Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo LXXX - Desde aquele pôr-do-sol

Benício estacionou o carro na frente da casa de Vitória. Ao contrário do ano anterior, aquele estava sendo um inverno consideravelmente mais frio. Os dois ficaram sentados no carro respirando o ar gelado da noite e escutando o próprio silêncio por um tempo. Não era um clima ruim ou estranho, era agradável.

- Bem, boa noite. - Disse Benício, rompendo o silêncio.

- Queres entrar? - Perguntou Vitória ao invés de dizer boa noite.

- Certeza?

- Claro. - sorriu.

- Tudo bem, então.

Os dois entraram e a casa estava silenciosa, mas Sofia havia deixado as luzes acesas. Deixaram os casacos e chapéus no cabideiro da entrada e seguiram até a sala. Vitória colocou as fotos que carregava em cima da estante e depositou sobre elas uma pequena pombinha de bronze que tinha como decoração para que não voassem. Da sala, foi para a biblioteca e Benício seguiu-a. Ela ligou o rádio e tentou sintonizar na única estação que tocava música àquelas horas. Tocava uma valsa brasileira que ela não conhecia quando finalmente conseguiu encontrar a estação. Sorriu e começou a tirar a fivela dos sapatos, ficando de meias no assoalho.

- Algo para beber? - Perguntou Vitória.

- Seria bom. - Respondeu ele, um pouco intrigado com as intenções dela.

Vitória foi até a sala e retornou com dois copos do que, pelo cheiro, Benício reconheceu como a cachaça dourada que ela tanto gostava. Um tímido brinde e viraram o primeiro gole. A música que estava tocando acabou e o rádio emitiu apenas ruídos por alguns segundos. Benício encarou Vitória por cima do copo. Ela parecia aérea, com a cabeça processando um milhão de pensamentos. Mas aparentava estar feliz, com um sorriso bobo, mais nos olhos que na boca, colorindo seu rosto enquanto bicava a aguardente e viajava nas próprias ideias.

- Pareces pensativa. - Comentou Benício.

A música seguinte começou; uma outra valsa desconhecida, um pouco mais lenta que a anterior.

- Pensando no que dizer... - Respondeu ela.

- Queres dizer algo?

- Sim. - pôs o copo na mesa - Dança comigo?

- Bem, eu... - riu - Claro.

Benício terminou de beber o que restava em seu copo, colocou-o e lado e tomou Vitória pela mão e pela cintura. Enrolaram-se ao não saberem para que lado começar e riram, logo depois pegando o ritmo da música. A biblioteca não era um salão de baile, mas tinha um bom espaço para dançarem caso prestassem atenção para não derrubar nada das estantes. Ele a rodopiou e ela retornou mais perto do que estava antes. Tão perto que ela simplesmente soltou a mão dele e percorreu o caminho de seu até o ombro. Mais perto ainda ela ficou quando mão livre de Benício uniu-se a outra em suas costas. Seus pés não saíam mais do chão, seus corpos apenas balançavam em um ritmo mais lento que o da própria música. Vitória deitou a cabeça no ombro dele. Quando levantou, Benício sentiu os lábios dela em seu pescoço gentilmente deixarem marcas a cima de seu colarinho. A música acabou. Apenas ruídos.

- Eu não sou boa nisso. - Murmurou Vitória, ainda com a cara enterrada em seu pescoço.

- Em quê? - Perguntou Benício.

- Muitas coisas. - suspirou.

- Que específico.

Outra música começou, lenta como a anterior e um pouco menos melancólica. Os dois ficaram em silêncio, agarrados tranquilamente como se o fizessem de maneira corriqueira todo dia após o jantar.

- Ganhaste-me naquele dia. - Disse Vitória, calmamente, quebrando o silêncio.

- Que dia?

- Na Gávea, quando vimos o sol se pôr. Aquele dia foi tão bonito. - sorriu - Eu estava deitada no teu peito, como agora, olhando o céu... Tínha-me na palma da mão. Eu fechei os olhos e só consegui pensar que nunca mais queria sair dali.

- Não deveríamos ter saído dali.

- Se soubéssemos o que nos aguardava aquela noite... Teríamos saído dali direto para o hangar e voado para bem longe.

- É. - riu - É algo que eu teria feito.

