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[0.3]

Palavras sinalizadas com um asteriscos terão definição ao fim do capítulo.

- 🐺 -

A casa era silenciosa, em sua maioria. Os grandes e numerosos cômodos eram, no mínimo, confortáveis. O sistema de ventilação era ótimo. Uma das melhores casas que já haviam ficado desde o começo. O que Jimin mais gostava, era que mesmo que maior, o lugar ainda lembrava muito a sua antiga casa.

Com os pés cobertos apenas por uma meia branca, Jimin caminhava pela cozinha grande, procurando algo para comer. Desde que chegaram à Coreia, ele e Hyunbin mal haviam se falado, quanto mais brigando um com o outro. Jimin não sabia dizer como se sentia em relação a isso, mas, pelo menos uma pontinha de felicidade, vivia ali.

Os armários cheios esbanjaram muita comida e louças caríssimas. Entretanto, nada chamava de fato a atenção do ômega faminto. Assim que parou de procurar algo, Jimin se contentou em pegar uma garrafa de água e sentar-se em uma das cadeiras da grandiosa mesa.

Assim que bebeu o primeiro gole da água gelada, Jimin começou a analisar sua situação.

Apesar de ser um ômega lúpus jovem e bonito, Jimin quase não tinha experiências de vida. Havia beijado apenas um alfa antes de conhecer Hyunbin, hoje, nem lembrava quem exatamente era o homem. As poucas experiências de vida que tinha, viveu enquanto sua mãe ainda era viva. Além do coreano, o ômega dominava o inglês e japonês perfeitamente, e ainda se arriscava no mandarim.

Quando criança, dançava como ninguém, mas, seu pai achava que a dança não o levaria a lugar algum, por isso não lhe deixou sequer entrar para uma aula decente.

Jimin imaginava como era o mundo lá fora. Não é como se não conhecesse nada, ou fosse isolado desde sempre, entretanto, desde que Hyunbin surgiu, o ômega lúpus deixou de viver uma vida de verdade.

Quando Park Jimin conheceu Choi Hyunbin, seu mundo automaticamente ficou cinza.

O alfa não era de todo ruim, no começo. Além de alto, possuía cabelos escuros e uma pele levemente bronzeada, a qual comportava algumas tatuagens. Odiava brincos ou quaisquer outros acessórios que tivesse perfuração, por isso, exagerava nas correntes de ouro. O corpo não era esculpido e tampouco forte, era tão normal que chegava a ser tedioso.

Até mesmo Jimin, que julgava-se fraco, conseguiria vencê-lo em uma briga. Logo quando o lúpus e Hyunbin se conheceram, ambos até mesmo tentaram se conectar um ao outro, o Choi até mesmo tentou marcar Jimin. No entanto, Jimin é um lúpus, não poderia ser marcado por ninguém, além do seu alfa destinado.

Para ser sincero, Jimin pouco sabia sobre sua classe. Ômegas existiam por todos os lugares, assim como alfas e betas. Entretanto, um lúpus, seja esse alfa ou ômega, eram raros de serem encontrados.

Como ainda muito novo, foi privado de muito, Jimin tinha conhecimento sobre sua classe por meio de suas próprias experiências e algumas leituras. Um dia, em uma casa bonita na Austrália em que haviam se hospedado, Jimin pôde ter acesso a infindável biblioteca que ali se encontrava. Na qual passou todas as tardes e manhãs de sua estadia.

Durante esse tempo, descobriu um livro cujo título não conseguia se lembrar de forma alguma. Mas que jamais esqueceria seu conteúdo.

Com o livro, Jimin aprendeu que ômegas lúpus são seres privilegiados, de certo modo. Alguns de seus privilégios são a audição e olfato muito bem desenvolvidos, podendo ser comparados até ao de um alfa puro, cujo os quais haviam sido extintos, pelo menos era o que o mundo achava. Aprendeu também que em situações de extrema raiva, conseguiriam facilmente ter tanta força quanto um alfa. Por não ter passado por algo assim e ter seus sentidos inibidos pelos inacabados traumas, Jimin não saberia dizer se era verdade.

