Capítulo XVI: Águia de Sangue
Mordred analisa algumas penas de pássaro enquanto Ronglu golpeia o ar com sua foice. O filho de Morgana dispara uma rajada e derruba quatro árvores. Ele ajeita seu cabelo e se abaixa no chão ao ver uma pena de tamanho muito anormal.
— O titã do ar está perto — disse ele fitando sua frente —, eu posso senti-la próxima de nós.
Nahemah o abraça por trás.
— Temos alguma estratégia, meu lorde? — disse ela o beijando no pescoço.
— Sabe que não é hora para isso! — repreende Mordred — Quando terminarmos, poderemos nos divertir.
Nahemah se afasta.
— Vamos entrar, ele me garantiu que nos protegeria — diz se virando para Ronglu.
Eles caminham lado a lado enquanto Nahemah derruba mais árvores com seu poder. Logo adiante deles, algumas pegadas gigantes. Mordred passa a mão nelas abaixado e olha para a frente, diante de uma imponente caverna.
— Como posso confiar 100%? — perguntou Ronglu, fincando a foice no chão.
— Acha que ele mentiria? — rebate Nahemah, o agarrando no pescoço com seu poder ativo.
— Nahemah, solte-o! — ordenou Mordred.
— Mas... — tentou argumentar.
— Eu dou as ordens aqui! — bradou ele — Deixe o golem em paz, ainda precisamos dele.
Nahemah hesita.
— Obedeça! — diz Mordred, ativando seus poderes, ainda abaixado — Eu não ligo quem seja seu pai, eu estou no comando aqui. Você pode ser uma demônio, mas não tem nenhuma experiência decisiva em um combate real.
Ronglu olha para Nahemah com um semblante vitorioso. A bruxa o solta e volta para Mordred, que ainda toca nas pegadas.
— Vamos entrar! — ele disse se levantando.
— E se não formos bem-vindos? — pergunta Ronglu — Nós vamos morrer.
Mordred o observa enquanto o vento voa com sua capa. Os três ficam novamente lado a lado e seguem para a caverna, mas param há poucos metros da entrada dela.
— Já posso sentir o cheiro de morte! — afirma Ronglu.
Eles se entreolham quando um rugido os interrompe. O golem prepara sua foice e Nahemah manipula seus feitiços, mas Mordred apenas dá alguns passos e para. Da escuridão emerge uma criatura monstruosa, de tamanho titânico, semelhante a um grande hipopótamo, de pele cinza, e uma crista ardente e espinhosa sobre as costas. No seu rosto, o sinal de que possuía enormes presas, mas que foram arrancadas.
— Lorde Kaimortus, soberano dos behemoths e das criaturas do subterrâneo! — exclama Mordred, se ajoelhando diante dele.
— Quem pensa que é para me dirigir a palavra? — questiona Kaimortus, se aproximando de Mordred — Voltem por onde vieram, imediatamente.
— E se não quisermos, monstrão? — desafia Ronglu.
O imenso behemoth ruge e chamas saem de suas narinas. Ele dá um passo, porém Mordred se coloca na frente, ainda de joelhos.
— Viemos em paz, senhor — intervém ele, com os braços abertos.
Nahemah e Ronglu se aproximam. O tamanho colossal de Kaimortus era assustador. Os três vilões eram como pequenos gafanhotos perto dele. Mordred move sua manga e mostra uma tatuagem de dragão medieval próxima ao ombro direito com uma inscrição antiga abaixo.
— Agora reconheço, já ouvi falar de você — disse para Mordred —, você é Mordred Pendragon, filho de Morgana Le Fay, o usurpador de Camelot. Como sobreviveu?
— Isso não é importante! — responde Mordred, de forma ríspida, se levantando — O que importa é que estou aqui, vivo, e lhe propondo uma aliança. E aliás, não uso Pendragon há muito tempo. Prefiro o título de minha mãe.
