Capítulo 26 | Extra I
SEUL — COREIA,
ANOS ATUAIS
— Me sinto nervoso, noona. — Taehyung olhou para baixo, para as suas mãos repletas de veias saltadas. Seus pés encontravam-se inquietos, tapeando o piso ininterruptamente. Seu coração já estava acelerado e ele nem mesmo havia entrado na empresa ainda. Resolveu, então, tomar mais um gole do suco de laranja natural em seu copo, ainda sem ser capaz de fitar os olhos de Yoona.
— Por quê? — a garota indagou, indignada. — Não precisa ficar assim, Tae Tae. Sou eu quem vai te fotografar... Além disso, não é como se fosse a primeira vez, não é mesmo, Dr. mais-bonito-do-universo? — Im referiu-se ao título que o médico-modelo carregava ao vencer a categoria de homem mais belo. — Relaxa! — Ela lançou uma piscadela quando o rapaz por fim ergueu o olhar para fitá-la.
— Mas você sabe, seu irmão é um dos diretores da Gucci e eu... — O pomo de Adão do Kim subiu e desceu assim que ele percebeu Jimin e Yoongi se aproximando do café. Dessa vez, seu órgão cardíaco praticamente atravessou a parede do seu peitoral. Droga! Por que tinha que ficar tão coisado quando via Min? Seu rosto todo esquentou, assim como seu corpo. Já era amigo da morena e do loiro há cerca de um ano, mas ainda não conseguia se acostumar com seus surtos internos toda vez que o rapaz de cabelos cor-de-menta se aproximava. Bom, atualmente os cabelos de Yoongi eram verde-água, mas já houve épocas em que ele os tingiu de vermelho, azul, roxo, amarelo ou rosa.
Enquanto Park vestia roupas casuais, que incluíam seu All Star favorito, o mais velho usava roupas sociais, que apesar de não combinar muito com seu estilo descolado, lhe deixava extremamente atraente na visão de Taehyung.
— Estou indo para uma reunião — Yoongi disse em tom sério. — Não se atrasem para o ensaio — continuou, autoritário. E então, deu meia volta e se direcionou para o prédio administrativo da Gucci logo ali a frente, que tinha a loja nos três primeiros andares do edifício.
Jimin juntou-se à irmã e ao melhor amigo, logo pedindo um cupcake junto a um suco de maracujá. Os três passaram a conversar sobre assuntos diversos, incluindo o quanto Min Yoongi havia mudado a sua personalidade de alguém totalmente desleixado para um diretor executivo organizado e competente de uma das empresas mais famosas da atualidade. É claro que ele teve uma forcinha do pai estrangeiro, um dos presidentes, porém ninguém podia negar que o rapaz estava se demonstrando merecedor do cargo.
— E você, Ji? Quando vai trazer seu namorado lá em casa? Quando vamos conhecê-lo? — Yoona fitava o irmão com olhos curiosos. Estava ansiosa demais para vê-lo pessoalmente e agradecê-lo por salvar a vida de um dos meninos mais preciosos da sua vida.
Já fazia algumas semanas que Jungkook havia recebido alta do hospital e agora estava, aos poucos, voltando a sua rotina normal de trabalho e faculdade. Sendo assim, eles não tinham tanto tempo para se encontrar, visto que era difícil a folga do médico cirurgião coincidir com os finais de semana em que o policial não estava de plantão.
— Bom, somos duas pessoas bastante ocupadas, mas assim que conseguirmos nos planejar, prometo levá-lo lá em casa, ok? — Jimin se manifestou, um tanto tímido, tentando esconder seu rosto atrás do pequeno bolinho com cobertura de chantilly.
Minutos depois, a fotógrafa e o modelo se apressaram para não se atrasarem para o ensaio, enquanto o loiro continuou sua refeição sozinho. Queria muito poder estar com o moreno agora, mas sabia que ele estaria muito ocupado com seu trabalho naquele momento. Com isso em mente, pegou seu iPhone e logo abriu o aplicativo de mensagens.
Você:
faz dois dias que não nos vemos e já estou morrendo de saudades :(
(09:52 AM)
ex-orelhudo❣️:
Eu também, hyung
(09:53 AM)
ex-orelhudo❣️:
Me desculpe não conseguir me livrar do trabalho no seu dia de folga
(09:53 AM)
Você:
JÁ SEI!!!
(09:54 AM)
Você:
POSSO TE BUSCAR NA DELEGACIA E TE LEVAR PRA UNIVERSIDADE????!
(09:55 AM)
ex-orelhudo❣️:
Oh, não quero ser um incômodo pra você, hyung
(09:56 AM)
ex-orelhudo❣️:
Eu posso pegar o ônibus sem problemas
(09:56 AM)
Você:
eu só quero poder te ver, kookie
(09:57 AM)
Você:
não consigo mais ficar longe de você... meu coraçãozinho não aguenta
(09:57 AM)
Você:
e não será incômodo algum pra mim, meu amor... muito pelo contrário <3
(09:57 AM)
ex-orelhudo❣️:
Obrigado! Você é incrível, hyung!!
(09:58 AM)
ex-orelhudo❣️:
Te vejo mais tarde então
(09:58 AM)
ex-orelhudo❣️:
Te amo tanto que sinto meu corpo todo tremer
(09:59 AM)
Você:
e eu te amo tanto que isso me deixa muito coisado >.<
(10:00 AM)
ex-orelhudo❣️:
Kkkkkkkkk
(10:01 AM)
Você:
❣️
(10:01 AM)
ex-orelhudo❣️:
👉🏻👈🏻
(10:01 AM)
❨♔♚♔❩
— Noona, eu juro que estou a ponto de ter um colapso de nervos! — Kim proferiu assim que os dois chegaram ao estúdio fotográfico da Gucci. Ele andava de um lado para o outro, mordendo os lábios levemente.
— Tae Tae, meu amor... acalme-se! Ele nem está aqui ainda. — Yoona tentou relaxar o melhor amigo, uma tarefa um tanto complicada naquele exato instante. — Somos só eu, você e a equipe de cenário, iluminação e figurino. Não se preocupe, vai dar tudo certo, ok?
