no golpe final. — Se você quiser, deixa continuar. Eu estou com muita vontade agora, gracinha...
Oh, meu deus do céu.
Sério, eu tentei. Não com tanta firmeza, certamente, já que é difícil resistir quando Jimin fala assim, me toca assim, remexendo o quadril contra minha mão para friccionar sua glande ainda encoberta contra meu toque.
Então é isso.
O cacete que vou continuar resistindo.
Faço o oposto, para ser sincero. Com uma última olhadela para o espaço aberto da cabine de estudos, eu me certifico de que ninguém está por perto e faço o que nunca pensei fazer. Encaixo meus dedos no cós da calça de Jimin, segurando-o com firmeza antes de puxá-lo em minha direção.
Ele sorri meio safado e eu quase me perco numa sequência de tosse cheia de pânico porque, meu deus, o que é esse cara?
Tenho sorte em conseguir conter o reflexo no último instante até que ele vem, faz o que silenciosamente peço. Passa sua perna esquerda para o outro lado de meu corpo e senta em meu colo, abraçando meu quadril com suas coxas que não tardo em sentir sob minhas palmas, pressionando cada uma delas com tanta vontade quanto volto a beijar sua boca.
Sei que é meio bruto. O toque, o beijo, as mordidas. Mas sei que ele gosta.
Eu também gosto desse seu jeito de beijar, de como fica em pé de igualdade com minha intensidade. Como sua língua acaricia a minha um instante antes de me castigar com uma mordida demorada no lábio. De como ele recua quando avanço tentando unir nossas bocas, mas me puxa pelos cabelos para que meu corpo siga o seu. E segue. Me inclino em sua direção, facilmente reconhecendo o sorriso satisfeito que ele nem se esforça para esconder.
Jimin gosta de provocar. Gosta de ver como me rendi a ele.
E eu nem hesito em continuar dando novas provas sobre isso.
Com a vontade cada vez mais desperta, eu sinto seus braços envolvendo meu pescoço num abraço apertado antes que sua língua deslize de baixo para cima contra minha boca, interrompida por quando a capturo entre meus lábios e dentes, succionando intensamente até ouvir um suspiro seu.
Eu solto sua língua antes de encaixar nossos lábios juntos mais uma vez, inspirando profundamente no meio do beijo, suspirando sob seu toque.
Sua mão direita vem por meu pescoço, sobe à mandíbula e desenha o contorno de volta à minha boca. Quando se abre um espaço entre a sua e a minha, ele recua brevemente com a cabeça e meus olhos se abrem de encontro aos seus, às pupilas dilatadas e a respiração arrastada que se mantém quando o olhar intenso recai em minha boca.
Sua respiração quente está perto demais, reflete em meu rosto e me faz sentir ainda mais levado por um caminho sem volta quando seus olhos se mantêm fixados em meus lábios e no movimento errático e demorado de seu polegar sobre o inferior, massageando-o, repuxando-o suavemente para baixo, sentindo-o.
— Sua boca, Jungkook...
— O que tem ela?
Jimin respira devagar, lento demais. Meu peito sobe e desce na velocidade do seu, mas minha respiração é interrompida por um instante de surpresa quando Jimin desliza seu dedo para dentro de minha boca.
Ele o faz avaliando minha reação, buscando um relance de desconforto ou desagrado que não vem. Do contrário, dou o aval para que o faça quando empurro minha língua contra seu polegar, umedecendo-o com minha saliva e pressionando-o demoradamente na ponta.
No silêncio da biblioteca, Jimin quase geme só com isso.
Seus olhos voltam a se derramar em meus lábios, seu polegar se retira para que seu indicador ocupe seu lugar até penetrar minha boca mais uma vez.
Dessa vez, eu chupo seu dedo, ciente de cada coisa que atravessa sua mente quando ele suspira arrastado, sei que imaginando minha boca em outro lugar.
— Sua boca é tão gostosa, amor...
Eu não acredito no quanto gosto de ser chamado assim por ele. No quanto seu jeito de deslizar o chamamento faz o frio em minha barriga ganhar força.
Em reação, meu corpo inteiro reage. Minha ereção enrijece um pouco mais sob seu peso, minhas narinas se dilatam quando expulso o ar tentando me conter, mas não me contenho ao descer minhas mãos até suas nádegas, apertando-as com vontade, uma em cada mão.
Puta que pariu, essa bunda...
Enquanto eu me entrego à sensação de cada banda deliciosa que preenche minhas palmas, Jimin empurra sua virilha contra a base de minha barriga, mais uma vez com esse sorriso sacana que me atinge covardemente.