Leu também sobre algumas características típicas de sua classe, como o aroma, rosto delineado e todas as coisas das quais já sabia sobre seu corpo. No entanto, algo que lhe chamou atenção foi que, no livro em que lia, descobriu que caso seu alfa destinado também fosse um lúpus, poderiam ter uma conexão inexplicável mesmo antes da marca. O que deixou o ômega muitíssimo curioso.

Agora, ainda sentado com sua pequena garrafa d'água, Jimin passou a imaginar como seria conhecer seu alfa destinado e como seria estar conectado verdadeiramente com alguém.

Entretanto, seus pensamentos foram cortados no momento em que ouviu um barulho na parte externa da casa, não muito alto, mas audível.

Com a agilidade descomunal que possuía, Jimin saiu rapidamente da cadeira na qual estava sentado. Graças a audição privilegiada, conseguiu identificar que o som viera do jardim, que ficava exatamente ao lado da cozinha.

Sabia que não era Hyunbin, pois este avisou que voltaria tarde. Por esse motivo, Jimin andou em passos calculados até uma das gavetas do balcão, tirando dali uma das facas que a casa possuía, afiada e certamente mortal. Se há algo que Jimin sabia sobre a vida é que se não está querendo morrer, esteja ao menos disposto a matar.

Com isso em mente, o ômega afastou a cortina brevemente, olhando com concentração para o jardim vazio à sua frente.

Quando estava prestes a desistir da sua infindável busca por alguma possível ameaça, Jimin conseguiu avistar uma figura pequena saindo de trás de uma das árvores, dessa vez sem muito barulho. Assim que observou direito, teve a imagem exata do gato branco que deixava o jardim, agora, silencioso.

Um tanto deprimido, mas aliviado, Jimin fechou novamente a cortina branca e guardou na gaveta a faca afiada, retornando para a cadeira, dessa vez com ainda mais tédio que anteriormente.

Apesar da sociedade ver e taxar ômegas como criaturas indefesas e fracas, Jimin não podia negar que adorava sentir a adrenalina correndo nas veias, mesmo que essa acontecesse apenas raras vezes na vida parada que levava. Enquanto terminava o conteúdo da garrafa, sentiu-se levemente tonto, entretanto julgou estar sentindo-se assim por ter levantado repentinamente, não ligando muito para os fatos.

Já prestes a subir, Jimin passou pelo arco na parede que separava a sala da cozinha, em direção ao quarto. Porém, no meio do caminho ouviu o barulho da porta principal. O corriqueiro frio na espinha fez-se presente. Hyunbin havia chego e o ômega preocupava-se com as roupas que vestia.

Assim que o alfa adentrou a casa, Jimin virou o corpo em direção ao homem, colocando um sorriso no rosto e dizendo simplório:

- Achei que demoraria mais, que bom que veio cedo. - procurava algum resquício de verdade em sua última frase, mas nada encontrou - Deu tudo certo com os seus negócios?

Usava uma tática antiga. Perguntar se estava tudo bem com os negócios de alguma forma fazia com que Hyunbin se sentisse menos ameaçado.

Conforme largou a mala no sofá ao lado da porta, o alfa começou a falar com um tom, surpreendentemente, calmo.

- Perdi muito dinheiro. Fiz todas as contas e tinha tudo pra ganhar, mas alguma coisa não deu certo. - diferentemente do que se imaginava, o Choi mantinha-se calmo. - Mas o problema não sou eu, o problema é ele.

Jimin não podia negar que não entendia muitas coisas no pequeno diálogo, entretanto não tinha culpa. Mesmo que fosse um ômega esperto, pegar o bonde andando nunca era realmente bom.