Rugidos de behemoths são ouvidos atrás de Kaimortus e logo se revelam. São filhotes, mas ainda imensos, que ficam atrás do líder.
— Que tipo de aliança? — quis saber o soberano daqueles titãs.
Nahemah se coloca a frente.
— Para matar Miguel, Auriel e os outros alados na Terra — responde ela — Mas não é só isso, precisamos também da rocha do caos que está em poder de Ziz, sua amiguinha querida.
Kaimortus resmunga e cospe diante de Nahemah.
— Ziz não é minha amiga, sua insolente! — diz furioso.
— Então nos dê passagem e entregue a rocha do caos que ela possui! — pede Mordred.
— Por que precisam da rocha do caos? — pergunta novamente Kaimortus — O que estão tramando? Será que tem noção das forças que estão lidando? E se Miguel ou o irmão dele...
— Miguel está fora de combate! — responde Mordred, categórico.
Ronglu retira a espada da bainha, que ainda está suja com o sangue do Príncipe dos Anjos.
— Nós não o matamos, mas ele vai ficar um tempo dormindo — disse Nahemah enquanto ri —, é o tempo que precisamos para reunir as Rochas do Caos — completa tocando na pata de Kaimortus.
Eles se olham analisando um ao outro. Nahemah volta para trás de Lefay. Kaimortus se afasta dois passos para trás e olha para seus filhotes, mas logo avança de novo.
— O que vou ganhar com isso? — questiona o behemoth.
— Terá a chance de matar Miguel e reinar sobre metade do mundo — responde Mordred — Além disso, pode se ver livre de Ziz.
— Como? — pergunta novamente — Por acaso pretende matá-la?
— Você verá, amigão! — responde Ronglu — Shemihazah o recompensará eternamente!
— Shemihazah? — perguntou Kaimortus, perplexo.
— Agora você entendeu porque precisamos das malditas rochas — desabafa Mordred — Sem Ziz no seu caminho, ainda poderá conquistar muitos mundos e dimensões. Eu sei que dominar o subterrâneo não basta para você e seus filhos, então una-se a mim e Shemihazah, nós podemos fazer muita coisa juntos! Ou vai me dizer que prefere Miguel? A chance da vingança está em suas mãos, grande behemoth. E no fim dos tempos, poderá se vingar do Rei dos Demônios — aponta para a cicatriz das presas.
Ele se aproxima e toca na pata esquerda de Kaimortus.
— Kaimortus, está em suas mãos! — avisa Mordred — Eu sei que você quer, se não, já teria me matado.
— Se me traírem, destruirei todos vocês — retruca o Rei dos Behemoths — Após o vigilante ser livre, eu quero que me tragam Miguel. Eu mesmo o matarei e de quebra estragarei os planos de Lúcifer.
Nahemah e Ronglu assentem.
— Precisarão de ajuda, não podem enfrentar Ziz de igual para igual — ele alerta.
Mordred parece não se importa e chama Nahemah e Ronglu para dentro. Os três passam diante de vários behemoths, que abrem caminho para eles.
— Você logo verá, Kaimortus — responde Mordred enquanto caminha —, vocês logo verão!
Eles continuam passando pela caverna escura e colossal. Depois de um tempo, chegam ao final dela, onde um behemoth acende um portal pisando forte no chão. De dentro, era possível ver uma floresta com plantas exóticas.
— Bem-vindos ao lar de toda a Criação — diz o monstro —, a Árvore da Vida. Nenhum humano jamais pisou aqui.
Nahemah sorri vitoriosa; Ronglu segura sua foice com vontade; Mordred apenas ajeita o cabelo encaracolado. Eles passam pelo behemoth e atravessam o portal, que se fecha quando Kaimortus se aproxima. Agora eles estão no lar de Ziz, a Águia Sagrada.
— Até que foi fácil convencer aquele monstro a nos ajudar — conclui Nahemah.
