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"Jung Hoseok. Esse nome brilha de forma única. Um brilho jamais visto e que jamais será apagado. Um brilho especial, o seu brilho.
Lembro como se fosse ontem, o dia em que você adentrou aquela sala de aula pela primeira vez no ano, usando seu casaco colorido e seus tênis brilhantes. Com aquele típico sorriso envergonhado e olhos pequenos.
Sua voz parecia carregar uma mistura de medo com animação, estranho, porém único. Quem não notou isso, te achou animado demais para o primeiro dia de aula em uma turma nova.
Depois de alguns poucos dias, você já era amigo de todos. Conversava a aula toda e mesmo assim conseguia ser o melhor aluno da turma de adolescentes histéricos em plena puberdade. Um exemplo de bom aluno. Cativou a todos com seu sorriso.
Como um dia li em um clássico: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Você era assim, você foi responsável por tudo que cativou, por cada sorriso que causou. Você era alguém que todos queriam por perto.
Ainda nesse clássico, ouvi dizer que "Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol". Foi assim que me senti quando deixei que me cativasse com seus olhos pequenos, sorriso aberto e coração enorme.
Minha vida cheia de sombras conheceu o sol. Conheceu a luz em meio a tanta escuridão. Por mais incrível que pareça, conhecer o sol foi assustador no começo.
Quem pode ser tão brilhante quanto você o tempo todo? Quem consegue sorrir sempre, mesmo diante da tempestade? Quem sequer pode se manter brilhando em todos os momentos?
Era isso que eu pensava. Fui tolo. Conhecer o sol é sobre isso, é sobre saber que nem sempre você estaria brilhando, sorrindo ou se mantendo forte quando deveria chorar. Conhecer você foi surreal.
Seus cabelos loiros me encantaram, suas mãos grandes e delicadas tocaram as minhas com amor. Sua voz doce me disse coisas lindas, assim como seus braços longos me acolheram como um verdadeiro lar. Foi assim que você me cativou.
Aquele garoto de sorriso aberto que foi amigo de todos, me cativou. Me amou. Me fez amar.
Assim como lembro de como te conheci, lembro-me muito bem de como você cuidou de mim. Jamais me esquecerei de nada sobre você, nem das risadas altas e nem dos toques sinceros.
Andar pelos corredores contigo era diferente, passar o intervalo contigo era diferente, te conhecer cada dia mais foi diferente.
Diferente de tudo que eu poderia imaginar, além de me cativar, fez também me apaixonar por ti.
Até hoje consigo sentir o coração acelerar quando lembro do nosso primeiro abraço. Estávamos na aula de ciências, uma competição repentina entre colegas. Estávamos empatados quando finalmente usei meus conhecimentos e marquei ponto para o nosso time, foi quando você me abraçou pela primeira vez, seus braços longos e quentes se seguraram pela cintura como se eu fosse o melhor de todos.
Te ver sorrir naquele dia foi surreal, mas saber que o motivo do seu sorriso fui eu, é indescritível.
Conforme os dias se passaram eu passei a te conhecer melhor. Quando você chegou com o rosto inchado e olhos molhados no refeitório, foi o pior momento de todos.
Mesmo sem saber o que havia acontecido, jurei nunca mais deixar que nada te deixasse daquele jeito, não suportaria saber que algo havia ofuscado seu brilho.
Já que é assim, eu deveria me punir por ter apagado seu brilho um dia? Eu deveria fazer algo com o cafajeste que fui naquela noite, não?
Quando você me chamou para conhecer a sua árvore preferida da escola, me senti nas nuvens. Você tocou minha mão e me guiou até o local que denominou como "nosso ponto de paz". Lá muito aconteceu. Nos conhecíamos cada dia mais. Olhei teus olhos por dias debaixo daquela bendita árvore. Quando o outono chegou, deitamos no gramado e vimos as flores secas caírem.
— Cada folha carrega um pouco da gente, sabia?
Naquela época te julguei, achando que era mais uma invenção sua, afinal, como folhas podem guardar memórias nossas?
Se eu tivesse sido avisado, guardaria cada folha comigo, iria me certificar de não perder nenhuma das nossas memórias.
No dia seis de outubro, em pleno outono, na nossa árvore, no nosso ponto de paz, eu descobri o motivo daquele nome.
