Seu Traidor!
'' De cima de uma pilha de cabeças fitando os céus. Mão tocando nuvens e azul. Face beijada mais intensamente por calor que qualquer outra.
'Por que olhar para baixo?'.
Onde punhos fecham-se em caras e as usam como apoio. Gritos e pragas soam. Homens e mulheres e crianças morrem sem o gosto da manhã. Baba de cobiça escorre e pinga em bocas tão secas que é engolida alegremente.
'É sobre isso, você que está abaixo, está abaixo. Movidos pela vontade de subir de quem tinha força para fazê-lo e de quem o fez'.
O solo é amplo e espelha com terra e grama a integridade dos ares. Mas há o desejo por mais...
No topo as melhores residências, comidas e pessoas para saciar a luxúria. A visão do céu. Do alto suas ordens são ouvidas e de baixo os pedidos sufocam uns aos outros.
Pisar em cabeças, pôr-se o risco de provar a bota enlameada de alguém e de ficar afastado do mero vislumbrar do auge do mundo é o resultado e também o criador do regime de acúmulo de bens e propriedade privada.
Porque do chão e ao lado de todos os outros, nossa mão não vai pegar o suficiente para dizer: então esse é o paraíso? Esplêndido.
'Eis o apelo da força, levar-lhe ao topo'
Exércitos, moedas, beleza, ciência e conhecimento. Usados pelo bem de chegar perto do pico da sociedade, a miríade de prazeres nele. Ou de lá se manter.
A história das pessoas construiu-se sobre guerras físicas e sociais que culminaram nos líderes atuais e levará aos subsequentes.
'Porque, para uma vida só, ter apenas a mediocridade é aterrorizante. O topo é mantido por herdeiros dos que tomaram as melhores escolhas e agiram e que, com muito menos esforço do que posto por antecessores e futuros desafiadores da escalada ao pico da aglomeração de pessoas, podem manter a posição'.
Recursos são limitados, ou uns poucos vivem como reis ou ninguém vive.
Mas, ninguém fazê-lo, não significa mediocridade. Temos o suficiente para alimentar, abrigar e continuar desenvolvendo como sociedade de modo confortável.
'É bem hipócrita vindo de mim, mas as pessoas deviam pensar mais nas pessoas'. ''
— O que é isso? - Laís perguntou, passos a trazendo a retaguarda da oni.
— Uma metáfora sobre a sociedade - a criatura com dois chifres marcados de rubro respondeu e pousou o pincel no suporte. Estava sentada em sofá diante de mesa de mogno, uma janela a esquerda. Sol diurno entrava e a vida corria nas ruas um andar abaixo.
— Legal, posso ver?
A íris púrpura encarou-a. Um e três segundos de silêncio. Delineando o sorriso feito com lábios de um rosa pálido da costureira. Mestiça de mestiços, com o cabelo dourado de vampiros e elfos, as orelhas pequenas de humanos e olhos castanhos de licantropos.
Farelos de pão pendiam no canto do lábio dela.
— Sim? - Laís.
— Você?
Indicador subiu e esfregou as migalhas rosto de Laís a fora e descansou na bochecha dela. Que a fitou com lábios em um bico para frente.
— Eu sou uma mulher de gostos variados, gata - a costureira, seguido de um piscar do olho esquerdo. Estava somente sob camisa laranja larga com estampa de folhas. O toque que já vira atravessar pessoas carne adentro na bochecha. O tapete que cobria o quarto suave sob o pé descalço.
— Não creio ser uma leitura para seus belos olhos - a oni, então riu. Dedo desceu até o pescoço de Laís e parou sobre borda da gola laranja. Três segundos. Pressionando, sentindo sangue pulsar veia acima e abaixo. Então a mão cortou ar no caminho para findar o toque, olhos fecharam por dois momentos. - Tentou pegar um beco literalmente, ''gata''.
— Tinha me dito para fazer - Laís, palavras postas devagar. Palmas caíram sobre as costas do sofá, semblante endureceu. Cicatrizes brancas e finas enfeitavam-lhe os punhos e antebraços. Costurava desde os seis anos, fizera mais roupas com lixo do que com tecido antes dos pais serem mortos por um agiota. - Não deu tempo de perguntar ''por que, e os guardas vindo?'', vocês já tinham vazado. Os tiras nem me prenderam, Peçanha falou que lembrei a filha dele e me deu uma bolacha.
— A filha simplória que mijava na cama?
A boca da mestiça abriu e fechou e tornou a abrir. No cômodo amplo marcado por armários, mesas e duas grandes camas. Sobre tapete de tecido vermelho e sob odor de vinho e produtos químicos.
Em quarto de um dos palácios do governo de Semiramis.
— Preconceituosa! - acusou em tom alto e agarrou a bochecha da oni. Esticou-a acima e abaixo, tronco inclinado sobre as costas do sofá e barriga amassada contra ele. Um pé fora do piso e cuspindo fios que cairam sobre a boca. - Coisinha má! Você não tem altura pra isso! Vou te botar na igreja, pastor Valdemiro vai te consertar! E... xamalalala ou sei lá!
— Rreeeto touda vrida - a criatura, cujos chifres eram marcados de rubro no topo, começou a ditar os vexames da costureira. Com o aperto da loira na face e traços de brisa atravessando as beiradas da janela. Frescos e carregados com o cheiro quente da padaria no outro lado da rua. - Drocadilhos de veios, a exprosão do garpããão na ázea onze, meia ceeeentena de opeços no nada, os imãos Sant...
A mão dela foi à frente dos lábios da criatura no sofá.