Seus dedos correm ao meu queixo e eu não dou um cacete de importância ao senti-los úmidos com minha própria saliva, ainda falho em conter um gemido baixo e arranhado, surpreso, que me escapa quando ele se esfrega contra meu corpo e é fácil sentir a rigidez dentro de sua calça, destacando-se cada vez mais.
Sua boca toca a minha, beijando-a num toque frágil e quase incompleto que faz o peso em minhas pálpebras crescer, mas não me força a fechar completamente os olhos.
— Você não sabe quantas coisas já me imaginei fazendo com sua boca, Jungkook...
Eu empurro sua bunda, puxando seu corpo de encontro ao meu mais uma vez, até sentir sua ereção contra minha barriga enquanto meu quadril se enche de inquietação sob ele.
Talvez essa não seja uma pergunta saudável. Eu certamente deveria evitá-la, mas não o faço porque quero a resposta, quero ouvir em detalhes o que provavelmente vai tirar de mim todos os resquícios de bom senso que ainda tenho.
— O que você imaginou, Jimin?
Ele não se intimida pela pergunta. Parece esperá-la ansiosamente, até.
— Meu caralho na sua boca, gracinha... fodendo bem fundo, bem devagar, que é pra você me sentir inteiro...
Eu nunca imaginei que esse seria o tipo de coisa a me arrastar ao pico do tesão, mas não posso negar que acontece.
— Só isso?
Jimin parece se sentir desafiado. Não era minha intenção, mas essa sua expressão atiçada me faz desejar fazer novamente.
— Eu não acho que você quer me ouvir dizer tudo que me imagino fazendo com você, Jungkook.
— E por que não?
Ele me acaricia o rosto. Um toque tão delicado, tão incoerente com o momento, mas que tão facilmente aceito.
Não com a mesma plenitude aceito suas palavras seguintes, no entanto.
— Porque eu me imagino fodendo mais que sua boca, gracinha. Eu quero foder você. Fico louco de pensar em você abrindo mão dessa pose brava enquanto me implora pra te comer mais forte.
Puta merda.
Puta merda?
Meu deus.
— Eu também quero sentir você dentro de mim, Jungkook. Quero sentar em seu pau. Quero ficar de quatro pra você. Te quero fundo em mim, fodendo do jeito bruto que você sabe que eu vou gostar.
Eu mal tomo consciência do que faço. Não até perceber o olhar de Jimin se direcionando às minhas mãos, que se atrapalham inteiras quando começam a desafivelar seu cinto e a desabotoar sua calça.
Nenhuma repreensão vem. Nada vem, além da satisfação explícita quando seu olhar reencontra o meu.
— E você? — Enquanto eu estremeço inteiro, me atrapalho nos comandos de meus próprios dedos, Jimin questiona com toda a calma que consegue portar no meio de sua respiração atrapalhada, ansiosa por cada movimento de minhas mãos.
— Eu o que? — Disparo de volta, seriamente incapaz de traçar uma linha óbvia de raciocínio.
Jimin quer me foder inteiro e já começou por me fodeu o juízo, pelo visto.
— O que... — Começa, mas se força numa pausa quando fecha os olhos e inspira profundamente assim que, com sua calça aberta, minha palma é friccionada sobre sua cueca, logo acima da glande marcada no tecido escuro.
— O que...? — Insisto para que ele continue, porque quero saber.
— Você também pensa em mim? — E pergunta, enfim, se desfazendo entre suspiros pesados. — Você se toca pensando em mim, Jeon?
— Jeon é o cacete.
— Me responde.
Eu faço questão de deixar clara minha repreensão ao apertar a cabeça de seu pau com mais força, mas pelo gemido arrastado e rouco que ele revela em resposta, acho que meu aviso não vai surtir qualquer efeito.
Não o efeito desejado, ao menos. Em mim, menos ainda, porque me atiça ainda mais, a ponto de me fazer revelar, por mais que a ideia me faça sentir o calor se propagar nas bochechas:
— É só em você que penso quando me toco, Ji...
— É?
É, cacete.
Ele pergunta desse jeito óbvio, como quem tem certeza da resposta, mas quer ouvi-la mesmo assim. Mas eu não dou essa pequena vitória a ele. No lugar, corro minhas mãos às laterais de seu quadril. De imediato, ele reage com insatisfação.
Mas só porque não sabe o que quero fazer.
Sem demora para revelar, eu empurro seu corpo para trás, também tentando levantá-lo para longe de mim.
— Senta na mesa. — E peço, nervoso, mas com tesão demais para ignorar a vontade.