Você vestia um suéter marrom, que carregava alguns bottoms personalizados e coloridos, expressando muito sobre você. Sua calça jeans era comprida e azul, junto com seus tênis coloridos, não tinha como ser mais o seu estilo. Mesmo que a nossa coordenadora tivesse lhe dado uma bronca enorme, você insistiu que não poderia usar uniforme em um dia tão especial.
Ao fim da aula, você me chamou, me pediu para fechar os olhos. Com toda calma, sua mão tocou a minha e você me guiou. Nosso ponto de paz, nossa árvore estava decorada e muito diferente do habitual.
Além de uma toalha estendida no gramado, havia uma cesta grande de comida no chão, junto com garrafas de suco decoradas com nossas iniciais, "MY & JH".
Graças a localização da árvore, poderíamos passar nosso último horário ali, sem nos preocupar com nada.
Honestamente, eu não soube me expressar direito. Quando vi tudo tão lindo, mal soube o que dizer, ver suas bochechas coradas e seu sorriso tímido só piorou as coisas. Acho que não agradeci tanto quando deveria, afinal, sequer acho que existem palavras suficientes para isso.
Você me conhecia, sabia que eu não conseguiria falar nada muito elaborado. Viu em meus olhos o desespero por algum comentário e logo disse que estava tudo bem, me pedindo pra se sentar naquela toalha linda que você havia montado.
Assim era você, um ponto de luz e calma.
Naquela manhã conversamos sobre tudo, relembramos nossos melhores momentos, rimos de diversas piadas antigas e vídeos engraçados. Falamos sobre o futuro e contamos histórias lindas do passado enquanto aproveitamos o presente.
— Yoon, eu gosto de você. — eu não estava preparado, por isso, apenas te olhei curioso. — Eu gosto quando a gente vem aqui, quando você segura minha mão e quando você me empresta seu casaco. Eu gosto quando você me ajuda com matemática e me ensina a tocar piano. Eu gosto quando você me abraça porque diz gostar muito de mim. Bom, se eu gosto de tudo isso, quer dizer que eu te amo, né?
Naquele momento eu soube que não era sobre você me amar ou não. Naquele exato momento eu decidi que não existia você e eu, mas sim um nós. Porquê, Jung Hoseok, eu te amei muito mais do que você poderia imaginar.
— Eu também gosto de você. — seus olhos brilharam tanto nesse momento, que quase não consegui prosseguir. — Eu gosto quando você pede para tocar minha pele, porque sabe que eu não gosto de toques. Também gosto do seu cafuné e do cheiro do seu cabelo. Eu acho que isso significa sim que eu te amo.
Radiante. Era assim que todos te descreviam. Mal sabiam eles que naquele dia eu mesmo, Min Yoongi, vi o sol em pessoa diante dos meus olhos. Te ver chorar sempre foi assustador, mas naquele dia, pareceu tão acolhedor, que até mesmo eu me deixei levar.
Choramos abraçados, não sei dizer por quais motivos. Talvez tivéssemos medo, ou apenas amor demais.
Dizer que nunca fui amado pode parecer egoísta, mas da forma que você me ama, ninguém jamais conseguirá fazer igual. Você não só me cativou, como me amou na mesma proporção.
Eu que procurei um lar seguro por tanto tempo, encontrei em teus braços um lugar para chamar de meu.
Quando finalmente as lágrimas cessaram, você tocou seus lábios nos meus. Dizer que conhecia o sol por te ver pode soar engraçado, porém digo com convicção que toquei o céu ao te beijar.
Sentimos tanta vergonha que sequer continuamos. Justamente por nos conhecermos sabíamos que não seria a última vez, ou pelo menos achamos que não.
Ainda naquela manhã, te vi citar tudo que amava em mim, até sobre meus olhos você disse. Fiz questão de fazer uma lista sobre o que mais amei sobre você. Comemos muito, choramos mais e bebemos todo nosso suco, já que você sempre seguiu a lei à risca.
Ao final do que pareceu ser um sonho, escrevemos nossas iniciais naquela árvore, escrevemos nela não só nossas iniciais, como também a frase do nosso clássico favorito: "A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar."
Naquele dia, lemos "O Pequeno Príncipe" juntos. Foi quando conheci seu livro preferido e entendi o significado de cada uma dessas belas citações, foi quando percebi que você foi e sempre será meu pequeno Príncipe.
