[f(15) = 4x - 45] Eu, serpente
Antes de mais nada, estamos de volta com a hashtag #belindaepandora no twitter!
🔮
— Então? Eu quero você. Você vai me deixar tentar, Jungkook?
[...]
— Não.
A resposta me escapa antes que eu possa perceber, meu tom oscilando vergonhosamente em um único monossílabo.
— Não? — Ele repete. Os olhos, sempre intensos e confiantes, agora brilhando com surpresa.
Talvez não completamente pela negativa. Provavelmente, pela forma como eu respondi rápido como se minha vida dependesse disso. Talvez por minha voz ter oscilado uma oitava num percurso de três letras.
— Não? — Novamente, alguém repete minha resposta afoita.
Eu estou prestes a reconsiderar minha sanidade mental, já que não é Jimin quem repete, dessa vez. Mas então eu olho para trás e vejo Junghee enrolado na toalha, o corpo magro manchado por hematomas e os olhos arregalados.
— Por que não, hyung? — Ele volta a perguntar, horrorizado com minha resposta.
Fala sério. Por que ele parece tão chocado?
Por que inferno ele estava escutando minha conversa?
E, principalmente, porque meu coração está acelerando em fúria, desaprovando meu não impulsivo tanto quanto meu irmão mais novo parede desaprovar?
— Hyung, quais as chances de outra pessoa gostar de você? — Junghee segue.
— Vai tomar banho, moleque. — Eu digo, sentindo a boca seca pelo nervosismo.
É muita coisa ao mesmo tempo. Jimin me pedindo uma chance, meu irmão ouvindo a declaração que outro homem fez para mim e incentivando que eu me arrisque, com total naturalidade.
E esses são apenas os fatos curiosos que ainda julgo como normais. Mas como esquecer de todos os vinte e uns de outubro? De Seon Yeong e das visões?
— Me deixa conversar com ele sozinho, Junghee. — Eu peço, coçando minha nuca num gesto nervoso.
Meu irmão mais novo me olha, segurando a toalha para que não caia (deus que me livre) e parecendo querer dizer mais algo (deus que me livre mais ainda).
— Sem ficar de butuca, dessa vez. — Aviso, deixando claro que estou irredutível em meu pedido.
Então ele aperta os lábios e balança a cabeça em uma concordância contrariada. Mas antes de se virar e sumir de nossas vistas, ele para e olha para Jimin. Sua hesitação é óbvia, o olhar flutuando em indecisão, suas mãos apertando o tecido da toalha. Depois de abrir e fechar a boca um tanto de vezes, enquanto me pergunto o que ele pensa em dizer, finalmente tenho minha resposta quando Junghee dispara:
— Jungkook hyung gosta de matemática, de bandas anarcopunk, mas também gosta de músicas românticas. Ele gosta muito de comer, de jogar Tetris e de lugares onde possa vestir roupas confortáveis, mas não gosta de luxo, tem medo de microondas e gagueja muito quando fica agoniado. Ele ainda gosta e desgosta das mesmas coisas que gostava e desgostava quando era o hyung desajeitado e tímido de antes. Eu sei que agora ele é muito impaciente e bravo, meio esquisito também, mas não é uma pessoa ruim. Eu acho que ele ainda é a mesma pessoa boa, no fundo. Então não desiste dele, tá bom? Porque Jungkook hyung vale muito a pena. Eu juro.
Jimin parece completamente pego de surpresa; eu, idem — mas com o adicional de uma vergonha catastrófica, seguida de outra sensação que não sei definir muito bem.
Porque meu irmão acabou de dizer algo que eu nunca esperei ouvir, até tinha me conformado em não ser mais merecedor.
Mas Junghee ainda me vê como o irmão mais velho de antes, que era bom, paciente e cuidadoso? Mesmo depois de tudo, ele ainda acredita que eu valho a pena?
Em choque, eu continuo olhando-o sem que ele perceba o quanto sua confissão desregulou ainda mais meu frágil equilíbrio emocional. Eu continuo olhando-o, vendo o menino que foi forçado a entrar em sua adolescência ao lado de um irmão completamente amargo e desleixado, mas que ainda assim consegue ver além disso. Ele ainda me vê como um irmão bom. Ele ainda me vê como uma pessoa boa.
E olhando para o caçula da minha família fragmentada, eu perco o momento em que a expressão de Jimin deixa de ser de pura surpresa para exibir um sorriso calmo.
— Sabe qual foi a primeira vez que eu percebi que gostava dele, Junghee? — Então pergunta, falando sobre gostar e sobre gostar de mim como se fosse completamente natural.
— Quando? — Curioso, meu irmão devolve.
— Três anos atrás.
O choque se propaga; a genética e semelhanças compartilhadas se atenuam quando eu e Junghee gaguejamos juntos (ele gagueja tanto quanto eu, em situações desfavoráveis), com a voz alta:
— Três anos?!
Jimin sorri, relaxando as mãos dentro do bolsão frontal do moletom esportivo que está vestindo por cima das roupas de treino.
— Na MoonMoon. Exatamente na última vez em que vocês foram lá juntos. Eu decidi que falaria com Jungkook na próxima vez em que ele voltasse na lanchonete, mas nunca aconteceu. Eu me arrependi muito por não ter percebido e por não ter me aproximado antes, então não vou cometer o mesmo erro agora que estou tendo outra chance. Essa é minha garantia de que não vou desistir desse brutamontes tão fácil assim.
