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[f(23) = 46 - x] Amar a quem

Oi. Mais 13k e pouquinho. Espero que gostem <3

🔮

Não é fácil imaginar que mãos tão pequenas quanto as de Jimin sejam capazes de assumir tanto controle.

Para minha completa surpresa, mas não posso dizer que desagrado, é exatamente isso que elas fazem. Que ele faz.

Jimin controla nosso beijo.

Não o faz ao beijar alguém que abdica do controle, no entanto. Assim como ele, até inconscientemente, eu tento assumir parte do comando sobre nós dois, mas não é como uma disputa. É como uma combinação de nossas atitudes simultâneas. Ele me aperta a nuca, me puxa os cabelos ou segura meu rosto pela mandíbula, posicionando-o da forma que quer enquanto sua língua se enterra em minha boca e seus lábios se unem aos meus, movendo-os no ritmo lento, mas intenso, que determinamos. E eu lhe envolvo a cintura, mantendo seu corpo pressionado ao meu, despropositadamente forçando-o a ficar nas pontas dos pés enquanto me beija sem parar por minutos que se estendem pelo fim da tarde.

O resultado poderia ser desastroso.

Poderia.

Pelo contrário, sua busca contínua por controle combinada ao meu toque naturalmente mais firme, talvez até brusco, resulta no beijo mais intenso que já experimentei.

E eu, que sempre achei que beijos eram superestimados, finalmente percebo.

Beijar é surrealmente bom, se for alguém como Jimin.

E eu estou beijando-o há tanto tempo que não consigo me concentrar em mais nada além de seu toque, do sorriso breve que ele abre contra minha boca quando eu suspiro depois que ele puxa meu cabelo e eu aperto a lateral de sua cintura.

Eu não consigo me concentrar em mais nada. Mais que isso, eu não quero. No entanto, o som do motor de um carro subindo pela rua me arranca do espaço próprio que criei. O beijo se interrompe, eu olho ao redor e, sem dever ter esquecido, lembro.

Nós ainda estamos na frente da minha casa.

Quando volto a olhar para Jimin, encontro-o deslizando o polegar sobre o canto dos lábios que, nesse exato momento, são coloridos por um tom mais intenso de rosa.

Sua respiração continua atrapalhada, o peito sobe e desce devagar e não demora para que ele pisque demoradamente, no gesto já familiar.

— Eu esqueci que nós estávamos na rua. — É ele o primeiro a quebrar o silêncio, subitamente parecendo tão sem jeito quanto nunca o vi.

A primeira coisa que percebo é que minha mão continua em sua cintura. Então afasto, até deixar de tocá-lo.

A segunda coisa que percebo é uma que obviamente não me passou despercebida, mas só agora sinto o peso da percepção me atingir como em um desenho animado em que o personagem súbita e inexplicavelmente é esmagado por um piano que por algum motivo estava no topo de um prédio qualquer.

Aliás, é pior. É como se eu fosse o Papa-léguas e a vida, o Wile E. Coyote.

Houve um planejamento, uma manipulação de acontecimentos além do meu entendimento para que chegássemos a esse momento. Como uma armadilha milimetricamente calculada pelo coiote vilão ao tentar capturar seu arqui-inimigo e esmagá-lo com uma bigorna.

A diferença é que Papa-léguas sempre escapa das tramoias. Eu, fui capturado.

E agora uma bigorna massiva com a sigla ACME cravada bem na lateral está esmagando furiosamente toda a minha consciência.

Porque meu deus, puta que pariu, que cacete.

Eu beijei Jimin.

Eu beijei Jimin por minutos que se estenderam muito além de qualquer outro beijo que eu tenha dado em meus dezenove anos.

E fui eu quem provoquei isso.

Eu disse que ele estava me devendo um beijo e cobrei que me beijasse?

Santo caralho, eu disse que ele estava me devendo um beijo e cobrei que me beijasse.

Nós estivemos de olhos por tempo demais. Ainda assim, não conseguimos nos olhar.

Nossas bocas ficaram e silêncio, ocupando-se uma com a outra, prolongando o beijo que descobri desejar tanto. Agora, ficam caladas porque não temos coragem de dizer qualquer outra coisa.

O silêncio se prolonga. A ausência do encontro dos olhares, também. Meu rosto é lentamente tomado pelo calor característico. E saber que Jimin, Park Jimin, está igualmente sem jeito não ameniza meu próprio constrangimento e falta de ação.

Aqui na frente de casa, recebendo a noite que começa a tomar conta do céu assim que expulsa o último rastro alaranjado do sol, eu e ele permanecemos calados.

E como me faltam poderes para ler mentes, não sei o que ele está pensando. Mas o que me desespera é não conseguir ler sequer o ritmo dos meus próprios pensamentos.

O que acabou de acontecer? Eu beijei Jimin. Por minutos? Meu deus. Eu gostei. Jimin é um homem. Eu sou bissexual? Em quantos outros rótulos eu posso me encaixar? Cacete. Ok. Eu beijei um homem. Beleza. Consigo evitar uma crise por isso. Mas esse homem é Park Jimin. Puta merda.

Puta merda.

São questionamentos, dúvidas, receios e muito poucas certezas, um sobrepondo o outro, criando o mais completo caos dentro de minha própria consciência.

Uma coisa que sei, no entanto, é que não importa quantos pensamentos se atropelem nesse momento, nenhum deles me faz sentir arrependimento.

Eu não me arrependo de ter beijado Jimin.

De novo, puta merda.

— Jeon... — Não sei quanto tempo de desconforto depois, ele me chama.

Jeon. Não Jungkook, Jungkook-ssi ou gracinha.

Inevitavelmente receoso sobre o significado desse chamamento nesse instante, eu quase não percebo a forma como fecho meus olhos com força antes de erguer meu rosto e, finalmente, olhar para ele.

Não é com alegria que retomo essa certeza, mas não é difícil me deixar com as bochechas vermelhas, então não me surpreende que a cor esteja dominando meu rosto nesse exato momento.

Por outro lado, não é comum que Jimin sofra os mesmo efeitos. Ainda assim, aqui está. Park Jimin está com as bochechas gordas avermelhadas.

Agora que toda a adrenalina da discussão se esvaiu, isso é o que nos resta. E que desastre.

— Nós nos beijamos. — Aí, de todas as coisas possíveis e impossíveis que ele poderia dizer, é isso que escuto.

— Sim. — E de todas as minhas respostas possíveis, isso é o que é dito.

Ele pisca desajeitadamente mais uma vez, nessa piscação esquisita. Depois, com o corpo inquieto, passa as mãos pelo rosto. Por último, desliza os dedos pelos cabelos, jogando-os para trás.

Diante de sua agonia, meu pensamento imediato é verbalizado antes que seja feita uma ponderação mais cuidadosa:

— Eu achei que você queria.

— Eu queria.

Não quer mais?

— Eu quis isso por três anos, Jungkook. — Diante de meu pensamento mudo, ele prossegue. — Pelo amor de deus. Eu quis tanto que quase enlouqueci.

Ok.

— Então por que você está esquisito? — Junto coragem o suficiente para questionar.

— Você também está esquisito.

— Eu sou esquisito, Jimin.

Ele deixa um sorriso inesperado dar as caras, ainda desajeitado. Aí, faz um movimento breve com a cabeça, denunciando uma concordância que parece até mesmo ofensiva.

— Justo. — E diz.

— Então? Você está esquisito porque...?

Jimin usa apenas o indicador para coçar a testa, exibindo sua contrariedade em dar a resposta que estou pedindo. Com mais um suspiro, ele umedece os lábios, pisca duas vezes e volta a falar:

— Nós podemos entrar?

Apesar da contração natural em minhas sobrancelhas, que expressam toda a minha confusão sobre o seu pedido no lugar de um esclarecimento, a única resposta possível é um sim silencioso, dado quando, num gesto nervoso, eu massageio minha nuca dolorida pela lembrança do toque de suas unhas cravados aqui.

Só depois, sigo o restante do curto caminho até a porta de casa.

Assim que passo para dentro, ciente de que Jimin vem logo atrás de mim, meu corpo congela antes que eu me livre das botas, porque a visão que tenho me faz perder a reação por um instante.

Junghee salta para longe da janela da sala, uma que dá a visão perfeita de onde eu estive até agora com Jimin, e esconde as mãos atrás do corpo enquanto exibe a contradição entre um sorriso e os olhos de bandido pego no flagra.

— O que você estava fazendo? — Sem demora, disparo a pergunta.

— Nada, não.

— Moleque... — E lá vem o tom de aviso.

Ele sorri mais um pouco, recuando com passos nervosos. Aí, Jimin para ao meu lado sobre o tapete da entrada, começando a tirar os sapatos antes que eu o faça.

— Junghee? — Ele chama, acho que sem perceber a atividade suspeita do malandro.

Meu irmão parece se esforçar como se esforça para expulsar aquele barro massivo que ele solta toda semana. O objetivo agora é, aparentemente, esconder uma risada.

Ele falha.

— Oi, Jimin hyung. — O sonso diz. — Tudo bem?

Jimin ergue as sobrancelhas num gesto rápido, antes de apertar os ombros numa resposta vaga.

— Estou bem. E você? Pelo visto mentiu sobre precisar da minha ajuda.

— Não... eu precisava mesmo. Não aguentava mais Jungkook hyung suspirando pelos cantos por não conseguir falar com você.

Minha boca se abre em choque, meus olhos também, e eu acho que minha pressão despenca junto.

Ao invés de ameaçá-lo de morte, no entanto, o que eu faço é chutar as botas para tirá-las de meus pés e agarrar a mão de Jimin para puxá-lo comigo antes que meu irmão diga mais alguma coisa que vá me fazer querer desistir da minha vida ou dar fim à sua.

No primeiro momento, quando me vê fechar a porta com brusquidão e começar a andar para dentro de casa, Junghee corre para se proteger do outro lado do sofá, acreditando que estou fazendo meu caminho para dar o tapa mais forte que ele já recebeu nessa cabeça gigante.

