Capítulo VII: Caminho Divino Parte II
O dois exércitos avançaram um contra o outro e se encontraram ao centro. Vários sau'mer pulam erguendo suas espadas e lanças na direção das esfinges, enquanto alguns destas rebatem o ataque. Um confronto tem início.
Nesse meio-tempo, Miguel avista a batalha e caminha em passos rápidos até ela. Mas quando ele chega perto de Lasra, uma figura grande e cinza emerge das sombras, o agarra e atravessa uma monte de pedras com ele em seus braços. Os dois caem dentro do lugar, revelando uma caverna escura. Miguel fica sem entender nada e tenta se levantar, contudo, Ronglu lhe dá um golpe no rosto e o deixa deitado.
— Celestus Miguel, Príncipe dos Anjos — inicia Ronglu, cerrando os punhos —, achei que era mais alto. Eu sou Ronglu, fui enviado para te matar.
Miguel mexe os lábios para responder, mas o golem pula sobre ele e lhe dá vários socos em sequência no rosto.
— Morte ao maioral dos anjos! — grita Ronglu, dando socos no rosto de Miguel, que permanece sem nenhum arranhão mesmo com a intensidade dos golpes.
Enquanto o golem desfere sucessivos golpes, o alado move seu braço pelo chão e encontra um pedaço de coluna, com o qual usa para acertar Ronglu na barriga e lança-lo contra a parede em frente. Miguel se levanta com o longo cabelo loiro bagunçado e caminha com raiva até Ronglu, que vê um ferimento no local do golpe dado pelo General Celeste.
— Eu não sei de onde você veio e nem quem seja, mas pouco me importa! — fala Miguel, tirando as mechas amarelas do rosto — Apenas saiba que está cometendo o pior erro de sua vida, e eu vou me divertir muito com isso!
— Não cometerei o mesmo erro duas vezes, alteza — responde Ronglu.
Miguel parte para cima de Ronglu e desfere dois socos na face dele, que reage e chuta Miguel na barriga, o agarra pelo cabelo e o bate duas vezes na parede. O General Celeste se solta, golpeia duas vezes Ronglu e lhe dá uma joelhada. Ele não deixa barato e desfere pelo menos nove socos no rosto do alado, que segura a mão dele e o empurra forte contra a parede. O golem corre em direção ao alado, acerta quatro socos em seu peito, e o ergue pelo cabelo, mas ele se solta dando duas cabeçadas no monstro e o empurrando contra a saída. Antes que ele reagisse mais, Miguel lhe dá mais um forte soco o jogando para fora; ele vai até o adversário sorrindo.
Enquanto isso, esfinges e sau'mer travam um duelo difícil, que os gigantes levam vantagem. Leonardo acerta várias esfinges com sua rajada de magia; Auriel salta golpeando várias delas e dispara rajadas de energia. A ophanim é cercada por quatro criaturas.
— Elas são muitas — disse para si mesma —, porém enfrento demônios piores.
Com vontade, Auriel pula sobre os felinos, dando quatros socos na boca de um deles, quebrando-lhes os dentes. Em outra, ela dá cinco socos e a derruba com uma rasteira, quando uma terceira a empurra, derrubando no chão. A ophanim desvia de vários mordidas, se levanta rápido, dá dois socos na boca, a transpassa com a espada e retira. Ela ainda olhava quando uma quarta criatura a empurrou, fazendo-a se bater com outra esfinge, que pula a esmagando.
— Que horror! — disse Auriel, observando a esfinge, que ruge para ela.
Com um chute, ela atinge a mandíbula da criatura e se solta, dá cinco socos em sequência nela e crava sua lança no estômago do monstro, mas percebe algo assustador.
— Não sai sangue — disse ela, ao notar que a arma mística sequer causou algum efeito.
O monstro ruge mais forte para ela e a agarra pelo ventre com uma das patas dianteiras.
— Não gostei! — disse ela, esboçando um sorriso confiante mesmo assim.
A esfinge lhe dá um soco e a joga longe, ela se bate em uma parede da muralha, uma aparece e começa a desferir vários golpes com as duas patas dianteiras sobre ela, que está caída no chão. Quando a esfinge se aproxima pronta para devora-la, Auriel crava sua lança no olho da criatura, que emite um forte grito de dor e a solta.
