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Capítulo 8

HANSEONG: D. JOSEON,
HÁ CERCA DE 600 ANOS

Park Jimin estava surpreso, ou melhor, mais do que surpreso, estupefato, embasbacado. Era coincidência demais para ser real. Só podia estar dentro de um sonho muito estranho, porém verídico, já que tudo ao seu redor não aparentava ser imaginário. Um conto de fadas realístico. Era tudo muito inexplicável. Estava diante do seu irmão mais velho adotivo, Park Yoongi, só que não do jeito que o conhecia. Ele era igual, mas ao mesmo tempo diferente, afinal, seu hyung sempre fora um garoto muito descolado e estiloso, que usava roupas da Gucci e trocava a cor dos fios de seus cabelos curtos todos os meses, e definitivamente não tinha talento para liderar nem sequer um trabalho em grupo na faculdade, que dirá uma nação inteira. Como poderia ser rei?

Eram muitas dúvidas e questionamentos que perturbavam sua mente, no entanto, não poderia se distrair com isso naquele momento, tinha que salvar a vida do enfermo, e precisava fazê-lo depressa.

As condições para a cirurgia eram péssimas. Não tinha todo o equipamento necessário, mas daria o seu melhor com o que possuía. Sendo assim, retirou da mochila todos os seus utensílios cirúrgicos, os colocando sobre uma toalha na mesa ao lado.

A primeira coisa que fez foi vestir uma das máscaras verde-água e estendeu outra para o garoto chamado Kim Taehyung, que provavelmente iria lhe ajudar. Ele segurou o pedaço de tecido que continha uma alça em cada lado e observou a peça com a testa franzida.

— O quanto você conhece sobre medicina? — o loiro perguntou, um tanto estressado. Os nervos corroíam seu interior à medida que os segundos se prolongavam. — Já fez alguma cirurgia antes? — Quis saber, julgando o rapaz como leigo, mas se arrependeu de tal pensamento ao se lembrar que essa seria sua primeira cirurgia com um paciente verídico, e não uma simples cobaia. Nunca havia chegado àquele ponto.

— Estudei medicina por cerca de oito anos fora do país, mas nunca realizei cirurgias. Nunca conheci algum curador que fosse capaz, além de Hua Tuo. — Ao ouvir a resposta do maior, Jimin sentiu alguns arrepios involuntários. Lembrava-se muito bem da história da medicina, e Hua Tuo foi o primeiro indivíduo a realizar procedimentos de suturas cirúrgicas de que se tem conhecimento. História, passado. Quanto mais tentava tirar essa teoria maluca de sua cabeça, mais ela se tornava concreta.

— Certo. Então você deverá me auxiliar — Jimin se pronunciou, olhando nos olhos de Kim. — Vista essa máscara, pois não é recomendado conversar muito próximo ao local da ferida, porque há a possibilidade de haver bactérias e micróbios na nossa saliva que se expelidas podem infectá-lo e piorar a situação. — Observou o seu ajudante tentar vestir o tecido em frente a boca, mas estava aparentemente tendo problemas. — É só colocar essas alças atrás das suas orelhas — Park indicou, ensinando o curandeiro real, e ele finalmente sucedeu com sua ação.

Depois, desinfectou as próprias mãos com álcool em gel novamente e deu luvas para Taehyung também, que imitou o procedimento de esterilização.

— Ei, orelhudo — chamou, usando o apelido indelicado. Jungkook estava ali o tempo todo, de braços cruzados, observando a cena. Parecia curioso com o procedimento que o homem divino faria. — Você não pode ficar aqui. — Direcionou sua fala ao elfo de forma rude, como se estivesse impaciente.

Na verdade, seu coraçãozinho começava a acelerar freneticamente, pois o medo de fracassar no seu trabalho era grande. Por mais que tivesse estudado seis anos de medicina e mais um e meio na especialização, sentia-se como se seus conhecimentos estivessem esvaindo-se de repente.

— Acho melhor o general ficar, já que ele possui o poder de eletricidade e pode ajudar a estagnar o sangramento caso ocorra algo errado — o outro comentou, lembrando do quão incrível Jeon fora ao ajudá-lo a salvar Vossa Majestade.