Apesar de me impressionar com sua facilidade em me surpreender, elogiar e ofender numa batelada só, o que realmente predomina é a sensação de nervosismo que começa a se acumular no fundo do estômago, talvez por lembrar que Jimin presta atenção em mim há muito mais tempo do que eu seria capaz de imaginar.
Talvez por ouvi-lo dizer com tanta segurança que não vai desistir de mim.
Tudo nele me deixa agitado, me faz pensar demais e por consequência me faz recuar, assustado. Mas no meio de tudo isso, até mesmo minha limitada inteligência emocional precisa reconhecer o que está acontecendo.
Nos poucos dias desde que fomos obrigados a nos aproximar, eu senti mais do que senti nos últimos três anos. Pela primeira vez em tanto tempo, eu senti mais que raiva e tristeza. E embora nem todos os sentimentos tenham sido bons, é como se eu estivesse dando o primeiro passo de volta a uma vida normal. É como se eu estivesse dando um passo de volta a uma vida.
Quando meu pai nos deixou, eu sinto que parti junto com ele. Existi, mas deixei de viver. Agora, meu corpo inteiro entra em choque pelo lembrete de quantos sentimentos nossa existência pode carregar. Meu corpo inteiro entra em choque por estar se sentindo vivo mais uma vez.
E então eu me pergunto, inevitavelmente. Quantas outras coisas Jimin é capaz de me fazer sentir?
Perdido, eu continuo de pé no meio de minha sala de estar tão simplória, sob a atenção prolongada de meu irmão e do cara que está me fazendo enlouquecer, pouco a pouco.
Quando, ainda incapaz de falar algo, eu passo as mãos pelos cabelos até puxá-los para trás, Jimin olha para Junghee no que me parece um pedido silencioso que logo é entendido e atendido.
— Eu vou tomar banho agora. — Meu irmão anuncia, dando fim ao silêncio que já não pode ser descrito como desconfortável. É algo ainda pior.
Deixado sozinho com Jimin, a sensação não ameniza. Do contrário, se torna ainda mais sufocante, a cada segundo me deixando mais ansioso quando eu percebo que não faço a menor ideia do que devo ou do que quero falar agora.
— Eu vou dizer mais uma vez, Jeon. — Diferente de mim, Jimin parece bastante seguro sobre o que deseja verbalizar. — Eu te quero. Muito.
Eu coço minha nuca, tão agressivamente que talvez minhas unhas estejam arrancando pedaços de pele.
— Eu não gosto de você. — Repito, incapaz de dizer qualquer outra coisa.
— Você já deixou muito claro. E eu já deixei claro que sei disso.
— Não é ruim? — Questiono, nervoso. — Ter tanta certeza assim de que não é correspondido?
Jimin aperta os ombros, seu sorriso carregando alegria nenhuma. — É horrível.
Eu umedeço meus lábios, que parecem cada vez mais ressecados. Minha mente continua agitada, viajando por possibilidades numa velocidade assustadora.
Se eu deixar Jimin tentar, ele vai ser capaz de me fazer sentir felicidade novamente?
Se eu deixar Jimin tentar me conquistar somente para tentar me curar, vai ser justo? Seria sequer saudável?
— Eu não acho que gosto de homens. — Confesso. Sendo o desastre social que sempre fui, eu não tive muito tempo ou espaço para descobertas e autoconhecimento. Sequer tive a chance de me apaixonar por um homem, para saber se os desejo dessa forma. Mas, novamente, também nunca me apaixonei por uma mulher.
— Essa é uma outra forma de dizer que não? — Ele pergunta, parado no mesmo lugar.
— Essa é uma forma de dizer que eu sequer sei se você tem uma chance. — Revelo, me sentindo acuado sob seu olhar. Mesmo assim, eu tento ser tão sincero quanto meu nervosismo permite: — Mas você me faz sentir coisas que eu não consegui sentir por muito tempo, Jimin. Me faz pensar o que mais pode me fazer sentir.
— Certo. — Ele umedece o próprio lábio. Parece ansioso, mas se contém para que eu vá em frente.
— Se eu disser sim agora, não é porque eu acredito que nós temos uma chance.
Ele balança a cabeça suavemente, como quem entende o que quero dizer. Então, sua voz entrega sua decepção quando ele traduz: — Se você disser sim, é para me usar como muleta emocional.
Eu fico calado, permitindo que meu silêncio funcione como a única confirmação que ele precisa.
Jimin aperta os lábios, maxilar travado, olhos desviando quando ele recua com um passo, dessa vez balançando a cabeça para os lados.
— Obrigado pela sinceridade. — E diz. — Mas assim eu não quero.
Eu concordo, me sentindo sufocar. Isso é horrível. Lidar com sentimentos é horrível. Lidar com os sentimentos de outra pessoa é horrível. Tudo é tão desconfortável, me faz lembrar por que eu sempre tive medo de me relacionar com outras pessoas, não importa qual a natureza do envolvimento.
— Acho que está decidido, então. — Anuncio, suando frio.
— Está decidido. — Jimin confirma. Mas quando acho que desistiu de uma vez por todas, ele diz: — Eu vou continuar esperando, até você estar pronto para gostar de mim e não do que eu posso te fazer sentir. Mas eu não vou desistir tão fácil de você, Jeon. Essa foi somente a primeira tentativa.