Com um olhar um tanto quanto calculista, Jimin examinou o alfa de cima a baixo. Na gola da camisa, haviam algumas marcas de batom, os botões de cima estavam abertos, enquanto que o pescoço carregava marcas. O cabelo certamente desgrenhado fazia parte da imagem. Quando chegou ao braço, o ômega sentiu falta do relógio caro que Hyunbin sempre gostava de esbanjar.

Não sentiu pena do alfa por ter perdido o relógio, mas sim do dinheiro que gastou na jóia, este que nunca foi gasto com sabedoria.

Antes que pudesse continuar sua análise apurada pelo corpo esguio, a voz grossa fez-se presente.

- É, ômega, parece que sofri um golpe.

- Como conseguiram isso? Você sempre foi tão bom no que faz. - Jimin odiava mentir, mas preferia ser taxado de mentiroso do que sentir as mãos do alfa.

- É um cassino qualquer que abriu há pouco tempo. As bebidas e as músicas são boas, as máquinas nem tanto. Mas aquele alfa medíocre me roubou. Levou dinheiro, meu relógio, minha corrente e seu carro. - o último item foi listado com calma, enquanto os olhos observavam Jimin. - Isso só pode ter sido trapaça!

O ômega pouco sentiu pelo carro. O Porsche Boxster havia sido usado apenas uma vez pelo lúpus, que pouco gostou do veículo. Havia de fato se interessado pelo automóvel, entretanto preferia que fosse algum outro modelo mais rápido. Na época em que Hyunbin tratou o carro como um presente, Jimin mostrou-se feliz por um bom tempo. Meses depois, passou a ser trancado dentro de casa.

Jimin que estava em pé, na ponta da escada, procurava uma saída. Quem sabe uma frase de consolo, ou motivação. Algo que pudesse lhe manter seguro. Por isso, começou calmo.

- Vai manter negócio com o cassino? Ou ao menos tentar abrir concorrência?

Por alguns segundos pareceu funcionar, em vista de que o alfa não fez movimento brusco algum, apenas colocou a mão esquerda sobre o braço no sofá enquanto parecia pensar.

- Eu não quero concorrência. Eu quero aquele cassino pra mim, deve estar dando muito dinheiro para deixar na mão daquele playboy qualquer. - Hyunbin observou Jimin da cabeça aos pés, sorrindo fraco. - Amanhã você vai comigo.

Surpreso e um tanto agitado, Jimin tratou de achar uma resposta.

- Como? Eu vou com você? - gostaria de não transparecer nervosismo, mas julgava impossível. - Em que eu poderia ser útil?

- Ah ômega! Você vai ver. Vista suas melhores roupas, use maquiagem e jóias bonitas. Não tome seus supressores, deixe que seu aroma esteja forte. - conforme ditava o que Jimin deveria fazer, o alfa batucava os dedos no couro do sofá, como se pensasse um pouco mais. - Cuide do seu cabelo desbotado, vou deixar uma tinta antes de sair. Esteja impecável.

O ômega lúpus sequer entendia os motivos do Choi. Entretanto, tratou de concordar balançando a cabeça. Não imaginava o que poderia acontecer, mas não podia negar que estava um tanto ansioso para ver novamente o mundo lá fora. Antes que pudesse criar mais expectativas, a voz do alfa cortou seus pensamentos.

- Agora suba. Não quero te ver até amanhã. - sem responder nada, Jimin virou-se em direção a escada, entretanto, foi parado novamente pela voz grossa. - Sua vida vai mudar.

Mesmo sem entender, Jimin optou por não questionar nada. Colocou força nos pés pequenos e subiu o lance de escadas da forma mais rápida possível. A casa em que estavam possuía dois quartos, fazendo com que, magicamente, Hyunbin permitisse que Jimin dormisse sozinho em um deles.

