Capítulo 4
HANSEONG: D. JOSEON,
HÁ CERCA DE 600 ANOS
Vozes de desespero e cochichos podiam ser ouvidos ecoando em todo o palácio. Soldados, guardas, conselheiros, damas... Todos da corte real andavam de um lado para o outro em busca dos preparativos da viagem. Fora uma decisão inesperada, porém ninguém estava pronto para entrar em um confronto contra o exército de Huihuai. Os que permaneceriam em Hanseong se encontravam bastante aflitos, buscando todo tipo de armas que pudessem lhe defender dos elfos poderosos. Era arrepiante imaginar as centenas de criaturas malignas invadindo a fronteira, e elas estavam prestes a realizar tal façanha. Sendo assim, tinham que se apressar.
O general Jeon já havia preparado a carruagem onde Vossas Majestades e suas famílias seriam transportados, além de algumas dezenas de cavalos para os soldados que os acompanhariam. Tentava acalmar os nervos, afinal, tinha uma responsabilidade gigantesca em suas mãos. Nada poderia dar errado. Precisava proteger o rei e a rainha a todo custo, mas o elfo não era o único nervoso ali. Talvez fosse o menos aflito de todos.
Yoongi permanecia paralisado em seu quarto, olhando para um ponto fixo. Trilhões de possibilidades vagavam por sua mente, pensamentos a mil. Porém, na sua concepção, chegara à conclusão de que tomou a decisão certa. Sacrificaria algumas dezenas de vidas, mas era para um bem maior: salvar aqueles que eram preciosos para si e para todo o reino. Salvaria sua família. Salvaria seus amigos — se é que poderia lhes chamar de amigos.
— Majestade? — Ouviu uma voz conhecida que lhe fez despertar do devaneio. Seu olhar foi de encontro aos olhos castanhos do garoto. Ele estava parado na porta do cômodo e tinha uma feição de desespero evidente, a testa franzida em preocupação. — Posso?
O monarca acenou em concordância e se levantou, caminhando em círculos, afoito. Sua respiração chiava enquanto tentava soltar o ar pela boca.
— Seja breve, Hoseok. Estamos de partida em breve.
— Não deve fazer esta viagem, Majestade... — Foi objetivo em sua fala, querendo chegar logo ao ponto. Viu Yoongi abrir um sorriso debochado, e sabia que deveria ser cuidadoso com suas palavras.
— Você quer que eu fique aqui e espere pela minha morte? — Min pareceu se irritar de repente e aproximou-se do rapaz que lhe servia. Segurou com força a gola das suas vestes sedosas e o prensou contra a parede, deixando o outro boquiaberto, estupefato. — Sabe o Jungkook? — perguntou e Jung balançou a cabeça positivamente na medida do possível. — Agora imagine cerca de duzentos, ou quem sabe quinhentos, Jungkooks! — Os olhos do rei estavam mais abertos do que nunca, esbugalhados. — Acha que podemos detê-los? — Sua voz saiu alta, ecoando pelo quarto.
Hoseok não conseguia encontrar alguma resposta eficiente para tal pergunta. Sabia que seria impossível para os humanos vencerem os elfos, mas também sabia que Yoongi não deveria ir para o noroeste. Sabia que o destino seria cruel se assim o fizesse.
— Não perca seu tempo tentando me convencer do contrário, Hoseok. — Afrouxou o aperto, finalmente liberando o rapaz. — Temos que ir para Nangnang agora. — Ele se virou, pegando um saco de seda que havia preparado com alguns de seus pertences importantes.
Estava prestes a atravessar a porta do cômodo, mas sentiu a mão do seu servo agarrar seu pulso com força.
— Por favor, não vá! Algo muito terrível irá acontecer a Vossa Majestade! — A voz trêmula de Jung lhe fez arrepiar involuntariamente. Olhou uma última vez no rosto dele e viu algumas lágrimas se formando em seus olhos. Esforçou-se para livrar-se do aperto em seu braço, e continuou caminhando em direção à saída.
— Não se preocupe. Meu elfo de fogo e meu exército vão cuidar para que nada de mal me aconteça.
❨♔♚♔❩
A viagem era longa. Passaram o dia todo cavalgando em direção ao noroeste de Hanseong. Em frente à carruagem das Majestades, Jungkook liderava o percurso montando seu cavalo, tentando se manter ativo a todo custo, embora fosse uma tarefa bastante difícil. O sono parecia lhe dominar, e de vez em quando, acordava de supetão por ter cochilado por breves segundos. Tudo parecia deixar o ser místico mais e mais cansado, e apenas queria que tudo isso acabasse logo para poder ter horas e horas de sono profundo e tranquilo. Era o que mais desejava.