— Realmente, eu superestimei vocês — disse a celestial.
Auriel ainda dá vários socos nas costas do monstro, o levanta com os braços, e o joga sobre quatro outras esfinges que se aproximavam.
Há alguns metros de Auriel, Leonardo acerta duas delas com suas rajadas, mas não percebe uma terceira atrás dele. Lasra aparece e incapacita o gigante com sua magia.
— Belo estilo de luta, meu jovem! — elogia ela.
Antes que fosse responder, Leonardo invoca um campo de força ao redor dele e de Lasra e em seguida desfaz, antes que uma esfinge os acerte, lançando-a longe com o impacto. Auriel aparece e dá vários socos em uma criatura ao lado de Leonardo. A ophanim crava várias vezes a espada na boca do monstro, que desmaia por alguns segundos.
Não muito distante dali, Miguel leva uma vantagem sobre Ronglu ao acertar quatro socos sobre ele. Ronglu grita de dor e reage chutando-o na perna, dando dois socos nele e quatro joelhadas seguidas no rosto do alado. Por fim, o golem chuta o anjo e ele rola pelo chão em meio a batalha. Enquanto está caído de lado, Miguel observa os sau'mer combatendo as esfinges e nota que as armas deles sequer faziam algum efeito, muito pelo contrário, sequer atingiam os inimigos. O príncipe bserva duas esfinges cercando e devorando um grupo de sau'mer, cujo sangue voa até ele.
— Tem alguma coisa errada — notou Miguel — Por que a magia deles não funciona?
Ronglu agarra Miguel e coloca sua mão direita no rosto do alado, tampando seus olhos e boca.
— Tem mesmo, a coisa errada é você estar vivo, celestial imundo! — sentencia o golem.
Quando Miguel ia reagir, Ronglu o joga na direção da floresta, fazendo-o se chocar com folhas e galhos e cair mata adentro.
Lasra crava duas espadas em duas esfinges em sequência, mas é empurrada por outras duas. Quando um monstro iria devora-la, Auriel aparece atravessando a criatura com uma rajada de energia e a derruba próximo dela. Um outro gigante ameaça agarrar a celestial, mas a sau'mer salta e o empurra para longe.
— Obrigada! — as duas dizem uma para a outra.
Lasra atinge mais uma esfinge, dessa vez com magia, e empurra outra contra uma parede, a tombando em seguida. Auriel dá dois passos para trás e nota algo de estranho. As esfinges que aparentemente foram mortas começam a se levantar e atacam com mais força; outras, tiram as lanças do estômago e acertam vários místicos. Auriel olha tudo isso e nota logo em sua frente vários corpos; esfinges rugindo livremente se aproximam dela.
— Lasra, a maioria do exército sau'mer está aqui? — pergunta Auriel.
— Sim! — responde a rainha, desviando dos golpes de um monstro — Por quê? Ainda sim, as melhores estão no templo. Devemos impedir que eles cheguem lá.
Auriel olha na direção da cidade e fita a montanha onde está o templo com a rocha. Ela nota alguma movimentação estranha no lugar; Lasra a defende de um ataque de esfinges.
— Espera um pouco! — disse Auriel, abrindo caminho e correndo em atossegundos em direção à floresta.
– Auriel! – diz Lasra, ao ver a ophanim desaparecendo.
Enquanto a sau'mer observava Auriel, Leonardo cai diante dela, porém logo se levanta.
— Senhora, recue seu exército! — pede Leonardo, se levantando.
— O quê? — questiona Lasra — Por quê?
— Olhe! — aponta o jovem para um novo portal se formando atrás das esfinges.
Lasra dá um passo a frente.
— Naturi, RECUEM! — ordenou ela.
Imediatamente, os sau'mer param de atacar e recuam, ficando ao lado dela e de Leonardo. As esfinges notam e tentam avançar, mas de repente, um portal tão obscuro quanto o de antes se abre sugando todos os gigantes para dentro. O impacto do evento empurra os místicos para perto das muralhas e eles caem. Lasra se ergue e nota um incêndio consumindo o campo de batalha. Alguns sau'mer lamentam a perda de seus irmãos.