Taehyung inspirou e expirou o ar de maneira lenta, tentando a todo custo tirar essa sensação do seu corpo. Às vezes achava a profissão de médico cirurgião muito mais fácil do que a de modelo justamente por ser um garoto tão tímido. Tudo lhe deixava nervoso, e especialmente aquele ensaio lhe faria ficar ainda mais assim, pois o diretor da empresa em breve estaria ali para lhe assistir sendo fotografado.
Minutos depois, com pensamentos a mil, o rapaz foi se vestir no camarim e após colocar a roupa estilosa, uma moça logo veio maquiá-lo enquanto outra preparava seus cabelos. Não demorou muito para que estivesse pronto para a primeira parte do ensaio, e assim, caminhou em direção ao cenário.
— Unnie! Ele é realmente o homem mais lindo desse universo. — Ouviu a maquiadora comentar com a cabeleireira, ao longe. — A garota que se casar com ele vai ser a mais sortuda!
Ele queria dizer para aquela moça sair da sua imaginação, afinal as coisas não eram como ela pensava ser. Todavia, decidiu ficar quieto. Não queria criar confusão, tampouco deixá-la triste. Por isso apenas se dirigiu para fora, até chegar ao local onde seriam capturadas as suas imagens.
— Está melhor, Tae Tae? — a morena questionou, já com sua câmera profissional em mãos. O modelo apenas balançou a cabeça positivamente, confirmando. — Vamos lá então.
O rapaz vestia uma camisa social branca, uma calça caqui de cor bege e um colete felpudo com estampa de tigresa. Era um visual um tanto selvagem, caindo perfeitamente com o homem mais belo. A morena então sugeriu algumas poses e Taehyung as reproduziu de maneira exata, sendo capturado por flashes durante longos minutos.
A cada novo visual, centenas de imagens eram fotografadas. Isso para no fim apenas algumas poucas serem selecionadas. A profissão podia ser cansativa às vezes, por ter que gastar horas e horas posando, mas valia a pena. O resultado com as fotos do Kim era sempre excelente, e rendiam milhões de Wons.
Praticamente no fim do dia, a sessão de fotos estava quase terminando. Taehyung já havia vestido dezenas de conjuntos diferentes, penteado os cabelos de diversas formas e seu rosto já não aguentava mais aquela quantidade exagerada de maquiagem. Sentia-se um tanto cansado, mas o nervosismo, que lhe atormentou pela manhã já não se encontrava mais presente em si. No momento, ele estava concentrado posando para uma das últimas fotografias, que incluía olhos fechados. Seu tom era sério e ao mesmo tempo um tanto sensual, já que segurava um cacho de frutinhas arroxeadas acima de sua cabeça, as direcionando para a boca.
— Tae Tae, mostra pra mim o quão gostosas estão essas uvas! — a fotógrafa incentivou, sorrindo de forma sugestiva. O modelo então abocanhou uma delas, chupando e saboreando o suco, sendo fotografado a cada segundo que se passava. — Isso, que delícia! Você parece a personificação do próprio Dionísio! Agora abra os olhos e olhe para frente, na direção da câmera.
Kim obedeceu, porém, ao abrir suas pálpebras, seu coração imediatamente se acelerou de forma intensa, praticamente perfurando a parede interna do seu peito. Sua respiração falhou, e uma tsunami de arrepios se propagou por sua derme.
Ali estava ele, sério, vestido em suas roupas de executivo, com os braços cruzados contra o peitoral. Ali estava Min Yoongi, o diretor da Gucci de Seul. Ali estava o seu crush, o garoto por quem era apaixonado.
— H-Hyung... M-Min Yoongi-ssi! — Seus lábios estavam trêmulos, a voz fraca. Droga! Será que não era capaz de agir normalmente na frente dele sequer uma única vez? O que podia fazer se a áurea daquele rapaz lhe deixava totalmente fora de si? Sua presença era intimidante e jamais saberia dizer o porquê.
— Eu tive uma ideia! — exclamou a garota, animada. Olhou para o irmão e então para Taehyung e abriu um sorrisinho. — Vá lá, Yoon. Vou fotografar vocês juntos!
É agora que meu coração explode em mil pedacinhos? O maior se questionou, sentindo seu corpo todo quente e as bochechas ardendo.
Já Min arregalou os olhos, estupefato com a ideia da morena. Como poderia posar ao lado do homem mais bonito do mundo? Não, definitivamente era uma ideia impossível.
— Noona, não sou modelo. Não sei fazer isso... — o garoto proferiu, ainda com firmeza em seu tom, mas sentindo as batidas do seu coração em seu ouvido apenas ao se imaginar tão próximo do rapaz alto. Por mais que fosse um garoto autoritário e descarado, naquele instante sentiu-se um tanto tímido.
— Ah, qual é! Vocês vão ficar lindos juntos nas fotos. — Então, segurou a pequena mão do de cabelos cor de menta e o puxou em direção ao modelo, o posicionando lado a lado com ele. — Olhem só para isso! Taegi combina tanto!
— Yoona! Você ficou maluquinha! — O diretor deixou escapar um breve sorriso gengival. Sabia que tudo o que sua irmã queria era tentar fazer os dois interagirem mais, afinal ela tinha conhecimento sobre os sentimentos de ambos entre si.
— Me agradeça hoje quando chegar em casa — ela sussurrou no ouvido do caçula e então voltou a sua posição para iniciar mais uma sessão de fotos, dessa vez de um dos seus casais favoritos.
❨♔♚♔❩
Poucas semanas depois, Jimin e Jungkook finalmente puderam conciliar suas folgas, e justo naquele dia a mãe de Park insistiu para que seu filho convidasse o seu futuro genro para jantar com sua família. E foi o que Jimin fez.