— Entregue o papel e ninguém se machuca - Laís, o calor e maciez da boca demoníaca sob seu tapar. A língua úmida da oni encontrou-lhe a palma. Arrepio subiu punho a cima. O membro e a costureira recuaram. - Safada, demônio! Tarada!
O demônio entregou a folha.
— Valeu, linda! Amor da minha vida! Brilho de sol nesse mundo sombrio! - Laís.
Andou pelo quarto largo. Duas camas de casal enfeitavam a ponta esquerda separadas por um criado mudo. Armários com livros e jogos de tabuleiro e material de escrita na parede direita. A oni sentava diante a mesa na frente da janela. Luz diurna dedilhando-lhe o roupão lilás com bordas negras.
Patricio mexia com recipientes de vidro, na mesa longa no centro do cômodo. Líquidos azuis, verdes e roxos e suportes de metal e colheres e documentos.
Jurandir estava no canto direito sobre uma poltrona. Mão sustentando queixo, castanho das íris fitando as costas da oni.
No momento a oni atendia por ''Arte'' e nenhum número de risadas e piadas mudou isso.
— Mas eles olham.
O púrpura do demônio deixou a rua e encontrou Laís.
— As pessoas no topo da sociedade - a jovem simplória sob longa camisa laranja e nada mais. - Há projetos sociais como construções de casas e promoções nos preços de alimentos em certos horários e dias.
— É só força em seu aspecto ''usar a inteligência para vencer'', um modo para controlar as massas dando-as a ilusão de que as medidas para ajudá-las já estão todas aí e... - parou, pálpebras subiram ao limite e então semicerraram. - Repita o que acabou de dizer.
A loira colocou a folha na mesa central.
— E não seriam várias pilhas de gente querendo chegar no topo? Ao menos uma para cada metrópole? E mesmo se a pessoa no topo decidir seguir com uma melhor divisão, aqueles imediatamente abaixo e aqueles em posições boas ainda tentariam lutar. E as pessoas na base, elas nasceram sendo expostas a esquemas de manipulação e crenças pré-estabelecidas, elas poderiam até se opor a essa mudança drástica.
— Patrício, segura ela - Arte, pondo-se de pé. Longo sorriso no rosto.
A costureira teve os pelos a arrepiarem. Já vira aquela torção de lábio no demônio antes.
Girou rumo a saída. O elfo negro, Patricio, pisou a frente dela. Alto, vestindo um avental longo e mais nada. Uma mancha rosada marcava-o da garganta à mandíbula.
A loira girou de volta à janela. Arte estava no caminho, a mesa à esquerda e armários quatro passos à direita.
— Então é assim? - disse e Patrício a segurou e ergueu no ar pelos braços. - Ei! Paro! Não, não, desconfortável Ao menos me pegue por outro lugar! Nãããão! Eu exijo um julgamento por combate!
— Quem? - a figura com longos chifres manchados de rubro no topo. Fedendo a violetas e assassinando a maior parte da distância entre elas. Dedos subiram e encontraram o tecido sobre a barriga de Laís.
Os lábios da costureira pressionaram-se e um gemido escapou tênue da garganta.
— Juro que eu sou eu! Não é como naquela vez que eu não era eu, juro!
O toque da oni deslizou até a borda inferior do estômago da mestiça. Suave, tênues arrepios e gemidos nascendo da costureira sob o encostar.
— Por via das dúvidas, terei que testar dura e longamente - Arte, rosto na altura dos peitos de Laís. O rubro dos chifre quase tocando-lhe o queixo.
— Nãããããoooo! Foi Jurandir! Ele t-te v-viu escrevendo e-e-e mandou e-eu falar essas coisas como uma piada! Fala p-para ela, J-jandir! - o castanho das íris rumou a cabeça coroada com orelhas lupinas de Jurandir.
— Eu? - o licantropo em tom neutro, vestindo roupão branco e nada mais. - Eu mesmo não.
A boca da loira pendeu aberta por dois segundos, então fechou. Membros balançaram-se no ar e um grito escapou. A oni recuou sob a movimentação das pernas.
— Seu traidor! Confiei em você, era como um irmão para mim! Terei sua cabeça em uma estaca por isso! Nunca mais cozinho pra você!
Os dedos da oni voltaram. Vindo por baixo da camisa, as pernas da mestiça sem causar dano pela proximidade do tronco e resistência de Arte. Gemeu, a mão morna e firme do demônio deslizando acima. Passando por genitália até parar sobre o umbigo.
— P-por favor... por tudo que vivemos, meu a-amor... ahhh!
A oni moveu.
Passeando o toque por toda região abdominal. A outra mão foi ao quadril e fez sua viagem as costelas e então desceu as coxas. Segurando com firmeza e repetindo o trajeto sem pressa.
Laís berrou e contorceu-se. Lágrimas pingaram sobre as bochechas, baba fez descida por entre os lábios. Arte riu e depositou beijos nos peitos dela. Duas e três e quatro vezes. Longos e curtos.
Patricio atacou o pescoço da costureira e soltou gargalhadas vez e outra.
Dez minutos mais tarde, Jurandir admitiu ter dito para Laís falar aquelas coisas.
— Eu sei, ouvi vocês - Arte, rubor pintando o rosto sorridente. - Cochicham alto demais.
— Q-quê? Sua pequena vadiazinha... - Laís, ofegante. Estivera rindo ensandecidamente sob as cócegas da oni e Patrício. - Eu decorei... seu rosto... não pense que vai se safar...! E-eu terei... minha vingança... vocês apenas aguardem...!
Gargalharam e puseram a loira sobre o sofá. Entregaram-na água e comida e Jurandir fez uma massagem.
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