Meus olhos se arregalam, esboçando toda a minha surpresa. Não pelo que ele diz, exatamente — mas pelo que sua confissão me faz sentir.
Porque saber que Jimin não vai desistir agora me faz sentir alívio.
— Ok. — Sem encontrar objeções, isso é tudo que eu digo.
— Ok? — Ele repete, com um sorriso mais suave que o anterior, cheio de esperança. É bonito. É bonito de verdade. — Então ok.
Eu continuo parado, sem saber o que fazer. Do outro lado do sofá, em minha frente, o próprio Jimin parece um pouco desajeitado, o que é completamente inesperado. Mas então seu sorriso aumenta e ele abaixa um pouco a cabeça ao rir suavemente.
— O que foi? — Pergunto, um tanto preocupado por vê-lo rindo depois de uma conversa como essa. Era tudo brincadeira? Ele estava me sacaneando e, agora que conseguiu, vai se divertir ainda mais às minhas custas?
— Eu rio quando fico nervoso.
— Você está nervoso? — Minha desconfiança é justificável. Jimin nunca fica nervoso.
— Quase a ponto de sujar minhas calças.
— Eu achei que você era incapaz de sentir nervosismo, ainda mais por algo assim.
— Você disse que eu te faço sentir coisas novas. Considere a recíproca verdadeira.
Eu mordisco meu lábio, puxando um pequeno pedaço de pele tão insistentemente que tenho a mais plena certeza de que logo vou sentir o gosto de sangue, quando acabar por me ferir.
Em minha frente, Jimin quase pressiona os lábios numa linha rígida, um tanto indecifrável.
— É melhor ir embora. — Então diz, inclinando a cabeça suavemente na direção da porta. Eu balanço a cabeça uma vez. Ele suspira. — Nos vemos amanhã?
— Acho que sim. — Respondo, nervoso demais para me mover. Ele sorri sutilmente, satisfeito.
— Ok. Então cuide bem de seu irmão. Pode me ligar se precisarem de qualquer coisa. Você já sabe disso, não sabe?
— Sei... — Digo, sem sinceridade alguma. Ele balança a cabeça mais uma vez. Ainda um tanto tenso, junto coragem para finalizar: — Obrigado por me ajudar hoje. Você realmente não precisava, mas... é. Obrigado.
O sorriso de Jimin se move para o canto, charmoso demais para ser saudável.
— Gracinha. Não foi nada.
Agora, sou eu quem balanço a cabeça novamente. Estamos parecendo aqueles bichinhos com pescoço de mola. Mas aí Jimin quebra o ciclo, tirando uma mão do bolsão do moletom para acenar. Em seguida, começa a caminhar em direção à porta.
Com a mão na maçaneta, no entanto, ele para por um segundo e me olha por cima do ombro.
— Aliás... — Ele diz, piscando suavemente. — Você é tão explosivo que chega a ser insuportável. — Meus olhos se arregalam com o ataque repentino, sem entender por que ele diria algo assim num momento como esse, concentrado quando volta a falar: — E já que eu disse uma coisa ruim, é minha obrigação dizer algo que gosto em você, certo? Mas a partir de agora eu vou trocar por algo que me faz gostar de você. Isso vai satisfazer sua curiosidade e responder à pergunta que me fez antes, não vai?
— Você poderia simplesmente dizer os motivos de uma vez. — Resmungo, ainda um tanto chocado pelo ataque fora de hora.
Mas Jimin nega. — E perder toda a diversão?
— Então você realmente se diverte enquanto me ofende. Ótimo. — Pondero, inquieto enquanto troco o peso entre uma perna e outra, mas ansioso demais para deixar de perguntar: — Qual o primeiro motivo, então?
Jimin sorri, e eu não entendo quando ele ergue a mão e abaixa todos os dedos, menos o mindinho. Com a outra mão, aponta para algo que, daqui, não consigo enxergar.
— Você tem uma pintinha igual à minha, aqui. — Anuncia, diante de minha confusão. — Nós temos pintinhas que combinam, Jeon, e nem você pode negar o quanto isso é romântico.
O estado de surpresa já parece se tornar uma constante em minha vida. Dessa vez, no entanto, vem acompanhado de uma risada meio abobalhada.
— Um dos motivos para gostar de mim é uma pintinha em minha mão?
— É. — Ele dá de ombros com um sorriso contido nos lábios, finalmente abrindo a porta. — Mas esse é só um dos vários motivos. Até amanhã, Jeon.
Eu ainda sinto o sorriso persistir, dizendo tão baixo que talvez ele nem escute, antes de ir: — Até, Jimin.
Sozinho na sala de casa, eu passo uma perna pelo encosto do sofá até cair deitado com as pernas para cima e as mãos no rosto. No entanto, pouco depois de ouvir o motor de Pandora ligando do lado de fora, o que ouço são passos dentro de casa. Eu abro os olhos ao perceber a presença de alguém perto, e vejo meu irmão parado detrás do sofá, ainda meio molhado, me olhando de volta dali de cima.
— E aí? — Pergunta, nervoso.
— E aí o que, fofoqueiro? — Devolvo, arqueando minhas sobrancelhas ao perceber quão rápido foi seu tempo no banheiro. — Que banho de gato foi esse?