Voltando para casa, pensando em como aquela manhã ficaria eternizada no nosso cantinho de paz, te comprei uma rosa vermelha.
Corri para casa e te escrevi um bilhete. Dormir naquela noite foi difícil, afinal, você insistiu em continuar na minha mente, rondando meus pensamentos.
Antes quando ouvi algumas pessoas dizerem que desejavam momentos eternos, achei balela. Hoje, se pudesse mudar algo, com certeza teria eternizado aquela manhã.
Com rosa e bilhete na mão, adentrei os portões grandes da escola enorme, procurando seus fios loiros com os olhos. Por não te achar na entrada, fui até nossa sala, afinal algumas vezes você se atrasava. Foi então que o sonho encantado acabou. Duas garotas entraram na sala comentando algo sobre você, me animei para saber, antes tivesse tapado os ouvidos.
— Eles estavam se beijando na quadra agora mesmo, nem acredito que o Yeong-cheol conseguiu ficar com o Hoseok logo agora! — uma loira comentava alto. Quando pensei em me opor, ela continuou. — Ele vivia falando sobre estar apaixonado por um pianista, que bom que conseguiu ficar com ele agora, afinal, na semana que vem ele vai para a Suíça.
Foi tudo tão rápido, tudo tão chocante. Meus olhos transbordavam sem limite algum, não coloquei medidas em meus sentimentos, pois você era intenso demais e eu não sabia como reagir.
Justamente por não saber o que fazer, guardei aquela rosa e corri para casa. Corri tanto quanto pude, sentindo meu rosto molhar cada vez mais.
Eu não era seu pianista preferido? Não era eu? O que eu deveria ter feito? Por que estava tudo tão borrado? Por quê?
Essas perguntas sem respostas corriam pela minha mente enquanto minhas pernas me levavam para o mais longe possível daquele lugar.
Sozinho e de rosto molhado, eu me martirizei em frente ao espelho do quarto. Como eu acreditei? Como é que o sol poderia tocar a lua sem que ela se queimasse. Afinal, você não foi responsável pelo que cativou.
Dormir nunca pareceu tão simples.
Foi o que fiz, por um dia inteiro. Quando acordava, bebia mais remédios e apagava por completo.
Meu celular não parou de tocar um segundo sequer, suas mensagens enchiam minha tela, com áudios, fotos, emoticons e figurinhas animadas. O que era aquilo? Um pedido de desculpas?
No segundo dia, você bateu em minha porta, minha mãe tratou de dizer que eu não estava, afinal ela não queria me ver pior do que já estava.
Quarta-feira, você me enviou flores. Eu as guardei, mas odiei ter que observá-las. Na quinta-feira eu te vi passar na rua, você já não estava sorrindo, fiquei com medo que me avistasse e me escondi. Na sexta-feira você ligou para o telefone fixo, eu sabia que era você.
Atender não foi bom. Se te ver chorando era assustador, ouvir sua súplica de medo era pior ainda.
— Yoon? Eu sei que é você! Por favor, Yoon, fala comigo, o que eu fiz? — pude imaginar seu rosto vermelho. — Me desculpa se foi por ter me declarado daquele jeito, eu fiquei nervoso. Nosso cantinho ainda está lá, você vem hoje? — mesmo que eu tivesse vontade de gritar, me mantive em silêncio, segurando o choro. — Você pode aparecer se quiser, você pode vir, eu vou comprar suco de laranja dessa vez. Eu vou te esperar, Yoon...
Desta vez, foi você quem desligou. O que era aquilo? Você parecia não saber sobre Yeong-Cheol ou qualquer coisa assim. Ou você estivesse mentindo, afinal, quem poderia garantir.
Era claro como eu procurei tão desesperadamente por amor que quando te encontrei acabei me emocionando demais na dose.
Sentado no sofá, entre um misto de emoções, como diariamente acontecia, pensei que talvez estivesse equivocado. Nem ao menos éramos namorados, sequer tínhamos algo. Havíamos nos declarado como amantes naquela manhã, entretanto não tínhamos nada além de um grande sentimento.
Eu que nunca gostei de me prender em ninguém, estava me torturando por não ter te prendido a mim.
Decidi que iria te ver. Na nossa árvore, no nosso cantinho de paz. Que para nunca mais te ver nos braços de outro alguém, iria te pedir em namoro, seríamos oficialmente namorados, amantes e companheiros.