A noite estava próxima e precisavam de um local seco e ameno para poder abrigar os soldados e os membros da corte. Deixou que Namjoon e Taehyung ficassem responsáveis por vigiar a carruagem real e cavalgou mais rápido a frente, a fim de encontrar tal lugar. Embrenhou-se pela floresta densa, verificando as trilhas, até encontrar uma relva que parecia ser ideal para o acampamento. Sendo assim, assoviou em alto e bom som. O ruído saiu tão estridente de sua boca que algumas vibrações ecoaram no ar. Era um sinal para que o soldado e o curandeiro real pudessem saber a direção de onde guiar a caravana. Enquanto isso, tratou de buscar por alguns pedaços de madeira ideais para fazer algumas fogueiras — por mais que não estivessem no inverno, as noites eram frias naquela época do ano.
Quando todos chegaram, começaram a montar camas improvisadas, e o cozinheiro Seokjin iniciou o preparo do jantar. Havia trazido um caldeirão e uma carruagem repleta de vegetais, frutas e legumes. No fim das contas, tinha que alimentar muitas pessoas por não se sabe quantos dias.
A família de Min, ou seja, sua mãe e suas duas irmãs mais novas, decidiu permanecer dentro do conforto da carruagem. Porém, Yoona quis ajudar o cozinheiro a fazer a janta, e Yoongi apenas precisava tomar um ar.
Sentia-se sufocado, angustiado, como se uma faca estivesse entalada em seu pulmão. Caminhou, até se isolar do povo, e finalmente encontrou um local tranquilo. Havia um riacho ali próximo e o barulho da água contra as rochas parecia um tanto relaxante. Sentou-se em um toco de árvore, e fechou os olhos, tentando se concentrar.
"Por favor, não vá! Algo muito terrível irá acontecer a Vossa Majestade!"
A voz martelava em sua mente mais uma vez. Não conseguia tirar tais palavras de sua cabeça, independente do quanto tentasse não pensar naquilo. Suspirou, derrotado. Era impossível distrair-se enquanto um exército de elfos estava atrás de si. Enquanto exércitos de todas as nações pareciam estar atrás de si.
— M-Majestade, v-você está bem? — Uma voz baixa e grave soou ao seu lado, o fazendo se assustar repentinamente. Abriu os olhos, vendo o garoto alto a sua frente. Ele segurava a hwando em detalhes azuis com uma das mãos. — Oh, me perdoe por lhe assustar... — Inclinou o tronco 45° para se desculpar de maneira extremamente formal.
— Está tudo bem... não se preocupe — murmurou em resposta, mas o seu tom apenas deixava claro o contrário.
— Não parece estar bem, Majestade... sei que não está! — Aproximou-se vagarosamente, até ficar de frente para o monarca. Mas não se atreveu a olhar em seus olhos, apenas continuou fitando seus próprios pés.
Min observou o rapaz, subindo o olhar até ver seu rosto. Parecia triste, amuado. E isso de certa forma o deixou ainda mais desconfortável.
— Me chame apenas de Yoongi, por favor — pediu, já que gostaria muito de se aproximar de Taehyung, aos poucos. Queria poder ter amigos de verdade. Pessoas que gostassem de si não apenas por ser o rei de uma nação. — Ah, e não precisa esquivar seu olhar. — Levantou-se, ficando frente a frente com o acastanhado. Ousou erguer a mão e tocar no queixo adorável do garoto alto, direcionando o rosto dele para si. Kim ficou surpreso, e um tanto nervoso. Nunca viu Vossa Majestade agir intimamente assim com alguém a não ser a rainha. — Pode olhar em meus olhos, Taehyungie!
E naquele momento, o curandeiro real sentiu sua pele facial esquentar repentinamente, enquanto sua pulsação cardíaca aumentava drasticamente. Podia jurar que seu queixo estava formigando somente com o toque delicado da pequena mão do rei.
Quase fez um biquinho quando sentiu a mão do nobre sair dali. Yoongi sentou-se novamente, fazendo um gesto convidativo para que se sentasse também, ali ao seu lado. Mais uma vez, seu coração disparou, pois, ao sentar-se, sua lateral direita roçou no corpo do monarca, por conta do pouco espaço. Não conseguia acreditar que depois de tanto tempo finalmente estava conseguindo interagir com aquele por quem sempre fora apaixonado.