Ainda confuso, Jimin atende meu pedido quando me adianto em empurrar minhas coisas para deixar espaço livre para que ele sente onde quero. Assim que o faz, me arrasto mais para a frente na cadeira e me aproximo de seu corpo, encaixando meu tronco entre suas pernas abertas para mim.
Com ansiedade e desejo, deslizo minhas mãos por suas coxas, sentindo cada centímetro sob meu toque antes de arriscar meus dedos na curva para sua barriga, que toco diretamente sob a blusa.
— O que você vai fazer? — Ele pergunta, cada vez mais ansioso, tão óbvio.
Com minhas mãos sob sua camisa, eu deslizo minhas palmas mais para cima até fazer a blusa subir e revelar a barriga tatuada.
Me aproximo dela, deixando um beijo sobre o caminho de pelos ralos e escuros que se perde para dentro da boxer escura.
E finalmente digo em voz alta o que tanto quero experimentar.
— Eu quero chupar você.
Jimin certamente não esperava, apesar de instantes atrás estar dizendo que queria. É fácil perceber a surpresa em sua expressão, talvez porque isso não é algo tão explorado entre nós dois. Ainda, ao menos.
Nos beijamos com frequência, certamente já fomos além dos beijos mais que uma vez, sabemos que sentimos paixão e tesão um pelo outro, mas a isso, mais por falta de oportunidade que falta de vontade, ainda não tínhamos chegado.
Esse talvez não seja o melhor momento. O melhor local eu sei que não é. E, apesar de já ter, sim, chupado as mulheres com quem transei em meus casos de uma noite só, nunca fui muito verbal em momentos assim. Falava o necessário, garantia que não estava ultrapassando nenhum limite e só.
Agora, pela primeira vez, talvez estimulado pela maneira que Jimin o faz, eu verbalizo o que quero fazer. Em consequência, é claro que meu rosto vira uma tragédia avermelhada, marcada pelas reações naturais que fogem do meu controle.
Então é isso. Jimin quer um boquete. Eu quero fazer. Mas ele está em estado quase catatônico diante do meu anúncio, enquanto eu estou explodindo em tons vermelhos.
— Você quer me chupar? — Aí, ele pergunta, como se dizer uma vez não fosse o suficiente para desconfigurar nossos neurônios.
— Eu nunca fiz... né, em um cacete. — E não é que finalmente o termo realmente se aplica ao contexto? — Pode ser uma merda.
— Eu verdadeiramente duvido disso, gracinha. — Ele parece sincero, apesar da inconsistência na voz. — Eu já estou morrendo de tesão e você nem começou.
Mais parece que a causa de nossa morte será a falta de jeito, mas deixo ele acreditar no que for mais conveniente.
— Eu não acredito que eu finalmente vou receber um boquete seu. Jungkook, você sabe há quanto tempo eu sonho com isso?
— Mais uma vez você provando que sonha tão baixo quanto a altura de seu corpo.
Jimin, em repreensão, empurra a sola do pé contra minha coxa até que eu devolva o castigo ao apertar a batata de sua perna. E digo, de quebra:
— Você está acabando com meu tesão, Jimin-ssi. Se meu tesão acabar, seu sonho não se realiza agora.
É meio que um alerta sério, mas ele ri, o cara de pau.
Abre bem as pernas e se inclina em minha direção, também. Então me segura pelo queixo, mantendo minha cabeça firme para trazer sua boca à minha, morde meu lábio demoradamente, puxando-o junto quando afasta seu rosto até me desafiar, juro, ele me desafia com os olhos suavemente abertos.
E problema resolvido.
— Então chupa, gracinha.
O bandido reclina o corpo para trás, me puxando pelo queixo até guiar minha cabeça novamente em direção ao seu quadril. Depois, desliza seus dedos até que deixem de tocar meu rosto e espalma as mãos sobre a mesa para se equilibrar nessa posição, com a expressão ansiosa e sacana, enquanto assiste em silêncio tudo que ele quer que eu faça e que eu quero tentar a seguir.
Meus olhos continuam presos aos seus por longos instantes, enquanto me atrapalho com minha própria inexperiência e mais uma vez corro meus dedos por suas coxas, cuidadosamente analisando o terreno antes de nele me aventurar.
Sem arriscar tanto, eu volto a levantar sua blusa. Puxo o tecido para cima e exibo o abdômen de músculos tão suavemente definidos sob a pele carregada de desenhos.
— Segura — Eu peço, desejando manter minhas mãos livres e sua barriga exposta.
Sem demora, Jimin traz uma de suas mãos para manter a barra da camisa levantada até seu peitoral; a outra, se mantém espalmada atrás de seu quadril para que equilibre o corpo reclinado.