— Cadê a Auriel? — pergunta Leonardo, preocupado.
— Ela foi na direção do templo, vem! — responde Lasra.
Os dois se afastam dos outros e adentram a cidade atrás de Auriel. Depois de alguns segundos, Lasra e Leonardo sobem as escadas folheadas e logo chegam até lá, onde encontram Auriel em pé, de costas para eles, passando a mão em uma marca que lembrava um dragão feito com sangue.
— Está tudo bem? — pergunta Leonardo, logo atrás de Auriel.
— Não! — responde Auriel, virando o rosto e os fitando — Aquelas coisas...não eram seres vivos, tampouco esfinges de verdade. Eles não sangravam, não se feriam de verdade, não tinham coração e nem cérebro.
— Então o que eles eram? — perguntou Lasra.
Ela não responde por um momento, ao invés disso, entra no templo com eles; a visão que eles tem é assustadora mesmo da entrada. O templo estava completamente destruído por dentro, a Rocha do Caos não estava ali, e nem os ídolos de ouro e prata. Tudo o que havia eram vários naturi derrotados.
— NÃO! — gritou a rainha.
Auriel dá dois passos e se abaixa no chão, perto dos corpos, passando a mão direita em um pó cinza.
— Leonardo, sabe o que isso significa, não é? — perguntou ela.
— Sim! — confirma o jovem — Isso é um pó típico de magia das trevas, mas não qualquer magia, Mordred.
— As supostas esfinges foram uma distração, ele sabia que aquilo iria nos ocupar e nos faria pensar que aquela era a invasão. Enquanto lutávamos, um outro portal menor se abriu aqui! — ela aponta para o centro — Foi tudo muito rápido. Eles tentaram lutar bravamente, mas ele era muito poderoso e eles não resistiram. Ele os matou com a ajuda de uma mulher, roubou o ouro, a prata, os ídolos, e a Rocha do Caos.
— Nahemah — diz Leonardo — Mas por que ele pegou os ídolos e as jóias também?
— Espólio — responde a ophanim — Ele está nos dando um recado.
Lasra ajuda os sobreviventes a se curar e retira suas lanças.
— Eu senti uma presença demoníaca naquele momento, mas já era tarde demais! — disse Auriel, cabisbaixa, voltando a ficar de pé.
— Foi tudo culpa minha! — diz a naturi.
— Não, não foi! — nega Auriel com a cabeça — Se há alguém para carregar essa culpa, sou eu. Eu falhei em proteger vocês. Devia ter previsto que Mordred poderia atacar usando intermediários. Devia ter notado o porque ele não apareceu antes, desde quando Miguel foi atingido.
— Não se culpe, agora precisamos achar Miguel, Mordred pode estar o mantendo ocupado — supõe Leonardo.
Antes que Auriel respondesse, um forte grito é emitido da floresta.
— Miguel! — disse a celeste.
— Vá até ele, eu e Toralt cuidamos do resto! — Lasra aconselha.
Miguel e Ronglu seguem lutando na floresta. Ronglu dá quatro socos em Miguel, que recua para trás, e quando vira de costas tem seu pescoço agarrado pelo golem, que o prende com os dois braços tentando o enforcar e desferindo uma joelhada nas costas.
— Para, não sabe o que está fazendo! — disse Miguel.
— Claro que sei — responde Ronglu —, estou dando uma surra no Príncipe dos Anjos! — completa rindo muito.
Mas Miguel dá uma cotovelada na barriga de Ronglu e se solta, ainda empurrando ele. Ele reage e tenta dar um forte soco no General Celeste, que segura a mão dele e a aperta forte para o desespero do golem.
— Quer saber? Cansei de brincar com você! — disse Miguel.
O alado vira a mão de Ronglu, dá um forte soco no rosto dele, o agarra pelo braço e o lança forte contra várias árvores, fazendo Ronglu cair inconsciente no chão. Miguel caminha com o longo cabelo e o sobretudo ao vento enquanto o golem acorda meio desnorteado.