Todavia, agora, há apenas horas do evento, Jeon Jungkook encontrava-se com os nervos à flor da pele. Andava de um lado ao outro, quase perfurando o piso de linóleo antiquado. Especulava as milhares de reações que os pais do loiro poderiam ter ao lhe conhecer e tudo isso lhe apavorava. Em seguida, abriu o armário minúsculo e verificou as poucas opções de vestimenta que possuía. Não tinha nada muito formal, e tal fato lhe fez suspirar audivelmente e se jogar na cama de solteiro, totalmente perdido. Olhou para o teto do apartamento por longos minutos sem saber o que fazer.
— Precisa de uma ajudinha, oppa? — Daphiny ofereceu, assim que finalizou seu estudo, percebendo a aflição do irmão. Sabia sobre o que aconteceria aquela noite, já que o policial não parava de falar sobre tal assunto. — Não fique tão nervoso. Vai dar tudo certo! — A de cabelos degrades então seguiu até o guarda-roupa e tirou de lá duas camisetas e duas calças. Posicionou os dois conjuntos em frente ao corpo do maior, quando ele havia se sentado no colchão, trocando e invertendo as peças para ver qual combinaria melhor. Pegou também a jaqueta de corino e as botas amareladas do rapaz e separou aquele conjunto. — Pronto! Resolvido. Vista essa roupa. — Indicou uma camiseta listrada e uma calça jeans preta e rasgada junto aos demais acessórios.
— Não acha que são muito simples? O pai do Jimin é diretor-geral da Gucci aqui em Seul, e o irmão dele é sub diretor. Droga! Eu deveria ter comprado algum conjunto dessa marca. — O jovem inflou as bochechas, fazendo um biquinho.
— Iria gastar seu salário todo apenas em uma camiseta deles. Sabe quanto custam as roupas e acessórios dessa marca? — A mais nova indagou, indignada com a ideia do irmão.
— Eu sei. Mas se eu tivesse algo da Gucci talvez passaria uma impressão melhor de mim para eles — comentou, inseguro.
— Você endoidou de vez, Jungkook. — Misoo segurou as mãos do irmão, numa tentativa de acalmá-lo e lhe passar confiança. — Jimin-oppa já não lhe disse que os pais dele são legais? Vão gostar de você vestido de qualquer jeito, Kook. Até se estivesse fantasiado de ogro! Pare com isso. Vá se vestir antes que ele chegue.
O estudante de direito suspirou, mas se deu por vencido. Arrumou-se o mais rápido que conseguia, e no banheiro olhou-se no espelho, analisando cada centímetro do seu corpo. Amarrou o cabelo acastanhado agora semi-comprido em um pequeno rabo de cavalo, deixando alguns fios soltos pelo rosto. Escovou os dentes cerca de três vezes, usando o enxaguante bucal. E por fim, passou seu perfume.
Como se estivessem sincronizados, Jeon sentiu seu celular vibrar com uma mensagem do namorado lhe informando que já havia chegado. Dessa forma, apressou-se para descer o quanto antes, com seu interior todo reagindo ansiosamente ao que viria àquela noite.
Assim que viu o loiro apoiado contra o carro avermelhado, a sua espera, seu coração palpitou forte contra o peito, mais rápido que o normal. Park Jimin era perfeito. E ele estava usando uma camiseta amarelada, que combinava com os All Stars de mesmo tom, junto a uma jardineira fofa que lhe deixou ainda mais jovial do que de costume. Extremamente adorável. Os cabelos dele também já não se encontravam mais tão curtos como o usual e pendiam contra sua testa, caindo sob os pequenos olhos. Logo seria possível amarrá-los em um rabo de cavalo também.
Ao se aproximarem, eram notáveis os seus sorrisos radiantes. Toda vez que as almas gêmeas se encontravam era uma explosão de euforia e felicidade. Para o policial, Park era como um filtro que trazia apenas sentimentos bons para si.
— Oi, hyung! — Um tanto tímido, Jungkook se aproximou e segurou uma das mãos do médico. Ele não conseguia deixar seu sorriso se apagar por um segundo sequer.
— Jungkook-ah, você está lindo. — Jimin olhou para cima, a fim de fitar o rosto do seu garoto alto. Viu que ele estava um tanto vermelho e isso lhe fez rir de forma nasalada. Era engraçado como a versão humana de Jeon era um tanto envergonhada em alguns aspectos. O policial estava prestes a responder, porém o loiro repousou seu dedo indicador contra os lábios finos do amado. — "Não mais que o hyung", não é mesmo? — Park adivinhou sua fala, o fazendo soltar uma gargalhada gostosa ao concordar com o namorado. Ele era muito clichê, de fato.
Os garotos se abraçaram e trocaram beijinhos apenas para matar as saudades e depois adentraram o automóvel enquanto o motorista se dirigia à sua casa. Jimin percebeu que o grandão se encontrava quieto demais e considerou aquilo como sinal de nervosismo.
— Kookie. Você é muito bobo. — Levou seus dedos gordinhos até tocar a coxa espessa e malhada do moreno. Arrastou sua palma ali, fazendo carinho numa tentativa de ajudá-lo a se acalmar. — Não precisa ficar nervoso. Meus pais vão adorar você. — Logo segurou a mão grande do rapaz que tanto amava, entrelaçando os dedos.
No som do carro, uma melodia gostosa de um dos seus cantores favoritos ressoava, deixando os nervos do moreno um pouco mais tranquilos. Às vezes, quando ouvia essa música, imaginava-se em uma viagem romântica com o seu hyung. Definitivamente faria vídeos dele nessa viagem para editar com essa melodia, afinal, a beleza do seu namorado deveria sempre ser exposta ao mundo.
[...]
I got you, I promise
Let me be honest
Love is a road that goes both ways
When your tears roll down your pillow like a river
I'll be there for you
But you gotta be there for me too
[...]
Poucos minutos depois, eles chegaram. Jungkook observava tudo com muita atenção. Analisava cada detalhe. Viu que a casa era enorme, de arquitetura moderna em cores pastéis, contendo vidro espelhado em grande parte do seu perímetro. O jardim era repleto de flores coloridas e harmonizadas. Era tudo muito lindo e bem decorado. Cada centímetro daquela construção exalava riqueza, mas ao mesmo tempo, certo toque de simplicidade.