Mais uma vez ficaram em silêncio. Benício encostou a cabeça no topo da cabeça de Vitória, inspirando profundamente o cheiro de seu cabelo.

- Vitória, eu preciso perguntar...

- Sim?

- Arrepende-se?

- De quê?

- Do nosso primeiro encontro. No Copacabana Palace, quando nós...

- Não. - Respondeu ela, séria.

- Mesmo? Mesmo com tudo que...

- Eu faria de novo. Tudo de novo. Sei que sabes disso.

- Entendo.

- Eu perguntaria se arrepende-se de casar comigo, mas acho não seria uma pergunta muito justa.

- Eu faria de novo.

- Mesmo? - ergueu a sobrancelha.

- Não. Não mesmo.

- Tua honestidade é frustante e encantadora. Nunca entendi como alguém com tanta lábia consegue ser tão sincero.

- Talvez eu não tenha tanta lábia assim.

- O charme, o maldito charme. A Noite na Taverna soaria como Baudelaire na tua boca. - Brincou Vitória. Benício riu.

- Mas, como a pergunta foi outra, não, não me arrependo. Eu gostaria que algumas... Muitas coisas tivessem sido diferentes. Mas arrependimento infere em desejar desfazer aquilo que nos trouxe até aqui. E eu não me permito isso.

- Arrependimento machuca. É um sentimento amargo cruel.

- Verdade.

- Mas ele ensina.

Vitória ergueu a cabeça e, ainda com os braços em volta de seu pescoço, afastou o torso para olhar em seus olhos.

- O que foi? - Perguntou ele.

- Eu te amo.

- O quê?

- Não finja que estás surpreso.

- Vitória, eu... - riu.

- A vida tirou muita coisa de mim. A sociedade tirou-me outras. Meu orgulho e meus medos... Não deixarei que eles tirem nada, nunca mais. Se o teu coração ainda me pertence, eu...

Vitória não tinha a intenção de terminar aquela sentença em voz alta para que pudesse terminar nos lábios dele. E, com avidez e impaciência, Benício tomou a boca dela na dele, abraçando-a com tanta força que ela pôde sentir os calcanhares saindo do chão.

- Sim. - Disse Benício ao romperem o beijo. - Ainda é teu.

- Bem... Sorte minha. - sorriu - Havia muita coisa no meu coração na qual eu precisava me desfazer. Muita coisa nele que precisava sarar para que finalmente pudesse ser sincera comigo mesma. Mas ele é teu. Desde aquele pôr-do-sol.

- O dia que eu disse que te amava... Não era certo. Eu sabia, no fundo, que não estava pronto, que não era o momento. Apesar de ter sido sincero, talvez faltou em mim paciência para consertarmos certas coisas.

- Bem, eu acabei precisando consertar você. Literalmente.

Os dois riram um para o outro. A música acabou e a sala foi ocupada pelos chiados do rádio novamente. Encostaram as testas e fecharam os olhos até que a próxima música começasse.

- Eu costumava achar que casamento era uma prisão. - Disse Vitória.

- O que te fez mudar de ideia?

- Eu não disse que mudei. Mas, por alguma razão, eu passei a apreciar a companhia do carcereiro.

- Bem, eu... Sinceramente? Ainda estou processando essa frase. Isso deveria ser romântico ou...?

- Benício, eu não acredito em amor eterno. Ou incondicional. - Disse Vitória, olhando nos olhos dele. - Eu não devo fazer as promessas absurdas que a pequena voz da paixão inconsequente está implorando para que eu faça. - suspirou - Mas, meu amor, te dedico a minha afeição e tudo que prometo é a minha companhia.

- Eu não espero mais. - Respondeu ele. - E não te prometo nada menos.

- Nos bons e maus momentos?

- É claro. - sorriu - Mas chega de maus momentos, já tivemos o suficiente.

Benício a beijou novamente e sentiu o sorriso dela nos lábios. Não pôde evitar sorrir também.

- Quanto tempo até que não nos suportemos mais? - Perguntou Vitória.

- Se ela não tratar nos separar antes... - riu - Uma vida inteira, eu espero.

- Até que a vida nos separe, então?

- Até que a vida nos separe.

▪ ▪ ▪ ◇ ▪ ◇ ▪ ◇ ▪ ▪ ▪

Fim.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro