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Capítulo XL - Macumba feminista

 O que achas deste? – Perguntou Marieta, entregando um croqui de um vestido para Vitória, que estava concentrada em seu microscópio.

 Deus me livre! – Respondeu ela. – Nada de saias com enchimento.

 Por quê? Estão na moda! – Argumentou Marieta.

Governos ditatoriais também, nem por isso eu sou a favor deles. – resmungou.

 Vitória, pare de ser chata! – Exclamou Helena, com uma revista de vestidos de noiva em mãos.

 Olhe este aqui. – Disse Cláudia, pegando uma foto em um enorme catálogo de vestidos e entregando para Marieta, que repassou para Vitória. – Disseste que havia gostado de meu vestido. Este é parecido.

 Sim! – Exclamou Vitória, pela primeira vez, tirando a atenção de seus livros. – Possui as especificações dele?

Cláudia retirou duas folhas com pedaços de tecidos e rendas grampeados nelas e entregou a Marieta que repassou para Vitória novamente.

– Sim, será este! – Disse Vitória, entusiasmada.

 Lori ficará muito feliz que escolheste um modelo dela. – Comentou Cláudia.

 Mas, Vitto, não podes usar um vestido sem mangas na igreja! – Protestou Marieta.

 Eu estarei de luvas!

 Vitto, Marieta tens razão. Precisas encontrar um modelo com mangas. – Acrescentou Helena.

 Por que eu usaria mangas na primavera? – Murmurou Vitória.

 Faça como eu e use dois, um para a cerimônia e outro para a recepção. – Disse Marieta.

 Tudo bem. – revirou os olhos – Quais eram as outras opções? Que não envolvam saias de tule, pelo amor De Deus, eu não quero parecer um bolo.

 Veja este. – Disse Helena, tirando um dos muitos croquis do catálogo de Cláudia e entregando para ela.

 Eu não uso este tipo de mangas desde antes da Guerra. – Reagiu Vitória, fazendo uma cara feia.

 Podemos pedir para Lori fazer algumas modificações. Ficará bonito! – Insistiu Helena.

 Melhor que usar mangas compridas na primavera... – Disse Marieta. – É bem bonito, Vitto.

 Cláudia? – Perguntou Vitória.

 Os designs de Lori são muito modernos e de muito bom gosto. – Disse Cláudia. – É um vestido de noiva tradicional, mas podes pedir para ela desacinturar e deixar as mangas mais simples.

 Será apenas para a cerimônia, Vitto. O que importa mesmo é o vestido da recepção... – Insistiu Helena, sorrindo.

 Está bem! Pode ser. – Concordou Vitória, por fim. As três comemoraram. – Mandem para São Paulo o mais rápido o possível, quero que fiquem prontos com antecedência.

 É pra já, Doutora! – Disse Helena.

 Agora, por favor, sumam do meu escritório e deixem-me trabalhar! A menos que queiram me ver limpando e catalogando crânios pelo resto da tarde.

As garotas foram embora e Vitória permaneceu compenetrada em seu trabalho. Algumas horas se passaram até que Sofia bateu em sua porta avisando que a correspondência havia chegado. Entre uma porção de cartas, estava um grande envelope pardo. Vitória tirou o jaleco, deixou o escritório com o envelope em mãos e avisou os empregados de que iria sair.

 Seu Benício? A Doutora Vitória está aqui. – Disse Sabrina, a secretária de Benício, na porta de sua sala.

 Claro, mande-a entrar. – Respondeu Benício, um pouco desinteressado, sem tirar os olhos dos papéis que tinha em sua frente.

 É uma visão interessante vê-lo fazer um trabalho que não envolva graxa ou solda. – Comentou Vitória ao adentrar o escritório.

 É temporário. – riu – Marieta está treinando para assumir o cargo e eu posso voltar para o maquinário onde pertenço.

 É, eu soube. Fiquei muito feliz por ela decidir trabalhar.

 Culpa tua que colocaste toda aquela macumba feminista na cabeça dela. – riu – Deus, é ótimo vê-la feliz, enfim.

 Eu imagino. – sorriu.

 Posso saber o que lhe trazes aqui?

 Sim, é claro. Eu recebi isso hoje de meu advogado. – Disse Vitória, entregando o envelope pardo para Benício.

 Do que se trata?

 É um pré-nupcial.

 Ah, claro. Nossa, é enorme.

 É. Basicamente, estarás revogando todos os teus direitos sobre meu patrimônio e liberdade individual.

 Entendo.

 Preciso que assines.

 Claro, lerei com calma e mandarei que lhe entreguem o mais rápido o possível.

 Não podes simplesmente assinar?

 Não posso assinar um documento sem ler.

 Tudo bem. – suspirou.

 Era só isso?

 Bem, também gostaria de lhe avisar que não irei tomar teu nome.

 Como?

 Não irei mudar de nome após o casamento.