Park direcionou o carro até a garagem, onde havia mais carros estacionados ali. Provavelmente um automóvel para cada membro da família. Todos de marcas caras.
E por mais que Jimin houvesse tentado tranquilizar o grandão, Jeon não pôde evitar de sentir seu corpo todo esquentar e sua pulsação cardíaca acelerar. O nervosismo era inevitável em tais circunstâncias. Seus pensamentos agora mergulhavam em uma onda de insegurança, afinal, como poderia ser bom o suficiente para os níveis elevados do seu amado? Ele tinha uma vida muito simples — para não dizer pobre — comparada aos luxos que a família do loiro lhe concedeu.
Jimin, após estacionar e sair do carro, deu a volta no seu Toyota até ir de encontro ao seu amor. Percebeu as mãos trêmulas do policial e então as segurou, beijando o dorso com muito amor. Depois, o puxou em direção à entrada da mansão, entrelaçando os dedos de maneira amorosa.
Eles subiram alguns lances de escada, já que a garagem era no subsolo, e por fim chegaram à sala de estar, que aparentemente se encontrava vazia. Mas não demorou até avistarem algumas mulheres apressadas, vestidas em uniformes, levando bandejas até a sala de jantar que ficava ao lado.
— Boa noite, Jimin. Quem é esse moço bonito? — uma das senhoras questionou, curiosa, mesmo já sabendo de quem se tratava, afinal o filho dos Park sempre adorava conversar com elas.
— Boa noite, Jiwon — cumprimentou. — Esse é o Jungkook, meu namorado — o apresentou, e a mulher de meia idade lançou uma piscadela sugestiva ao menor, o fazendo rir. Era algum tipo de "piada" interna entre os dois, e isso deixou o mais novo ainda mais ansioso e aflito.
Sendo assim, o jovem policial inclinou seu tronco como sinal de respeito e as mulheres ali presentes, não muito acostumadas com esse tipo de gesto para com elas, arregalaram os olhos.
— Não seja tão formal com a gente, por favor — uma delas comentou, parecendo envergonhada.
— Bongsoo, você poderia por favor avisar aos meus pais que nós já chegamos? — o médico pediu de maneira educada, como sempre. Apesar da cultura coreana exigir um tratamento hierárquico, algo que a família Park abominava, o mais jovem da família sempre fez questão de respeitar os mais velhos, independentemente de sua profissão, pois para ele, toda e qualquer função profissional que fosse digna era importante e deveria ser valorizada.
— É claro, meu amor. — A mais velha, carinhosa como sempre, atendeu o pedido do garoto com entusiasmo.
Jimin, ainda segurando a mão de Jungkook, o levou até o sofá grande e confortável para que se sentassem. Contemplou a bela face do amado que se mantinha em silêncio, tímido, observando cada canto da sua casa. Enquanto isso, seus dedinhos se remexiam contra a mão suada e quente do moreno, acarinhando suavemente. Fitou seu rosto até seus olhares se cruzarem, e com isso tentou transparecer apenas sentimentos bons a ele. Era como se estivesse lhe dizendo que tudo ia ficar bem, apenas com seus olhos.
Não demorou muito para que alguns ruídos pudessem ser ouvidos vindos da escadaria, e logo uma mulher de meia-idade, apesar de aparentar ser muito jovem, aparecer diante dos dois garotos. Ela vestia uma saia longa de tecido de seda em um tom azul bebê, e uma blusa branca rendada que combinava muito com o visual. Calçava uma sandália de salto alto, porém ainda assim aparentava ser baixinha, menor que o filho. E por falar no filho, ambos eram extremamente parecidos. As feições do rosto eram idênticas, os olhos eram os mesmos. A única diferença era o tom dos cabelos, fato que não demorou muito para ser esclarecido — logo atrás da mulher, um homem com características ocidentais e um pouco mais alto surgiu, posicionando sua mão na altura da cintura de sua esposa. Ele tinha os fios de cabelo tão dourados quanto os do filho, e essa era praticamente uma das únicas características que Jimin herdara do seu ente paterno.
Assim que os avistaram, o casal se colocou de pé, logo cumprimentando os mais velhos.
— Omma, appa... — Jimin começou, apertando a mão do policial. — Esse é o Jeon Jungkook!
O mais novo então, mais uma vez, inclinou seu corpo, quase 45º, em sinal de reverência.
— É um prazer conhecê-los, Sr. e Sra. Park! — proferiu, tentando manter um tom firme na voz, apesar de seu corpo todo estar tremendo internamente.
— Uau! Meu filho tem mesmo um bom gosto! — foi a primeira frase que Eunjeong proferiu, abanando seu rosto e sorrindo de forma sugestiva para o médico.
— Yeobo! — o homem logo atrás de si a repreendeu, puxando a cintura fina contra seu abdômen. — Não ligue para essa pervertida, Jungkook. Sinta-se à vontade. Essa vai ser a sua segunda casa. — O mais velho se aproximou e estendeu o braço para dar um aperto de mão, gesto mais comum na cultura ocidental. — Prazer, meu nome é David, Park David.
Jeon sorriu tímido e apertou a mão do futuro sogro, percebendo o sotaque inglês bastante evidente em sua voz.
— Jimin já deve ter falado sobre mim para você, não é mesmo? — A morena também chegou mais perto do jovem, ficando cada vez mais surpresa com o tamanho abundante do namorado do seu filho. — Meu nome é Park Eunjeong. — Ergueu um dos braços até sua mão encostar-se no ombro do mais novo. E naquele exato instante uma sensação repentina se apoderou de seu peito. — Olhando assim de perto, você me parece familiar... — Os dedos da mulher se esticaram até tocarem a bochecha de Jeon. — De onde eu te conheço?
A mãe do cirurgião especulou aquilo em sua mente por longos minutos; todavia, o estudante de direito já sabia sobre o que tudo aquilo se tratava. Encontrou Eunjeong pela primeira vez quando ainda era elfo. Quando atravessou o portal para procurar pelo curador celestial no "céu" e então uma mulher muito simpática e prestativa se dispôs a ajudá-lo e indicou seu filho médico que fazia residência no Hospital Universitário. Era por isso que ela o reconhecia, de certa forma.