— Você disse sim, não foi? — Sua decisão é me ignorar completamente, enquanto sua apatia tão usual parece ser deixada de lado para que exiba, no lugar, uma ansiedade cheia de esperança.
Eu umedeço meus lábios, demorando algum tempo até negar. Quando Junghee abre os olhos e a boca, prestes a me confrontar, eu o calo com minha própria dúvida:
— Por que você não parece minimamente chocado com a ideia de me ver envolvido com outro homem, moleque?
Junghee aperta os ombros, sem parecer ter resposta pronta. Talvez ele só seja mais evoluído que toda nossa sociedade conservadora e preconceituosa que veria isso com maus, senão péssimos olhos.
— Eu nunca pensei sobre isso, sempre achei que você ia morrer sozinho. Te imaginar com um homem é tão chocante quanto te imaginar com uma mulher, então esse nem é o ponto.
— Eu vou ignorar sua resposta, porque ela parece ofensiva. — Resmungo, jogando o corpo para o lado oposto ao do encosto até começar a rolar para fora do sofá, então fico de pé e dou a volta, acertando um tapa em sua testa para que ele me siga quando continuo andando: — Anda, seu hyung solteirão-pra-vida vai cuidar desses machucados horrorosos.
Eu espero ouvir a reclamação de sempre por dar um tapão em sua cabeça, mas nada vem. Então eu paro de andar e olho para trás, encontrando-o com raiva alguma na expressão. Na verdade, Junghee parece surpreso e... feliz.
No fim, tudo que ele diz, é: — Tá bom, hyung.
Nós entramos no quarto de nossa mãe e eu o mando sentar na cama, ainda enrolado com a toalha, e pego a caixa de primeiros socorros na mesinha de canto, depois uma toalha de rosto limpa e sento ao seu lado. Com cuidado, começo a secar melhor seus braços, o peitoral magro e estreito e a região das costelas, que são os locais mais marcados pelas manchas escuras no centro e amareladas ao redor.
Mesmo louco para questionar, eu continuo calado, maxilar travado para segurar cada pergunta quando percebo que alguns não são recentes. Então Jimin estava certo. O que aconteceu com Junghee hoje, não aconteceu pela primeira vez.
E a culpa me abate por não ter percebido antes.
Por ter estado tão recluso em minha própria dor que sequer cuidei de meu irmão mais novo, como passei os primeiros anos da minha vida, depois que ele nasceu, jurando que cuidaria.
— Eu briguei, hyung. — De repente, enquanto luto para tirar restos de pomada do tubo quase vazio, ele confessa.
Eu o olho com desconfiança, minhas mãos parando de pressionar o tubo quando balanço a cabeça para os lados. — Você não brigou, moleque. Não mente para mim.
— Eu briguei. Várias vezes. — Insiste. — Eu estive sentindo tanta raiva de tudo, hyung... esse pareceu o único jeito de colocar tudo para fora. Mas eu prometo que não vou mais fazer isso. Eu prometo de verdade, então não precisa ficar preocupado comigo, tá?
Meus olhos continuam avaliando-o cuidadosamente, percebendo que ele me olha de volta sem hesitar sequer por um segundo, tão determinado que fica claro para mim.
Ele está se esforçando muito para parecer sincero. Por isso sei que está mentindo.
Junghee não brigou. Agora, eu tenho a mais absoluta certeza. E enquanto parte de mim se sente magoada por ele mentir, a outra sabe que não pode julgá-lo. Eu o abandonei por anos, então como posso exigir que, agora que precisa, volte a confiar em mim?
— Tudo bem. — É o que digo, no entanto. Apenas porque sei que ele não vai se abrir comigo, caso eu insista. Mas isso não quer dizer que eu vou esquecer o que está acontecendo.
Talvez seja tarde demais para reconquistar sua confiança, mas eu vou voltar a cuidar de meu irmão. Eu vou voltar a ser o hyung que ele merece.
— Obrigado, hyung. — Ele sorri sem muito entusiasmo, parecendo aliviado ao acreditar que me convenceu. Em resposta, eu aceno com a cabeça, me recolhendo ao silêncio quando aplico os restos de pomada por cada mancha feia em sua pele. Depois, eu cuido do arranhão em sua testa, cobrindo-o com um pequeno curativo, e finalizo ao passar a mão por seus cabelos, bagunçando-os.
— Quase original de fábrica. — Anuncio em tom de brincadeira, mesmo sem humor algum para me divertir. — Vá se vestir. Eu vou fazer alguma coisa para comer.
Junghee assente, cuidadosamente ficando de pé em minha frente com o corpo pequeno, tão parecido com o meu quando tinha sua idade. Em seu rosto, os olhos grandes são recobertos pelos cabelos ondulados, molhados, e ele move os lábios como se quisesse dizer algo.
Ao fim, desiste. Eu o vejo começar a caminhar para fora do quarto e aproveito para também ficar de pé, prestes a arrumar a caixa de primeiros socorros quando ele subitamente vira e caminha de novo em minha direção para me capturar em um abraço desajeitado e apertado enquanto pressiona sua bochecha contra meu peito.
— Eu senti sua falta, Jungkook hyung.