No entanto, com minha mão tocando a de Jimin, eu o puxo diretamente para meu quarto.

Aqui dentro, fecho a porta.

E espero.

Espero morrer de vergonha.

Eu me livrei de um possível agravante, mas não me livrei do constrangimento já despertado pela revelação desgraçada daquele moleque de satanás.

Com um suspiro quase de desespero, eu recosto meu corpo na porta fechada e já começo a juntar toda a coragem que não tenho para olhar para Jimin, imaginando que ele até se livrou da expressão esquisita de instantes antes para começar a exibir o sorriso provocativo de sempre. Mas eu não preciso encontrar a coragem.

Eu não preciso olhar para ele, porque Jimin não me dá tempo.

Com o chaveiro de Jungoo ainda pendurado em sua mão, Jimin me segura pelo cós da minha calça e cola seu corpo no meu, me pressionando entre seu peito e a porta em minhas costas.

E assim, tão perto mais uma vez, sua boca toca a minha.

Ainda com meus olhos arregalados pela surpresa, eu sinto sua língua deslizar sobre meu lábio inferior, de baixo para cima, lambendo-o enquanto o envolve com seus próprios lábios.

Poucos segundos são necessários para que o choque seja esquecido e eu me renda mais uma vez ao beijo de Jimin. Meus olhos se fecham; meus braços, envolvem sua cintura, puxando-o novamente até seu corpo se aproximar tanto quanto as leis da física permitem; suas mãos deslizam de onde estavam até minha cintura, depois sobem por meu abdômen até meu peito e ombros, enlaçando meu pescoço num abraço apertado quando volta a ficar na ponta dos pés; por último, definitiva e decisivamente não menos importante, eu saboreio seu lábio superior enquanto ele continua chupando o meu inferior.

E acontece novamente.

Todo o resto perde importância.

Minha confusão sobre sua reação morre. Minha vontade de quebrar Junghee desaparece. Meu constrangimento evapora.

Tudo que sinto é Jimin. É sua forma de travar o beijo quando puxa o ar intensamente. Sua mão subindo por minha cabeça para entrelaçar seus dedos em meus cabelos mais uma vez. Seu peito no meu, com seu coração disparando na mesma frequência desastrada que o meu dispara.

Tudo que sinto é ele e sua forma de me puxar para seu corpo com muito mais que o toque.

A diferença de altura se firma mais uma vez quando seus pés tocam completamente o chão e sua mão me segura pelo pescoço a partir do momento em que ele começa a recuar com passos, sem parar de me beijar. Não precisa de muito para que eu o siga, ambos às cegas, até que suas pernas se chocam contra a beirada da minha cama de solteiro e ele caia sentado sobre o colchão.

O beijo se interrompe contra nossa vontade. Ainda aqui de pé, com Jimin sobre a cama, nossos olhares finalmente se encontram.

Diferente da última vez, ele não permite que aquela sensação de vergonha e falta de jeito volte a ganhar espaço: seus dedos curtos logo agarram o tecido grosso de meu moletom, puxando-me em sua direção até que meu corpo cai sobre o seu, com minhas mãos espalmadas aos lados de seu quadril para meu peso não esmagá-lo de uma vez.

Mais um olhar. Mais um segundo. Mais um beijo.

Ainda me segurando pelo agasalho e agora também pela nuca, Jimin começa a arrastar o próprio corpo pela cama. Eu me ajoelho sobre ela para segui-lo, percebendo que ele apenas para quando me faz deitar com a cabeça sobre o travesseiro.

Quando sua boca começa a se afastar da minha, meu reflexo é segurá-lo pelo pescoço e tentar voltar a beijá-lo, mas ele acaba rindo antes que eu o alcance.

— Calma, Jungkook-ssi... — Ele pede, com o mesmo sorriso nos lábios que quero de volta.

Eu aproveito a distância indesejada para respirar, ainda letárgico quando pisco e vejo Jimin apoiar o cotovelo ao lado de minha cabeça e usar uma mão para sustentar o queixo enquanto, com a outra, me toca o peito num carinho suave. Simultaneamente, ainda mantém um dedo agarrado ao anel do chaveiro como se o bicho pequeno de pelúcia fosse mais valioso que o anel de Sauron.

— Você não queria saber? — Ele pergunta, então.

— Saber o que?

Ele ri novamente ao me perceber todo desestruturado por seu beijo. E lá vem a sensação de vergonha mais uma vez.

No entanto, antes que esta se instale, ele se abaixa para me dar mais um beijo suave, apenas um tocar de lábios demorado e carinhoso.

Quando se afasta, com o rosto ainda tão próximo do meu, seu sorriso se mantém sem qualquer tom de provocação.

Jimin só parece genuinamente feliz.

— Saber por que eu estava... esquisito. — Então ele me responde, ainda sorrindo. — De acordo com suas palavras.

— Ah. Sim. Você ainda não me disse.

Jimin pisca lentamente. Mais um sorriso vem. E, finalmente, a confissão:

— Por isso, Jungkook-ssi. — Ele diz, com seus dedos deslizando continuamente sobre meu peito. — Porque beijar você foi provavelmente a melhor coisa que eu já experimentei em toda a minha vida e eu queria te beijar de novo. Meu deus, eu ainda quero te beijar.

Eu estou prestes a dizer: então beija.

Graças a deus, Jimin é mais rápido ao concluir sua confissão tão esperada (ainda que brevemente esquecida):

— Naquela hora eu não sabia como fazer isso, como voltar a te beijar. E eu estava... envergonhado. Por um beijo? O que, sinceramente, não acontece desde os meus dezesseis anos. A sensação foi esquisita, então eu devo ter ficado esquisito também. — Assim que termina, Jimin dá uma risada muito gostosa: — Não foi nada tão profundo, gracinha. Não precisava ficar tão apavorado.

— Eu não estava apavorado.

— Eu sei que você acha que parece assustador com essa cara fechada, mas deixa eu te contar: você é muito mais transparente do que acredita ser. Você tem cara de bravo quando está bravo. Quando está apavorado, você parece apavorado. Seus olhos entregam tudo, Jungkook-ssi.

Eu tento sustentar seu olhar enquanto esboço minha melhor expressão de demérito em sua suposta revelação. No entanto, não resisto cinco segundos sob os olhos intensos de Jimin e logo desvio minha atenção.

E é claro que ele ri.

— Por que você ficou tão preocupado, gracinha? — Mais uma percepção óbvia: é claro que ele já está voltando para esse tom que sempre usa para me provocar. — Você achou que eu não tinha gostado do seu beijo, foi?

— Cala a boca, Jimin-ssi.

Ele gargalha, dessa vez. E enquanto reconheço que é delicioso ouvir esse som depois de ter sido privado de ouvi-lo durante três dias, ainda assim o que sinto em maior intensidade é a vontade de cavar um buraco profundo, chegando ao inferno, e me esconder nele para sempre.

Mais simples que isso, o que faço é puxar o travesseiro para cobrir minha cabeça.

E acho que o faço com muita brusquidão, porque o cotovelo de Jimin escorrega e ele desmonta de uma vez ao meu lado, gargalhando ainda mais do próprio acidente.

— Ei... — Ainda com o tom de riso, ele chama. Eu aperto o travesseiro contra minha cara ainda mais. Talvez eu consiga me sufocar até perder a consciência. — Ei, gracinha... Jungkook-ssi...

Vencendo a força de meus braços, Jimin consegue afastar o travesseiro, mais uma vez com a cabeça pairando sobre a minha enquanto seu sorriso ainda se exibe para mim.

— Eu acho que voltei a te odiar. — Confesso.

— Nem brinca com uma coisa dessas, Jungkook. — Ele pede, como se houvesse a menor possibilidade de odiá-lo depois de sentir seu beijo.

Apesar disso, digo:

— O que eu posso fazer? Você é insuportável, Jimin-ssi.

Ele termina de arrancar o travesseiro de mim, puxando-o para o próprio colo quando senta sobre o colchão e sorri meio travesso, bandido como meu irmão mais novo.

— Jungkook? — E chama.

— Que?

— Não precisa ficar preocupado. Seu beijo é o melhor, Jungkook-ssi. Caralho de beijo bom.

Meus olhos se arregalam pela confissão repentina, mas logo eu estou rindo genuinamente de sua sinceridade leve, proferida com essa expressão que me dá nos nervos e ao mesmo tempo me diverte tanto.

— O seu também dá pro gasto, Jimin-ssi.

Ele arqueia as sobrancelhas em descrença antes de jogar o travesseiro em minha cara, o que me faz rir enquanto percebo que ele faz o mesmo.

— Não vem com essa, Jeon. — Ele diz assim que jogo o travesseiro para o lado e me arrasto para me sentar como ele, frente a frente, com minhas costas descansando contra a parede. Sem perceber que assim me deixo completamente vulnerável, sou pego de surpresa quando ele diz: — Eu disse que poderia te levar ao céu só de te beijar. E eu sei que levei. Ou você estava suspirando daquele jeito porque não gostou?

Completamente vulnerável.

Tão exposto, o efeito rápido que sua provocação tem sobre mim logo se torna visível e Jimin sorri para comemorar sua vitória quando me vê assim, sem reação.

— Imaginei. — E diz.

Ainda sem me recuperar completamente, eu me desfaço da necessidade de continuar fugindo de seu olhar quando, lenta e discretamente, os olhos de Jimin vão se fechando e ele cobre a boca para esconder um bocejo.

— Desculpa. — Ele pede, massageando o próprio rosto depois.

Eu checo as horas em meu celular para ter certeza de que ainda é bastante cedo, então tenho embasamento para toda a estranheza em meu tom, quando pergunto:

— Já está com sono?

Jimin balança a cabeça para cima e para baixo numa confirmação insatisfeita, logo espalmando uma mão atrás do quadril quando reclina o próprio corpo.

— Eu dormi muito mal nas últimas noites. — Ele confessa, então, com a outra mão sobre sua perna, continuamente segurando o chaveiro de coelho. — Você nem imagina.

— Aconteceu alguma coisa? — O questionamento que faço é genuíno, mas ele me olha com tédio forçado, como se eu devesse saber da resposta.

— Eu me forcei a te afastar de mim, Jungkook. Isso me deu material extra para pensar em você quando deitava para dormir, então... não dormia. — Aí, ele reclina a cabeça um pouco para o lado e sorri sem muita felicidade: — Tentar desistir de você foi mais difícil do que eu achei que seria. E eu já sabia que não seria fácil.

A lembrança do afastamento forçado de Jimin e da forma como ele passou a me repelir e evitar diante das minhas tentativas frustradas para conversar ainda é recente demais. Por isso, não consigo evitar o breve desconforto que a retomada do assunto me provoca.

E é só então que eu pareço ter real consciência daquilo que já tinha descoberto, mas talvez não tenha me esforçado para entender.

Eu entrei em desespero com seu afastamento.

Eu tentei de toda maneira, contra meu orgulho, convencê-lo a pelo menos conversar comigo.

Eu comprei um maldito chaveiro de coelho quando nunca comprei presentes para ninguém além de minha família.

Eu queria Jimin por perto novamente. Não porque o universo assim parece impor. Em nenhum momento de minhas tentativas, isso se passou em minha cabeça. Eu o queria por perto por ele. Por Jimin e nada além.

Todos esses entendimentos me assustam.

Eu não percebi quando ele se entranhou tão intensamente em minha vida a ponto de ter sua ausência percebida e sentida da forma como foi. Eu não percebi o momento em que parei de desejar apenas as sensações novas que ele me provoca e passei a desejá-lo por perto, por sua companhia, por seu riso e seu jeito de falar comigo.

E ainda que o medo provocado pela falta de familiaridade com tal intensidade reivindique seu lugar, eu não posso ceder àquela que seria minha reação natural num passado pouco distante.

Eu não posso afastá-lo. Porque eu já experimentei seu afastamento e, meu deus, não quero senti-lo novamente.

Por isso tudo, enquanto Jimin se perde nos próprios pensamentos e dedica toda a sua atenção a acompanhar os movimentos de seu polegar acariciando a cabeça da pelúcia, eu preciso perguntar:

— Ei? — O chamamento é inseguro, um pouco receoso. Quando ele me olha, curioso à espera do que tenho a dizer, eu expulso o questionamento de uma só vez: — Você vai fugir de novo?

Jimin aperta os lábios num gesto de preocupação, logo arrumando sua postura para sentar com as duas mãos no colo e o tronco brevemente curvado para a frente.

Depois de voltar a olhar para o presente simplório que tem em mãos, ele perde alguns segundos e finalmente me entrega sua atenção mais uma vez. Aí, pondera:

— Nós ainda precisamos conversar melhor sobre o que eu fiz, não é?

— Depois da dor de cabeça que me deu, é o mínimo. — A intenção nem é soar mal humorado, mas... bem. Já foi.

Por sorte, e para minha surpresa, Jimin parece ter um apreço inexplicável até mesmo pelos traços mais rudes de minha personalidade. Então, diante de minha declaração pouco cuidadosa, o que ele exibe é um sorriso sem qualquer mágoa.

E ainda diz:

— Que saudade eu senti de você, gracinha...

Gracinha onde?!

Eu estou prestes a retomar toda a irritação que ele me fez sentir durante os últimos dias e o cara de pau ainda tem coragem de agir como se eu fosse adorável como um filhote?

Mesmo com meu olhar muito possivelmente denunciando o quanto me sinto inconformado, Jimin não se assusta. Por outro lado, reconhece:

— Eu me divirto quando você fica todo bravo por qualquer besteira. Mas eu sei que dessa vez você tem motivo, então... não. Não é divertido, agora.

— Pelo menos. — Dessa vez, digo sem impaciência. É mais um alívio genuíno por Jimin reconhecer que, sim, eu perco a paciência por coisas ridículas, mas que também preciso ser levado a sério quando tenho motivos verdadeiros.

— Certo. — E é assim que ele começa, respirando fundo antes de expulsar todo o ar, lenta e silenciosamente.

— Certo. — Repito.

E... silêncio.

Jimin não parece saber o que dizer. Honestamente, se ele não sabe, eu sei menos ainda. Mesmo assim, eu esperei tempo demais por essa conversa e o que ele me disse mais cedo não esclarece tudo. Por isso, volto ao ponto que deu início a tudo isso:

— Woo-ri ainda é um assunto a ser discutido? — E pergunto.

A menção do nome parece trazer uma lembrança que Jimin repreende intensamente.

— Não, Jungkook. — Ele diz. A seriedade no tom não denuncia impaciência alguma, mas é cheia de arrependimento. — Eu preciso te pedir desculpas por muitas coisas e essa é uma delas. Me desculpa de verdade por ter agido como se você tivesse cometido um erro imenso. Não era um direito meu, não importa se você transou com ela ou não.

— Eu não transei. — Ainda que entenda seu pedido de desculpas, eu esclareço pela milésima vez.

— Eu sei, Jungkook-ssi. Mas não importa. Eu te culpei e te fiz sentir como se fosse culpado caso fizesse algo que tem total direito de fazer. Continuei dizendo que você não me devia nada, mas não agi dessa forma. Então desculpa.

Eu repuxo minhas pernas até dobrá-las. Simultaneamente, escondo minhas mãos no bolso frontal do meu moletom e balanço a cabeça numa concordância suave.

Eu o desculpo pelo erro. Porque ele tem razão, foi um erro que eu não tinha percebido até esse momento.

— Segundo, — Ele continua, com a mesma seriedade em cada sílaba dita. — eu também errei por não ter te dado a confiança que sei que você merece. — Jimin até ri, cheio de frustração, sentindo o peso das próprias ações. — Eu agi como se você me devesse explicações e, quando você tentou conversar comigo, eu não te escutei. Puta merda, Jungkook... — Como se a verbalização aumentasse seu arrependimento, Jimin desliza a mão pela própria testa enquanto parece se martirizar. — Me desculpa.

— Isso foi o que mais me irritou — Digo, ao invés de ser completamente sincero e confessar que o que senti de verdade foi outra coisa. Mágoa.

Eu pretendo guardar esse único sentimento. Quero escondê-lo, porque a causa raiz para seu surgimento é algo que não quero explicar. Ao mesmo tempo, a voz de Hoseok dispara em minha mente.

Uma conversa sincera resolve e evita muitos conflitos.

Conversa sincera.

Preso em meu conflito repentino, eu vejo que Jimin me olha à espera, como se sentisse que algo mais precisa ser dito.

Insatisfeito com a necessidade crescente de fazê-lo, eu desvio e reviro meus olhos, incapaz de retorná-los de encontro à imagem de Jimin quando confesso:

— Eu estou tentando melhorar, Jimin. É difícil pra cacete, mas eu continuo tentando. E eu não queria, porque sei que depois de tudo vocês têm o direito de duvidar de mim, mas toda vez que alguém próximo age como se eu não merecesse o mínimo de confiança... — Eu paro. A esse ponto, não preciso verbalizar o sentimento porque sei que minha voz é perfeitamente capaz de traduzi-lo. Assim, encerro a tortura que é deixar a sinceridade me vulnerabilizar: — Essa é a parte mais difícil.

Jimin parece inquieto e cada vez mais arrependido, sem parar de demonstrar toda a agitação de seu corpo e mente ao usar as mãos para brincar continuamente com o chaveiro.

Ainda com essa postura cheia de agonia, ele diz:

— Você merece confiança, Jungkook. Eu sei que você merece. Não deixa meu erro fazer você acreditar que não está indo bem, por favor. Porque você está. Você está indo muito bem, Jungkook-ssi. Eu juro.

Eu penso em todas as coisas que posso dizer. No entanto, apenas uma encontra o caminho para fora dos meus pensamentos silenciosos:

— Obrigado.

Jimin sorri novamente e eu me assusto quando ele arrasta o corpo pelo colchão até sentar mais perto de mim, e não recuo quando ele dobra as pernas como as minhas e apoia os joelhos sobre os meus, ainda nos mantendo assim, frente a frente.

Aí, ele diz:

— Você é incrível, gracinha. Eu espero poder corrigir minhas falhas como você está fazendo.

— Não é nada demais, Jimin. Eu demorei três anos e precisei de um colapso do universo para começar.

— Não seja por isso. — Ele diz, erguendo o chaveiro pendurado em seu dedo. — Eu precisei de vinte anos, um colapso do universo e um chaveiro da Jungoo para reconhecer que preciso parar de fugir de tudo que me assombra.

Eu estendo minha mão e arranco o chaveiro de seu dedo, tomando-o de volta para mim.

— Ei? — Ele chama, horrorizado.

— Estou pegando de volta.

— Não começa, Jungkook. — Ele exige, impaciente quando tenta recuperá-lo e eu ergo meu braço no alto, longe de seu alcance.

— Você recusou da primeira vez que eu tentei te entregar — Relembro, puxando-o pelo cós de sua calça jeans para mantê-lo na mesma altura quando ele tenta se ajoelhar para alcançar minha outra mão no alto.

— Estava dentro de uma sacola. Eu não sabia o que era.

— Não importa. Era um presente.

— E você não acha que eu me odiei por sentir que precisava rejeitar seu presente e rejeitar você? Pelo amor de deus, Jungkook, eu me odiei. Eu te odiei por me fazer gostar tanto de você, odiei meu pai... eu odiei tudo envolvido naquela situação.

Não é conscientemente que eu deixo a falta de entendimento ter efeitos sobre meu corpo até que meu braço volte para a posição inicial. No movimento mais rápido que já vi, Jimin aproveita a brecha para tomar o chaveiro mais uma vez, mas não é isso que importa agora.

— Seu pai? — E verbalizo o motivo da minha confusão.

Ainda segurando o chaveiro com as duas mãos para protegê-lo, Jimin me dirige um olhar sério antes de mover os ombros num gesto esquivo.

— Não finja que é uma surpresa. Eu já te disse.

Tardiamente, a ficha cai. Ele disse. Não com essas palavras, mas disse.

O homem que dizia amar sua mãe, mas que infernizava a vida dos dois. O medo que Jimin tem de que isso esteja em seu DNA.

É ridiculamente óbvio.

É seu pai. Jimin tem medo de se tornar alguém como o próprio pai.

— É ridículo me deixar afetar tanto por algo que aconteceu tanto tempo atrás, não é? — Diante de minha ponderação silenciosa, ele questiona junto a um sorriso entristecido.

Não é.

São nossos próprios demônios, os fantasmas do passado que se estendem pelo presente e tentam guiar nosso futuro.

Eu tenho os meus. A dor da morte inesperada e trágica de meu pai é algo que não consigo esquecer, assim como Jimin não consegue esquecer o que quer que tenha acontecido em seu passado. E isso não é ridículo. É triste, mas não é ridículo de forma alguma.

— Claro que não, Jimin-ssi. — Em voz alta, garanto. — Nós somos frutos do meio, não é? É natural que o passado faça parte do que nós nos tornamos, eu acho. E nem sempre o que carregamos é bom.

Ele sorri como se faltasse confiança, usando a própria mão para tocar o pulso coberto por sua manga longa. Para tocar as cicatrizes que se escondem ali debaixo.

— É. E o meu passado vai me acompanhar para sempre. Eu tirei de mim mesmo o direito de esquecer.

— Esquecer é impossível. Mas pode amenizar. Não é? — Dessa vez, o receio em minha pergunta existe porque a resposta se aplica a mim mesmo. — Pode doer menos e assustar menos... não é?

— Talvez. — Ele finalmente volta a me olhar. Com a expressão séria, mas suave, me surpreende ao esticar sua mão e estender seu dedo mindinho para mim. — Promete que vamos tentar.

Ainda sem reação, eu olho do dedo minúsculo para seu rosto.

— Tentar como?

— Do jeito certo. Procurando ajuda. Eu vou voltar para o psicólogo, você pode fazer o mesmo. É um bom começo, você não acha?

Facilmente, ele percebeu. Jimin conseguiu entender que meu discurso e minhas dúvidas não são de alguém que vê de fora. É de alguém que, como ele, segue machucado demais.

E facilmente, diante do entendimento mútuo, eu cedo.

Eu estico minha mão e faço o que não fazia desde a infância.

Eu selo uma promessa de mindinho.

— Eu só preciso encontrar um trabalho antes. — Garanto, sem acreditar quando vejo seu sorriso e isso basta para que o meu renasça.

— Tudo bem.

Ainda com nossos dedos menores unidos, eu percebo o momento em que os dentes de Jimin capturam o lábio que já me faz falta e, com o olhar travesso, ele move sua mão até que, erguidas entre nossos corpos, sua palma pressione a minha antes que seus dedos deslizem entre os meus.

— Senti saudade de segurar sua mão. — Ele diz, então.

Eu olho para nossos dedos entrelaçados, ciente de que, sim, eu também senti saudade.

E ainda preso por essa atmosfera íntima criada pela sequência de sinceridades trocadas, eu tento um último esclarecimento.

— Jimin? Eu posso te perguntar mais uma coisa?

Ele me olha silenciosamente. A breve demora para responder não parece ser guiada por hesitação, porque logo seu sim vem suave e seguro. E, com a permissão dada, pergunto o que me corrói por dentro:

— A pessoa que você viu e que te fez entrar em pânico no dia do boliche... foi ele? Foi seu pai?

Da última vez, ele disse que não estava pronto para falar sobre isso. Dessa vez, ele finalmente revela:

— Sim.

Eu sabia, no fundo, que não tinha como ouvir outra resposta. Desde que me confessou as verdades ditas hoje, eu tive a certeza de que era ele. Mas, agora que tenho sua confirmação, não sei o que fazer.

— Ele se mudou para outra cidade há cinco anos. — Sem se ofender por meu silêncio, Jimin diz baixinho. — Eu não entendi por que voltou e fiquei com medo, ainda estou, de que isso faça tudo aquilo voltar. A distância era a única coisa que me fazia sentir menos vulnerável. Agora eu só penso: e quando eu o encontrar de novo? Sabe?

A dor que carrego é por ter amado tanto o meu pai e não poder tê-lo mais em minha vida. A dor que Jimin carrega é por desejar seu pai fora da sua. Então eu não posso dizer que entendo, sequer posso dizer o que ele deve fazer.

O que eu posso dizer e o que digo, no lugar, é:

— Eu não sei exatamente como você se sente, Jimin-ssi, mas se acontecer de novo... você não precisa fugir por vergonha do que eu vou pensar.

— Ao invés de correr para longe, eu posso correr até você?

— Sim. Eu não vou saber o que fazer, menos ainda o que dizer e vou ser um desastre como ombro amigo, mas eu também não vou julgar você.

Jimin sorri. Dessa vez, de verdade.

— Seu desastre é perfeito, Jungkook-ssi.

— Se você acha mesmo, eu não sou o único esquisito daqui.

Ele sorri um pouco mais. O nariz pequeno se espalha todo e os olhos se fecham inteiros como tantas vezes já vi. É bonito que só o cacete.

— Eu acho. — Então ele garante, ainda sorridente. — Mas você sabe, não é? — E questiona, com seu corpo ganhando movimento à medida que sua mão solta a minha e ele se inclina em minha direção, apoiando ambas as palmas no colchão. Com o rosto tão próximo, revela: — Eu não quero só seu ombro amigo, Jungkook.

Meu deus.

— Eu sei.

Meu deus?

Minha resposta quase me faz entrar em curto circuito. Jimin, por outro lado, parece aprová-la intensamente, sorrindo suave, sem maldade alguma, quando aproveita a deixa para dizer:

— Eu quero te beijar de novo.

Ele parece esperar a confirmação de que pode concretizar seu desejo. E me leva algum tempo para vencer a resistência inicial imposta por minha natural falta de jeito, mas eu confirmo. Não com palavras, no entanto.

Deslizando minha mão por seu pescoço até segurá-lo pela nuca, o silêncio é mantido quando meu olhar encontra o seu. Depois, nossos sorrisos um tanto envergonhados se encontram. Por último, quando puxo sua nuca, trazendo sua boca para mim, eles se tocam.

Depois de toda a conversa, do peso de todas as confissões feitas, o beijo é calmo. É lento e até inocente, mas é também ainda mais íntimo que o primeiro, segundo ou terceiro.

Não demora para que as mãos de Jimin me segurem pelos braços e mais uma vez ele decida a disposição de nossos corpos, puxando o meu quando, com o seu, ocupa o espaço ao meu lado e deita com as costas sobre o colchão. Ainda assim, o beijo não se apressa, nem mesmo quando eu me apoio ao seu lado e desço minha mão até sua cintura, puxando-o um tanto mais, com meu corpo cuidadosamente acima do seu.

O desejo que existe é o de continuarmos nos beijando assim.

E nosso desejo é interrompido pela voz de minha mãe.

— Jungkook? — Sem que eu perceba o momento em que ela chegou em casa, se dirigiu ao meu quarto, abriu a porta e me encontrou beijando Jimin, ela chama com a surpresa na voz.

O pânico que me invade é imediato.

Minha boca e meu corpo se afastam de Jimin na velocidade da luz para que meu olhar viaje na direção da porta parcialmente aberta, exibindo a expressão chocada de minha mãe.

Cacete!

Custava bater antes de entrar? Pelo menos uma vez na vida?

Ao meu lado, Jimin se move pela cama até sentar com a postura tensa, deslizando o polegar pelo lábio como se para apagar os rastros do beijo.

Tarde demais, Jimin.

— Mãe... — Eu chamo, o que só então parece despertá-la do transe quando ela pisca aceleradamente antes de pousar os olhos em mim.

E de todas as coisas que poderia dizer, o que ela diz, é:

— Eu vou preparar o jantar. — E sai.

Isso por si só expressa a gravidade do que acabou de acontecer.

Em outra situação, ela me perguntaria por que eu não fiz o jantar, depois me acusaria de ser um folgado que poderia muito bem ter preparado algo já que ela chega cansada do trabalho. Alguma coisa poderia ser jogada em minha direção, também.

Mas nada. Ela simplesmente dá as costas, fecha a porta e vai.

Em pânico, ainda distante de Jimin, eu esfrego as mãos por meu rosto ao perceber que eu não faço a menor ideia de como minha mãe vai reagir diante de um filho que beija alguém do mesmo sexo.

E se ela não aceitar? Logo agora que estávamos nos aproximando novamente?

Incapaz de me acalmar e dar fim à inquietação, eu não falo nada ao sair da cama e caminhar diretamente até a porta do quarto. Com a mão repousando acovardada sobre a maçaneta e meu coração disparado feito louco, eu finalmente passo para fora do quarto e sinto minhas pernas menos firmes a cada passo que dou em direção à cozinha.

Junghee parece estar no próprio quarto e, sozinho, eu paro no arco da cozinha ao ver minha mãe de costas para mim, agachada diante do armário enquanto faz o maior barulho para tirar uma frigideira.

Num surto de coragem, chamo novamente:

— Mãe...

Ela não me olha, mas sei que me ouve porque logo o escândalo das panelas se torna ainda mais alto quando suas mãos se atrapalham inteiras.

Sem coragem de chamá-la novamente, eu continuo no mesmo lugar até que ela fica de pé com a frigideira em mãos, levando-a diretamente até o fogão.

— Eu vou esquentar o resto do jantar de ontem. — Essa é a primeira coisa que ela diz. — Te chamo quando estiver pronto.

— Mãe, por favor...

Ela para. Nada. Ainda com o corpo sem esboçar qualquer movimento, parece passar uma eternidade até que ela vira para me olhar, mas os olhos atrapalhados não se demoram em mim.

Logo, pousam em algo ao meu lado. Em alguém.

— Sinto muito se causei algum desconforto. — Não demora para que eu ouça a voz de Jimin, só então percebendo-o ao meu lado. Em combinação ao tom nervoso, percebo sua expressão carregada de receio: — Não foi a intenção.

Finalmente, minha mãe parece reagir diretamente a algo que é dito sobre o que presenciou e, depois de alguns segundos, ela balança a cabeça para os lados numa negativa ainda tensa.

— Eu só estou... surpresa.

— Não me ignora — Eu peço, em completo desespero ao perceber que ela ainda evita olhar para mim. — Por favor, mãe...

Agitado demais, eu busco o olhar de Jimin para pedir sua ajuda, mas percebo que dessa vez ele também não sabe o que fazer. A expressão calma que ele sempre esboça diante de toda sorte de situação desesperadora não está presente, dessa vez.

Pelo contrário, ele parece preocupado. E culpado.

— Vamos comer primeiro. — Ela decide com tom indecifrável, voltando a me dar as costas para seguir até a geladeira. Diante dela, para por um instante e olha mais uma vez para quem está ao meu lado, mas não para mim. Assim, anuncia: — Pode ficar para o jantar, Jimin. Será bem-vindo.

Ele me olha com receio, antes de dar uma resposta:

— Obrigado...

E com o anúncio óbvio de que devo deixá-la sozinha, assim fica determinado: minha mãe não está feliz, mas somente depois do jantar saberei quão mal ela verdadeiramente reagirá.

Isso é uma tortura.

Quando minha mente foi vítima da avalanche de pensamentos e questionamentos surgidos depois do beijo de Jimin, nenhum deles foi sobre a forma como minha mãe reagiria.

Junghee tratou meu possível envolvimento de forma tão natural que talvez tenha me forçado a esquecer que, para minha mãe, pode ser diferente.

Pode ser inaceitável, para ela.

Ela vai me rejeitar?

Ainda parado no mesmo lugar, mas com a mente a mil, meu corpo sobressalta levemente quando sinto o toque suave de Jimin em meu braço.

— Vem, Jungkook-ssi. — Ele usa todo o cuidado no chamado, acho que percebendo o espaço que minha mãe está pedindo ao adiar nossa conversa para depois do jantar.

O desespero não ameniza em nenhum instante desde o momento em que a mão de Jimin segura meu pulso e me puxa até o quarto. Nós nem fechamos a porta ao entrar.

— Desculpa, Jungkook-ssi... — Mais uma vez, ele pede.

Eu gostaria de ter alguém para culpar caso minha mãe me rejeite de alguma forma. Gostaria mesmo. No entanto, não existe um culpado aqui. Nós não fizemos nada de errado.

— Não tem pelo que se desculpar, Jimin.

Ainda de pé, parado próximo à porta, ele me observa silenciosamente enquanto eu caminho de volta até a cama e, sentado sobre ela, curvo meu corpo até apoiar meus cotovelos nas coxas e pressionar meus olhos com as pontas dos dedos.

— Você acha que ela vai reagir mal? — Mais alguns segundos se passam até que ele faça a pergunta.

Ainda pressionando minhas pálpebras fechadas, eu me dou mais um segundo de escuridão completa antes de deslizar as mãos para baixo.

— Ela pode só estar surpresa ou pode estar preparando um coquetel molotov no lugar do jantar. — Finalmente, respondo. — É impossível dizer.

Eu acho que Jimin movimenta a cabeça numa concordância suave. Acho. Não sei. Não olho para ele e ele não diz mais nada, também não se aproxima. Quando senta, ocupa minha cadeira de estudos, bem longe de mim.

Honestamente, prefiro assim.

Enquanto não sabemos qual a real reação de minha mãe, não quero que ela nos veja perto um do outro — ainda que isso não reduza algum possível dano caso ela não consiga aceitar o que viu, pelo menos evita um desgaste maior.

No meio de toda a confusão que se iniciou no primeiro 21 de outubro, eu não lembrei que preconceitos enraizados na mente de minha família poderiam ser outro problema em potencial.

E continuamente distante de Jimin, é apenas nisso que penso agora. Eu penso em todos os possíveis desfechos para o drama recente, vários dos quais não são bons.

Agonizando com o medo de estar certo em minhas previsões pessimistas, o tempo parece se arrastar no silêncio do meu quarto.

— O jantar está pronto. — Para dar fim à tortura, ou talvez início a ela, minha mãe reaparece.

Eu faço que sim, buscando alguma deixa em sua expressão. No entanto, minha análise é interrompida quando ela rapidamente vira para bater na porta de Junghee.

— Você quer que eu vá embora? — De repente, Jimin questiona.

Já de pé, eu nego de imediato.

Pelo amor de deus, não vá. Eu não quero ser a única vítima caso minha mãe tente me explodir com um coquetel molotov secretamente preparado.

Para despertar a primeira pontada de alívio, ele faz que sim sem demora. Fica de pé depois. Eu saio do quarto primeiro, virando para seguir até a cozinha, mas logo sinto Jimin me segurar pelo moletom.

— Lavar as mãos, Jeon.

Eu sempre esqueço. Não é hoje, justo agora, que seria diferente.

Mesmo assim, eu aceito seu lembrete e sigo com ele até o banheiro. Aqui, o silêncio sufoca.

De repente, a voz de Junghee quando ele também entra no banheiro para lavar as mãos me faz perceber que, afinal, eu preferia que nada fosse dito:

— Vocês estão muito tensos para quem deu um beijão daqueles.

Agora somos três dentro de um banheiro minúsculo e a tensão cresce proporcionalmente.

Então ele estava mesmo espionando pela janela.

Bandido.

— Mãe viu. — Ainda assim, eu revelo para ele enquanto o moleque esfrega as mãos debaixo da torneira.

— O que? O beijão?

— Para de chamar de beijão, cacete. Mas sim, o beijão. Não o que você viu. Outro.

— Começaram e não pararam mais, foi?

Eu reviro os olhos e ele resmunga alto quando eu estalo um tapão em sua cabeça.

— Jungkook! — É Jimin quem repreende.

— Filhos únicos não têm o direito de opinar.

— Esse doeu! — Junghee reclama, inconformado, e o sem noção tem a coragem de tentar revidar com um soquinho em meu ombro, mas eu logo seguro seu pulso, giro seu corpo magricela e prendo seus braços quando dou um abraço por trás, erguendo-o do chão para carregá-lo assim quando começo a sair do banheiro e ele começa a se debater. — Hyung!

— Você vai ser meu escudo caso nossa mãe esteja pensando em me atacar — Explico para ele, esmagando-o ainda mais quando reforço o aperto do abraço, mantendo-o erguido.

— Meu deus, Jungkook... — Jimin parece tentar me repreender, mas falha em conter a risada que acompanha a voz quando começa a nos seguir.

Sei que não foi planejado, mas Junghee conseguiu reduzir um pouco do nervosismo desesperador que estávamos sentindo. Agora, é ele quem está desesperado, se debatendo e tentando voltar para o chão.

— Vocês não param nem mesmo quando temos visita? — Assim que entramos na cozinha, minha mãe dispara o questionamento inconformado.

— Manda ele me soltar, mãe!

— Solte seu irmão, Jungkook.

Ok. Essa é minha deixa.

— Só se a senhora prometer que não vai atirar facas em minha direção se eu largar o moleque.

Agora que tenho tempo para analisar, percebo que sua expressão está, sim, menos carregada. No entanto, ainda não parece seu estado natural, até o momento em que sua testa se enfeza toda diante de minha condição.

— Além de fedorento agora é maluco, também? — Ela pergunta com o familiar tom de impaciência. — Sentem logo para comer.

Não posso dizer que não sei de onde veio minha paciência quase nula.

Mas pelo menos eu não sou fofoqueiro como ela e Junghee, que me lança o olhar mais furioso assim que devolvo seu corpo ao chão.

— Obrigado por me deixar jantar com vocês mais uma vez — Também percebendo a atmosfera um tanto menos carregada, Jimin diz com o mesmo cuidado e atenção de sempre.

Eu acho que minha mãe tenta sorrir como resposta, mas ela ainda está estranha. Mais estranha que eu e Jimin depois do beijo.

Ótimo.

Agora lembrei do beijo.

— Hoje a comida é simples. — Sem perceber a forma como faço uma careta para meus próprios pensamentos, minha mãe diz. — Mas você é sempre bem vindo, Jimin.

Eu paro com a mão no apoio da cadeira, ainda antes de puxá-la para sentar, e lanço:

— Mesmo depois de pegar a gente no quarto?

Foi planejado? Não. Foi um questionamento genuíno, mas do qual me arrependo no exato momento que sucede a pronúncia da última sílaba interrogativa. Dos outros três, as reações são variadas.

Junghee arregala os olhos em choque; Jimin, em desespero; Minha mãe, vai saber. Não estou entendendo essa mulher.

Depois do jantar, Jungkook. — Ela relembra, furiosamente puxando uma cadeira. Aí a maluca empurra Jimin pelos ombros até fazer o coitado sentar. — Não vamos ter essa conversa na frente de seu irmão.

— O que?! Eu quero participar também!

— Você é só um bebê, Junghee. Vai participar coisa nenhuma. Pode ir se preparando para ficar trancadinho no quarto jogando aquele Frio fada que você gosta assim que terminar de comer.

— É Free fire. E eu tenho quinze anos, não sou bebê!

— É o meu bebê, sim. E você — Ela lança o olhar duro em minha direção: — é meu bebê também. Os dois são meus bebês, mas um anda fazendo coisas que bebês não fazem, pelo visto.

— Eu tenho dezenove, mãe. — Digo, impaciente.

No meio do fogo cruzado familiar, Jimin continua sentado (depois de ser obrigado a isso), meio encolhido e visivelmente segurando o riso.

De pânico completo para esse desastre aparentemente cômico para mais ninguém além de Jimin.

Eu não estava esperando por essa.

Ainda assim, agradeço pela surpresa. Apesar da dose de constrangimento provocada pela caoticidade de minha família, eu não sinto o medo que estive sentindo desde que minha mãe me pegou aos beijos com Jimin.

Ela não está me rejeitando. Isso é o que mais importa.

Por outro lado, é claro que sigo ansioso para ouvir o que ela tem a dizer após o jantar. Então, enquanto engulo a comida requentada, me abstenho quase completamente da conversa que se desenrola entre Jimin e Junghee.

Honestamente, é preocupante ver esses dois se aproximando assim. Até imagino a dor de cabeça que vai me dar quando a bandidagem começar a rolar solta.

— Limpem a mesa, lavem a louça e guardem a que já está seca no escorredor — Quando finalmente terminamos de jantar, minha mãe diz. A doida nem treme antes de mandar a visita arrumar a cozinha. — Eu vou tomar banho e tirar o uniforme.

— Obrigado pelo jantar, senhora Jeon. — E lá vem Jimin agradecendo por comida requentada. — Estava deliciosa.

Minha mãe sorri para ele, antes de deitar seu olhar em Junghee e eu. Aí, pergunta:

— Vocês não podiam ser educados assim?!

— Vai tomar banho, fedorenta — Ah, a vingança é deliciosa.

Seu olhar de ódio, no entanto, não é tão aprazível assim. Diante dele, eu até me adianto em levantar logo para começar a recolher e louça suja antes que ela volte atrás com a ideia de atirar facas em mim.

Quando ela sai, Jimin me ajuda a tirar a louça suja e depois limpa a mesa, enquanto Junghee guarda a louça já seca e eu lavo o que está na pia.

É claro que a pior parte ficou para mim.

— Eu vou terminar a atividade da escola — O moleque avisa quando eu ainda estou lavando a segunda vasilha. Terminar atividade o cacete, ele está é fugindo para não ter que me ajudar.

— Jungkook está te ajudando quando você precisa? — Jimin pergunta, parado em algum lugar da cozinha.

Curioso, eu viro minha cabeça para poder olhar para o caçula, fazendo-o a tempo de ver seu sorrisão.

— Sim. Eu consegui entender matemática pela primeira vez na vida graças a ele.

O moleque é bandido. Sonso. Mas eu não me aguento, é fofo demais.

— Muito bem. — Jimin diz, também todo sorridente com a resposta de Junghee. Aí, ri antes de confessar: — Vocês dois me fazem querer ter irmãos. Que saco.

— Não queira. — E, como se fosse planejado, eu e meu irmão dizemos numa só voz.

Novamente, Jimin ri, alternando seu olhar entre o Jeon mais velho e o mais novo. Quando seu olhar se demorar um pouco mais sobre mim, ele mordisca o lábio para conter um sorriso suave, logo voltando a olhar para o moleque.

— Aliás... — Ele começa, seguindo até o menor de nós três. Parado na frente dele, Jimin segura meu irmão pelas bochechas antes de estalar um beijo brincalhão no topo da cabeçona: — Obrigado por ter enviado aquela mensagem. Me ajudou a fazer as pazes com seu irmão.

Apesar do sorriso todo feliz, Junghee também fica um tanto vermelho pelo beijo fraterno que recebe.

— De nada. — Ele diz, envergonhado e alegre. — Boa noite, Jimin hyung.

— Dê boa noite para quem desentope sua bosta também, seu mal educado! — Eu grito quando, depois de se despedir apenas da visita, ele começa a se afastar.

Presenciando mais uma das cenas que voltaram a ser costumeiras dentro de minha casa, Jimin fica parado, descansando contra a parede enquanto continua com a expressão suave. Sem tentar iniciar uma nova conversa, eu volto minha atenção para a louça suja. Estou preguiçosamente ensaboando um dos pratos quando percebo que, traiçoeiro como uma serpente, Jimin se aproximou.

Não demora para que o prato branco quase escorregue de minha mão e se estilhace dentro da pia quando tensiono inteiro assim que sinto mais uma vez. Jimin atrás de meu corpo. Suas mãos em minha cintura, primeiro, antes de se cruzarem sobre meu abdômen quando seu peito toca minhas costas e seu queixo se apoia em meu ombro, firmando mais um de seus abraços.

— Eu queria ficar mais tempo com você, mas acho que sua mãe quer ter mais privacidade para conversar, não é? — Ele pergunta, com os dedos acariciando minha barriga.

— Acho que sim — Respondo, ainda nervoso e correndo o risco de quebrar pratos enquanto ele me abraça assim.

— É melhor eu ir, então.

— Eu tenho que ir com você até a MoonMoon. Bee ainda está lá.

— Não... — Jimin decide, deslizando o queixo sobre meu ombro até que seu nariz toque minha mandíbula quando me dá um beijo suave no pescoço. — Você não vai pilotar hoje, Jungkook. Não depois daquele susto que me deu no estacionamento.

— O susto foi culpa sua, aliás. Você que fez besteira dessa vez e o universo ficou puto comigo.

— Talvez esse seja o ponto. — Ele diz, rindo suavemente. — Você é nosso mártir. É sempre você quem sofre as retaliações desse universo estranho.

— Mártir é o cacete. Não vou sofrer sozinho, não. — Resmungo, deixando o prato ensaboado sobre o balcão para ensaboar o próximo. — E é sério, eu preciso pegar Bee.

— Eu passo aqui para te buscar amanhã. Nós podemos ir juntos para a aula.

— Eu tenho que levar o moleque na escola.

— Você é grande, mas ainda sobra espaço para levar Junghee.

— Então depois da aula você me leva na MoonMoon.

— Levo, gracinha.

Eu umedeço meu lábio, sem qualquer nova objeção além da minha relutância em deixar Belinda longe de casa. No entanto, Jimin tem razão. É pouco provável que eu seja assombrado por uma nova dor relâmpago seguida pela maldita voz sem som me relembrando da contagem, mas é melhor evitar possíveis (ainda que improváveis) repetições do acontecimento bizarro.

— Certo. Então não se atrase. A aula de Junghee começa às oito. Eu não me importo de me atrasar, mas ele tem que chegar a tempo.

— Sim, senhor.

Eu ainda me sinto nervoso dentro de seu abraço, mas não me sinto satisfeito quando seu corpo começa a se afastar do meu.

— Ei. — Ele me chama, ainda parado próximo.

— Hm? — Murmuro, vendo seu olhar viajar até o arco de passagem da cozinha para checar que estamos sozinhos. Em seguida, olha para mim novamente. Com um sorriso ansioso, sua mão se mantém na base de minha coluna enquanto ele usa a outra para me tocar o rosto. Assim, aproxima sua boca da minha mais uma vez e me beija.

Com as mãos cheias de sabão, sou forçado a mantê-las apoiadas no balcão mesmo ao sentir o impulso de puxá-lo para prolongar o beijo quando ele o interrompe rápido demais.

— Aliás, Jungkook-ssi — Ele diz, deslizando o polegar por meu lábio inferior. — Ainda estou esperando uma retratação por ter dito que meu beijo dá para o gasto.

— Que retratação, Jimin-ssi?

— Eu quero um elogio. Eu gosto de ser elogiado, gracinha.

— Não sei elogiar sob pressão.

— Tente. Diga o que está no seu coração. — Ainda assim, ele insiste. Parece se divertir mais do que esperar uma resposta satisfatória. — O que você pensa quando eu te beijo, Jungkook?

— Eu penso... — Em nada. Sinceramente, a única coisa que penso enquanto beijo Jimin é que quero continuar beijando Jimin.

— Sim...?

Sinceramente, que vergonha. Eu preciso mesmo responder?

Amassando a bucha cheia de detergente em minha mão, eu dou de ombros e dou duro para pensar na melhor resposta possível:

— Eu penso que finalmente encontrei alguma coisa mais gostosa que frango frito.

Diante de meu esforço descomunal para elogiar seu beijo, Jimin ri quando percebe o resultado.

— Eu não acredito que esse é o melhor elogio que um beijo meu já recebeu. — Aí, ele diz.

— Pronto? Satisfeito? — Pergunto, meio contrariado pela vergonha, e é claro que volto a dar toda a minha atenção à louça suja apenas para não ter que olhar para ele.

— Muito satisfeito, Jungkook — Ele responde. Apesar da risada constante, parece estar falando sério. — Você é perfeito, meu deus.

— Não força.

— É verdade. — Jimin garante, carinhosamente se aproximando mais uma vez para me dar um último selinho. — Até amanhã, Jungkook-ssi.

Ainda sem coragem de olhá-lo, eu sigo ensaboando a última panela. Mesmo assim, falho em lutar contra um sorriso pequeno que reivindica seu lugar. E digo:

— Até amanhã, Jimin-ssi.

E assim ele vai, agarrado ao seu chaveiro de coelho.

Em minha boca, a sensação de seu beijo se prolonga por mais instantes e eu sinto um frio na barriga que não cessa mesmo quando ouço a porta fechar depois de sua saída.

O Jungkook de semanas atrás deve estar horrorizado em ver que tudo isso é provocado pelo cara que jurou odiar.

— Ainda não acabou de lavar, beijoqueiro? — Quando estou enxaguando o último prato, a ilustre Ga-eul faz seu retorno.

— Fala sério, pelo amor de deus! — Eu peço, quase explodindo de vergonha. — Não começa com isso.

Ela ri um pouco, arrastando uma das cadeiras sobre o chão para poder sentar sobre ela. Ansioso por essa conversa enquanto ao mesmo tempo desejo evitá-la, eu apoio o prato no escorredor, seco a água que respingou em minha mão e, por fim, seco minhas mãos num pano de prato que carrego comigo até ocupar a cadeira em frente à que ela está ocupando.

— Pronto. Pode me fazer implorar por uma morte lenta e dolorosa enquanto a senhora faz seu discurso.