Jimin ponderou, mas no fim aceitou que era uma ótima ideia, afinal, não era todo dia que teria poderes especiais à sua disposição durante uma cirurgia. Resolveu, então, não questionar, e deu início ao seu trabalho, logo pegando o afastador¹ e o entregando a Kim, dando uma breve explicação sobre o que fazer. Felizmente, o seu auxiliar era um bom aluno e aprendia com facilidade e rapidez, e provavelmente já tinha talento para tudo o que envolvia o mundo da medicina. Ele logo conseguiu lidar com o instrumento e permaneceu imóvel, segurando o objeto como deveria.

Só assim, o loiro conseguiu analisar propriamente o ferimento, com auxílio dos seus óculos cirúrgicos que, além de iluminar melhor a região, ampliavam a visão com as lentes de aumento. Apesar de danificada, a jugular não se encontrava rompida. Era como se um arranhão tivesse sido marcado ali, com um pequeno rasgo. O segredo seria a paciência, pois concertar aquilo certamente levaria um bom tempo.

Apesar do nervosismo, já que estava tentando salvar a vida do seu hyung do passado justamente na sua primeira cirurgia na vida, ele tentou se manter focado, concentrando-se ao máximo.

❨♔♚♔❩

Uma hora... duas horas... duas horas e meia já haviam se passado. Jimin agora estava na parte de suturar o ferimento externo, utilizando a agulha cirúrgica. O pior já havia passado, e aparentemente os sinais vitais de Yoongi haviam praticamente se normalizado, embora ainda suasse bastante. Taehyung continuava a passar um tecido umedecido pelo rosto delicado do amado, vez ou outra, enquanto auxiliava o curador celestial a cortar o fio de sutura com uma tesoura especial. Mais alguns minutos, e finalmente chegaram ao fim da cirurgia.

Jimin sentia como se um peso de toneladas tivesse sido removido de suas costas, era um alívio ter finalizado seu trabalho com sucesso. Bom, não poderia comemorar com antecedência, pois precisavam esperar a reação do paciente, já que qualquer infecção poderia simplesmente ser fatal, mas já era um começo bastante esperançoso.

— Vossa Majestade está a salvo! — exclamou o curandeiro real, abrindo um sorriso quadrado de orelha a orelha. — Você fez um milagre acontecer, Vossa Senhoria. Jamais saberei como recompensá-lo! — Ajoelhou-se, curvando seu corpo até tocar o rosto no chão, em frente aos pés do garoto de vestes brancas. Essa era uma das reverências mais formais que poderiam existir, normalmente realizadas apenas diante do rei da nação ou diante de estátuas de divindades em templos budistas.

— Oh, por favor se levante. — Jimin ficou um tanto envergonhado por receber tamanha atenção e logo puxou Taehyung pela sua veste, a fim de fazê-lo ficar de pé novamente. — Temos que monitorar as reações dele. A febre ainda está alta, e ele pode contrair infecções. E para isso, trouxe alguns anti-inflamatórios e algumas doses de metamizol². Daqui alguns minutos, irei aplicar direto na veia para que faça efeito mais rápido.

❨♔♚♔❩

— Está pronto para voltar, senhor? — A voz grave e ao mesmo tempo rouca do elfo soou de repente e Jimin quase pulou de susto. Estava concentrado medindo a pulsação de Yoongi pelo seu pulso quando Jungkook apareceu na porta do cômodo. Seu coração quase saltou pela boca, soando audível em seus ouvidos.

— Voltar para onde?

— Para o seu mundo. Irei levá-lo de volta em segurança como prometi. — O de olhos vermelhos teve que se abaixar um pouco para conseguir ultrapassar a entrada e se aproximou cautelosamente do curador celestial. — Agradeço imensamente por ter me ajudado nesta missão, senhor. — Curvou o tronco em sinal de reverência, uma reverência extremamente respeitosa, mostrando-se deveras agradecido.

— Não. Não vou voltar enquanto Yoongi não estiver acordado. — Suspirou de forma preocupada ao proferir sua fala com firmeza. — Preciso ter certeza de que ele vai ficar bem, entende? Ele é meu paciente. — Mas não era por esse motivo a sua preocupação. Era porque aquele garoto que acabara de salvar era, de certa forma, o seu irmão mais velho, e jamais o abandonaria em uma situação como essas. Ainda que talvez não fosse de fato o mesmo hyung, estava muito aflito com o que poderia acontecer com ele. Jamais se perdoaria se sua situação se agravasse. O amava demais para perdê-lo, ainda que em outra encarnação.

— Tem certeza?

— Sim!

— Tudo bem, então o levarei de volta com segurança assim que Vossa Majestade acordar.

— Obrigado. — Park finalmente se permitiu abrir um sorrisinho. Era reconfortante sentir o alívio de missão cumprida, ou no caso, quase cumprida. E bem naquele instante o seu estômago roncou, um tanto alto demais. E foi fácil para o ser místico perceber, devido a sua audição aguçada.

— Está com fome, senhor? — Como resposta, mais um ronco faminto soou. O elfo levantou o canto dos lábios, em um pequeno sorriso, o que era raro acontecer. — Venha! O cozinheiro real está preparando uma refeição para todos nós. — Fez um gesto convidativo para que saíssem da pequena casinha. O loiro, então, o seguiu, deixando o rei aos cuidados de Kim Taehyung, depois de já ter injetado o analgésico no paciente.

— Por favor, não me chame de senhor. Isso faz com que me sinta velho. — O médico por fim decidiu se impor, já que aquilo estava lhe deixando um tanto incomodado. — Meu nome é Jimin, então você pode me chamar assim, que tal?

Jimin-ssi? — o moreno murmurou, e surpreendeu-se em como aquele nome soou bonito em seus lábios. Park Jimin era um lindo nome. Sentia como se cada detalhe dele fosse precioso e especial.

— Sim, está ótimo. Por acaso pareço velho para me chamar de senhor? — Jimin fez um bico, esticando o pescoço para olhar em seu rosto.

— Não. É só uma maneira respeitosa de... — tentou explicar, mas foi interrompido.

— A propósito, quantos anos você tem? Será que é um daqueles elfos de centenas de anos, imortal? — Park se empolgou com a ideia, querendo conhecer mais sobre o ser místico. Na verdade, estava ficando cada vez mais curioso acerca dos elfos, e gostaria de saber todos os detalhes para entender se essas criaturas eram como as lendas e histórias que conhecia, já que adorava ler livros e assistir filmes de ficção, magia e misticismo.

— Eu tenho vinte e um anos — o outro respondeu simplesmente, como se não fosse algo muito interessante.

— Só vinte e um? — Jimin pareceu um tanto decepcionado com a resposta. Esperava que Jungkook tivesse pelo menos duzentos anos. — Então elfos não são imortais?

— No mundo dos humanos, nós somos imortais, sim. Sou apenas um elfo jovem que nasceu há vinte e um anos, mas posso viver centenas de anos aqui na Terra — explicou. Não tinha medo de se abrir com aquele garoto, já que o ajudou a salvar Vossa Majestade. Responder algumas perguntas sobre si não era nada em comparação ao quanto gostaria de retribuí-lo. Na verdade, não sabia como, mas daria um jeito de recompensá-lo por tudo o que estava fazendo.

— Como assim, "no mundo dos humanos"? O que isso significa? — O cenho do de cabelos curtos estava franzido, confuso.

— Significa que nenhum humano seria capaz de me matar. Mas já não posso dizer o mesmo sobre outros elfos... — Seu olhar se tornou um tanto triste, melancólico. Parou de andar por alguns instantes, tendo em seu interior uma avalanche de sentimentos do seu passado não tão distante, no entanto, logo retomou a caminhada, tentando se distrair ao observar a figura do Park. Sentia-se fascinado com seu talento em curar humanos muito feridos, mesmo sendo apenas um humano. Era incrível. O considerava um herói.

— Outros elfos podem te matar? — Mais uma pergunta foi feita, e dessa vez a voz do loiro estava diferente. Não era curiosidade, era medo. Medo daquela possibilidade inimaginável ao seu ver.

— Se forem em grande número e poderosos, sim. — O olhar agora se tornou sombrio. Seus olhos vermelhos ficaram brilhantes por alguns instantes.

Jimin permaneceu em silêncio, sentindo o impacto daquela frase. Alguns calafrios involuntários surgiram, fazendo os pelinhos do seu braço se arrepiarem.

Não conversaram mais nos minutos seguintes, pois logo o garoto teve que dar atenção a um tumulto de pessoas lhe agradecendo por salvar o rei da nação. Ele se sentiu tímido a princípio, e correu para se esconder atrás do grande elfo, mas tentou se acalmar ao respirar fundo algumas vezes. Quando as pessoas lhe diziam "obrigado", curvando-se diante de si, ele respondia frases como "não foi nada mais que meu dever".

