O Chão Sobre O Qual Se Ergue
— ''Ao encarar o sol sinto vontade de desviar os olhos rumo ao chão sobre qual me ergo''.
A oni piscou.
— É isso?
A elfa tinha os braços estendidos as laterais, os olhos fitando o céu e cabelos dourados balançado sob a brisa noturna.
— Sim - sorrindo, e encarou a pequena mulher com longos chifres.
— Não soa muito como eu - a oni, o dedo subiu e encontrou o nariz fino da elfa. Uma camada maleável sobre uma rígida. O indicador da elfa encontrou o nariz da oni.
— Essa frase te faz ser ainda mais assim. Minha impressão de você é acertada, não se preocupe.
O dedo do demônio deslizou até a esquerda, o dela espelhou o movimento.
— Quando foi a última vez que ficou triste? - a jovem loira. Traços finos, marcada por sardas nas bochechas e os fios soltos em cascatas encaracoladas as laterais do rosto.
Os olhos púrpuras do demônio estavam fixos no azul da elfa. A boca da oni recuou um milímetro do sorriso no canto esquerdo.
— Nenhum momento suficientemente importante ou intenso para que eu lembre. - um arrepio a percorreu ao terminar de soltar as palavras. ''Ao encarar o sol sinto vontade de desviar os olhos rumo ao chão sobre qual me ergo''. Os lábios enrijeceram a retidão e as pálpebras apertaram tenuamente as íris. O indicador afundou ligeiramente mais na bochecha da elfa.
— Entendeu, não foi? - ela riu, virou o rosto, agarrou o antebraço da oni e a beijou o dedo. Molhado, com a linguá quente a deslizar-lhe por todo o comprimento. - Está de pé sobre sua força, esperteza e conhecimento. - lambeu de novo. - Mas há mais que isso, há todo tipo de coisa desagradavel batendo na sua cara como um sol do meio dia. Todo mundo fita adiante quando anda, hora pendendo para o desespero de suas aflições no alto, outra para a firmeza de suas capacidades sobre a qual se erguem. Mas você olha para baixo e finge que o sol não é nada demais, que o seu chão é maior do que qualquer um e qualquer coisa.
A elfa fedia a uvas, suor passeando-a pela pele nua e o sangue fluindo das marcas de mordida do demônio. Estavam na varanda de frente ao mar da casa dos pais da elfa. Abaixo, após uma dezena de metros de vegetação e grama, a encosta era acertada por ondas. Pedaço a pedaço desfazia o solo e o levava no ritmo da correnteza até... a algum outro lugar.
A mão da oni desceu até o pescoço dela.
— Se o chão é minha força - começou a apertar a garganta da mulher de olhos azuis, Galatea. Os punhos da elfa cerraram ao redor do antebraço da figura com longos chifres, as palpébrás e dentes semicerrando e a respiração agitando-se. - Não há nada nesse mundo que possa tirá-lo de mim, que possa despedaçá-lo. E se houvesse seria tão lento e miserável quanto este mar. Se há um sol ao qual não quero encarar, é uma patética e ínfima esfera há uma eternidade de distância que nada pode e nada significa.
Soltou Galatea. Ela tossiu e agarrou o pescoço e tossiu, saliva escorrendo boca a frente e abaixo, tronco dobrando adiante e pele enrubescendo. Dois e quatro e seis segundos. Parou. Mãos tocaram a rocha fria do muro que cercava a varanda. A elfa virou o rosto de lado, as íris azuis encontraram a oni. Um sorriso tomou os lábios de Galatea.
— ''A árvore que almeja estender os galhos pelo paraíso deve formar raízes que toquem o inferno''. Se continuar tão firme na contemplação de seu poder irá cair como uma árvore que cresceu demais sem raízes que afundassem-a ao solo devidamente.
A oni suspirou e deu de ombros.
— Essas palavras se aplicam a fracos dignos de pena como você, não me coloque no mesmo saco.
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