Com as minhas novamente livres, ainda me percebo num instante de hesitação quando meus olhos acompanham os traços de tinta em sua pele. No seguinte, meus dedos viajam a ela, delineando cada desenho eternizado, sentindo a textura macia da tez que se contrai em espasmos sob meu toque.
Acho que até hipnotizado por cada mínimo espaço do corpo de Jimin, eu me entrego ao que desejo fazer. Avanço para a frente até somar o toque de minha boca àquele prolongado por minhas digitais. Eu beijo a barriga de Jimin, espalho um caminho de selares leves até espalhar também minha saliva quando deslizo a língua por um pedaço de pele, antes de chupá-la e senti-la espasmar ainda mais intensamente.
Eu sinto seu suspiro, sinto sua resistência baixa, inexistente, e desço meus beijos em outra direção.
Minhas mãos mais uma vez seguram o cós de sua calça, abrindo caminho para o elástico da cueca, que toco antes de puxar para baixo em ritmo tão lento quanto minha respiração atrapalhada.
A expectativa não proposital parece causar efeitos em Jimin, que suspira ali no alto, se remexe sobre a mesa e empurra a virilha quase imperceptivelmente contra minhas mãos.
Então minha boca desce. E desce.
Ainda antes de puxar o tecido de sua boxer o suficiente para revelar a rigidez que sob ela se esconde, eu levo meus lábios ao volume demarcado, óbvio e quente.
Eu experimento a sensação nova, sentindo a região abaixo de meu próprio abdômen contrair em desejo e excitação quando aventuro minha língua, deslizando-a no contorno da rigidez até chegar à extremidade da glande, que beijo e faz Jimin suspirar novamente enquanto desvendo a sensação úmida da pequena mancha de pré-gozo que agora marca o tecido preto.
Jimin está transbordando tesão, até mesmo no sentido literal.
Minha situação não é muito melhor. Eu não lembro de já ter me sentido tão ansioso para algo antes, então não me contenho mais. Finalmente, repuxo o tecido para baixo.
Finalmente, eu o vejo.
Vejo o caralho que se expõe inteiro, rijo, entremeado por veias estimuladas que sinto com as pontas de meus dedos ao tocá-lo num momento experimental.
A fenda em sua glande brilha sob o próprio líquido viscoso, me atrai, incerto, mas com tesão demais para dar voz aos receios da inexperiência.
Meus dedos envolvem o volume rígido, abraçado por pele fina, quente, que contrasta com a aspereza de meu toque quando estimulo da base à cabeça num movimento único. Ali, me demoro. Pressiono a glande, massageio, experimento, sinto a maciez inesperada enquanto Jimin se desmancha numa sequência enlouquecedora de suspiros sonoros que tenta prender na garganta.
É babaquice dizer que nunca fui atiçado pelos corpos das mulheres com quem transei. Elas me estimulavam, sim. Sentia atração, definitivamente.
Mas o que isso aqui provoca... é diferente.
Não apenas pelos motivos óbvios da anatomia. Não é só isso.
Talvez por se tratar do corpo de Jimin. De um momento de descoberta dele. Da pessoa que, pela primeira vez, me fez sentir os inesperados altos e baixos de estar apaixonado.
Com ele, são muito mais altos que baixos.
Então não existe medo de seguir em frente. Não existem amarras de autoaceitação ainda não aprofundada. Eu me atraio por mulheres, descobri me atrair por homens e me apaixonei por um.
Não tem um grande drama sobre isso, pode até ser porque estamos inseridos num drama muito maior. Não importa.
Eu só sei que quero seguir, que quero sentir e descobrir seu corpo inteiro, então o faço sem recuar por ser a primeira vez.
Eu aproximo meu rosto novamente. Sinto com os olhos, com os dedos, encubro a glande nessa massagem lenta que já descobri satisfazê-lo.
E sinto com minha boca.
A primeira coisa que faço, é deixar uma lambida cheia de vontade. Sinto o contraste da textura de minha língua contra a textura da glande estimulada.
— Puta merda... — Com tão pouco, Jimin já se contorce inteiro.
Com tão pouco, eu quero mais.
Eu lambo mais uma vez, agora abocanhando-o até fazer minha língua recuar para que meus lábios tenham a chance de prová-lo.
Então Jimin se inquieta. A mão, que até agora segurou a própria camisa, solta o tecido e vem em minha direção. Desliza por minha testa em direção aos meus cabelos, se enrosca na raiz e me puxa sem força, num pedido não verbalizado.