Assim que adentrou o cômodo, passou a pensar sobre o que havia acontecido. Milhares de perguntas estavam vagando em sua cabeça. Mas algo lhe chamava atenção, a frase que Hyunbin havia dito sobre a vida do ômega mudar, não era algo comum.

Jimin se perguntava como sua vida poderia mudar, será mesmo que existia essa possibilidade? Será que finalmente se veria livre de Hyunbin ou seria ainda mais dependente do alfa?

Antes que entrasse em colapso, Jimin tratou de preparar tudo que precisaria usar no dia seguinte, este que, querendo ou não, seria diferente e talvez até mesmo importante na vida do lúpus.

- ⏳ -


As luzes coloridas preenchiam o local que encontrava-se barulhento. Corpos suados, pessoas embriagadas, drogadas e com muito dinheiro estavam por todos os lugares. Alfas, betas e ômegas andavam pelas milhares de mesas fazendo suas jogadas espetaculares, ganhando e perdendo dinheiro como ninguém.

A música que tinha o intuito de ser ambiente, agora, servia como uma trilha sonora para a entrada triunfal de Jeon Jungkook no cassino lotado. Vestido elegantemente com um de seus ternos de Desmond Merrion, o alfa lúpus exalava sua essência por onde passava, deixando para trás ômegas, betas e até mesmo alfas curiosos e provavelmente excitados para o show que inconscientemente sempre acabava fazendo.

Conforme olhava a sua volta, Jungkook tinha visão ampla de diversas pessoas conhecidas, mas de muitos rostos desconhecidos também. Enquanto ainda tentava decidir em qual mesa jogaria, ou melhor, em qual mesa ganharia, o Jeon ouviu seu nome ser chamado junto de um comunicado.

- Senhor Jeon, temos um cliente que disse não sair daqui enquanto não jogar com o senhor.

A figura do alfa a sua frente estava calma, apesar da notória irritação na voz. Geralmente alguns clientes abusados, diga-se de passagem, adorava desafiar o dono do cassino, este que se divertia tirando cada vez mais dinheiro de pessoas nem um pouco necessitadas.

- Certo, qual a mesa do sujeito? - rapidamente o funcionário, agora ao seu lado, apontou para uma das maiores mesas de cartas que possuíam. Respectivamente, a mais cara de todas. - Qualquer emergência você sabe onde me encontrar, sinto que vou perder tempo hoje.

O Jeon suspirou fundo antes de começar a andar até o local.

Os olhos atentos corriam pelo lugar cheio. Adorava com tudo em si aquele lugar. Apesar de ter diversos negócios espalhados por todo o país, Jungkook não se cansava de dizer o quão apaixonado era pelo seu novo cassino, um dos negócios mais lucrativos que possuía. Apesar da abertura recente, já conseguia notar alguns clientes fixos.

Afinal, quando a água do riacho é fresca, não tem quem não queira nadar. Desde amigos íntimos até completos idiotas que se sentiam poderosos apenas por possuir algum dinheiro. Dentre eles, Choi Hyunbin, o alfa que o olhava de forma desafiadora sentado em uma das pontas da mesa.

Quem o visse poderia até pensar que o alfa era intimidador ou poderoso, entretanto, Jeon sabia muito bem de quem se tratava. Hyunbin, não passava de um alfa egocêntrico que sentia-se o dono do que quisesse.

Entretanto, não foi a presença do alfa estúpido que chamou a atenção do alfa lúpus, mas sim, seu acompanhante.

Ao lado do Choi, havia um ômega. Não só mais um dentre tantos, mas sim um ômega absurdamente estonteante. Os cabelos loiros e bem penteados criavam um bom contraste em relação a pele pouco bronzeada. As roupas escuras faziam com que os olhos acinzentados ficassem ainda mais à mostra. A junção desses e diversos outros fatores, criou uma sensação nova em Jeongguk, que nunca havia sentido algo assim antes.

Estava impressionado.