 Podes fazer isso?

 Meu advogado disse que posso, basta retirar a alteração do nome no contrato de casamento.

 Por quê?

 Como assim?

 Por que não queres usar meu nome?

 Gosto do meu.

 Só isso?

 Só? – ergueu a sobrancelha.

Parece uma burocracia muito grande para algo tão banal.

 Imagine olhar todos os teus troféus e ver que o nome gravado neles não é mais o teu.

 Mas não é bem a...

 Sou uma das poucas mulheres cientistas com o privilégio de não publicar sob um pseudônimo masculino. Meu nome significa muito para mim.

Tudo bem, então. – suspirou – Se é assim que preferes... Não comprarei esta briga contigo. Só acho que você poderá ter problemas, não?

 Como assim?

 Para provar que somos casados caso precise um dia. Quer dizer, podemos ter problemas em hotéis e docu...

 Benício, muitas mulheres não usam os nomes dos maridos hoje em dia pelas mais variadas razões. Especialmente quando se trata de casamentos entre famílias socialmente distintas, o que não é o nosso caso, mas raramente verás uma moça trocar seu Albuquerque por um Silva. Não é tão profundo.

 Sem problemas. – revirou os olhos – Faças como preferires.

– Se fere o teu orgulho, apresente-me como Vitória Souza, se quiseres. – sorriu – Também não comprarei esta briga contigo.

 Entendi. – riu – Não, Vitória, não faço questão que uses o meu nome.

Por favor, tenta entregar-me este documento assinado ainda esta semana. Preciso reconhecer firma.

 Claro, lerei ainda esta noite se possível.

 Obrigada. – sorriu – Tenha uma boa tarde.

 Boa tarde.

Benício chegou surpreendentemente antes de escurecer em casa. Após jantar e dispensar as empregadas, sentou-se na sala para ler o acordo pré-nupcial de onze páginas que Vitória lhe entregara.

"Dos direitos patrimoniais dos cônjuges."

No início estavam as cláusulas que ele sabia que haveriam: ele não teria direito algum sobre todo o patrimônio líquido, material ou intelectual de Vitória. Claro que, no contrato, todos eles estavam minuciosamente especificados – coisa que ele mesmo decidiu por não ler.

"Das liberdades individuais e igualdade de direitos dos cônjuges."

Depois, era inferido que ele, ao assinar aquele documento, estava conferindo a ela direitos plenos para trabalhar, viajar, abrir contas bancárias e adquirir bens duráveis, excluindo a necessidade de autorizações futuras. Coisas que ele também imaginara que estariam no acordo.

Estava lá pela pagina sete quando sentiu o sono lhe atingir, mas foi despertado ao ler o título da página oito:

"Dos direitos pessoais, reprodutivos e sexuais dos cônjuges."

Benício começou a ler as cláusulas e parecia inconcebível o que estava lendo. Três páginas minuciosamente detalhadas sobre como, em caso de agressão física, sexo não consensual ou assassinato conjugal envolvendo crime de honra, ele poderia ser devidamente processado por quebra de contrato e multado em sete milhões de contos de réis.

No dia seguinte, pouco depois do almoço, Benício dirigiu até a Importadora, mas foi avisado lá que a Doutora Vitória estava em casa naquela tarde. Melhor ainda, seria mais fácil para conversar aquele assunto delicado.

 Ah, olá, Benício. – Disse Vitória ao ver Benício adentrar seu escritório.

 Olá, Doutora.

 O que lhe trazes aqui?

Benício retirou o contrato de dentro do paletó e entregou a Vitória.

 Não está assinado... – Comentou ela, folheando as páginas.

 Não.

 Por quê? – suspirou.

 Olhe, eu entendo perfeitamente que queira proteger seus bens, mas, francamente, Vitória, o que são estas últimas cláusulas!?

Vitória revirou os olhos sabendo muito bem aonde aquilo iria terminar.

 Eu, protegendo meu bem mais valioso. Minha integridade física e moral. Só.

 Achas mesmo que eu faria qualquer coisa dessas contigo?

 Eu não acho coisa alguma. – riu.

 Então, por que queres que eu assine isso?

 Por que não é uma questão sobre o que farias ou não. É sobre o que podes fazer. Estás realmente tão ofendido assim por precisar pagar uma multa caso me agrida?

 Sim! Por que pensas que eu, em hipótese alguma, faria isso!? Depois de tudo o que passamos com Lourenço!

 Meu Deus do céu, homens realmente não enxergam além do próprio pau, não é mesmo?

 O quê!?

 Sabes por que tivemos que passar por tudo aquilo com Lourenço? Por que ele nunca fizera nada de errado perante a lei! Não importa o quão horrível e monstruoso tenha sido o que ele fez, ele podia fazer. E fomos obrigados a sujar as mãos de sangue porque a justiça não era capaz de proteger tua irmã!

