Corte de Luz e Trevas
As tramas do destino não se enredavam a seu favor. Um de seus medos mais íntimos, que preservou durantes anos desde sua infância reservada e repleta de intransponíveis obstáculos no quesito saúde, vinha a ser a aflição inconsciente a hospitais e tudo estritamente relacionado. Por mais que tivesse ciência de que o ambiente, tudo que nele implantaram, era alinhado a um propósito maior e para o bem da comunidade, não aquietava a apreensão instintiva ao atravessar a entrada cujo branco imaculado dominava somado ao odor tão característico de produtos químicos que utilizavam para esterilização.
Engoliu sua divagações amedrontadas, procurando pelo leito de Jack Atlas que segundo sua, pouco prestativa, informante se encontrava após um suposto acidente que o impediu de realizar alguns dos eventos marcados em conjunto. Havia conversado com o rapaz não fazia nem três dias, surpreendida pela agradável companhia, sabendo em cima da hora a respeito da ocorrência. A explicação que lhe foi passada tinha vindo de Goodwin que fizera questão de comunicá-la e contar superficialmente a causa para prestar contas devido aos desmarques, sem expor nenhum pormenor comprometedor.
Foi automático, assim que fora notificada, saiu de seu quarto as pressas direto para onde o levaram. Não tinha certeza do motivo de ter ido, se convenceu de ser uma educada visita e uma demonstração de preocupação amigável, contudo, sentia como se seu corpo se movesse sem sua totalmente permissão, que seus pés desajeitadamente ágeis percorressem os corredores por uma finalidade desconhecida e indolente a sua vontade.
Não negava a grande simpatia que nutria por ele provinda da primeira impressão que tiveram e que realmente se assustou com a notícia, arrancando-a de sua tranquilidade resignada. Impulsionada pela empatia, averiguou placa por placa nas portas indicando os respectivos números, aliviada ao comprovar o de Jack. Ouviu os protestos dele antes de girar a maçaneta, confirmando que ali era o lugar correto. Com discrição, adentrou o recinto com o Rei impaciente esbravejando que estava bem mesmo com a insistência de Sagiri Mikage, a assistente pessoal do profissional, em sua permanência para que os médicos pudesse liberá-lo sem grandes transtornos.
Em sua perspectiva, um tanto quanto atrasada, ele aparentava estar em boas condições levando em consideração que sofrera um acidente.
– Senhorita Reinhard – Sagiri Mikage fora a primeira a reparar em sua presença, embora não houvesse muita disposição favorável em vê-la.
– Freya. O que faz aqui? – a amplitude feroz de sua voz diminuiu ao pronunciar seu nome, o que alfinetou ligeiramente a mulher ao seu lado.
– Contaram o que houve e vim ver como estava. Creio que tive sorte de ter chegado a tempo antes que surgisse a oportunidade para escapar das dependências do hospital – comentou com um sorriso cheio de amabilidade. – Como se sente?
– Ótimo, portanto não tenho mais necessidade de ficar – respondeu recolhendo seu casaco assinatura.
– Senhor Atlas, por favor.
– Estou bem. Posso muito me recuperar na minha casa – murmurou rispidamente.
– E o que aconteceu... Exatamente? – sua audaciosa indagação calou momentaneamente o duelista.
– Um acidente. – mirou o braço enfaixado, como se elas encobrissem algo que lhe trouxesse emoções conflitantes.
– Eu vou chamar um médico, por favor, espere, Senhor Atlas.
Jack crispou os lábios, mas não gastou energia reclamando como fizera minutos atrás.
Assim que Mikage saiu e o som ritmado de seus passos se distanciaram, Freya decidiu se aproximar incerta de que seria uma boa ideia. Jack não apresentou mais um comportamento irredutivelmente rebelde como minutos anteriores que denotava sua pouca colaboração em ainda ser observado, optou pelo silêncio de resguardo, entretanto, sem sinal de que não desejava que ela ficasse. Segurou gentilmente o braço do rapaz, tracejando as ataduras com extremo cuidado para evitar uma possível dano em um ponto já lesionado.
– O que está fazendo? – inquiriu, intrigado.
Sem dizer uma única palavra, Freya pousou a mão poucos centímetros do braço do rapaz, reunindo todo seu vigor e forças naquela região ferida. Mergulhou profundamente nesse objetivo, experimentando uma queimação terna que navegava lentamente por toda extensão de seus dedos delgados, emitindo um brilho tímido que envolveu o duelista em seu escopo. Algo borbulhou, uma chama ardente, em resposta a ação, sem, todavia, lhe atrapalhar em cumprir sua missão pessoal na qual se dedicara. A carga energética atraiu sua atenção ao se materializar, por uma fração de segundos, em um dragão vermelho em sua resplandecente aura miraculosa. Impressionada com a imagem, recuou, ofegante.
– O dragão daquele dia – sussurrou perplexa.
Jack removeu a faixa revelando a lustrosa marca de nascença carmesim em contraste com sua pele alva. Com feições mais endurecidas, porém, sem hostilidade, checando a mobilidade e a reação de seus músculos ao seu exercício breve de cerrar e abrir os punhos.
– O que você fez? – a seriedade encravada em sua pergunta não deixavam dúvidas que ele tinha interesse em tomar conhecimento do que acabara de suceder. – O que você é?