Antes que pudesse admirar mais ainda o ômega, a voz desgastante do Choi fez-se presente, cortando quaisquer sinais de alegria que existiam na atmosfera das infinitas jogatinas.

- Ora, ora! Parece que hoje veio arrumado para perder, Jeon. Não tem medo de passar vergonha com seu terno de grife? - o sorriso amarelado em meio a tentativa de intimidar Jungkook deixava tudo ainda melhor.

- Minhas roupas dizem respeito à elegância, Choi. Aliás, vejo que não entende muito sobre, precisa de um estilista pessoal? Posso te indicar alguém. - enquanto sentava-se confortavelmente, Jeon continuou. - Além do mais, o único de nós que perdeu aqui foi você, não se lembra? Nessa mesma mesa, ontem, quando me deu metade da sua preciosa fortuna.

Assim que o alfa terminou sua fala calma e compassada, ouviu-se com clareza um baixo coro de risadas vindo das demais pessoas que compunham a mesa de jogo. Porém, o que realmente chamou a atenção de Jungkook foi um olhar em especial.

O ômega pelo qual havia se encantado, olhava-o com afinco. Dessa vista, Jungkook diria que o tempo encontrava-se parado. Notava com clareza alguns detalhes antes não vistos, como a boca carnuda, o nariz de botão e os olhos pequenos com pouca maquiagem.

Estonteante.

- Podemos começar? Vim aqui para jogar, não para conversar. - com a voz claramente afetada, Hyunbin pronunciava com uma falsa firmeza. - Espero que não precisem de trapaças hoje senhores, vamos fazer um jogo limpo.

Soou quase em uníssono a lufada de ar que todos presentes, exceto pelo ômega, soltaram instantaneamente. Não havia uma pessoa que conseguisse lidar com o egocentrismo do alfa medíocre.

O beta que comandava a mesa de apostas deu início ao jogo. As fichas de Jungkook foram todas para o centro da mesa, assim como as de Hyunbin e de mais alguns presentes ali. Uma beta que jogava, deu junto das fichas um anel que carregava consigo, aparentemente, valiosíssimo.

Enquanto concentrava-se no jogo, Jungkook tentava ao máximo não pensar no ômega sentado exatamente a sua frente, a apenas alguns metros de distância. Entretanto sua relutância acabou sendo finalizada após ouvir algo que lhe chamou atenção.

"Oh Hyunbin, que você ganhe pelo menos essa rodada, tomara que não seja um completo desastre."

Imediatamente Jungkook olhou a sua volta rolando os olhos por toda a mesa, mas, não encontrou ninguém que estivesse sequer falando algo. Apenas conseguia ouvir a música ambiente e algumas conversas paralelas em outras mesas. Ninguém havia dito aquilo, mas Jungkook ouviu. Não poderia estar alucinando, certo?

Atordoado com o acontecimento, o alfa fez um gesto com uma das mãos pedindo a um dos garçons um copo de água, gostaria de se recuperar do devaneio que havia tido. Enquanto esperava o copo d'água e já com o jogo feito, baixou as cartas na mesa, juntamente com algumas pessoas que ali estavam.

Os olhos correram imediatamente para o ômega loiro, mais uma vez. Desta vez, ele o encarava fielmente, atento demais a tudo. Assim que os olhos se encontraram, precisou desviar o contato visual por conta de uma tontura sem igual.

Antes que isso lhe afetasse, bebeu rapidamente o copo de água esperando que o croupier* da mesa indicasse o início de um fim de rodada.

Curioso demais com o que estava acontecendo, Jungkook não conseguia pensar em outra coisa que não fosse:

"Quem é esse ômega e o que está fazendo comigo?"

Conforme tentava ao máximo afastar os pensamentos que concentravam-se na face angelical do ômega, Jungkook jogava de forma atenta, para ter certeza que ganharia. Conforme seus adversários iam sendo eliminados, o alfa lúpus se via sozinho com Hyunbin na mesa, atento a tudo e a todos.