— É o velho ditado — responde Mordred —, o inimigo do meu inimigo é meu amigo.
Os três caminham alguns metros e Mordred abre os braços admirado.
— A Árvore da Vida, bem no centro do Universo, o pilar máximo da Criação! — ele exalta — Os nórdicos antigos a chamavam de Yggdrasil, eles acreditavam que ao topo dela ficaria Asgard, o lar dos deuses — ele aponta para uma figura colossal no horizonte — No fim das contas, eles não estavam errados. Há muitos mistérios envolvendo esse lugar, cujo topo jamais pode ser visto por nossos olhos.
Eles continuam andando e Nahemah une sua mão direita com a dele.
— Dizem que ela foi plantada pelo próprio Yahweh no principio das eras. Seus galhos e suas raízes alcançam o Cosmo e o sustentam — disse Lefay — Vejam, é possível ver quasares e estrelas logo acima de nós!
— Para o primeiro humano pisar aqui, você é bem esperto — elogia Ronglu.
Após alguns minutos, eles param. Mordred vê penas por toda parte e Nahemah derruba alguns troncos secos com seus poderes.
— Graças a você, ela ficará com mais ódio de nós! — repreende ele.
— Isso não importa, ela já sabe que estamos aqui — responde a demônio.
— Foda-se, não é para destruir nada aqui! — argumenta Mordred.
Nahemah o fuzila com os olhos, mas acata suas palavras. Ronglu os segue protegendo na retaguarda. Eles veem mais penas caídas.
— Será que aquele behemoth não está nos enganando? — pergunta Ronglu.
— Será que você não consegue calar a porra da boca nenhum instante, monstro de pedra? — rebate Nahemah furiosa.
— Silêncio! — pede Mordred — Vamos continuar devagar, quero contemplar.
Eles andam mais um pouco até adentrarem em uma campina, onde no centro, está uma imensa árvore cujo topo não pode ser visto. A Árvore da Vida, cuja imponência os deixa boquiabertos, está aqui. Seu tronco é imenso e imponente, maior que tudo que já viram. Seus galhos se estendem por quilômetros e é possível ver figuras semelhante a portais em alguns mais próximos que dão vista para outras dimensões.
— Quem ousa entrar? — questiona uma voz forte.
Eles olham para os lados, mas não veem ninguém.
— Lá! — aponta Nahemah para cima.
Em cima de um dos galhos, uma criatura titânica cola suas asas ao corpo. A sombra das folhas lhe cobre totalmente.
— Respondam à minha pergunta, insetos insignificantes! — ordenou a criatura.
Os três nada dizem, mas Mordred lança uma rajada para o alto, que passa perto da criatura, mas não a atinge.
— Desça e veja você mesma — respondeu Ronglu.
— Não preciso — rebate a criatura —, mas vocês são insistentes.
Um tremor abala o lugar. De repente, a criatura abre voo. O bater de suas asas, brancas por dentro e negras por fora, é tão forte que quebra a barreira do som. Ela pousa e os intrusos observam suas penas diversificadas; a cabeça é cinza, o bico é dourado, os olhos, pescoço e costas são negros, enquanto a barriga e o peito são brancos.
— A grande Ziz, a Guardiã da Árvore da Vida — inicia Mordred, admirando a titã, enquanto a rodeia — As asas que bloqueiam a luz do Sol, temida e amada pelos homens.
Ziz o olha fixamente; Ronglu e Nahemah recuam assustados.
— Mordred Lefay, o último mago de Avalon! — diz Ziz — Vi o que você fez com Merlin, o que fez na Arcádia e o que fez em Saunavan através das esfinges. Também vi o complô que formalizou com Kaimortus contra mim.
Ronglu olha para os lados assustado.
— Como é possível? — questiona ele.
— Por Sama, como é burro. Ela vê tudo, seu idiota! — responde Nahemah — Seus olhos alcançam toda a existência e até a inexistência, ela vê tudo e todos, ao mesmo tempo. Já esqueceu?