 Eu não sou, nem de longe, como ele!

 Quer que eu lhe parabenize por isso!? Eu vivo no mundo real, Benício, e, no mundo real, o príncipe não tira a princesa da torre, carrega no colo até o cavalo e os dois vivem felizes para sempre. No mundo real, o príncipe derruba a princesa do cavalo e chuta-a no estômago por não querer dar atrás de um arbusto.

 Eu não me importo que não durmamos juntos, Vitória! Eu me importo com o fato de precisar assinar um contrato absurdo como este como se eu pudesse se quer cogitar fazer qualquer coisa dessas.

 Talvez não cogites. Talvez sejas o tipo de príncipe que todas nós pedimos a Deus. – Disse Vítoria, um tanto sarcástica. – Benício, do fundo do meu coração, eu não acho mesmo que farias nada do tipo. Mas eu precisarei conviver todos os dias com o fato de que não há absolutamente nada que o impeça. Nada!

 É assim que iremos começar? Passar o resto da vida um com medo do outro sem motivo algum?

 Seria a realidade para mim de qualquer forma. Ou pensas que minha relutância em casar é uma questão de capricho ou orgulho? Eu gostaria muito que minhas únicas preocupações fossem vestidos bonitos e flores, mas não é assim.

 De todas as tuas preocupações, essa – tomou o contrato em mãos – não deveria ser uma.

Benício deu as costas e saiu apressadamente do escritório. Vitória chegou a levantar para ir atrás dele, mas ele já estava no fim da escada em direção à porta.

Durante o resto do dia, Benício ocupou-se de trabalho até não conseguir mais pensar em seus outros problemas. Estava saco cheio do casamento que nem se quer aconteceu ainda. Já estava tarde, permanecera no escritório para não precisar ir para a casa e ser obrigado a lidar com problemas que não queria. Olhava pela janela de seu escritório enquanto acendia um cigarro e observava a rua quando notou que o carro de Marieta ainda estava estacionado ali. Foi até o andar da contabilidade e deu de cara com a irmã sozinha e debruçada sobre uma das mesas em meio a uma infinidade de papéis.

 Nêta! – Disse Benício, baixinho, sacudindo o ombro da irmã. Marieta levantou-se de súbito.

 Benício... – Murmurou ela, sonolenta.

 O que fazes aqui a essas horas?

 Uma das garotas faltou e eu fiquei para terminar o trabalho dela.

 Marieta, não precisas fazer isso. – riu.

 Foi apenas um favor. Gosto de ser útil.

 Venha, deixarei-lhe em casa.

 Sim, por favor. – olhou o relógio – Dirija rápido, quero poder dar um beijo de boa noite nas crianças.

 Você pedindo para que eu dirija rápido!? É mesmo o fim dos tempos. – riu.

 Engraçadinho. Podes mandar que deixem meu carro em casa amanhã cedo?

 Claro. Não virás amanhã?

 Não, irei com Vitória escolher os sapatos do casamento.

 Ah, é mesmo? – revirou os olhos.

 Sim, agora que já ela já escolheu os vestidos.

 Os vestidos?

 Sim, ela usará dois. – sorriu – Um para a cerimônia e outro para a festa. São tão lindos!

 Deve ser hilário ver Vitória cercada de apetrechos de casamento.

 Eu achei que fosse ser mais difícil, mas ela está aproveitando, no fim das contas. Ela é um pouco rabugenta, é claro. E difícil de agradar. – riu – Mas, quando ela bateu o olho no vestido da festa e abriu aquele sorriso lindo eu, particularmente, quase chorei de emoção.

 Mesmo?

 Ela estará linda! Desafio-lhe a não desmaiar quando vê-la entrando na igreja. – riu – Deus, que fome! – comentou – Estou apenas com o almoço.

Benício sentiu o estômago embrulhar ao escutar a irmã falar de seu casamento. E mais ainda por ver que ela passara o dia inteiro trabalhando, mesmo não precisando. Marieta tinha uma dedicação rara com tudo o que se propunha a fazer. Aquilo explicava muita coisa.

 Nêta, espere-me aqui enquanto eu vou na minha sala, pode ser?

Chegando em seu escritório, Benício foi até sua mesa e procurou o maldito contrato que tanto o importunou a cabeça durante o dia. Ao encontrá-lo, pegou uma borracha e começou a apagar os riscos e anotações a lápis feitos por seu advogado mais cedo naquele dia. "Louca, aquela mulher é completamente louca!", dizia o advogado enquanto lia o documento e riscava uma porção de coisas. Ao terminar de apagar, encarou o papel mais uma vez e respirou fundo. "Quem está ficando louco sou eu.", pensou. Assinou e rubricou as páginas e o pôs em um envelope. Deixou o invólucro junto de um bilhete na mesa de sua secretária: "Enviar à Doutora Vitória pela manhã".

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