Alfas e betas entregavam bebidas a Hyunbin e aos demais convidados, os únicos na mesa que não estavam bebendo nada, eram Jungkook e o ômega loiro sentado na outra ponta.

Assim que a última rodada chegou, foi possível ouvir alguns pequenos gritos dos jogadores que já haviam sido eliminados, assim como na noite anterior, restaram apenas Jungkook e Hyunbin, que parecia não se preocupar com nada. The Legend Begins, o grande sucesso, ecoava em alto e bom som em todo o cassino.

Com certa ansiedade desconhecida, Jungkook ajeitou sua postura na cadeira enquanto se preparava para fazer uma boa aposta. Assim que as apostas começaram, a voz prepotente do Choi se fez presente em alto e bom som.

- Aposto todas as minhas fichas, todos os meus anéis banhados a ouro, uma casa em malta, metade da minha conta bancária... - uma pequena pausa na frase foi feita, enquanto com cautela, Hyunbin tirou de um dos bolsos a chave de um carro. - E o meu carro, um Porsche Cayenne.

A surpresa no rosto do ômega loiro ao lado de Hyunbin era evidente. No entanto, isso não causou nada em Jungkook, que foi o próximo a apostar, de forma mais simples:

- Eu aposto todas as minhas fichas e esse cassino, com toda a mão de obra dentro. - Desta vez, Hyunbin deu uma risada sarcástica e alta como se estivesse perplexo com a aposta, ao mesmo tempo que tentava entender tudo. - Reze para que a sorte esteja com você hoje, Choi.

Nada além da risada asquerosa do alfa e a música alta podiam ser ouvidos. Algumas pessoas passavam por perto fazendo cara feia, enquanto alguns outros curiosos de plantão, se reuniam em volta da mesa com curiosidade pelo resultado.

Com o olhar aguçado, Jungkook conseguiu ver quando, do outro lado da mesa, um alfa qualquer colocou a mão sobre o ômega loiro, deixando ali um aperto delicado que causou repulsa no ômega que nada fez. Bastou um olhar cauteloso de Jungkook para que, como mágica, o alfa incomodativo corresse para longe.

Sem explicações para tal atitude, Jungkook apenas seguia seu instinto, mesmo não entendendo o que estava acontecendo.

Assim que voltou os olhos para as cartas, notou que tinha chances de se dar bem, a sorte estava consigo. Bastou que o beta desse um breve sinal para que Hyunbin deixasse na mesa suas cartas.

O jogo do Choi fechou-se com uma boa jogada, caracterizada como a jogada Flush, para os termos do jogo, na qual o jogador tem cinco cartas no mesmo naipe.

Automaticamente a mesa toda foi a loucura, gritos altos e bebidas por todo lado foram esparramados. Pessoas loucas pela jogada estavam por todos os lados. A jogada Flush arrancava gritos de alguns, mas certo desprezo de outros. Jungkook, por sua vez, apenas voltou os olhos para o ômega loiro sentado à sua frente, que agora esboçava uma leve expressão de felicidade.

O Jeon deveria admitir, aquela havia sido uma excelente jogada, uma jogada Flush nessa altura do jogo era realmente especial, mas, não menos que uma Quadra, esta que consiste em quatro cartas de mesmo valor. Justamente por ser apenas pior que uma Quadra, quando Jungkook baixou suas cartas, os gritos que antes esbanjaram euforia, agora, inundaram o cassino de surpresa.

Choi Hyunbin, do outro lado da mesa, não conseguia esconder de forma alguma a surpresa em ver as cartas sobre a mesa. A jogada rara não poderia estar acontecendo. Mesmo que estivesse surpreso e um tanto indignado, diferentemente do que muitos imaginavam, Hyunbin apenas sentou-se tranquilamente sem esboçar reação alguma.

Todos que compunham a mesa, parabenizaram Jungkook, que sequer tentava esconder o sorriso. Havia ganhado pela segunda vez consecutiva de Hyunbin, nada poderia estragar sua noite.