— Você lutou muito bem, agora desista! — disse Miguel, há 200 metros dele — Não tem como você me vencer, nem se eu quisesse ceder.
Ronglu não dá ouvidos, se levanta visivelmente abatido, e corre com dificuldade em direção a Miguel tentando acertá-lo, mas o General Celeste desvia no último milésimo e vê Ronglu se bater de frente com outra árvore e tombar. Miguel vai até ele totalmente pleno.
— FICA NO CHÃO! — grita Miguel, ao ver Ronglu tentando se levantar — Se eu quisesse, você já estaria morto antes do início desse combate!
O Príncipe Angélico, totalmente inteiro, vira o corpo de Ronglu de frente para si, o agarra pelo pescoço com a mão esquerda, e o suspende. Com a outra mão, Miguel ameaça dar mais um soco na face de Ronglu, que está completamente ferida, quase desmontada, e sua expressão abatida. Ao ver o semblante dele, Miguel fica com um pouco de pena e abaixa a mão direita, desistindo de bater nele, mas ainda o segurando pelo pescoço com a mão esquerda.
— Agora você vai me dizer tudo, o que Mordred quer? De quem ele o roubou? Onde está seu criador? — questiona Miguel — O que querem com as rochas?
— Pode me torturar e me matar, mas eu não vou dizer uma única palavra! — não cede o golem — Somente digo...que as rochas...serão...nossas — ele diz com dificuldade.
— Não faz ideia com as forças que está lidando — adverte Miguel, fazendo sinal negativo com a cabeça —, e seja lá o que querem, é mais seguro parar.
Enquanto segura Ronglu, Miguel ouve alguns ruídos vindos de um arbusto atrás dele e olha para trás procurando alguém. Ronglu conjura uma espada com lâmina de labaredas. Miguel nota, porém não reage imaginando que nada lhe aconteceria.
“É sério que ele pensa que pode me ferir com uma simples espada mágica? Bom, vamos vê-la se quebrando ao me tocar.” — dizia Miguel em pensamento.
Mas ele estava enganado. O golem ergue a lâmina e rasga o peito dele em um movimento rápido, abrindo uma cachoeira de sangue no alado que se abaixa no chão. Por pouco não atinge o coração.
— Por essa você não esperava! — afirmou Ronglu, observando triunfante e limpando seu rosto.
Miguel tenta conter o sangramento com a mão, mas não consegue e uma pequena poça se forma na frente dele.
— Como? — questionou Miguel — Como você me feriu? Que arma é essa?
— Você tem seus truques e eu tenho os meus, Príncipe dos Anjos — disse Ronglu — No futuro, contarão como o Príncipe do Céu, o poderoso Miguel, caiu diante do terrível Ronglu! — completa erguendo a espada sobre a cabeça dele.
— Aaaah, maldição! — disse Miguel, sentindo a dor o consumir.
Quando Ronglu daria o ultimato, Auriel surge e lhe dá um forte empurrão, que faz o golem voar há quilômetros dali.
Auriel tenta ajudar Miguel a se levantar, mas se assusta ao ver a gravidade do ferimento. Ela se abaixa de joelhos na frente do General Celeste.
— Miguel, o que houve? — pergunta Auriel, muito assustada, colocando suas mãos no rosto de Miguel o alisando.
— Ron-Ronglu...— ele aponta na direção em que o golem foi, com extrema dificuldade — A espada, armadilha...— sua voz quase não sai.
Antes que fosse dizer mais coisas, Miguel tenta retribuir o carinho, contudo, começa a fechar os olhos lentamente até desabar de bruços desacordado. uma imensa poça de puro sangue se forma ao redor do General Celeste.
— MIGUEL, NÃO! — gritou Auriel, com as lágrimas descendo — Por favor, não faz isso comigo. MIGUEL, REAGE! — pede desesperada.
Leonardo aparece e se assusta ao ver Miguel caído diante de Auriel.
— Não! — diz Leonardo, correndo até Auriel e se abaixando de joelhos ao lado dela.
Leonardo abraça Auriel e chora junto com ela.
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