E eu vou um pouco além, expandindo meus testes e experimentações. Minha mão o segura intensamente pela base, enquanto a outra se encaixa em sua coxa, sentindo-a através do jeans.
Então encaixo minha boca mais fundo, sentindo-o ainda mais, mas percebendo o deslize quando faço o primeiro movimento de sucção e Jimin solta um gemido muito mais sôfrego que satisfeito por, sem querer, arrastar meus dentes sobre a pele sensível.
O primeiro erro, no entanto, não me faz recuar. Com mais cuidado, deslizo minha língua sob seu pau, massageando-o enquanto o tenho dentro de minha boca antes de chupar desse jeito que, dessa vez, faz Jimin gemer e sorrir.
O sorriso satisfeito que eu vejo quando levo meus olhos em busca de seu rosto e percebo os seus castanhos focados em mim, ali de cima.
— Continua assim, amor...
Ele sabe. Jimin sabe que me desmonta inteiro quando me chama assim, e eu sei que o faz propositalmente agora.
Afetado e estimulado por seu pedido, eu vou um pouco mais fundo, mas logo retorno à glande, chupando do jeito que lhe faz se desmanchar nos suspiros mais arrastados.
Concentrado nela, também estimulo o restante do comprimento com minha mão, descendo e subindo, girando suavemente, espalhando minha própria saliva para lubrificá-lo de cima a baixo para facilitar os movimentos contínuos de minha palma.
Os dedos de Jimin se enroscam com mais força aos meus cabelos. Ele parece relutar contra algum impulso e sua voz treme, quando diz:
— Eu quero tanto foder essa boca gostosa, gracinha... você deixa?
Sem saber se de fato é uma boa ideia, a verdade é que eu quero tentar. Então minha resposta positiva é dada quando paro de chupá-lo com um estalo oco, ainda masturbando-o com minha mão enquanto aproveito para regular minha respiração e balançar a cabeça numa permissão sincera.
Jimin sorri mais, me faz quase chorar de tesão com essa cara safada do cacete, e mais uma vez me puxa pelos cabelos.
Quando minha boca paira novamente em frente à ereção estimulada por mim, eu volto a separar meus lábios, preparado para recebê-lo quando é ele que guia minha cabeça para abocanhá-lo.
Jimin não tenta me fazer chupar tudo de uma vez. Avança aos poucos, devagar, como disse que queria fazer.
Empurra minha cabeça, antes de me puxar de volta e ir um pouco mais fundo.
— Continua usando a língua, Jungkook... — E pede, com a voz trêmula, diferente da sensação firme de seus dedos enlaçados em meus cabelos. — Assim...
Sentindo-o sobre minha língua, eu deslizo em movimentos contidos e limitados, acariciando-o em minha boca, sentindo a transição brusca do comprimento à glande volumosa antes que ele se arrisque e se afunde ainda mais.
A sensação de ânsia de intensifica à medida que ele se aproxima de minha garganta e vai ganhando força até que meu peito se agita num espasmo e minha saliva se torna mais abundante, assim como a camada de lágrimas que imediatamente lubrifica meus olhos, que se fecham com força.
— Shh... desculpa, amor. — Jimin pede, rapidamente recuando para me aliviar da sensação enquanto me acaricia o rosto. Com os olhos divididos entre tesão e preocupação, pergunta: — É até ali? O limite?
Mais uma vez sem tê-lo em minha boca, eu arrasto as costas de minha mão sobre meus lábios, limpando-os da mistura de saliva e pré-gozo que começa a escorrer do canto.
— Até ali. — E respondo, respirando dolorosamente devagar.
Não é na primeira vez chupando um cacete, ainda mais em uma biblioteca, que eu vou ambiciosamente tentar uma garganta profunda.
Jimin concorda com um sorriso pequeno e paciente, enquanto eu tento regular a sensação de ânsia antes de voltar a ele, que também volta a me segurar pelos cabelos.
Então abocanho mais uma vez, permitindo que o ritmo seja ditado por ele enquanto este se mantém dentro dos limites impostos para essa primeira vez.
Ele me faz avançar e recuar, move minha cabeça para esfregar a glande cheia de saliva em minha boca, me faz chupar somente a cabecinha inchada e depois mete novamente, ofegando a cada movimento definido por ele.
Quando decido voltar a masturba-lo no que não consigo trazer à boca, Jimin se desfaz numa risada mínima, mesclada a um gemido de satisfação.
— Isso, gracinha... desse jeito...