— Às vezes você é dramático como seu pai. — Ela aponta, distraidamente deslizando os dedos pela mesa antes de apoiar a mão sobre a superfície limpa graças a Jimin. Aí, inclina a cabeça um pouco para o lado enquanto me olha. — Mas é bonitão como ele também.

— Isso já é a introdução à tortura?

A iminência dessa conversa com minha mãe faz parecer que aquela tal morte por colheradas não seria tão ruim.

— A chatice não sei de quem você herdou. — Pondera junto a um revirar de olhos impaciente. Como assim ela não sabe? Eu tenho certeza. — Eu nem vou fazer discurso, Jungkook. Só quero conversar com você.

— Existe alguma possibilidade de ser expulso de casa ao fim dessa conversa? — Apesar de seu humor mais próximo do usual e do alívio que isso me proporciona, minha pergunta é séria.

Sua expressão se contrai inteira, esboçando o quanto ela vê meu questionamento como infundado e absurdo.

— Por que você seria expulso?

— Você sabe. Você viu. — Sério, a simples menção da palavra "beijo" diante de minha mãe já me faz agonizar de formas inimagináveis.

— Te expulsar porque você beijou seu amigo? — Aí, é ela quem diz com todas as letras. — Jungkook...

— É um problema? — Questiono porque quero ter todas as certezas. Em relação a beijar outro homem, essa é a maior barreira que encontro antes da aceitação.

— Jungkook... — Ela insiste nesse tom paciente e cuidadoso. — Eu não vou mentir. Me pegou de surpresa e a sensação é um pouco estranha porque... não sei. Eu nem sei dizer. Você não fez nada de errado. Eu sei disso, só preciso de um pouco mais de tempo para que meu coração e meu cérebro se alinhem sobre isso... entende? — Ela suspira, arrumando uma mecha de cabelo num gesto frustrado. — Você merecia uma reação melhor que essa.

Eu vejo toda a sua sinceridade, mas vejo ainda mais a mágoa que ela tenta esconder por trás do sorriso triste. Agora, sei que ela está magoada sobre a própria reação, não comigo.

— Tudo bem, mãe. — Eu digo, tentando tranquilizá-la.

Sua reação pode não ter sido perfeita, mas ela está lutando desde já contra o que quer que esteja enraizado em sua mente. Para mim, isso significa muito mais.

— Eu só quero deixar claro que isso não tem absolutamente nada a ver com você, Jungkook. Eu não quero que você se sinta culpado de nenhuma forma por algo que é natural — Ainda assim, ela se vê em necessidade de justificar. — O problema aqui sou eu, mas eu juro que isso não muda em nada a forma como eu te vejo. Nunca vai mudar.

— Nunca?

— Nunca. — Ela garante, esticando sua mão sobre a mesa até cobrir a minha com sua palma pequena. — Você e seu irmão são as vidas mais bonitas que a vida me deu, Jungkook. Vocês são o que mais importa para mim. Não é a pessoa com quem você ou ele se relacionam que vai mudar isso.

Eu umedeço meu lábio, agora, sim, sentindo meu coração completamente leve, ainda que esteja cheio desse sentimento bom.

Antes que deixe a emoção se transformar em uma ou duas lágrimas de alívio, felicidade e amor, eu digo:

— Junghee namora quem ele quiser. Mas só depois dos vinte e cinco.

— Definitivamente. — Minha mãe ri depois de concordar intensamente, apertando minha mão sob a sua.

Quando sua risada vai morrendo, a cozinha é tomada pelo silêncio. Seu polegar acaricia o dorso de minha mão esquerda e ela parece pensativa enquanto olha para o carinho que me faz. Não demora para que seus olhos voltem a encontrar os meus e ela me mostre um sorriso fraco.

— Depois que seu pai se foi... — Ela começa, cuidadosa por saber como é um assunto especialmente delicado para mim. — Dentre todas as coisas ruins, sabe o que eu senti?

Não é um assunto que eu quero abordar, mas não posso interrompê-la quando está sendo tão sincera sobre isso pela primeira vez. Por isso, questiono:

— O que?

— Medo. — E diz. — Eu senti muito medo de não ser capaz de cuidar de você e do seu irmão, de proteger a família que ele me ajudou a construir. Eu tinha medo de ver tudo desmoronar por não conseguir cuidar de tudo sozinha, Jungkook.

— E eu tornei tudo ainda mais difícil. — Percebo, mas me surpreendo quando ela nega e desliza sua mão até apertar a minha num gesto seguro.

— Seu distanciamento emocional foi outro baque para mim. Isso é verdade. — Ela confessa, com toda a sinceridade. — Mas você não me deixou descobrir se eu seria capaz de cuidar de nós todos sozinha, porque você esteve ao meu lado cuidando de nossa família, trabalhando desde novo e usando seu próprio dinheiro para fazer compras para a casa sem que eu precisasse pedir por isso. Todo o sacrifício que você fez para comprar aquela moto velha... você acha que eu não sei? Que você ia a pé para a aula e para o trabalho para economizar o dinheiro da passagem do ônibus e poder pagar suas coisas sem tirar do dinheiro que usava para encher nossa geladeira e ajudar a pagar as contas no final do mês?

Isso nunca foi algo que eu escondi, mas também não fazia questão de deixá-la descobrir. No entanto, não entendo como, depois de tudo, ela ainda acha que eu fui de alguma ajuda.

Nós tínhamos, ainda temos dinheiro. A indenização ridícula que a empresa pagou como se alguma quantia no mundo pudesse substituir o valor de ter meu pai vivo ao nosso lado.

Mas eu sabia, porque vi as anotações que ela fazia às escondidas.

Ela queria poupar todo o dinheiro da indenização para pagar minha universidade e a de Junghee, porque sem ele nunca seríamos capazes de bancar um curso superior, quem dirá dois. Eu vi o planejamento dela de quanto a mais precisava trabalhar por mês para conseguir pagar as contas de casa sem usar daquele dinheiro.

E eu sabia, porque conheço essa mulher: ela trabalharia vinte horas por dia para dar conta de tudo sem tirar um centavo que fosse da nossa oportunidade de ir para uma faculdade, com acesso ao que ela não pode ter.

Não adiantava discutir. Então eu só fiz o que precisava fazer e impedi que minha mãe se levasse à exaustão por querer decididamente o melhor para mim e para Junghee.

Mas ela daria conta. Ela pode duvidar, mas essa é a maior certeza que eu tenho: eu poderia deixá-la sozinha para cuidar de tudo e ela seria capaz.

Minha mãe é capaz de tudo. Ela é a mulher mais forte que existe.

E eu precisei entrar em um maldito curso de matemática para ter credibilidade o suficiente e convencê-la de que poderia tirar pequenas quantias daquele dinheiro mensalmente para, além de pagar a mensalidade da Hangsang, dar entrada em um carro usado.

Sério, eu tive que fazer uma planilha com valores exatos e provar que, com o planejamento certo, sobraria dinheiro para pagar a futura faculdade de Junghee, caso ele opte por um curso mais barato como o meu, e teríamos tempo de repor o que faltasse para pagar um mais caro, caso assim ele decida. E não acabou por aí. Eu tive que fazer outra planilha com o histórico das quase três horas que ela gastava com o transporte público para ir e voltar do trabalho todo dia, fazer uma projeção do tempo que ela economizaria com um carro e provar que poderíamos pagar a manutenção sem mexer ainda mais no dinheiro guardado.

Junghee, em seus quatorze anos, teve que chorar pedindo para que ela seguisse meu plano, enquanto eu dizia que ela teria muito mais tempo para ficar em casa com ele — claro que não disse que ela poderia passar mais tempo comigo, porque passei a acreditar que ela não me suportava.

Aí ela decidiu que só compraria o carro se eu desistisse da moto, porque era desnecessário ter os dois. Rendeu mais briga e foi um horror. Mas deu certo.

Enfim. Isso tudo só prova que eu precisei trabalhar e botar mais dinheiro dentro de casa porque minha mãe estava unicamente preocupada em cuidar de mim e de meu irmão, sem se preocupar em cuidar dela mesma.

— Fedorento. — Ela chama, sorrindo carinhosamente para mim. — Obrigada por ter me ajudado a cuidar de tudo. E eu sei que você é todo grandalhão e sabe se virar sozinho, mas nunca esqueça que eu sou sua mãe e estou aqui para cuidar de você também. Você pode enfrentar alguns problemas por gostar de homens e caso isso aconteça, você sempre vai poder me procurar. Você sabe muito bem o que eu vou fazer com quem ousar destratar um filho meu.

— Haja coquetel molotov para jogar em cada homofóbico desse país.

— É. Felizmente eu tenho você para me ajudar a preparar uma quantidade massiva.

— Está na hora de passar os conhecimentos da família para Junghee. Talvez a gente precise da ajuda dele também.

Ela ri, ainda que exista verdade por trás da minha colocação. O mundo está cheio de pessoas intolerantes e eu posso me deparar com muitas em meu caminho. Mas nesse momento, unicamente nesse instante, existe leveza mesmo por trás da realidade que nos cerca. Porque dentro de casa, dentro de minha família, o que existe é amor.

— Dois filhos especialistas em preparar armas químicas incendiárias? — Ela aponta, ainda sorrindo. — Seu pai vai ficar orgulhoso. Eu fiz um bom trabalho.

Sua mão já soltou a minha quando eu arrasto a cadeira para ficar de pé. Depois de deixar o pano estendido sobre o encosto, e aperto meus lábios num sorriso frágil que não reflete toda a sinceridade do que digo a seguir:

— A senhora fez o melhor trabalho, mãe. — Garanto, timidamente escondendo as mãos no bolso frontal do moletom. Aí, gesticulo com a cabeça: — Vou voltar para o quarto.

Antes de me deixar ir, ela toca meu braço suavemente e, com calma, levanta até ficar de pé em minha frente.

— Nunca esqueça, fedorento. — Ela pede, acariciando meu rosto.

— Esquecer o que?

Ela sorri com cuidado e carinho, deslizando os dedos até usá-los para prender uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. Em seguida, com a voz tão carinhosa quanto o toque, diz:

— Eu te amo independente das pessoas que você vai amar em sua vida.