— Por que você sumiu? — A pergunta foi lançada no ar depois de alguns minutos de silêncio entre ambos.
Kim franziu a testa sem entender.
— Como, Majest... Y-Yoongi-ssi? — indagou, corando levemente por quase ter errado na hora de se referir a Yoongi. É difícil se acostumar a ser menos formal com alguém que exige tanta formalidade como o rei da nação.
— Costumávamos brincar na nossa infância e adolescência, não se lembra?
— Ah, sim... — concordou, agora entendendo do que se tratava a pergunta repentina.
— Então, por que sumiu de repente? Lembro de ter procurado você por toda a vizinhança, mas nunca mais apareceu no nosso ponto de encontro... — lamentou, olhando para o riacho, sentindo a nostalgia aflorar ao relembrar da época. Os dois meninos costumavam se encontrar todas as semanas junto à Yoona para brincar e ensaiar algumas peças de teatro que os três inventavam por conta própria.
— Meus pais me mandaram para Wei, a fim de impulsionar os meus estudos. Foi lá onde aprendi tudo o que sei sobre medicina e onde pratiquei a usar a espada — explicou, e o rei pareceu entender.
— Podia ao menos ter se despedido de mim... — Um pequeno bico surgiu nos lábios finos do mais velho e isso fez Taehyung abrir seu sorriso quadrado.
— Eu tentei, juro. Mas meus pais foram muito cruéis quando descobriram que eu gostav... — Interrompeu-se quando se deu conta da sua quase-confissão. Os olhos puxados se arregalaram involuntariamente.
— Gostava do quê? — Yoongi ergueu as sobrancelhas, curioso. Dessa vez, havia virado seu rosto na direção do curandeiro por completo, percebendo o tom corado das suas bochechas.
— De... de... de... teatro! I-Isso, teatro. — Suspirou aliviado ao encontrar a palavra certa que camuflaria a verdade por enquanto.
— Ah, é mesmo! Você gostava muito de atuar. Sempre fazia o papel de rei nas nossas peças... — Yoongi soltou uma risada nasalada junto ao seu sorriso gengival. — Você seria um rei muito melhor que eu, Taehyungie!
— O q-quê? Você enlouqueceu, Min Yoongi-ssi? Sou muito tímido, seria um péssimo rei! — Baixou o olhar. Estava ficando envergonhado apenas por não falar formalmente com Vossa Majestade.
— Às vezes é tão difícil que gostaria de apenas desistir de tudo... — desabafou — Queria apenas voltar a ser aquela criança que brincava com você.
Kim sentiu o peso daquela frase. Era como se as palavras do monarca estivessem machucando-o. Durante os três meses que trabalhou no palácio, aprendeu muito sobre os assuntos políticos que infernizavam a cabecinha do seu precioso amado. Sabia que grande parte do povo não aprovava suas decisões, e isso acabava afetando cada vez mais a sua saúde.
— Você mudou tanto, Taehyung. Digo... fisicamente — Yoongi disse, analisando o corpo do antigo amigo. Percebeu seus ombros largos, os braços grandes e musculosos, que combinavam também com o corpo alto e todo definido. — Acho que você tinha 12 anos na última vez que nos vimos, e era praticamente do meu tamanho... o que você comeu para crescer tanto?
Yoongie, você quer me matar do coração? Indagou mentalmente, ao perceber a aceleração cardíaca dentro do seu peito. Já era a terceira vez que o rei lhe causava tal sensação em apenas uma conversa. Mas se sentia feliz, afinal, fora a primeira vez em três meses que tiveram um diálogo tão longo como esse. Fazia o lembrar da época em que eram melhores amigos. Será que poderiam voltar a ser melhores amigos?
— E você não mudou nada, Yoongi-ssi. Digo, fisicamente... — Usou a mesma frase do monarca, apenas invertendo os sentidos.
O reinante caiu na gargalhada e foi seguido pelo médico real, que não conseguiu evitar um sorriso largo e quadrado, de orelha a orelha, ao observar o amado contente. Nunca o vira assim antes, era muito bom poder ouvir o som da sua risada.
Min sentia-se revigorado. Conversar com seu velho colega de infância lhe deixou muito melhor. Pelo menos, foi possível se distrair dos pensamentos melancólicos que estava tendo ultimamente, e das preocupações que assombravam sua alma.