— Jungkook trabalha na delegacia de Gangnam, mamãe. Talvez seja por isso que você se lembra dele. — O loiro foi rápido em achar alguma maneira de esclarecer aquilo.
— Oh! É verdade. Foi você quem salvou o meu bebê! — Ela emocionou-se repentinamente, logo sentindo seus olhos arderem. E não foi capaz de se segurar, apenas agiu por impulso, espontânea. Envolveu o garoto em um abraço, um abraço emocionante. — Obrigada! Você é nosso anjo, Jeon Jungkook!
— Oh! Não fiz mais do que a minha obrigação, Sra. Park. — O moreno tinha seus olhos arregalados, sem saber como reagir àquele ato tão repentino da mais velha.
Segundos depois, ela se afastou, inclinando o pescoço para fitar o rosto do jovem alto. Ele era dono de uma beleza peculiar, incansável. Logo, o convidou para ficar à vontade e todos se sentaram no sofá, iniciando uma conversa.
— Isso me lembra de algo que estou muito curiosa. — A mulher continuou, com entusiasmo em seu tom. — Como vocês se conheceram? Foi no dia do assalto mesmo?
Jimin e Jungkook se entreolharam, um tanto surpresos com a pergunta. Não haviam discutido sobre que versão da história iriam contar aos pais de Park e isso os deixou, de certa forma, aflitos. O pomo de Adão de Jeon subia e descia enquanto a saliva se arrastava em sua garganta. Alguns longos segundos se passaram, e o maior parecia perdido, esperando que o mais velho pudesse os salvar dessa tragédia.
— Não mamãe. Nós nos conhecemos há mais tempo. Há cerca de um ano... — murmurou, segurando a mão do seu eterno elfo. — Nos encontramos a primeira vez na faculdade, já que eu estudava na mesma do Jungkook. — O mais jovem dos Park inventou, ainda que esse último fato fosse verdade. Quando Jimin se formou em pela Universidade de Seul, Jeon havia acabado de ingressar no ambiente acadêmico. — Ele está estudando direito. — Finalizou, esperando que os questionamentos sobre esse assunto acabassem.
— Interessante. Acho fascinante a área criminal — o inglês comentou. — Se eu não tivesse me transformado em empresário, por influência dos meus pais, com certeza também teria estudado direito.
E com isso, os dois homens começaram uma conversa profunda sobre seus interesses na área de investigação criminal. Jimin ficou encantado em como os dois estavam se dando muito bem, compartilhando de opiniões muito parecidas. Entretanto se sentiu excluído, já que não entendia absolutamente nada sobre aquilo.
Nesse meio tempo, os dois irmãos de Park também desceram e se juntaram a família. Yoona sentou-se entre Jimin e Jungkook, abraçando seu caçula e apertando suas bochechas, como de costume.
— Você está a coisinha mais linda desse mundo com essa jardineira, Ji! — a morena exclamou, mimando o mais novo, fazendo cócegas em seus pontos sensíveis da mesma forma como fazia quando eram crianças. Podiam ter crescido, mas continuavam os mesmos.
— Noona, pare! Por favor... — o garoto implorou, sem conseguir conter as gargalhadas e os arrepios que se espalhavam por toda a sua derme. — Pare! Pare a-antes que... antes que eu faça xixi nas calças!
Enquanto isso, Jungkook observava os dois ao que um sorriso permanecia exposto entre seus lábios finos. Ficou feliz pelo seu hyung. Feliz por ter uma família grande e unida — diferente da sua própria. Infelizmente, não teve a mesma sorte envolvendo laços familiares.
Assim como sua mãe, seu pai já era falecido — muitos anos atrás, quando ainda era criança. Seus avós, nunca sequer conheceu. Os únicos parentes que lhe sobraram foram tios e um primo chinês. E infelizmente não teve a oportunidade de ser muito próximo a ele, já que ele morava no exterior — embora soubesse que provavelmente não se dariam bem, afinal, seu primo era certamente a reencarnação do irmão do elfo, Yee-Ka, pela aparência. O fato era que eles brincavam juntos na infância. Porém, quando seu pai se foi, seus tios e seu primo se mudaram para a China mais uma vez, sem perspectivas de retorno. E então, Jungkook, Misoo e sua mãe ficaram sozinhos.
Do outro lado, deitado em outro sofá, estava Min Yoongi. Parecia entretido com algo em seu celular e não parava de digitar respostas. Até mesmo um sorriso gengival era perceptível.
— Gatinho, você convidou seu namorado para o jantar também? — Eunjeong questionou, curiosa.
Imediatamente, o garoto pálido fitou a mãe com as bochechas infladas e coradas. — Omma! Quantas vezes já lhe disse para não me chamar assim? Eu não sou um gatinho. Aish! — O rosto do empresário encontrava-se praticamente vermelho agora. — Ele não pode vir hoje. Está de plantão — justificou. — E ele não é meu namorado. Ainda.
— Então peça ele em namoro, filho — dessa vez, foi David quem palpitou. — Você gosta dele, não gosta? — Viu o outro balançar a cabeça timidamente. — Já pensou que incrível seria o homem mais bonito do mundo namorando o futuro CEO da Gucci? É juntar o útil ao agradável, filho.
— Appa! Não misture negócios no meu relacionamento — ficou emburrado, cruzando os braços.
A conversa se prolongou e logo Hoseok, o namorado de Yoona, também se juntou, sentando-se ao lado dela, segurando sua mão. Ele vestia roupas diferentes do usual. Não eram tão coloridas e brilhantes, mas ainda assim traziam um toque glamuroso. Usava calça e camiseta social em tons escuros, com um blaser em lilás pastel. Os cabelos devidamente cortados em um penteado moderno lhe davam um ar elegante e jovial.
Quando os estômagos de todos ali já pareciam estar em guerra com seus organismos por falta de comida, os jovens foram convidados para a mesa de jantar — que de tão grande podia abrigar doze pessoas. Jungkook achou que talvez Yoongi continuasse sendo Vossa Majestade, junto a sua família Real, para ter um banquete tão gigante e diversificado como aquele.