Assim, com a sua rosa e bilhete em mãos, eu segui o caminho para o fim do arco-íris. Tudo perfeitamente encaixado até te encontrar. As ruas vazias e molhadas pela chuva recente eram um charme. Onde ficaríamos? Talvez no gramado, ou em pé mesmo.
Enquanto pensava em você, algo me chamou atenção, diante de todas as ruas vazias, uma ambulância corria desesperada em direção ao hospital. Estagnado em meio a avenida, pedi a quem quer que seja o ser celestial que nos guarda, que protegesse aquela pessoa.
Voltei meus olhos para a rua, focando na imagem dos seus olhos em minha mente. Decidi correr, afinal quanto antes pudesse te ver, antes poderia te entregar a rosa vermelha que se mantinha intacta.
Passei pelo porteiro sem que ele me visse, correndo até nosso canto, garantindo que ninguém nos visse.
Você não estava lá.
Sua rosa estava em minhas mãos, mas você não estava lá.
Diante do silêncio do lugar, um toque suave ecoou pelo nosso cantinho de paz. O nome da sua mãe apareceu na tela do meu celular antes que eu pudesse aceitar a chamada. Será que você havia desistido de mim?
— Min, Centro Médico Sahmyook, agora!
Assim como começou, rapidamente a ligação chegou ao fim. A voz desesperada da sua mãe me fez despertar.
Correr nunca foi minha melhor qualidade, porém naquele dia o desespero falou tão alto quanto a vontade de te encontrar. Sabe-lá o que estivesse acontecendo, te ver era prioridade, nem que isso significasse atravessar a cidade correndo.
Quando recebi aquela ligação, imaginei tudo. Talvez você tivesse quebrado o pé no caminho? Quem sabe cortado a mão preparando sanduíches? Talvez tivesse tentado cortar as laranjas com uma faca muito afiada? Tudo parecia possível, mas a vida é injusta e feita de impossibilidades.
Parada cardíaca causada por arritmia cardíaca.
Naquela ambulância, o desespero que me atingiu era sobre você. E saber que eu nunca poderei te entregar pessoalmente essa rosa, é dolorido demais.
A cena que vi foi definitivamente uma das piores de todos os meus dias. Seus pais choravam incontroláveis, enquanto sua irmã estava em estado de choque sem conseguir se mexer. O diagnóstico foi rápido, a parada cardíaca foi a causa do seu sorriso se apagar para sempre.
Amanhã, completam-se cinco meses.
Como se fosse ontem, ainda lembro do seu rosto sem vida, assim como guardo lembranças do seu sorriso aberto.
Não sei dizer quando deixarei de lembrar de você a todo momento. Talvez não seja possível. Seus olhos aparecem nos meus sonhos enquanto o seu perfume está impregnado em meu uniforme. Aliás, a rosa está contigo. Ela foi colocada entre suas mãos, antes de que eu pudesse beijar sua face pela última vez.
Todas as noites eu converso com a lua sobre você, me pergunto se você já não está brilhando no céu tanto quanto brilhava aqui na terra.
A verdade é que naquela manhã em que lemos "O Pequeno Príncipe", uma das frases me pareceu confusa demais até o dia de hoje.
"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes."
Talvez se eu tivesse criado uma ponte entre nós, ao invés de me isolar completamente, nosso destino não fosse esse, meu eterno pequeno príncipe.
Com amor, MY."
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Antes de começar à receber as intimações judiciais aqui em casa por danos morais, quero me defender dizendo que eu não tenho culpa! Essa one já está escrita há muito tempo, mas curiosamente eu decidi postar de maneira especial hoje.
Desde já eu agradeço pelo apoio de sempre, pelo carinho em todas as outras histórias e peço desculpas por quaisquer erros que possam ter passado batido!
Minha mensagem especial sobre a história é: ao invés de criar muros, construa pontes. Elas podem ser derrubadas se necessário, mas também podem te salvar de perder um momento importante. Amanhã pode ser tarde demais para criar uma ponte, tente hoje. Quanto antes for, melhor será a travessia.
Muito obrigada por tudo! Se você é novo(a) por aqui, te convido a conferir as minhas outras histórias, prometo que tem até algumas que são felizes.
💜
Capa por: ggukwhalien
Obrigada por deixar essa história ainda mais linda com a sua arte, eu te amo.
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