Não Que Eu Me Importe
— Eu sou perfeitamente invencível - baixou as pálpebras e largou o corpo no chão. Um baque e poeira. - Então tenha certeza de que está pronto para morrer.
Era uma criança, aquela que soltou no assoalho de pedra polida. Julia. Onze anos, um corte ombro ao quadril e tripas e sangue ainda vividas escapando talho a fora. Cabelos loiros, íris castanhas e a mostrou uma boneca e os vestidos que fizera.
As íris púrpuras do demônio fitaram o homem no centro do círculo com perímetro delimitado por rochas.
— Algum motivo, razão, história? - perguntou, o ar era gélido e o líquido da vida movia-se mais devagar nas veias e artérias. - Não que eu me importe com o que te fez matar a menina e deixar o corpo na neve. Só não esperava isso de um humano que estudava com o velhote Sekishusai.
Julia que a dera bom dia e perguntara sobre os chifres e de onde viera e se gostava de bolo de arroz. Que era similar a Laís, agora ainda mais por também ter morrido.
— A criança era uma fraqueza - o homem no meio do tatame de pedra rabiscado com depressões no relevo que, na borda marcada por uma linha circular, formavam silhuetas de um bebê seguido de um adulto e de dois adultos segurando um bêbê e então um idoso e logo um esqueleto.
Oh, isso. Olhou o rosto pálido da menina morta, os fios amarelos espalhados pelo chão e as pálpebras erguidas ao limite para íris que fitavam o vazio. Magra sob um suéter grosso e duas camisas tornadas cor de vinho pelo sangue. As cobras róseas que eram as tripas indo a esquerda e direita sobre o tecido.
Laís tivera uma língua solta e pouco jeito para livros e metáforas. Desenhava roupas, as manufaturava e a colocava a provar e opinar na etapa do design. Morrera com o peito atravessado por uma estaca, talvez a que a atravessou o crânio tenha feito o serviço ou qualquer uma das outras treze, vai saber.
— Oh, claro - riu, tensão passeando suavemente pelos músculos, o púrpura voltando a encará-lo. - Entendo, haha, que sujeito determinado. Mas, como posso dizer, hummm... - as pálpebras baixaram, a mão balançou no ar em uma caricata encenação de busca por palavras. Os olhos abriram. - nunca vi alguém tão patético.
Os punhos do humano foram a meio caminho de fechar, os cantos da boca puseram-se meio milímetro mais para o centro e baixo.
— Terá a oportunidade de olhar melhor - ele, pálpebras semicerradas.
— Não, receio que nem todo olhar do mundo adiantaria - e começou a andar na direção do sujeito. - Mas vou me contentar com o sabor de seu coração ainda quente. Espero que não seja medíocre também como aperitivo, eu ficaria imensuravelmente triste.
Parou, pontas dos calçados tocando pontas dos pés do humano. Cabeça pendeu acima e a dele a baixo. Sorriu, deixou a aura escapar para o ar.
O corpo do homem enrijeceu, veias de tensão surgindo uma após outra na pele e o punho cerrou-se no entorno da espada. O cabo longo e preto pontilhado com quatro quadrados alvos.
Vento se afastava em lufadas violentas, o solo tremia e o mar adiante foi tomado por ondas.
— Vamos, corte minha bela cabeça, decepe meus braços, rasgue meus ossos e festeje sobre meu cadáver - sussurrou, dedos passeando pelo peito dele. - Estou certa de que o rubro irá cair bem sobre minha pele. Vamos, vamos, está frio aqui.
Ele deu um passo para trás e então dois. Olhos escuros fixos na figura sob um grosso tecido branco estampado com vinhas lilases e flores.
Suor o empapava a face.
— Tenha certeza de pôr toda força por trás do golpe, sim? Não quero uma daquelas cenas constrangedoras onde se precisa de mais de um para partir alguém. - ergueu o rosto, tirou o cachecol e o deixou voar. - Pronto, pronto, nada para atrapalhar seu caminho a meu doce pescoço. Venha. Ou prefere algum outro lugar? Que humano, mau, haha.