Vencendo seu comando, eu forço minha cabeça para trás e succiono a cabeça demoradamente antes de soltá-la em um estalo desproposital, mas apenas o faço para subir minha mão até ela e massageá-la lentamente antes de descer minha palma até a base, arrastando junto o acúmulo de saliva pra lubrificar novamente todo o comprimento, coisa essa que faz Jimin cravar os dentes no lábio inferior, com esses olhos letárgicos, mas ainda intensos, mirados em mim.
Quando volto a chupar, no entanto, suas pálpebras se fecham e sua cabeça tomba para trás junto a um gemido mais sonoro que todos os outros contidos em suspiros.
Ele me segura a cabeça com força, arrasta sua perna direita até apoiá-la pela coxa em meu ombro e me mantém parado para que seja ele a estocar contra minha boca.
Jimin não vai fundo e deliciosamente me castiga o couro cabeludo para não ultrapassar o que determinamos, mas o movimento ritmado e ainda lento de seu quadril para foder minha boca assim, devagar, faz os pés da mesa tremerem sobre o chão no mesmo ritmo de seus movimentos que deixa claro, para qualquer um que ouça, o que está acontecendo aqui.
O tesão em mim cresce a cada suspiro e gemido que Jimin falha em esconder, mas sinto minha boca cansada e, por isso, me apresso um pouco mais. Minha mão alcança a lateral externa de sua coxa deitada em meu ombro e eu aperto a carne com vontade e força o suficiente para arrancar um ofegar de satisfação antes que também intensifique a pressão de minha mão, masturbando-o com mais força e rapidez a ponto de incentivá-lo a também foder minha boca mais rápido.
Seus movimentos se aceleram, os pés da mesa se arrastam agora de maneira completamente desastrada e eu me sinto prestes a entrar em desespero pelo tesão não aliviado quando Jimin geme meu nome baixinho.
— Jungkook... — Ele chama, com essa voz inconfundível, macia, mas entremeada por leve rouquidão e findada por um gemido arrastado.
Eu estou tão levado ao limite que poderia gozar somente de ouvir meu nome chamado assim e o desespero em busca de alívio me faz rebolar meu próprio quadril, tentando criar fricção entre minha ereção e a calça que ainda a sufoca, mas o estímulo é ainda mais torturante, de tão frágil.
Acho que choramingo contra seu pau, recebendo-o enquanto fode minha boca, e Jimin parece perceber o estado no qual me encontro enquanto busco um pouco de alívio, porque ele logo empurra seu calcanhar esquerdo contra minha coxa, repetida e desastrosamente até conseguir desencaixar o sapato. Depois, agita-o para longe, deixa que caia ao lado de minha cadeira, e seu pé vem envolto apenas pela meia até encontrar minha própria rigidez ainda não estimulada. Aqui, rola seu pé para cima e para baixo numa massagem inesperada que me faz gemer em satisfação.
E a partir desse momento somos caos puro. Já não nos importamos mais de estarmos na biblioteca e qualquer um que esteja por perto pode ouvir a combinação desastrada de sons e gemidos e sucções sonoras.
Desesperado, ainda que o estímulo de seu pé me enlouqueça, eu empurro sua perna para o lado, para que saia do meu caminho e deixe de me atrapalhar. Então mergulho com mais vontade para chupá-lo e masturbá-lo simultaneamente em ritmos desastrados que nos arrastam suspiros e gemidos tão desastrados quanto, por instantes que se prolongam até que a coxa de Jimin treme em espasmos intensos sobre meu ombro e seus dedos agarram meus cabelos com ainda mais força, afastando minha cabeça completamente quando uma sequência de gemidos mais sôfregos lhe escapa sob o estímulo único de minha mão masturbando-o novamente na região da cabeça, estimulando-a até que Jimin estremece inteiro no que antecede o que sei que está por vir.
Em jatos espaçados e viscosos, Jimin começa a gozar em minha mão. A porra é expelida antes de escorrer pelo próprio pau, unindo-se à minha palma que continua estimulando-o, lambuzando-o inteiro até que a última gota de gozo seja expulsa de seu corpo.
Então eu diminuo o ritmo pausadamente, ouvindo o primeiro gemido manhoso de Jimin quando vou parando de masturbá-lo e ele parece perder a força ao reclinar um pouco mais para trás. O braço único que o sustentava ainda sentado, no entanto, parece tremer e se dobra involuntariamente na altura do cotovelo, então seu corpo tomba desastrosamente, suas costas encobrem a mesa já tão castigada e sua cabeça bate do outro lado, no encosto da cadeira vazia.
— Puta merda! — Eu me desespero, com uma mão cheia de porra e a outra desesperadamente puxando-o pela camisa quando levanto minha bunda da cadeira para tentar puxá-lo de volta e garantir que não se machucou.