Quero esquecer o que pensei instantes atrás.

A reação de minha mãe foi, sim, perfeita.

— Boa noite, filho. — Ela diz, sorrindo desse jeito meio perigoso. Já preparado para o próximo constrangimento, eu reviro os olhos antes mesmo que ela diga: — Aliás, você tem bom gosto. Jimin é um ótimo rapaz.

É. Sabia. Até reviro os olhos de novo, antes de rir com alguma falta de jeito.

— Boa noite, mãe.

Deixando-a para trás, eu saio da cozinha e sequer me surpreendo quando vejo Junghee sentado no chão, ao lado do arco, provavelmente ouvindo tudo desde o início da conversa.

Meu primeiro impulso seria chamá-lo de bandido e denunciar sua bandidagem, mas a sua falta de reação me impele a não reagir também.

Tudo que ele faz é ficar ali quieto, abraçando as pernas contra o próprio corpo enquanto me olha com esses olhos grandes carregados demais para que eu decifre o que ele está pensando.

Ao invés de dar um grito, então, tudo que eu faço é puxar uma mão para fora do bolso e esfregá-la no topo de sua cabeça, bagunçando seus cabelos antes de, em silêncio, seguir o caminho até meu quarto.

Assim que sento em minha cama, eu deixo um suspiro carregar de vez todos os resquícios de tensão que estava sentindo. Assim, esvazio meu peito para que ele se encha apenas de coisas boas.

Sem perceber de imediato o sorriso que nasce aqui em minha própria companhia, eu desvio meus olhos para o lado quando a tela do celular se acende com uma nova mensagem de Jimin.

É uma foto do chaveiro ao lado de Jungoo.

Olha quem gostou do presente que o pai ganhou :) (20:03)

Fofa (20:04)

Você também é :( (20:04)

Ficou tudo bem? (20:04)

Sim. Minha mãe é a melhor :D (20:05)

Você usou uma carinha feliz, meu deus! (20:06)

Nem parece o Jungkook rabugento que só sabe usar aquele emoji pavoroso de soquinho e o outro do polegar (20:06)

Rabugento. (20:06)

Eu não falei como uma ofensa. Não acredito que você já está me cobrando um motivo por isso (20:07)

Você que inventou essa regra... (20:07)

Justo. (20:07)

Falar que você beija bem demais é desnecessário. Então... (20:07)

Outro motivo que me faz gostar de você... (20:08)

Sua mãe provavelmente não entenderia, mas eu gosto do seu cheiro (20:08)

Não entendo por que ela te chama de fedorento (20:08)

Longa história. Envolve hormônios e uma fase da pré-adolescência em que eu aparentemente odiava tomar banho (20:08)

Não importa quão limpo eu esteja, ela sempre vai me cheirar e dizer que estou fedendo (20:08)

...você está rindo de mim até agora, né? (20:12)

Desculpa. Sim. Já estou parando :x (20:12)

Juro que você é cheiroso, gracinha. Pelo menos quando está comigo :) (20:12)

Não muito depois de desentupir a merda de Junghee. Você viu como o banheiro é quente, eu sempre acabo suando demais e o resultado não é lá dos melhores, não (20:13)

EU TINHA PARADO DE RIR (20:13)

:P (20:14)

Enquanto Jimin provavelmente se espoca de rir lá em seu próprio quarto, eu largo o celular e vou escovar os dentes. Volto para me deparar com mais uma notificação de mensagem. Dessa vez, de Junghee.

Hyung (É Junghee) (20:18)

Eu juro que vou no seu quarto te descer o cacete (20:19)

Para com essa merda de se identificar em toda mensagem (20:19)

Eu queria te perguntar uma coisa (20:20)

? (20:20)

Ele demora tanto tempo digitando, apagando, digitando mais uma vez, desistindo e recomeçando que eu quase levanto da cama para ir em seu quarto perguntar que inferno ele quer. No entanto, no meio tempo em que a preguiça me impede de fazer isso, é ele quem bate na minha porta antes de entrar.

— Qual foi? — Pergunto, me dando toda a razão em olhá-lo com tanta desconfiança.

Junghee continua parado no mesmo lugar, ainda com a mão repousada sobre a maçaneta. Com a cara miúda retorcida em uma expressão nervosa, ele finalmente pergunta:

— Mãe disse que vai amar a gente não importa quem a gente ame, né?

— Foi. Disse, sim.

— Você também?

— Que?

Junghee continua nervoso, cada vez mais, e hesita um horror de eternidade antes de organizar as palavras num questionamento mais ou menos coerente:

— Você vai olhar diferente pra mim por causa da pessoa de quem eu gosto?

— Ah — Eu entendo. — A menina lá que Taehyung falou, né?

Ele desvia o olhar. Coça a nuca e balança a cabeça para os lados.

— Se algum dia eu gostar de outra pessoa. Não de uma menina. Você vai mudar comigo?

— Fala sério — Resmungo enquanto puxo a coberta para cima do meu corpo. — Caguei se for menina ou não, Junghee.

— Você jura, né?

— Agora foi que deu...

Ele sorri, me conhecendo bem o suficiente para saber que essa é a garantia que estava pedindo. Um pouco mais relaxado diante disso, ele diz, antes de sair e fechar a porta novamente:

— Então qualquer dia eu te conto de quem eu gosto, hyung.

Antes que eu processe sua declaração, meu coração dispara e eu resmungo um palavrão de susto quando meu celular começa a vibrar com uma nova ligação. Na tela, o nome de Jimin identifica a chamada.

— Fala.

Oi, gracinha. Eu estava pensando, — Sem perder tempo, ele dispara. — meu teste para a academia de dança é sábado. Até lá eu vou ficar ocupado. Mas e se, depois da minha apresentação...

— "Depois da apresentação" o que?

— E se você for a um encontro comigo?

Silêncio. Ele ri sozinho, antes de dizer:

— Nós podemos comer frango e fazer aquilo que é mais gostoso que frango frito.

Eu fecho os olhos, simultaneamente envergonhado e escondendo a vontade de rir.

— Não sei, Jimin-ssi.

Não sabe?

— Não sei. Eu quem deveria fazer o convite. Hoseok disse que só chamaria Yoongi para sair quando eu fizesse o mesmo com você.

Minha voz soa mais ou menos equilibrada. Por dentro, eu estou colapsando tal qual o universo.

Que falta de consideração da minha parte. Certo. Convite cancelado.

— Melhor assim.

Então boa noite, Jungkook-ssi.

Meu coração dispara feito louco quando, depois de passar segundos demais reunindo coragem, eu fecho meus olhos e aperto minhas pálpebras com a mão livre. Aí, com a voz ainda mais frouxa, pergunto:

— Quer sair comigo depois da sua apresentação, Jimin-ssi?

Ok. Eu perguntei.

Cacete...

Do outro lado, sua risada vem antes de sua resposta.

Eu vou te dar todo o frango do mundo nesse encontro, Jungkook.

Eu não me arrependo de ter feito o convite. Sério. Mas isso não anula as reações intensas que ele me provoca. Por isso, eu preciso desligar antes que minha gagueira me denuncie:

— Valeu. Até amanhã. — E é assim que me despeço antes de encerrar a chamada.

Meu braço cai ao lado do meu corpo, segurando o celular firmemente enquanto meu olhar se mantém fixo ao teto e eu percebo que as surpresas desse universo nunca acabam.

Porque não existe surpresa maior que eu, Jeon Jungkook, com um encontro marcado com Park Jimin.

Mas eu tenho. E estou ansioso por ele.

Continua no próximo capítulo.

Oi, nenéns. Eu prometi no twitter que o capítulo ia ser postado mais cedo caso aquilo acontecesse, então aqui estamos <3

Olha... cem chances passou de 1M de views. Isso é meio surreal porque é um plot completamente diferente pra mim, mas tá sendo uma experiência muito, muito, muito gostosa escrever essa história. Fico feliz que pra vocês esteja sendo uma experiência boa também! (eu acho, pelo menos) <3

Muito obrigada mesmo. Não tenho como expressar aqui o quanto sou grata a cada um de vocês que recebem minhas histórias com tanto carinho. É muito bom ter vocês pra compartilhar surtos, teorias e boiolagens por coisas boas no meio de todo esse caos. Me ajuda muito a manter um pouquinho da sanidade!

Infelizmente, hoje não é um bom dia pra mim. Eu realmente tô meio borocoxô, então fui pegar o capítulo pra revisar, pensando em me distrair um pouco, e acabou que nem consegui ler direito. Resultado: não encontrei erros e ainda achei o capítulo uma chatice. 

Então por favor, sejam sinceros... foi bom?

Bom. Em comemoração de 1M, Junghee e Taehyung ganharam continhas no twitter também. Quem ainda não viu, os users são @molequessi e @eujunghee

Teve também teste e quiz pra comemorar. Como não dá pra colocar link, é só procurar pelo navegador "Que erro do universo de Cem chances é você?" e "Você conhece bem os detalhes de Cem chances?". São bobinhos, mas acho que dá uns minutos de diversão <3

Eu sei que falo demais, e hoje é especialmente desconfortável porque minha energia tá meio carregada, mas no capítulo passado eu fiquei feliz de perceber quanta gente lê esse meu falatório todo, já que quem leu o capítulo entendeu o negócio do frango no twitter e o código acabou ficando ainda mais divertido kkkkk agora além de 🔮 vou usar 🍗 pra me referir a cc também :P

É isso, nenéns. Obrigada por lerem. Vou tentar me distrair com vocês lá na #belindaepandora, mas talvez eu só precise de um tempinho quieta no escuro do quarto, então desculpa se eu não interagir muito sobre o capítulo de hoje.

Parágrafo da teoria (quem já seguia os moleques no tt já sabe em partes): por que vocês acham que Junghee fez essas perguntas no final do capítulo, sobre a pessoa de quem ele gosta? Beijos e até o próximo <3

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