Quando todos se sentaram, Hoseok se colocou de pé e resolveu se pronunciar. Ele parecia um tanto nervoso, mexendo na gola de sua camiseta como se esta estivesse o sufocando. O leve suor em sua testa era visível.
— Então... — ele começou, emitindo um som como se estivesse limpando a garganta. — Antes de jantarmos, gostaria de fazer um anúncio — o rapaz vidente falou e ao ouvir, Yoona abriu um sorriso adorável enquanto suas bochechas encontravam-se um tanto róseas. Ela levantou-se também, segurando a mão do amado com delicadeza, e ao fazê-lo fez as outras pessoas da mesa perceberem o lindo anel que cintilava em seu dedo.
— É. Eu e Hoseok estamos noivos! — a garota pronunciou por fim, orgulhosa e feliz, com os olhinhos aguados em emoção.
— Omo! Parabéns, noona! Parabéns hobi-hyung! — Jimin se levantou e espontaneamente se jogou contra o corpo da irmã, lhe dando um abraço apertado. — Estou tão feliz por vocês, isso é incrível! Nem acredito que a minha noona vai se casar! — O loiro deu um gritinho de felicidade que fez todos ali rirem sobre o quão adorável era aquele médico.
E nos minutos que se passaram, todos aproveitaram para parabenizar o casal, extremamente contentes por aquela união cheia de amor.
❨♔♚♔❩
— Muito obrigado pelo jantar, Sr. e Sra. Park! — Jeon agradeceu, já se preparando para ir embora. Sentia-se grato e feliz pela família do seu hyung lhe acolher tão bem e aprovar seu relacionamento com ele de forma tão natural, sem julgamentos ou preconceitos. Aquela era uma das melhores sensações, com toda a certeza. Por fim, curvou-se em respeito, e estava prestes a ir em direção a saída e procurar algum ponto de ônibus para voltar para casa.
— Jeon Jungkook, aonde está indo? — a mãe do Park questionou, segurando em seu ombro e o fazendo se virar.
— Gostaria de ficar mais, mas preciso pegar ônibus agora, pois logo não haverá mais horários.
Jimin praticamente revirou os olhos, estupefato com a ideia absurda do policial, pois era claro que o levaria para casa, sem problema algum. Estava prestes a expor esse pensamento, mas a fala de sua mãe lhe deixou desconcertado.
— Aigoo! — resmungou, baixinho. — Fique conosco. Já está tarde e pode ser perigoso sair por aí a esta hora. — Eunjeong ofereceu, visivelmente preocupada. — Aposto que meu bebê nem mesmo lhe apresentou o quarto dele. — Lançou um olhar sugestivo ao filho, que corou imediatamente.
— T-Tem certeza que não será um incômodo? — o rapaz murmurou, claramente nervoso.
— Pare de falar besteiras! — A mais velha então segurou nos braços dos dois e os puxou escada acima. — Vão! Vão logo descansar, meninos. — Assim que subiram cerca de dois lances, Eunjeong sussurrou próximo ao ouvido do médico: — Pedi para a Jiwoo deixar no seu quarto uma bermuda no tamanho do Jungkook e algumas... coisinhas essenciais... caso queiram se divertir hoje à noite. — Sorriu, maliciosa.
— Omma! — exclamou, um tanto, para não dizer muito, constrangido. Agradecia aos céus por Jungkook não ter mais audição poderosa e sensível capaz de captar aquela conversa.
A mulher riu, divertindo-se às custas da reação do seu filho e tratou de sumir dali o mais rápido possível a fim de lhes dar privacidade.
— O que foi que sua mãe disse, hyung? — O outro quis saber, curioso.
— Nada, não. É melhor que nem queira saber. — Tentou desconversar segurando a mão do moreno e o guiou até seu quarto, e sem mais delongas, o apresentou, adentrando o espaço. — Esse é o meu cantinho.
Jungkook moveu seus olhos por toda a área do ambiente, analisando cada detalhe. Era grande, sem dúvida. Podia jurar que apenas o tamanho daquele cômodo era o mesmo que seu apartamento por inteiro. "Cantinho" era um apelido um tanto desproporcional em comparação àquela realidade.
Caminhou timidamente pelo local, percebendo a bela decoração, repleta de luzes led coloridas e pôsteres de séries da Netflix e doramas românticos yaoi. Havia uma estante com livros também, todos muito bem organizados, como tudo no quarto. Viu também que havia duas portas: uma para a suíte e outra para o closet. E sobre a cama espaçosa do garoto estava deitado um gatinho, todo esticado, espreguiçando-se por ter acabado de acordar.
— Que fofo! Como é o nome dele? — perguntou, já se aproximando do felino e tocando na cabeça peluda que se esfregou em sua mão. Ele tinha a pelagem que lembrava uma mistura de leoa e tigresa em cor bege levemente amarelada, com algumas manchas mais escuras.
— É uma gatinha. Ela se chama Kira. — Apresentou. E naquele instante, a gata bocejou, expondo seus dentes afiados.
Jungkook riu feito uma criança vendo um animal feroz no zoológico.
— Ela é muito adorável — falou, ainda fazendo carinho nas costas do animal. Adorava gatos, eram a sua paixão.
Enquanto isso, Jimin foi até sua escrivaninha, vendo ali a referida bermuda que sua mãe pediu para deixar ao policial. Era, de fato, o tamanho exato de Jungkook — como ela conseguiu aquilo, não fazia ideia. Logo ao lado, uma sacola de papel se encontrava, e com o coração palpitando, o loiro explorou o interior, segurando uma pequena embalagem com um conteúdo arredondado; quando trouxe para fora, viu que se tratava daquilo que já imaginava ser. Todavia, seus olhinhos se arregalaram ao ler "XXL" impresso na parte superior do plástico. Foi rápido em devolver o preservativo para a sacola, porém sua mão encostou em outro item — percebeu então que era, na verdade, um tubo de lubrificante. Suas pernas quase vacilaram naquele instante, com seu corpo praticamente se derretendo como açúcar.