No entanto, a fragilidade não é exclusividade de Jimin, que choraminga ao mesmo tempo em que ri enquanto eu falho em ter força para trazê-lo para mim.
Quando finalmente consigo, depois de provavelmente estragar sua blusa de tanto puxá-la, é segurando-o pelo braço até que ele se sente, todo amolecido e letárgico, com os olhos semicerrados e o sorriso se destacando entre sua respiração pesada.
— Tudo bem? — Diferente de sua paz de espírito, no entanto, eu sigo desesperado.
— Tudo maravilhoso, Jungkook... eu nunca recebi um boquete tão gostoso. Puta que pariu, gracinha...
— Sua cabeça, Jimin! — Apesar de lisonjeado, minha preocupação é outra. — Você meteu a maior pancada ali!
Ele ri. Todo trêmulo, arrasta o corpo para fora da mesa e me faz voltar a sentar para então sentar em meu colo, sobre minhas pernas, de frente para mim.
— Não bati com força, amor. — Garante, tocando em meu rosto enquanto mantém esse sorriso quase angelical. — Ou você que me fez gozar tão gostoso a ponto de não sentir.
Eu faço um movimento negativo, impressionado, antes de me render à primeira risada quando acaricio sua cabeça, tocando-o inteiro em busca de um galo. Não é carinho, mas Jimin assim parece acreditar que é e fecha os olhos para aproveitar a sensação.
E diz, no mesmo momento:
— Eu amo ser seu namorado, Jungkook.
Sem encontrar nada de preocupante em sua cabeça, eu arrasto minha mão até seu rosto, acariciando-o lentamente antes de, ainda vendo-o com os olhos fechados, beijar sua boca mais uma vez.
Jimin sorri contra meu beijo, preguiçoso, e me segura a nuca com as duas mãos. Nela, faz carinho até o momento em que damos fim à união de nossos lábios e então desce seu toque por meu pescoço, ombro, leva uma mão ao meu peito, depois cada vez mais para baixo.
Eu olho para o caminho seguido por sua palma até vê-la começando a desabotoar minha calça, sob a qual minha ereção ainda pulsa.
Com surpresa satisfatória, eu volto a subir meus olhos até os seus. E eles me encaram desse jeito manso e carinhoso mesmo quando seus dedos envolvem minha rigidez, pele com pele, e eu imediatamente fecho os olhos por um longo instante junto a um suspiro aliviado.
Sem demora, Jimin me masturba enquanto uma mão acaricia minha nuca e seu sorriso se expande nos cantos dos lábios antes que sua testa se apoie na minha.
Eu mantenho minha mão cheia de porra cuidadosamente parada, mas com a outra aperto sua cintura sem piedade antes de mais uma vez enfiá-la dentro de sua calça, dessa vez para apertar sua bunda.
À medida que o movimento constante de sua mão em meu pau vai ganhando aceleração em resposta aos meus suspiros mais necessitados e desesperados, Jimin volta a me beijar e me beija por todo o tempo até que encontro o alívio tão esperado e sua boca engole meu gemido satisfeito por finalmente gozar, me beijando até o último segundo do orgasmo tardio, mas tão esperado.
Então sorri, parecendo tão satisfeito quanto eu. E diz, baixinho, depois de beijar minha bochecha:
— Eu não conseguiria deixar meu amor com uma puta ereção agora.
Eu me desfaço numa risada inesperada diante da confissão, arrastando minha mão de sua bunda até suas costas, lugar ao qual dedico meu carinho.
Definitivamente...
— Eu também amo ser seu namorado, Jimin.
O problema é que eu ainda sinto vontade. Apesar de ter gozado, eu ainda sinto vontade de Jimin.
Enquanto ele se move para pegar a toalha de rosto em sua bolsa de treino, eu penso, então.
Ele também quer mais?
Aí ele volta. Com a toalha, limpa minha mão suja de porra e me dá um beijinho leve enquanto o faz. Depois, limpa todo o restante, e eu decido dizer:
— Junghee ainda está na escola.
Os olhos de Jimin me analisam silenciosamente, em confusão discreta, e eu resolvo sugerir de uma vez:
— Nós podemos ficar sozinhos em minha casa... se você quiser.
Com um sorriso miúdo, ele inclina a cabeça um pouco mais para o lado e pergunta:
— Você ainda quer mais, gracinha?
— Pior que quero.
Ele ri. Deixa a toalha toda suja de lado, me segura o rosto com as duas mãos e me beija cada lado da bochecha antes de capturar meu lábio inferior entre os seus, puxando-o cuidadosamente antes de findar seus toques com um selinho.