Ele engoliu em seco e deu meio passo adiante. Oh, posso sentir uma ou outra leve pontada da energia mágica dele. O homem foi meio passo a frente, as bordas do sobretudo sem mangas, o cabelo negro e o quimono pesado balançavam violentamente.
— Isso, bom menino.
O humano sacou a katana e lâmina a raspou da lateral da garganta ao pomo de adão e seguiu ao ar.
— Ah - a oni deslizou o dedo pelo local de impacto. - Que deprimente, nem uma gota de sangue. - tocou na borda do olho. - Talvez tenha mais sorte mirando aqui.
A ponta de metal deslizou-a por íris e mão que o apontava. O humano teve a boca a pender aberta, a cor deixou o rosto.
— Algum problema? - a oni, e riu.
Ele gritou e balançou a espada. Cinco e dez e vinte vezes.
Talhos nas roupas e três pedaços de fio de cabelo.
— Foi patético, sabe? Meio que até me sinto mal por você. Um homem tão pequeno, pobrezinho.
Os joelhos do humano tocaram o chão, fedendo a suor.
— E-eu... eu não... eu não entendo... fiz tanto... VOCÊ SABE O QUANTO EU ME SACRIFIQUEI!?
Ela riu.
— Em outro momento teria adorado ouvir, mas agora? Naaahh. Bom, tchau.
— N-não! Esper...! - a mão o entrou e saiu. O coração pulsou e expeliu sangue entre os dedos do demônio.
— Oh? Estava para dizer algo? - ela, para o sujeito com um buraco no peito, lábios movendo-se sem deixar um som e pálpebras completamente erguidas. - Não? Certeza? Okaaay. - deu dois tapinhas na cabeça dele e deu a primeira mordida no orgão em mãos. - Hummmm, delicioso! Se em nada mais, ao menos é ótimo para uma refeição! Nunca deixe que te digam o contrário!
Fitou uma das rochas em pé delimitando o tatame. A terceira da esquerda a direita da fileira de frente ao mar. Limpou o sangue da boca com as costas do punho e o lambeu.
— Tsuna, é isso? - disse e mordeu, mastigou e engoliu outro pedaço. - Sabe, me pergunto se não devo te matar também, então caso tenha uma palavra que queira botar sobre o assunto estou entretida o suficiente para ouvir.
O humano deu passo para fora da sombra da pedra. Vestia um meio manto cobrindo a metade esquerda do corpo e uma camisa azul estampada com ondas em negro sobre uma de mangas largas e grossas. As calças eram brancas e o chapéu um cilindro amarrado ao queixo e sem abas sobre cabelos cinzentos.
— Estou aqui apenas como um observador sob ordens do Shogun.
O humano trazia uma espada atada a cintura.
— Ah, é? - riu e comeu. - Por que deixou meu pobre amigo aqui matar a menina?
Ele deu de ombros.
— Não imaginei que fosse fazê-lo.
O último pedaço do coração sumiu lábios do demônio a dentro. A língua passeou para fora sobre a sujeira vermelha e então sobre a mão.
— Que fraca resposta - deslizou os dedos pelo rosto do homem morto. O indicador o encontrou olho e empalou-o. - Quer tentar de novo?
— E fui ordenado a não interferir.
— Uma pequena e inocente criança... acho que valia um tanto de desobediência.
— ... O que você quer?
Puxou o glóbulo ocular face do cadáver para fora. Havia algo que quisesse?
— Não tenho companhia para hoje ou dinheiro. Continue me seguindo, pague as coisas.
Comeu o olho. A criança morreu, Laís morreu, fim. Vingança e toda essa bobagem, nenhum prazer em particular me vem à mente quanto a isso agora.
— Entendido - Tsuna.
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