Os céus certamente chorarão
— Me ame.
Os olhos piscaram, a mão lentamente baixou o documento com o projeto para criar um canal ligando o rio à área 15 de Semiramis. A vela balançou sob a passagem de uma brisa e a boca abriu.
— O... que? - Jurandir.
Os lábios dela se separaram e uniram, os dedos balançaram a taça e o líquido lilás balançou.
— Estou ficando velha... bom, sou tão agradável aos olhos como sempre... talvez eu seja um vinho? - ela, então riu. - Não um oni ou um demônio. Apenas um vinho maliciosamente bom?
— Então isso significaria mais agradável aos olhos, não o de sempre.
Ela riu.
— Isso, isso. - e puxou o documento da mão dele. Jurandir esticou o punho para retomar, praguejou, ergueu o tronco por sobre a mesa e balançou de um lado ao outro no ritmo em que a oni balançava os papéis. Sentou de volta. - Mas não tenho crescido ou mudado muito, tenho a terrível sensação de que eu seja só uma oni.
— Que lástima.
— Digno de uma cerimônia fúnebre.
— Os céus certamente chorarão.
— Já posso ver doces e tristes melodias deixando as bocas dos bardos.
Gargalharam.
— Ei.
— O que foi?
— Largue tudo. Trabalho, noiva e, sei lá, bicho de estimação? Venha comigo.
— Por que?
— Eu...
Ela devolveu as folhas, entornou a bebida boca a dentro e fitou as íris castanhas do licantropo. Baixou as pálpebras e sorriu de canto, canino a mostra.
— Seria mais divertido do que lidar com essa papelada, não?
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