E diz, então:
— Ainda bem. Porque eu também quero.
Graças a deus.
Fiquei preocupado de acabar parecendo um tarado insaciável ou vai saber o que.
— Então... vamos?
Jimin mordisca o próprio lábio e sai de meu colo, catando seu sapato ao lado. Coisa essa que me provoca satisfação somente porque ele o faz para dizer:
— Vamos.
Mas ainda existe aquele lance, não é?
Os deuses definitivamente me odeiam e fazem questão de relembrar tal coisa nesse exato instante, quando meu celular começa a vibrar escandalosamente e, ao olhar para a tela, percebo que nossos planos foram frustrados desde já.
É o alarme que sempre me avisa vinte minutos antes da aula de Junghee acabar, para que eu tenha tempo de ir pegá-lo na escola.
A casa não estará mais vazia.
Com os olhos na tela de meu celular, ele vê que o nome do alarme que logo encerro é "Cabeçudo". Acho que também se atenta à hora e à minha frustração óbvia, para perceber.
— Merda. — E diz, mas junto a uma risada.
Cacete, Junghee!
— Acho que fica pra outro dia... — Pondero, insatisfeito mesmo.
— É. — Jimin concorda, sem esconder o riso sacana quando me vê abotoar e arrumar minha calça antes de começar a arrumar também minhas coisas, derrotado.
Ele afivela o próprio cinto, recostado à mesa, e se mantém atento a mim até que me aproximo dele e paro de pé em sua frente.
— Foi uma boa sessão de estudos. — E digo, arrancando uma risada sua ao mesmo tempo em que tento beijá-lo em despedida.
— Espero ter outras assim em breve. — Finalmente responde, acariciando sua mão em minha bochecha.
— Sim. — E concordo, sinceramente, com mais um selar suave em sua testa antes de recuar. — Vou indo agora. Até amanhã, Jimin-ssi.
— Até...
De costas para ele, eu arrumo minha mochila nas costas e me preparo para seguir todo o caminho até Belinda, quando Jimin me chama outra vez.
— Jungkook?
Eu paro. Viro para trás e o encontro com a expressão pensativa e incerta, ainda recostado à mesa enquanto mordisca o próprio polegar.
— Que foi?
Ele sorri pequeno. Hesita por instantes, antes de perguntar:
— Amanhã sua casa fica vazia de novo, não é?
Meio tonto, eu demoro para entender a sugestão implícita, e Jimin explicita o que quer dizer:
— E se tivermos outra... sessão de estudos... amanhã? Na sua casa, quando ninguém estiver lá.
De repente, toda a decepção se converte em expectativa e ansiedade. Eu aperto meus lábios, mas não o suficiente para suprimir o sorriso no canto deles, e coço minha nuca numa falta de jeito que de maneira nenhuma reflete falta de vontade.
Então repito, dessa vez carregado pelo que fica assim combinado nas entrelinhas:
— Até amanhã, Jimin.
↬ Continua no próximo capítulo.
Pois então...
Como vocês estão??
O primeiro boquete do brutamontes aconteceu *-* não sei se vocês gostaram, mas jimin gostou demais do frango com berinjela
E, gente, kkkkkk... era pra acontecer mais coisa nesse capítulo. Nada ruim, antes que vocês se desesperem, acho até que iam gostar. Mas esses dois se empolgaram mesmo na biblioteca e quando fui ver o capítulo já tava imenso, eu já tava cansada e o prazo (hoje) tinha chegado D: então deixamos o acontecimento para outro capítulo mais à frente, é algo que pode acontecer depois
E no próximo acho que vocês imaginam o que vai acontecer :~
Quem não gostar muito desse tipo de conteúdo mas não se sente desconfortável, tenta ler, por favor, porque não vai ser algo somente físico ): então acaba sendo muito importante pro envolvimento deles dois, que é muito importante pra solucionar os problemas do universo
E quem gostar aproveita bem o próximo capítulo porque em cem chances o universo tá literalmente colapsado, então não sobra muito espaço pra cenas como essa D:
Enfim! Espero que tenham gostado desse capítulo. Acho que ele foi mais levinho?
Quem leu fated provavelmente reconheceu o jungkook do sonho, né? e quem não leu, não precisa ler (principalmente se tiver estômago fraco pra angst!!!!). já disse e repito que o necessário pra entender a ligação com qualquer outra história será explicada aqui mesmo em cem chances!!
Por hoje é só, nenês! Último parágrafo, como sempre, pra teoria da vez: afinal, eles vão ou não passar pra centésima chance? Beijos, nos vemos na próxima atualização ou na #BelindaEPandora <3
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