Eu continuo imóvel, sem tempo de reagir antes que ele me solte, me olhe por um segundo e corra para fora do quarto, me deixando para trás com o coração prestes a explodir de um sentimento bom.
É óbvio que eu ainda levo algum tempo para me recompor, mas sigo tomado por um turbilhão de sentimentos diferentes e contrastantes quando vou até a cozinha em busca de algo para fazer o jantar para meu irmão.
Junghee aparece algum tempo depois, vestindo roupas limpas e quentes e deixando o uniforme sujo na lavanderia. Depois, ele se senta à mesa, o celular até esquecido em algum outro lugar da casa para que fique ali sentado, em silêncio, me olhando enquanto eu faço o que posso com o que encontrei na geladeira para preparar um arroz frito.
E então a nostalgia me acerta com uma força que quase me nocauteia. Porque antes, enquanto meus pais trabalhavam o dia todo, era eu quem sempre fazia seu jantar, e nós comíamos sozinhos, mas deixávamos a comida preparada e já servida em porções, pronta para quando nossa mãe e nosso pai chegavam cansados, à noite. Ao lado da comida, Junghee deixava um bilhetinho de boa noite com sua letra desengonçada, já que sempre caía no sono antes que eles voltassem.
Era uma vida simples e difícil, mas nós dávamos nosso jeito de encontrar a felicidade.
Eu me pergunto por que isso foi tomado de nós. Por que logo de nós?
— Hyung, acho que está queimando... — De repente, é a voz de Junghee quem me arrasta de volta para o presente.
Com um estalo, eu pisco para perceber que mais uma vez estive prestes a me jogar naquele abismo. Com tudo de mim, eu me afasto do precipício. Não muito, não o bastante para nunca mais me aproximar, mas o suficiente para não cair agora.
Então eu sirvo nossa comida, que não está lá essas coisas, mas Junghee agradece e devora como quem saboreia uma refeição cinco estrelas.
Depois de comermos em silêncio, ele me ajuda a arrumar a cozinha e nós sequer precisamos falar antes de, juntos, decidirmos deixar a comida de nossa mãe já servida, ambos engolindo a saudade que o gesto desperta junto à dor de servir somente uma porção.
Sempre me disseram que a dor diminui, apesar de nunca desaparecer. Que a saudade deixa de ser dolorosa e passa a ser apenas nostalgia. Mas a saudade ainda dói como nos primeiros meses. E talvez seja porque nunca enfrentei o que aconteceu três anos atrás. Talvez seja porque eu nunca tenha aceitado.
E eu tenho medo de nunca aceitar e viver o resto de minha vida assim.
— Ela vai ficar feliz. — Junghee diz quando terminamos de deixar a mesa pronta para nossa mãe.
— Tomara. — É a única coisa que digo, completamente sincero.
Então o silêncio volta, anunciando o que parece ser o fim iminente da companhia de Junghee, ainda que eu queira estar com ele por mais algum tempo, talvez irritá-lo até ele jogar alguma coisa em mim. Eu só quero sentir por mais tempo que ainda somos irmãos.
— Hyung? — Ele então me chama, parecendo receoso.
Eu o observo pelo canto dos olhos, logo percebendo sua hesitação. — O que foi, moleque?
— Você quer... — Ele começa, coçando o braço num gesto nervoso. — Você quer me ajudar com o dever da escola?
Por dentro, eu estou sorrindo mais que o bizarro gato de Cheshire. Por fora, eu o olho com impaciência em uma brincadeira boba.
— Mas não precisa — Ele diz, arrependido. — Eu posso estudar sozinho.
— Nah. — Resmungo, finalmente suavizando minha expressão para não assustá-lo tanto, então envolvo seu pescoço num abraço que sei que é desconfortável, puxando-o comigo em direção ao seu quarto. — É claro que eu ajudo.
Nós nos sentamos diante de sua escrivaninha, e ele se atrapalha para passar as páginas do caderno quando abre numa folha e, ao invés de cálculos para solucionar as questões de matemática, tudo que existe ali são rabiscos do que parecem os personagens de um dos jogos que ele tanto gosta de jogar.
— É isso que você faz na aula? — Eu pergunto, tomando o caderno de suas mãos. Ele ainda tenta segurá-lo por um tempo, mas eu sou indiscutivelmente mais forte e nem preciso brigar muito para arrancá-lo.
— É difícil me concentrar em uma coisa que eu não entendo. — Ele diz, envergonhado.
Eu o olho silenciosamente antes de descer o olhar até os desenhos. Depois de avaliar cada um com cuidado, eu vou passando as páginas e encontro vários outros rascunhos no meio de anotações e questões sobre equações de segundo grau e gráficos malfeitos — alguns dos quais até foram transformados em novos desenhos.
— Você fazia uns desenhos até bacanas, quando era mais novo. Não sabia que tinha melhorado tanto assim.
Junghee encolhe os ombros, ainda constrangido. Eu busco uma folha em branco.
— Isso aqui é inteligência espacial, moleque. Eu não conheço muita gente que consegue transformar uma parábola em um Coringa.
— São só uns desenhos idiotas, hyung. Não tem nada de inteligente nisso.
— Lembra do que Jimin disse? Existem vários tipos de inteligência. Não menospreze o seu só porque não é o que todo mundo diz que é o melhor. — Resmungo, devolvendo o caderno à escrivaninha.