Depois do que pareceu um longo caminho, finalmente chegaram a uma grande mesa de madeira, onde a rainha se encontrava sentada na ponta. Ela se levantou, e abriu um sorriso enorme para o jovem médico. Seu coração estava revigorado por saber que seu melhor amigo Yoongi estava praticamente curado. Tudo graças ao adorável médico que se aproximava vagarosamente.

— Senhor Park! Como posso recompensá-lo por salvar Vossa Majestade? — Quis saber, disposta a fazer qualquer coisa por ele.

— Não se preocupe com isso, noon- Majestade. — Quase havia a chamado pelo apelido carinhoso de irmã mais velha, mas se corrigiu. — Não quero nada em troca, só quero que ele fique bem.

A morena tentou contestar, oferecendo-lhe coisas que poderia lhe dar como presente de agradecimento, mas ele apenas recusava, insistindo em dizer que não queria nada. Sendo assim, ela lhe ofereceu a única coisa que Jimin aceitou de imediato: um grande prato de ensopado de legumes preparado pelo cozinheiro real.

Seokjin lhe serviu, primeiro, como a rainha havia ordenado, e depois continuou servindo a todos, sempre com um sorriso no rosto. Por fim, serviu-se também e sentou-se no local costumeiro: ao lado de Namjoon.

Depois de algum tempo, Jungkook estava ao lado de Jimin, repetindo seu prato pela quinta vez enquanto o loiro já estava satisfeito no segundo prato. O elfo estava se deliciando com a sopa maravilhosa, e precisava comer até estar totalmente satisfeito.

— Uau! Você come muito! — exclamou o médico, enquanto havia um instante de silêncio na mesa, sendo possível ouvir apenas o ruído de talher contra a louça.

— Ele come como um cavalo — o soldado Kim complementou, depois de soltar um arroto bastante audível.

Aigoo, que nojento! — Yoona fez uma careta, ao mesmo tempo em que ria. — Sorte a sua que o Seokjin não pode ouvir essas coisas, porque se pudesse, ele não estaria tão apaixonado por você. — E todos à mesa começaram a rir enquanto as bochechas do jovem começavam a queimar de vergonha, não tanto por conta das risadas, mas sim por ela ter revelado em público que Seokjin era apaixonado por ele.

Seokjin gesticulou algo para a moça, com sua testa franzida, sem entender o que estava acontecendo ali. E quando a garota traduziu tudo na sua língua de sinais, ele também teve o seu rosto tingido de vermelho.

Todos continuaram conversando e terminando suas refeições; quando o general Jeon já estava na sua sétima e última pratada, Park continuou conversando com ele.

— Então, se você tem vinte e um anos, sou mais velho. Logo, sou seu hyung. — Os dentes brancos dele ficaram expostos, sorrindo orgulhosamente. Seus olhos se tornaram apenas dois risquinhos.

Hyung? — Jungkook indagou, um tanto confuso com tal palavra.

— Sabe, quando a gente chama alguém próximo a nós. Um garoto mais velho — Jimin tentou explicar. Aliás, achou estranho ele não reconhecer tal palavra, já que a origem vinha de muitos anos atrás.

Tal explicação fez com que a compreensão se mostrasse presente na expressão do elfo.

— Ahhh... "hyungjae"? — perguntou e outro lembrou que aquela expressão era um pouco maior no passado e tinha uma sílaba a mais.

Ok. Não restava mais dúvidas. Tinha 99,9% de certeza de que havia voltado no tempo, provavelmente cerca de 500 ou 600 anos, pelo menos. Não havia outro motivo para aquilo. As pessoas ali não estavam interpretando um teatro ou atuando em um dorama coreano como pensava no início. A garota parecida com sua irmã, e o rapaz que operara parecido com seu irmão, não eram eles mesmos de fato. E nada daquilo era um sonho, apesar de se parecer muito com um. Tinha voltado ao passado através de um portal, e por mais que não quisesse acreditar naquilo por ser totalmente insano, era a única explicação.

A não ser que estava alucinando e criando tudo aquilo com sua própria mente.

— É. Mas nós abreviamos e falamos apenas "hyung" — esclareceu, por fim. — Você deveria me chamar assim.

Jungkook ficou quase que imóvel, ponderando sobre aquilo. Seria estranho chamar Jimin de uma forma tão íntima como aquela, mas ele sentia a necessidade de se aproximar cada vez mais do de cabelos claros e não sabia dizer o porquê, apenas queria muito. Era como se alguma força sobrenatural o obrigasse a não se afastar dele e ficar sempre próximo. O mais próximo possível.

— Tudo bem... hyung.