- Sendo assim, senhoras e senhores, ao fim desta rodada, nosso vencedor é declarado por mim como Jeon Jungkook, o dono da casa. - dizia em plenos pulmões o beta regente. - Acertem vossos prêmios e vamos para mais uma rodada.

Enquanto o beta reunia novamente as cartas do baralho, Jungkook se levantou sem pressa, enquanto recebia em mãos um copo de Whisky, do qual pouco bebia. Já em direção a um outro lugar, viu de relance Hyunbin e o ômega ainda desconhecido caminhando em sua direção. Agora longe da multidão, poderiam conversar com demasiada calma.

- Mas olha só quem veio até mim primeiro. Sinto muito pela sua perda, adorarei passar meu próximo verão em Malta. - disse o Jeon, com desdém enquanto observava a faceta de nojo do outro alfa.

- Chega de provocações Jungkook, apenas vamos acertar as contas, em um lugar silencioso, de preferência, meu ômega está com dor de cabeça por conta do som. - ainda com pouca expressão, terminou o Choi.

Jungkook estava disposto a passar a noite toda, ou o que restava dela, provocando o alfa inútil com algumas piadas ou falácias de mal gosto. No entanto, por algum motivo, ouvir falar sobre o descontentamento do ômega para com a música, gerou um sentimento desconhecido no peito do lúpus, que rapidamente tentou resolver a situação.

- Me sigam, vamos para o escritório.

Após dado o comando, deixou sobre alguma das bandejas o copo de Whisky, do qual sequer havia bebido, indo em direção ao escritório, sendo acompanhado por um alfa inútil e um ômega com dor de cabeça.

O caminho que antes parecia caótico, agora era tranquilo quando guiado por Jungkook, que mesmo sem sequer notar, criava uma barreira inexistente com o corpo, evitando qualquer mal entendido.

Ao fim dos quase vinte degraus, os três chegaram em frente a uma porta grande, que aparentava ter detalhes muito bem trabalhados a mão, com alguns nomes e desenhos indecifráveis para estranhos. Assim que o lúpus abriu a porta, foi notório o espanto na face dos outros dois, que não esconderam a surpresa ao quase verem uma sala de estar imensa no cômodo que deveria abrigar um escritório.

Mesmo que já conhecesse muito luxo, Hyunbin não poderia negar que a sala grande e bem estruturada era, provavelmente, uma das mais valiosas e belas que já havia adentrado.

Após entrar com cautela no escritório, Jungkook trancou a porta atrás de si, deixando o local quase silencioso, se não fosse apenas pelo resquício da música do cassino. As mãos ágeis correram por entre a adega que mantinha ao lado da porta principal, em um nicho suspenso, procurando ali um Whisky da melhor qualidade.

Como já havia notado, o ômega de fios claros não tinha sequer consumido álcool no cassino enquanto acompanhava o jogo, por esse motivo, levou juntamente do Whisky, uma garrafa de água e uma bebida típica que mantinha ali, um leite de morango.

O sofá de couro preto vindo diretamente da Itália, acomodava bem o alfa asqueroso e o ômega que o acompanhava. Em frente ao móvel caríssimo, a mesa de vidro agora comportava dois copos com bebida alcoólica e duas garrafas alternativas para o ômega que nada havia dito até então. Sentado ao outro lado da mesa, provocou:

- Não coloquei gelo porque não sabia se você iria gostar, imagine só se eu desagradasse da minha visita favorita.

O tom arrogante e com certo deboche pareceu afetar um pouco Hyunbin, esse, que diferentemente do esperado, apenas sorriu amarelo e começou a falar com calma.

- Hoje não estou para provocações, quero te fazer uma proposta. - enquanto bebericava o Whisky sem gelo, o alfa esperava por uma resposta rápida, o que claramente não foi possível, já que tratava-se de Jeon Jungkook.