Depois, é claro que eu dou um tapa em sua cabeça.
— Mas anda, — Apresso, antes de rir. — você ainda precisa passar de ano ou não vai continuar vivo para explorar seu talento. Nossa mãe certamente vai te matar.
Junghee ri. Ele gargalha, na verdade. Comigo.
E que inferno de risada fofa.
Vendo-o com os olhos fechados em meia-lua enquanto ele ri de minha brincadeira até idiota, eu lembro o quanto sou um irmão mais velho completamente babão.
Desde que nasceu, esse menino me conquistou. E ele era um bebê feio pra cacete.
— Você gostou mesmo, hyung? — Ele pergunta, ainda com um sorriso enorme.
— Você deveria desenhar minha próxima tatuagem. — Esse é meu melhor jeito de dizer o quanto gostei.
Ele sorri mais um pouco, se arrumando sobre a cadeira para pegar seu livro enquanto acena com a cabeça. — Ok. Eu desenho. Mas só se você me fizer entender como se resolve uma equação de segundo grau.
— Você poderia ao menos me dar um desafio de verdade. — Digo, todo boçal ao pegar um lápis, acreditando que seria uma tarefa fácil.
Não é.
Junghee tem mesmo muita dificuldade em assimilar, até parece entender quando eu respondo uma questão, mas trava quando precisa resolver sozinho.
Mas ele está se esforçando e sei que já se sente mal o suficiente por não ser bom nas matérias tradicionais, então eu me mantenho paciente mesmo que precise explicar a mesma coisa quatro vezes.
— Você está indo bem. — Digo, porque ele está, ainda que no seu próprio ritmo. — Tente resolver essa questão. Eu vou pegar um pouco de água.
— Tá. Traz pra mim também.
Eu respondo com um murmúrio, esticando meus braços para cima enquanto saio de seu quarto e caminho em direção à cozinha, que já está com a luz acesa. Por isso, não me surpreendo quando encontro minha mãe aqui, ainda com o uniforme da MoonMoon.
Antes de ir até a geladeira, eu paro e olho para ela por um instante, antes de dizer: — Boa noite, mãe.
— Boa noite, fedorento. — Ela responde, logo apontando para a refeição servida. — É para mim?
— É. — Dou de ombros, alcançando dois copos para começar a servir a água.
— Há quanto tempo isso não acontecia? — Ela pergunta, um tanto nostálgica, enquanto tira a tela protetora e vê a comida já fria. — Mas pelo visto suas habilidades culinárias não melhoraram de lá para cá.
Eu reviro os olhos, pegando os dois copos já cheios de água para voltar para o quarto, mas então um som que me desacostumei a ouvir me faz parar.
A risada de minha mãe.
— Junghee catou toda a cebola da comida dele e colocou na minha, não foi? — Pergunta, vendo pedaços de cebola acumuladas no topo da porção de arroz frito, junto a ervilhas. — E você catou as ervilhas.
— E nós pegamos todas a acelga. Yep.
Ela sorri. — Claro. Quando descobri que ia ser mãe, me avisaram que um dos fardos é comer o que os filhos não querem e deixar de comer o que eles querem do seu prato.
Eu só assinto em silêncio, gesticulando com a cabeça em direção aos quartos para dizer para onde estou indo. No entanto, antes de me mover, lembro de algo mais importante.
— Mãe?
— Diga, fedorento.
A primeira coisa que vem é o silêncio, porque não sei como colocar em palavras. Mas ela precisa saber. Por isso, quando percebe minha hesitação e levanta os olhos da comida até pousar sua atenção em mim, curiosa, eu vou em frente.
— Tem alguma coisa acontecendo com o Junghee.
— Hm? Como assim? Se for sobre os problemas com o banheiro, é porque ele tem o intestino ressecado. Você sabe disso. O pobrezinho não tem culpa de entupir o vaso tantas vezes.
— Não é isso. — Quer dizer, poderia ser. Não é normal um moleque daquele tamanho fazer cocô mais duro que pedra. De qualquer forma, o problema é outro. — É sobre a escola.
Agora sua expressão endurece, pouco a pouco sendo tomada pela preocupação. — O problema com as notas não é novidade. — Ela percebe, o que aumenta sua atenção. — Então é outra coisa, não é?
— Ele anda matando aula. Acho que com frequência.
— O que? — Um pouco de irritação logo alcança sua voz, mas eu não acho que um puxão de orelha é o que vai resolver a situação. — Aconteceu duas vezes, mas eu entrei em contato com a escola e eles me garantiram que não deixariam acontecer novamente!
— Mas aconteceu, mãe, e eles sequer estão nos notificando. Um menor de idade está fugindo da escola frequentemente e eles nem se importam de nos avisar, menos ainda em descobrir por que isso está acontecendo. Porque eu tenho certeza de que não é por desleixo. Junghee não é assim, nós dois sabemos disso.
— E você sabe de mais alguma coisa. — Ela percebe, sem falha, como um cão farejador de segredos.
— Eu acho que ele está sofrendo bullying. Hoje ele sumiu, Jimin teve que me ajudar a encontrá-lo e quando o encontrou, ele estava machucado e chorando. Isso explica todos os uniformes sujos, até a queda das notas nas matérias em que ele não tem tanta dificuldade. Se eu estiver mesmo certo, a escola deixou de ser um lugar onde ele se sente seguro e talvez por isso ele esteja fugindo tanto. Não é culpa dele. Junghee só está reagindo ao ambiente, então não briga com ele. Não é disso que ele precisa agora.