❨♔♚♔❩

— Onde vou dormir? — Jimin quis saber, já sentindo seus olhos pesarem depois da janta. Estava sempre atrás de Jungkook, o seguindo para todos os cantos. Não queria sair de perto dele, pois se sentia seguro e confortável.

— Vou preparar um quarto para você — disse, e foi até o saco onde trouxera suas coisas e de lá retirou um tecido de malha escuro em um tamanho consideravelmente grande. Depois, adentrou um dos pequenos cômodos das casinhas da vila, e em um canto mais longe da janela, repousou o cobertor no chão, o dobrando em duas partes e amontoando a parte de cima para que ficasse fofo como um travesseiro. Park estava logo atrás, o fitando com os olhos levemente arregalados. — Me desculpe por ser tão simples. Não estamos no palácio, por isso fiz essa cama improvisada — lamentou, baixando a cabeça para Jimin como se estivesse se desculpando. E depois, começou a se afastar, indo em direção à porta. — Boa noite, hyung.

Hyung. Ele realmente estava acatando o seu pedido, e aquela palavra soava muito bem na voz rouca do general. Ficou ecoando em sua mente por alguns segundos.

Seus pés agiram de forma involuntária nos momentos seguintes, assim como sua mão, que agarrou o braço do elfo imediatamente. Foi só quando ele parou de andar que se deu conta do que havia feito. E quando viu aqueles olhos vermelhos lhe encarando intensamente, sentiu seu corpo todo tremer. Era uma sensação estranha, mas extremamente boa. Seu interior recebeu um tsunami de coisos.

— Por favor, não me deixe sozinho — murmurou, não tendo certeza se um humano normal seria capaz de ouvir seu murmúrio, mas sabendo que Jungkook o ouviria.

Jeon hesitou a princípio, mas não demorou a ceder. Assentiu e caminhou de volta, sentando-se próximo à cama improvisada do curador celestial, recostando-se na parede de madeira.

Feliz por ter seu pedido realizado, Jimin sentou-se sobre o tecido escuro, a um metro de distância do ser místico.

— Você deveria dormir, Jimin-ssi.

— Onde está o seu cobertor?

Esse é o meu cobertor. — O olhar avermelhado direcionou-se ao tecido escuro abaixo do loiro.

— Oh, então como você vai dormir? — Inocente, o de vestes brancas estava simplesmente abismado, sem querer aceitar que Jungkook ficasse com frio sem ter o que se cobrir (como se um elfo de fogo fosse sentir frio). Fez um biquinho triste, e o general, apesar de achar adorável, não gostou de deixá-lo assim.

— Não vou dormir. Vou ficar acordado para proteger o hyung e Vossa Majestade. — Algo dentro de seu peito o dizia que deveria cuidar daquele rapaz, e com certeza o faria com muito prazer. — Não preciso descansar. Posso ficar acordado por vários dias seguidos. Então, por favor, não se preocupe comigo.

Jimin tentou não se preocupar, realmente tentou. Deitou-se de barriga para cima e cobriu-se com o cobertor até o pescoço, fechando os olhos bem apertados esperando o sono vir, mas o problema era que o sono havia sumido, e todo seu corpo estava alerta, enquanto sua mente pensava em Jungkook.

Tudo o que antes, de certa forma, lhe assustava no elfo, agora se tornara deveras fascinante. Ao pensar que era capaz de presenciar todos aqueles poderes incríveis do ser místico, sentiu-se privilegiado. Era como se estivesse dentro de um livro de ficção e adorava a ideia. Tentou juntar todas as informações que descobrira sobre o grandão, e ainda tinha muita curiosidade sobre ele. Por fim, seus pensamentos se ocuparam com a preocupação da falta de sono do maior; por mais que fosse um elfo poderoso que pudesse ficar dias sem dormir, ainda achava que ele deveria descansar um pouco.

Ele se agitou, mudando de posição três vezes, sabendo que estava chamando a atenção do general, até que abriu um dos olhos, apenas para espionar o outro. Jeon estava lhe fitando, e quando o olhar dos dois se cruzou, pareciam hipnotizados. Nenhuma palavra precisava ser dita, e era claro que eles estavam ficando cada vez mais dependentes um do outro. Park, pela primeira vez na vida, sentia seu coração bater de forma irregular e diferente por alguém, não sabia exatamente o que era aquilo, mas não queria que isso acabasse.

E era recíproco, embora nenhum deles soubesse.