— Oh, vejo que você faz muito bem a Vossa Majestade, Taehyung-ssi. — A voz do soldado Kim surgiu, interrompendo o momento dos garotos. — Se eu fosse tentar animá-lo, levaria um soco nos olhos.
— Ora, ora... se não é Kim Namjoon, o especialista em interromper os bons momentos da minha vida. — Abriu um sorriso sádico para o guerreiro, que mais uma vez sentiu certo receio do monarca.
— Oh, me perdoe! Só vim lhes chamar pois o jantar está pronto — informou e desculpou-se formalmente.
❨♔♚♔❩
Após se alimentarem, a noite caiu e era necessário descansar, para que assim que amanhecesse, continuassem a jornada. Nesse sentido, todos começaram a se agasalhar de maneira confortável em suas camas provisórias, feitas de cobertores de penas e lençóis de tecido velho. Vossa Majestade poderia dormir na carruagem, onde uma cama bem mais confortável lhe aconchegaria, no entanto, não queria ficar com sua mãe — queria estar o mais próximo de Taehyung possível. Pegou apenas sua roupa de cama de seda e foi para fora, vendo três garotos ao redor de uma das fogueiras.
— Majestade? — Jungkook saudou o rei, mas parecia um tanto surpreso. — O que está fazendo aqui? Deveria descansar.
— Quero ficar aqui fora e dormir com todos. Não gosto da carruagem. Ela me sufoca — justificou, sentando-se ao lado do curandeiro, enrolando-se no tecido sedoso. — Por que estão todos os três acordados?
— Vamos ficar acordados para vigiar e proteger Vossa Majestade e sua família — respondeu Namjoon.
— Ficarão muito cansados desse jeito. Por que não revezam? — sugeriu o rei, e tanto Jeon quanto o soldado Kim se surpreenderam com a fala do nobre. O rei nunca foi tão gentil com eles daquela forma, nunca lhes deu sugestões, apenas ordens e, principalmente, nunca teve piedade ou compaixão por eles. O que estava acontecendo com o monarca?
— Tem certeza? — O elfo quis se certificar. Yoongi concordou com a cabeça. — Certo. Então, posso ir dormir primeiro? — Bocejou grande, mostrando que entre todos os três, era o mais cansado. Fazia longos dias desde seu último momento de sono. Precisava urgentemente recuperar suas energias, afinal, ter poderes especiais requer muito mais descanso que os humanos.
Os outros concordaram, e Taehyung até deu a ideia de ficar acordado por algumas horas primeiro, tomando conta de todos, enquanto o ser místico e o outro Kim dormiam. Com isso, Min deitou-se pertinho do seu curandeiro, sentindo-se aconchegado e protegido. Fechou os olhos e murmurou um "boa noite" para o garoto alto, que ficou todo contente por ter interagido mais uma vez com o amado. Yoongi não demorou a pegar no sono. Estava próximo do seu protetor, então sabia que Kim cuidaria muito bem de si.
As horas se passaram. Era entediante ficar tomando conta de tudo, porém valia a pena apenas por poder observar o sono tranquilo e profundo do jovem pálido. Fitou seu rosto sereno: um pequeno coque que prendia seus cabelos no topo da cabeça e, por um momento, pensou se não deveria soltar seus fios, pois talvez aquele penteado estivesse apertado, mas não teve coragem de tocar no nobre; seus olhos eram apenas dois risquinhos quando fechados; uma das mãos repousava debaixo do queixo, enquanto seu corpo permanecia de lado; os lábios finos encontravam-se levemente curvados para cima, o que era um milagre, visto que ele parecia sempre mal humorado e ranzinza; por fim, suas bochechas tinham um leve tom avermelhado por conta do calor do fogo da fogueira, e aquilo tornou-o ainda mais bonito para si. Os longos dedos de Taehyung coçavam em vontade de tocar a pele facial macia do rei. Aproximou-se dele, esticando a mão centímetro após centímetro. Estava quase, mas estagnou no instante seguinte.
Ouviu ruídos repentinos, e seu corpo todo ficou em alerta. Inconscientemente, a mão que estava prestes a tocar o rosto do amado direcionou-se para sua espada e a segurou firmemente ao levantar-se em um pulo ágil. Seus olhos olharam ao redor, e nada parecia aparente.
Foram segundos tensos. Tudo ficou quieto demais em seguida. Ouvia apenas o "tuc-tuc" acelerado do seu coração, que desta vez não batia por amor, batia por medo.
Sacudiu a face algumas vezes. Não podia sentir medo agora. Tinha que protegê-lo. Era esse o seu dever.
E no momento que seguiu, pôde ver vários indivíduos saltando do alto, como se tivessem brotado do além, como se tivessem caído do céu, mas não pareciam anjos. Pareciam demônios. Vestiam-se de preto por completo, até o rosto. Apenas os olhos estavam visíveis, e eram todos negros como a escuridão. Portavam hwandos similares a de Taehyung, mas pareciam ter um brilho especial a mais.
Não eram poucos. Imaginava que fossem 40? 50? Não conseguiria contar agora, o nervosismo consumia todo seu ser. Por alguns segundos, paralisou por completo, sem saber o que fazer. Deveria pegar Vossa Majestade e fugir dali o mais rápido possível? Deveria lutar contra eles? Não poderia vencê-los sozinho, precisava de ajuda. Tinha que protegê-lo. Tinha que tomar alguma providência antes que os diversos ninjas começassem a atacar.
Quase como se estivesse dançando, pulou para próximo do elfo e o cutucou rapidamente, em poucos segundos, enquanto tentava acordar Yoongi. Não era fácil acordar o rei, pois tinha o sono pesado. Ao ver que Jungkook e Namjoon já estavam ativos e a postos, agachou-se sobre o monarca, praticamente cobrindo todo o corpo dele com seu próprio tronco. Achava errado tocá-lo sem permissão, mas era um caso de urgência. Seus dedos foram de encontro às bochechas dele, dando leves tapinhas a fim de despertá-lo.
— Majestade! M-Majestade... — Sua voz estava instável. Seu interior todo tremia em desespero. Chamou. Chamou. Chamou várias vezes, e o nobre não dava nem sequer sinal de vida. Dormia feito uma pedra. — Por favor, Majestade. Acorde! — Aumentou o tom de voz, agora chacoalhando Min. Com o canto dos olhos, percebeu que o ser místico e o soldado já lutavam contra os invasores, e alguns deles já se encontravam caídos ao chão, sem vida. Era uma luta em que se ouvia o torpor do confronto através dos gritos. E era tudo vermelho. Sangue. — Yoongi-ssi, temos que ir! Por favor!
Viu um dos ninjas se aproximar do rei cautelosamente e foi obrigado a levantar-se e lutar contra o indivíduo. Foi ágil e rápido, apenas um breve salto e a espada afundou no peitoral do inimigo, fazendo com que cuspisse uma substância avermelhada pela boca em abundância.
Foi naquele exato instante que Vossa Majestade despertou, abrindo as pálpebras e arregalando os olhos ao perceber as gotas de sangue pingando em sua testa. Levantou-se de imediato, totalmente assustado e sentiu as pernas ficarem bambas. Agora, todos ao seu redor lutavam, fazendo o possível e o impossível para eliminar cada um dos homens vestidos de preto sem que nenhum deles chegasse próximo ao monarca. Seu coração palpitou inquieto, e uma sensação de queimação apoderou-se das suas entranhas. Era a pior sensação existente. Era o pior momento da sua vida.
Observou Taehyung atingir mais dois com sua espada e chutar outros três para longe de si, tudo isso em apenas poucos segundos. Jungkook e Namjoon também lutavam ferozmente — o elfo era capaz de esfaquear dois ninjas de uma só vez; sua força jogava os corpos a metros de distância e sua velocidade sobrenatural o fazia eliminar diversos inimigos de forma tão rápida, que seus movimentos se tornavam apenas borrões na visão do nobre humano.
O curandeiro estava focado em acabar com a vida de qualquer um que ameaçasse a segurança do seu amado e continuou lutando com afinco, e quando olhou ao redor, não vendo mais um ninja de preto sequer em pé, quase suspirou em alívio. Quase abriu um sorriso de vitória. Tudo ocorreu em questão de poucos minutos. Talvez três ou quatro. Rápido demais. Todos os mascarados encontravam-se caídos ao chão, formando uma pilha de defuntos.
Em seguida, girou o tronco para verificar Vossa Majestade, e seu coração parou de bater naquele instante.
— T-Taehyung... s-sint-to muito... — A voz do rei saiu baixa e rouca de sua garganta. Tinha a mão sobre o pescoço, na altura da jugular. Os dedos estavam vermelhos, muito vermelhos.
Sangue.
No instante seguinte, os olhos da Majestade saíram de órbita e ele despencou no chão da relva fria.
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