- Achei que perder mais uma noite pra mim te deixaria nervoso, mas ao que parece você está até que bem feliz, Choi. - em um pequena pausa na fala, Jungkook viu o ômega beber um gole d'água enquanto prestava atenção em tudo. - Vamos, me diga o que tem pra mim.

Diferente de mais cedo, dessa vez um sentimento novo invadiu Jungkook que mais focava sua visão no ômega do que em Hyunbin. Sentia certa curiosidade para saber quem era o rapaz, qual era o som da sua voz, e curiosamente, quis sentir seu aroma mais de perto. Infelizmente, teve seus pensamentos interrompidos mais uma vez.

- Certo. Eu gosto de dinheiro e vivo em função dele, não é atoa que sou um dos alfas mais ricos dessa região. - na verdade Hyunbin encontrava-se entre o vigésimo terceiro lugar nesse ranking, mas ninguém falaria a ele, apenas para vê-lo iludir-se. - Quero trocar o que eu tenho de mais valioso pelo que você tem de mais valioso.

Jungkook pensou por um curto período de tempo. Sabia que o Choi realmente tinha algumas coisas de valor, alguns carros de edição limitada, propriedades privadas que valiam muito dinheiro, veículos automotores de diferentes tipos e até mesmo alguns negócios pelo país, mas não conseguiria estimar de fato o que entre todos esses itens poderia ser tão valioso assim.

- Eu gostei do seu negócio novo, vi que tem muita clientela e com certeza deve render muito dinheiro. Por isso, mesmo que tenha perdido ele na mesa de aposta, eu quero o seu cassino, Jeon. - uma pausa dramática foi feita para que Hyunbin tomasse mais um gole do Whisky - Em troca dele, eu te dou o meu ômega.

Nada além de uma lufada de ar um tanto alta pode ser ouvida, o ômega que até então estava em silêncio, finalmente havia demonstrado algo.

Jungkook não podia acreditar no que acontecia. De um lado via Choi Hyunbin, um alfa nojento, típico insuportável, que era obcecado por dinheiro. Sentado ao lado desse homem, o ômega, que mesmo contra todo o seu instinto, lutava contra sua natureza, não deixando que lágrima alguma escorresse pelo rosto pouco maquiado.

Os olhos, mesmo que surpresos e marejados, mantinham-se fortes na luta contra as lágrimas que tentavam sair. Olhando com mais atenção, via repousadas sobre o colo, as mãos pequenas e trêmulas do ômega, com manchas roxas nos pulsos descobertos pela blusa. Mesmo que apresentasse estar visivelmente machucado, em momento algum Jungkook viu o ômega baixar a cabeça para algo.

Sabia que a dor que sentia era visível, mas, ao mesmo tempo, conseguia ver o quão forte e especial era o rapaz, preso pelas mãos sujas de Hyunbin e sendo tratado como objeto de troca. Não poderia aceitar pois o ômega não era objeto algum, no entanto, também não poderia deixar que o Choi voltasse para casa ou para qualquer outro lugar com o ômega que aparentava pedir socorro pelos olhos.

Poderia matar Hyunbin sem que ninguém soubesse, mas ia contra seus princípios e poderia lhe colocar em maus lençóis. Poderia fugir com o ômega dali para sempre e ajudá-lo a se reerguer, mas seria sequestro. Poderia fazer milhares de coisas ilegais no momento.

E com o coração na mão, e uma cabeça pensando na melhor saída possível para a sinuca de bico que estava, Jeon pronunciou calmamente e sem se arrepender a sua resposta, tornando tudo ali definitivo e sem volta.

- Eu aceito sua proposta.


- 🐺 -

Croupier*: Um negociante de poker que distribui cartas aos jogadores e gerencia a ação em uma mesa de jogatina, como um gerente.

Primeiramente, perdão pela demora!
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💜🐺

*capítulo NÃO betado.

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