Ziz a encara enquanto esta manipula seus feitiços. Nahemah acerta uma rajada na ave, que permanece imóvel e sem nenhum dano. Mordred a repreende com o olhar.
— Esse poder e a sua aparência não me causam estranheza, eu a conheço antes mesmo que tomasse ciência do mundo — disse a Águia Sagrada — Você é igual a seu pai, herdou o potencial e a beleza dele, mas não a mesma elegância e sabedoria. No fim, acho que Samael esperava mais de sua amada filha.
— Vamos direto ao ponto — interrompe Mordred —, se você vê mesmo tudo, sabe porque estamos aqui.
— Sim — confirma Ziz — Vocês querem a rocha do caos que está em minha posse para libertar Shemihazah, o Rei dos Vigilantes e inimigo jurado do Céu. Acham mesmo que vale a pena lutar por ele?
— Não te diz respeito, passarinho! — retruca Ronglu, erguendo sua foice.
–— Tudo me diz respeito — rebate Ziz — Você diz lutar para recuperar sua mãe, mas tudo o que vejo é arrogância e prepotência! — aponta para Mordred com uma asa — Se amasse sua mãe, não faria o que fez.
— Arrogância e prepotência? — questiona Mordred — Se de fato vê tudo, também lembra de tudo, e sabe que não faço isso porque eu quero. Infelizmenten as pessoas adoram contar boas novas sobre Arthur, Merlin ou Nimue, mas eu senti na pele que nenhum deles presta!
— Está falando da relação de Arthur com você, não é? — supõe a Águia Sagrada — Até seu último suspiro, ele alegava não saber que era seu pai.
— Mas nós dois sabemos que ele sabia, e mesmo assim fez o que fez! — relata ele — É muito fácil falar quando não se está no lugar. E pior ainda é ver as pessoas idolatrando um monstro que chutou o próprio filho de casa por causa de Guinevere. Você pode estar num plano de existência superior, não ser afetada pelo tempo, mas jamais entenderá minha dor.
— Sua dor? Você derrubou Camelot ao lado de Morgana — disse Ziz — Ela plantou em seu coração toda a raiva por seu pai, e tinha uma certa razão, tenho que admitir. Mas mesmo isso não justifica estar no lado sombrio.
— Foda-se Camelot! — desabafa Mordred — Quando eu mais precisei, eles me viraram as costas. Tudo que eu queria era justiça contra Arthur e Merlin. Quando eu mais precisei, o “herói da Grã-Bretanha” permitiu que me castigassem. Hoje, eu pelo menos tenho uma pessoa para chamar de pai.
O clima começa a ficar ainda mais tenso. Ronglu atinge o estômago de Ziz com sua arma, mas nada acontece com ela. Aquela foice era minúscula perante a ave. Ele recua assustado.
— De qualquer forma, não sejam tolos e idiotas — aconselha Ziz —, vão morrer se tentarem lutar contra mim. E mesmo que vençam em um cenário muito pouco provável, o que farão depois? Mordred, desista imediatamente e volte para o portal!
— E se eu não quiser? — desafia ele.
Ziz o agarra com o bico e o lança contra a Árvore da Vida. Mordred cai no chão muito ferido e sangrando nas costas.
— Maldita! — ele suspira.
— Morgana ficaria decepcionada se visse o que se tornou — disse a ave.
Ela ainda falava quando Nahemah fez uma enorme corrente de energia e lançou em seu pescoço. Sem preocupação, Ziz puxou a corrente e trouxe a bruxa junto; a Águia a roda por alguns segundos e deixa cair em terra. Ronglu ataca com fúria desferindo golpes com a foice, mas Ziz o chuta com a pata com tranquilidade e o arranha com suas garras.
Mordred se levanta e tenta pular sobre ela, mas Ziz voa alto e o deixa se chocar contra uma planta.