O elfo jamais se apaixonou por alguém, nunca sequer teve tempo para pensar nessas coisas, e sempre imaginou que um humano jamais teria sentimentos bons por ele, já que a maioria lhe considerava um monstro, uma aberração. Pensava que levaria uma vida solitária, como de costume, vivendo centenas de anos apenas para glorificar todas as gerações de reis. Por mais que fosse um ser místico do fogo, seu coração sempre estivera morto e congelado, mas, durante aqueles poucos instantes em que seu olhar se conectou com Jimin, pôde sentir seu órgão cardíaco se aquecer pela primeira vez.

Depois do que pareceram horas, que na verdade foram apenas dois minutos, Jimin foi o primeiro a quebrar a conexão e sentou-se ao lado de Jungkook, sem medo de encostar a lateral do braço no corpo do outro. Na realidade, aquele toque lhe provocou arrepios intensos que subiram das coxas até a nuca. Ele ficou em silêncio ainda, sentindo-se minúsculo em comparação com o elfo.

— Por que não dorme, Jimin-ssi?

Não houve resposta imediata, pois Park começou a analisar a parte lateral do corpo de Jungkook, sem prestar atenção em qualquer outra coisa que se passasse ao seu redor — o braço musculoso, que provavelmente era da grossura de uma de suas próprias coxas; o pescoço marcado com a jugular; o queixo perfeitamente desenhado na obra de arte que era aquela criatura; a bochecha esquerda levemente avermelhada; o coque de cabelos pretos e lisos firmes no topo de sua cabeça, enquanto alguns fios bagunçados pendiam sobre sua testa e ombros; e por fim, aquelas orelhas compridas e pontudas, diferente de quaisquer características humanas. Era o homem mais belo que já havia visto em toda sua vida e poderia jurar que jamais haveria alguém mais bonito do que ele. Não era o tipo de beleza que um humano poderia competir, e que provavelmente outros elfos também não poderiam.

— P-Posso tocar sua orelha? — Pensou alto, e sem perceber, já havia proferido aquelas palavras. Droga! Por que estava tão nervoso?

— Só se você me prometer que vai dormir depois disso. — Sorriu com apenas lábios, vendo Jimin acenar positivamente para sua proposta. Depois, à medida que a mão dele se aproximava, um som ininterrupto lhe distraiu um pouco. Levou alguns segundos para perceber que era o som do batimento cardíaco do humano se acelerando cada vez mais. Sabia que ele estava ficando nervoso, e preocupou-se imediatamente. — Tente relaxar e respire fundo. Tudo bem?

E foi o que Jimin fez. Contou até três e tentou controlar sua ansiedade. Logo, seus dedinhos encostaram na cartilagem, e a primeira coisa que percebeu foi que não era gelada como sua própria orelha costumava ser, muito pelo contrário. Era quentinha, morna. A textura era lisa, e ele deslizou o indicador até a ponta, percebendo o quão forte parecia ser aquele local. De repente, ele se assustou, pois a orelha se moveu para trás alguns bons centímetros, quase como um gato quando vira as orelhas para trás.

Jeon soltou uma gargalhada espontânea, pois sentiu cócegas e arrepios por todo o corpo assim que o curador celestial tocou ali na extremidade da sua orelha. E depois, continuou rindo da expressão de espanto do seu hyungjae. Ele tinha os olhos arregalados, como se tivesse visto algo muito extraordinário.

— Como você consegue mexer as orelhas tanto assim? — Quis saber, realmente impressionado com aquele fato.

— Eu não sei. Habilidades de elfo? — Deu de ombros, e seu riso cessou, terminando em um sorriso meigo. Fazia muito tempo que não se sentia assim, tão livre para expressar seus sentimentos, para ser espontâneo. Na verdade, nunca teve essa oportunidade antes.

Estava feliz porque finalmente encontrou alguém com quem poderia ser ele mesmo, sem que houvesse julgamento ou preconceito. Não precisava mais se preocupar em assustá-lo com seus poderes ou aparência. Sempre se surpreenderia com as reações do garoto, porque nunca era o que esperava. Mesmo no início, quando ele ainda tinha um pouco de medo antes de conhecê-lo, ele não fugiu. Sabia que agora poderia simplesmente ser um elfo em frente a Park Jimin.

¹ Objeto cirúrgico para "alargar" a área do ferimento e dar visibilidade ao interior.

² Nome técnico para dipirona, analgésico normalmente utilizado para diminuir a febre.

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