Seus pensamentos vagaram para o momento da primeira noite de amor que teve com o elfo, e em como cada simples toque o fez arrepiar até a alma. Foi inesquecível. E sentia falta daquela sensação avassaladora. Fazia mais de um ano que não praticava o ato com seu namorado, e isso despertou vontades.
— Jimin-ssi! O que está fazendo? — Ouviu Jungkook se aproximando e tratou de enfiar o tubo de volta a sacola o mais rápido possível.
— Ah, só estava... — Park engoliu em seco, tentando desesperadamente inventar alguma desculpa. — Aqui, Kookie. Você pode ir tomar banho. — Pegou a bermuda e estendeu ao amado, o mais ágil que conseguia. — Desculpe não ter uma cueca que te sirva. Se você quiser, posso ver se tenho alguma camiseta larga minha... — Seguiu em direção ao closet, mas sentiu a mão do maior segurar seu pulso com firmeza, o fazendo estagnar imediatamente.
— Está tudo bem, não se preocupe. Não fico com muito frio durante a noite. — Especialmente porque vamos nos esquentar abraçadinhos, o rapaz quis complementar, mas guardou apenas para a sua mente. Abriu um sorriso simples ao perceber as bochechas vermelhinhas do garoto que mais amava.
Jimin virou-se de frente para Jeon, erguendo o olhar e sentindo-se definitivamente quente e coisado. Sua mente não parava de lembrar dos momentos íntimos com o ser místico e isso estava começando a afetar a sua sanidade. Os flashes piscavam, aquecendo seu corpo.
— Tem toalhas limpas no armário do banheiro. Você pode usar a banheira — explicou, o mais rápido que sua fala poderia proferir.
— Obrigado! — agradeceu, todavia nem sabia o porquê, afinal não tinha prestado muita atenção na fala do garoto. Estava distraído e perdido na beleza única do seu hyung. Seus lábios carnudos estavam rosados e muito atraentes para si. Tudo o que queria era poder beijá-los.
— Vou tomar banho em outro banheiro e logo volto pro quarto — Jimin disse e sumiu diante do moreno tão rápido que nem havia se dado conta.
Quando Jungkook despertou do seu devaneio, tinha apenas a bermuda em suas mãos. Andou inconscientemente até uma das portas e a abriu; no entanto, riu sozinho ao perceber que havia entrado no closet do namorado em vez do banheiro. Estava mesmo enlouquecendo.
Já Jimin havia atravessado o corredor até bater na porta de um dos quartos e abrir uma fresta.
— Noona, posso tomar banho no seu banheiro hoje?
A garota, que estava teclando no notebook em seu colo logo direcionou o olhar para o irmão.
— Pode. Mas por quê? — indagou, desconfiada, já que cada um tinha a sua própria suíte.
— Jungkookie está no meu...
— E por que não está tomando banho com ele? — Esboçou um sorrisinho sugestivo.
— Obrigada, noona. — O garoto se apressou na direção do banheiro do quarto da irmã sem se preocupar em responder o questionamento da mais velha, que ria incessantemente pela sua reação. Ela gritava "fofo, fofo, fofo".
Quando adentrou o espaço, trancou a porta e sentou-se na tampa da privada, fechando os olhos, tentando acalmar seu coração que tamborilava forte contra o peito. Respirou fundo algumas vezes, e ao voltar ao seu mundinho, percebeu que havia esquecido de trazer seu pijama e roupas íntimas limpas. Droga! Por que estar coisado lhe deixava totalmente fora de si?
Naquele exato instante, sentiu seu celular vibrar algumas vezes no bolso. Automaticamente, Jimin o pegou, olhando as notificações.
ex-orelhudo❣️:
Hyung... Estou com um problema...
(10:12 PM)
ex-orelhudo❣️:
Sua casa é muito moderna, não sei como funciona essa banheira
(10:12 PM)
ex-orelhudo❣️:
Você poderia me ajudar?
(10:13 PM)
O loiro riu, jogando sua cabeça para trás durante o ato. Todavia, seu coração voltou a remexer em seu interior logo em seguida, lhe fazendo sentir alguns calafrios no estômago. Então, desbloqueou e digitou a sua resposta.
Você:
já estou indo kkkkk
(10:14 PM)
Destrancou a porta e saiu, passando por sua irmã que continuava concentrada provavelmente escrevendo alguma história em seu computador.
— Ué, que banho rápido! — zombou ela, ao perceber que o menino continuava com a mesma roupa.
Mais uma vez, o jovem médico ignorou a fala da maior, correndo para fora dali o mais rápido que pôde.
Quando chegou ao seu dormitório, não demorou a se aproximar da suíte, todavia, sua mão repousou no trinco e ficou estática. Estava pensando se o moreno não ficou triste por tê-lo deixado sozinho para o banho. Será que ele estava esperando que banhassem juntos? Será que tinha o magoado? Sua cabeça ferveu, sentindo-se um tanto mal com aquilo, mas por hora tentou deixar isso de lado. Avançou, abrindo a porta e dando de cara com um Jungkook seminu e completamente encharcado com a água do chuveiro. Os cabelos castanhos encontravam-se descabelados e molhados, com os fios colando em seu pescoço. O chão estava também cheio de poças de água.
Os olhos de Park, no entanto, não conseguiam se desviar do peitoral vasto e musculoso do namorado. Os músculos muito bem definidos esculpiam seu corpo de maneira perfeita. Exatamente como se lembrava da sua versão elfo, com apenas uma única diferença: a pequena cicatriz próxima a altura do coração, onde havia sido baleado. Mais abaixo, apenas uma toalha enrolada em suas partes íntimas o separava da completa nudez.
— M-Me desculpa, hyung... Eu estraguei tudo! — Fez um biquinho, torcendo os lábios, parecendo uma criança grande que fez bagunça. — Mas eu vou limpar, não se preocupe.