— Vocês realmente não possuem medo da morte, não é? — questiona a Ave Sagrada.
Ronglu pula sobre suas costas, mas Ziz se deita no chão o esmagando. Nahemah lança suas rajadas, mas a Águia rebate de volta para ela. Mordred tenta se levantar, mas Ziz pisa sobre ele e esfrega seu pé lhe provocando uma dor intensa nas costas, com as garras o perfurando.
— VAI PAGAR CARO POR ISSO! — promete Mordred, gemendo de dor.
— Já estou pagando — responde Ziz —, você é extremamente desconfortável para minhas patas — zombou.
Ela desvia de um golpe de Ronglu e o chuta várias vezes. Nahemah ainda atira rajadas e faz uma espada de energia, que se quebra ao tocar as penas da águia.
— Eu poderia matá-los agora mesmo, mas estou me divertindo! — afirma a Águia Sagrada.
Ziz alça voo e os vê se levantando. Mordred, Ronglu e Nahemah estão muito feridos e com dificuldades para ficar de pé. Contudo, a ave sente uma presença estranha.
— Eu tenho mais o que fazer, andem, saiam — disse Ziz.
— Nós também! — responde Mordred.
Ziz o encara e voa até ele pronta para captura-lo com o bico, mas várias lanças sombrias emergem do solo e perfuram a Águia Sagrada, que grita e cai diante deles sangrando; as lanças somem de repente.
Ziz tenta abrir ao olhos, mas sofre com os ferimentos. Nahemah olha vitoriosa e dispara uma rajada forte sobre a Águia Sagrada, que não sente nada, mas tenta reagir.
— Agora você está curvada diante de nós, Ziz. Não importa que viva para sempre, nunca me entenderá — ri Mordred, a acorrentando com sua magia — Ronglu, pegue a rocha!
Ronglu solta sua foice e caminha até uma entrada no tronco da Árvore da Vida. Ziz tenta se levantar, mas mais lanças surgem e a perfuram novamente. Ela deita a cabeça no chão agonizando muito.
— Está aqui! — disse o golem ao tocar a última rocha do caos — E pensar que logo acima de nós está o sustento de todos os mundos.
Nahemah vai até ele e toma a rocha quando o golem aparece na entrada. Mordred permanece segurando a corrente que prende Ziz, que o fita assustada e sem entender o que aconteceu.
— Como...pôde? — pergunta ela, tossindo.
Mordred a chuta quatro vezes enquanto ela tenta bica-lo; as lanças a perfuram novamente nas asas. Ziz quase desmaia de dor e observa Nahemah e Ronglu trazendo a Rocha do Caos.
— O que faremos com ela agora? — quis saber o golem recuperando sua foice.
— Deixe-a para morrer! — respondeu Mordred — Vamos voltar, Shemihazah não pode esperar mais.
Ele solta a corrente de energia e ela desaparece, mas Ziz ainda permanece caída.
— E se eles apareceram novamente? — pergunta Nahemah — Será que contaremos com ajuda externa?
— Mesmo inferiores, os saqueadores devem bastar para distraí-los, acredite! — responde Mordred, segurando a Rocha do Caos — Vamos finalizar a abertura o mais rápido possível!
Antes de passarem pelo portal, Ronglu cospe no chão. O portal se fecha e eles retornam para a caverna diante de Kaimortus.
— Yahweh, me perdoe, eu falhei! — lamenta Ziz, antes de fechar os olhos e desmaiar.
*
CURIOSIDADE: A aparência de Ziz é baseada na Harpia, também chamada de Gavião-Real, animal presente na imagem que abre esse capítulo e também abaixo. A Harpia é uma das maiores aves de rapina do mundo, podendo pesar até 9 quilos e com envergadura de 2,5 metros. Ela está presente em diversos símbolos Brasil afora, como no Museu Nacional, brasões de municípios, estados e etc.
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