Minha mãe passa a mão pela testa, depois pelos olhos, até pressionar a boca por alguns segundos.
— Estão machucando o meu filho? — Ela pergunta algum tempo depois, furiosa como uma leoa.
— Sim. Então nós vamos cuidar dele. Ninguém vai mexer com meu irmão desse jeito e ficar inteiro. E se a escola não colaborar, eu acabo com ela também.
— Eu sei fazer coquetel molotov. — Minha mãe diz.
— Eu também.
— Eles mexeram com a família errada. — Ela sibila, embora sua fúria não seja tão grande quanto sua óbvia preocupação. Ainda com a expressão corrompida, seu olhar suaviza um pouco quando olha para mim. — Obrigada por me contar, filho. Nós vamos dar um jeito nisso.
Eu assinto, findando a conversa por aqui. — Eu vou voltar para lá, ele já deve ter terminado a questão.
— Vocês estão estudando juntos? — Pergunta, os olhos se arregalando em surpresa e orgulho.
— Sim. Nem é nada demais, então não fique toda sentimental. — Resmungo, finalmente caminhando para fora da cozinha. — Boa noite.
De volta ao quarto do meu irmão, eu o vejo ainda concentrado na questão, quase entrando em desespero. Sem falar nada e sem interferir, eu apenas coloco a água em sua frente e deixo que ele tente solucionar sozinho. Mais seis minutos e ele finaliza.
A resposta está errada.
Então nós identificamos onde ele errou pela primeira vez, até o erro se propagar à resposta final, e ele refaz a questão. Dessa vez, acerta.
Nós estudamos por mais uma hora, talvez uma hora e meia. Quando fica tarde demais, eu resolvo parar e digo para ele ir dormir, mas ele diz que vai tentar resolver mais uma questão antes de escovar os dentes e deitar. Então eu saio de seu quarto, deixando-o ainda com a luz acesa e o caderno aberto na mesa.
Ao entrar em meu quarto, eu finalmente pego meu celular mais uma vez. Já passa da meia-noite, e uma mensagem recente de Jimin pisca na tela.
Feliz dia 23. Seja lá o que precisávamos cumprir ontem, pelo visto conseguimos :) (00:01)
Eu somente respiro aliviado, rapidamente me escondendo debaixo da coberta.
Porque nenhum dia 21 foi fácil. O 22, menos ainda. Agora, resta descobrir o que me espera ao longo do 23.
Mas pela manhã, nada de tão estranho acontece. Minha mãe ainda não toca no assunto que discutimos à noite, talvez por não saber a melhor forma de falar sobre isso com Junghee, mas eu percebo seus olhares mais atentos e preocupados. Junghee também percebe.
— Eu sei que você contou para ela. — Ele diz quando saímos de casa e nos preparamos para montar em Bee.
Eu não me assusto ou desespero com sua acusação, que sequer vem em tom amargurado. Ele ainda parece mais envergonhado que qualquer outra coisa.
— Claro que contei. E eu sei que você mentiu. — Confesso, olhando-o enquanto ele abraça o capacete, ainda de pé ao lado de Belinda. — Pode continuar mentindo, se quiser. Não vai nos impedir de cuidar de você.
Ele me olha em silêncio, abaixando o rosto antes de encaixar o capacete e subir atrás de mim. Em seguida, o barulho do motor de Bee sobrepõe sua ausência de resposta, e nada mais é dito até que eu pare em frente à sua escola, que talvez não continue de pé por muito tempo.
Eu realmente sei fazer coquetel molotov. E minha mãe não vai hesitar em jogar uns vinte na escola vazia caso Junghee continue se machucando, física ou psicologicamente.
— Se acontecer qualquer coisa, me ligue. Qualquer coisa, Junghee, até se te der dor de barriga.
Ele guarda o capacete, passando as pontas dos dedos para arrumar o cabelo enquanto assente, envergonhado.
— Eu coloquei uma coisa em sua mochila enquanto você estava no banho. — Avisa, antes de começar a se afastar. — Até mais tarde, hyung.
Meu primeiro impulso é perguntar o que é, mas ele já está caminhando para longe. O segundo, é checar a mochila para descobrir de uma vez, mas então eu percebo os mesmos meninos de ontem acompanhando meu irmão com o olhar, enquanto Junghee caminha com a cabeça apontada para baixo. Dessa vez, ao invés de ignorar e ir embora, eu espero. Então um dos meninos aponta para Junghee, um outro gargalha de algo que é dito, e o terceiro salta do banco onde estava sentado para começar a segui-lo.
Ah, mas isso não vai ficar assim.
— Ei. — Eu grito. Junghee logo para de andar e olha para mim por reconhecer minha voz, mas eu brado tão alto que vários outros adolescentes olham em minha direção, inclusive o babaca que começou a segui-lo. Ao terminar, não abaixo o tom de voz: — Eu vou querer os nomes de qualquer um que mexer com você. Depois me resolvo com eles.
É claro que meu olhar viaja imediatamente para o alvo principal de minha suspeita, depois para os outros dois. Enquanto Junghee responde apenas com um "tá" comedido, o trio inteiro para de dar atenção ao meu irmão, com seus olhares covardes atentos a mim, agora.