Jimin não pode deixar de sorrir. E seu sorriso tornou-se uma gargalhada. Como um garoto daquele tamanho poderia achar que ficaria bravo com ele por molhar seu banheiro? Era adorável. Viu o maior procurar por algum utensílio de limpeza, mas logo tratou de tirar suas pantufas e meias e adentrar no espaço.
— Não precisa, Kookie. — Segurou sua mão e o puxou. — Vem, entre. Vou ligar pra você.
Jeon adentrou o espaço com cuidado para não escorregar, mas continuou de pé. Observou o loiro pressionar alguns botões em um painel ao lado da banheira branca, o qual nem sequer notou anteriormente, e logo a água quentinha começou a preencher o interior até a altura do seu joelho. O policial continuou paralisado, pois não sabia se deveria tirar a toalha e sentar-se agora ou esperar o seu hyung sair.
— Pronto. A água está boa assim?
— Sim, muito boa, hyung — murmurou, e continuou intacto.
Jimin estava prestes a se retirar para dar privacidade ao grandão, mas Jungkook foi rápido o suficiente para segurar seu pulso com firmeza mais uma vez.
— O q-que foi, Kookie?
— Essa... essa banheira é grande o suficiente para nós dois, hyung — proferiu, apenas, esperando que o médico entendesse as suas intenções sem mais perguntas.
Jimin sentiu a saliva descer lentamente por sua garganta quando suas íris acastanhadas se conectaram àquele olhar tão intenso do seu amado. Como Jungkook conseguia mudar a personalidade adorável para a sensual de forma tão rápida? Era inexplicável e extremamente coisante para si.
Sim, ele entendeu. Entendeu por que era tudo o que ele mesmo também queria. Contato. Amor. Eles precisavam disso.
Sendo assim, sem proferir uma palavra sequer, virou-se para o mais novo, segurando sua grande mão e a posicionando em sua cintura, fazendo os dedos longos tocarem no botão da sua jardineira — um pedido implícito.
Não era necessário dizer mais nada, porque o agora humano sabia exatamente o que fazer. E com todo o desejo que corria em suas veias, ele despiu o garoto que tanto amava, tirando suas roupas enquanto ele ainda estava do lado de fora da banheira. Depois, segurou ambas as mãos dele e o ajudou a se equilibrar ao adentrar na água. Aproximou-se, observando cada centímetro do belo corpo de Park, até que suas peles desnudas entraram em contato, roçando entre si e causando uma explosão de arrepios pela derme de ambos. Apesar de não ser a primeira vez que praticavam aquele ato de amor, era sim uma experiência única. Até porque encontravam-se em um contexto diferente, em um local diferente, e por mais que as características do antigo elfo fossem praticamente as mesmas, sendo extremamente semelhantes, ainda havia as poucas diferenças. E tudo isso causava certa insegurança em ambos, os deixando com os nervos à flor da pele.
Aos poucos, Jungkook inclinou-se, curvando um tanto a sua coluna, até seus lábios tocarem nos dos namorado, o beijando com desejo ardente que parecia incessante dentro de seu ser. Queria tê-lo de todas as formas possíveis àquela noite, assim como na noite da caverna em Elfland.
Enquanto isso, o mais velho levou as mãos até a toalha enrolada na cintura do moreno, e sem ver, soltou-a, a jogando para um local seco do banheiro. Agora, por mais que estivesse com os olhos fechados, aproveitando a sensação deliciosa daquele beijo, saber que Jungkook estava completamente nu diante de si o deixava cada vez mais excitado. Sabia que possivelmente — ou melhor, definitivamente — os pelinhos de sua nuca estariam totalmente eriçados agora. A sensação de formigamento mais abaixo era intensa e avassaladora.
Lentamente, o policial tomou a iniciativa de abaixar-se, levando Park consigo, sem cessar o toque de lábios, que agora se intensificava com as línguas dançando entre si. Não demorou muito para que seus corpos estivessem submersos, agachados, com apenas os ombros e cabeças para fora — e Jungkook, por ser maior, também tinha parte do seu peitoral exposto.
Depois de alguns minutos, eles quebraram o beijo, fitando um ao outro por longos segundos. Era a melhor sensação do mundo, poder trocar atos de amor com suas almas gêmeas. E aquele dia estaria marcado sem seus corações por toda a eternidade, em todas as suas vidas.
❨♔♚♔❩
— Hyung... — Jungkook sussurrou, após alguns minutos e depois de já ter se ajeitado do outro lado da banheira, aproveitando para se lavar. Viu o sorriso adorável do loiro, enquanto ele passava o sabonete em seu pescoço, agora cheio de marcas de amor. — Eu peguei muito pesado com você, não é mesmo? Me desculpe... Eu agi por impulso e... — Foi interrompido pelo dedo indicador de Jimin pressionado contra seus lábios finos.
— Shhhhh. Não diga isso, amor — o médico proferiu. — Nunca me senti tão bem como agora. Então não se culpe, ok? Eu estou perfeitamente bem — explicou, mesmo sabendo que provavelmente precisaria de algumas massagens e de alguns dias dormindo de bruços. Nada que não pudesse se adaptar.
O grandão olhava para baixo, um tanto envergonhado. Já se encontrava em seu estado normal e nem sequer sabia como tinha ficado tão dominante e selvagem durante o ato de amor. Talvez o clima do momento lhe deixou assim, não saberia dizer.
— Me desculpa, mesmo assim... — Encolheu-se em posição fetal e abraçou o corpo, tentando se esconder.
— Jeon Jungkook! Depois de tudo o que você fez comigo essa noite, agora ficou tímido? Há! Você só pode estar de brincadeira! — Jimin gargalhou, achando graça da dualidade do seu namorado. Depois, começou a espirrar água contra o moreno, tentando lhe provocar.
O maior então revidou, levantando-se e pegando o namorado desprevenido no colo. Ele ria como uma criança grande.
— Vamos terminar logo esse banho e ir dormir, já está tarde — Jimin declarou, por fim se esticando para dar um selinho no amado.
E aquela noite passou, com as duas almas gêmeas dormindo abraçadinhos sem se desgrudar por um segundo sequer. A saudade daquele longo ano que passaram separados pôde, por fim, ser saciada.
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