O bom de ser mais alto que a média é que isso naturalmente te torna um tanto mais intimidante. E ter tantas tatuagens como eu tenho, numa sociedade que acha que tatuar a pele é sinônimo de um desvio de caráter perigoso, me faz ainda mais assustador para moleques magricelas como esses. Eles provavelmente pensam que eu faço rituais em cemitérios e bebo sangue de virgens, e é bom que continuem pensando assim.
Se não são eles os alunos que estão perseguindo Junghee, a notícia do irmão grande-tatuado-e-assustador deve se espalhar o suficiente até chegar aos culpados.
Só então, depois de fuzilar os moleques com o olhar por mais algum tempo e quase ver um deles mijar nas calças, eu fecho o visor do capacete e dou partida em Belinda para seguir até a Hangsang, chegando um pouco atrasado para a primeira aula (mas eu absolutamente não me importo, já que é aula de Jang Jitae).
Quando eu entro no auditório, é claro que ele faz uma piada sobre meu atraso e sobre as tatuagens. É claro que eu quero descer o cacete nele, mas apenas reviro os olhos e sigo até um dos lugares disponíveis, mas logo percebo Jimin sentado mais à frente, me seguindo com o olhar de felino.
Eu iria acenar em cumprimento, mas também percebo que ele está ao lado de Jinhei e reviro os olhos mais uma vez, me sentando num dos lugares ao fundo.
Mal educado (08:12)
É a mensagem que vejo assim que pego o celular, enviada por Jimin. Ele então logo vibra com uma nova notificação.
Mas para toda coisa ruim, mais uma que me faz gostar de você. (08:13)
Seus olhos. Eu sou completamente apaixonado por seus olhos. (08:13)
Ah, e bom dia. Vamos encontrar Yoongi e Hoseok no horário de almoço, de novo :) (08:13)
Ainda acho que seria mais fácil dizer todos os motivos de uma vez (08:14)
Meus olhos são completamente normais (08:14)
E bom dia. Ok. No horário de almoço. (08:14)
Eu já disse que não vou perder a diversão (08:15)
Seus olhos são uma das coisas mais bonitas que os meus já viram (08:15)
Isso foi tão brega que eu nem sei dizer. (08:15)
Lá da frente do auditório, Jimin lê minha última mensagem e olha sobre o ombro em minha direção, umedecendo os lábios antes de rir e erguer os ombros como quem diz: posso fazer o que?
Eu rolo os olhos, também rindo um pouco, mas logo aponto com o queixo para que ele volte a prestar atenção na aula.
No sentido de fazer o mesmo (o professor é uma bosta, mas a matéria é importante), eu me abaixo para pegar o caderno na mochila. E é então que lembro do que Junghee disse ter colocado nela.
Depois de procurar por alguns segundos, eu logo encontro um papel dobrado no bolso menor, e me ajeito no assento antes de desfazer as dobras para ver o conteúdo.
No centro da folha arrancada de seu caderno, ele fez um desenho de uma serpente. E, logo abaixo, escreveu uma mensagem:
"Serpentes podem simbolizar a morte, mas também simbolizam a vida, a cura, o rejuvenescimento e a sabedoria. Sua próxima tatuagem deveria ser uma serpente, porque elas podem parecem ruins, mas simbolizam muitas coisas boas. Exatamente como você, Jungkook hyung. Você ainda simboliza muitas coisas boas para mim. Obrigado por ser meu irmão mais velho."
↬ Continua no próximo capítulo.
Mais um capítulo da minha bebê pros meus bebês!
Será que teremos um comeback da famigerada cabeça da serpente?
Como vocês estão? O que acharam do capítulo? Sei que esse foi mais focado na relação entre os irmãos que entre os jikook, mas a forma como o jungkook vê e reage em relação à família é algo muito, muito, importante pro desenvolvimento da história. Espero que não tenha ficado cansativo! <3
Aliás, eu percebi que muita gente fica brava com o JK por ele dizer que não corresponde o Jimin. E gente, ele dá muita mancada, sim, mas nesse caso ele só tá sendo sincero, não é babaquice. Infelizmente, até então, ele não deu espaço para ver o Jimin além da raiva (*aparentemente* injustificável) que sentia. Já estar apaixonado e reconhecer isso seriam coisas impossíveis, por enquanto :xxx
SPOILER: Mas tenham fé que as coisas entre os jikook vão andar e não vai ser o jimin quem sempre vai precisar manter a calma pra cuidar do jungkook. Os papeis vão se inverter à medida que o background do JM for explicado (e não vai demorar) :~
Sim, dou spoiler de graça mesmo u-u
mais um spoiler, esse pra quem leu fated (pulem pro próximo parágrafo se não quiserem saber): os sonhos estão chegando!
Sobre a hashtag no twitter, vocês podem usar pra falar sobre a fic e encontrar outras pessoas que leem para conversar sobre, pq roda e vira vejo alguém dizendo que gostaria de ter um webamigo pra conversar sobre as atts diasjdiasd e claro, pra ter outro espaço pra me deixar saber suas teorias e reações sobre os capítulos hehe
De qualquer forma, mantemos o padrão: último parágrafo dedicado às teorias de vocês. Beijos e até o próximo <3333
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