Subitamente, se ressentiu de sua própria sensibilidade, abraçando seus cotovelos para proteger suas emoções desestabilizadas e impedi-las de escapar de seu controle. O ato não passou despercebido pelo Rei que mudou sua postura ao abordá-la, lembrando de que mal a conhecia e que não tinha direito de desconfiar de alguém que, em tese, curou seu braço fraturado.
– Obrigado – recolocou sua interceptação, esboçando uma expressão mais serena. – E desculpe se a assustei.
– Não se preocupe, normal alguém estranhar tal coisa. – se recompôs, o fitando.
– Você é uma psíquica ou algo assim? – vestiu o casaco, sem parar de encará-la.
Já lhe fora mencionado tal nomenclatura há anos como hipótese para explicar suas habilidades, sem nenhuma comprovação mediante aos exames e estudos. Duelistas Psíquicos, sobretudo os integrantes do Movimento Arcádia, tem uma reputação pouco louvável na sociedade, sendo considerados altamente voláteis e perigosos uma vez que seus poderes afetam diretamente as pessoas. E o que a difere de um, além da manifestação dos poderes, são os efeitos que desencadeiam em seu corpo, como se quanto mais usasse mais lhe drenasse; uma troca desleal.
– Não sei dizer. Nem mesmo eu sei – disse com sinceridade. Jack se encaminhou para a porta e com semblante passivo, exclamou:
– Vamos. Não quero ficar mais que o necessário aqui – sem muito o que falar, concordou, seguindo-o pelo corredor parcialmente vazio.
– Não seria melhor esperar sua assistente?
– Não. Ela saberá onde me encontrar. – acelerou para não perder o jovem de vista tamanha sua pressa em sair dali. – Quer tomar um café? – a interrogativa dócil a pegou desprevenida.
– Claro, claro. – ambos se acomodaram no luxuoso carro e, com as instruções de Jack, o motorista os levou para uma cafeteria em uma boa localidade na zona próxima ao centro da cidade na qual havia uma série respeitável de estabelecimentos de prestígio. Sem se importar com os olhares incisivos e admirados que lançavam ao casal, o rapaz se sentou em uma cadeira vaga e indicou que Freya fizesse o mesmo.
Inúmeros pensamentos povoaram sua mente, principalmente referentes ao curto período de tempo que se aproximaram – menos de quatro dias. Apesar de conhecê-lo pelos tabloides e pouco na vida pessoal, gostava da ideia de estabelecer um vínculo e uma relação de amizade com ele. Não sabia se era sinal que seu senso de julgamento fosse deturpado ou se Jack Atlas tinha algo especial, contudo, a sinceridade dele lhe comportava na realidade e não no mundo limitado de uma prisioneira na qual se acostumou.
Com a chance de enxergá-lo fora de uma redoma, Jack tinha um jeito excêntrico e seus trejeitos imponham respeito, entretanto, também possuía gestos mais exasperados como se sua construção de temperamento se encurtasse caso fosse contrariado como testemunhou no hospital.
– Acho que sua assistente não gostou muito de mim – comentou cautelosa.
– Não se preocupe com isso – disse bebericando, com classe e pompa, o café que lhe trouxeram com certa rapidez providenciada pelo poder aquisitivo do Rei, como também, pela fama. – Ela não interfere nos meus assuntos, além disso, é o trabalho dela apenas me assessorar.
– E como seu braço está? – indagou, olhando-o com curiosidade.
– Bem graças ao que fez.
Freya reparou que havia um desenho de rosa na espuma cremosa do seu latte, instigando-a a não tomar logo com receio de estragar a arte preparada por algum talentoso funcionário do local.
– Então... Seu acidente teve a ver com o Dragão Vermelho?
Jack pigarreou, por pouco não perdendo a compostura.
– Como você sabe? – a reação dele o denunciou de imediato.
– Eu vi, Jack. Ele apareceu dias atrás e também quando tive contato com sua marca. – assumiu uma atitude mais confiante. – Não sou a única a ter segredos, não é?
– Eu não sei tanto quanto gostaria. – deu alguns goles no café, totalmente composto.
– Entendo que não nos conhecemos apropriadamente, mas estamos noivos, querendo ou não, teremos que aprender a conviver juntos e confiar um no outro – discursou com determinação. Uma verdade nisso era que precisavam ter conhecimento mais preciso um do outro, independente de terceiros.
– Você tem razão, Freya. – levantou com o olhar destemido. – Só há um modo de termos essa conversa para ter absoluta certeza de que é confiável o suficiente: através de um duelo.
×××
Freya encarou o capacete com expectativa visualizando seu reflexo no visor e acalmou a ansiedade crescente em ter a chance de um confronto direto com o Rei – que também, por uma estranha ironia do destino, era seu noivo. Deu um último ajuste em seu traje de duelo e se preparou psicologicamente para o embate mais inesperado da sua vida desejando estar a altura de alguém mais poderoso e experiente como Jack a esperava em seu D-Wheel pronto para acelerar. A pista no qual realizariam o combate estava reservada por ordens diretas do rapaz para que não houvessem espectadores curiosos que atrapalhariam o diálogo proposto através da euforia e do calor de uma batalha.
Montou no novo D-Wheel projetado para remeter a anjos e sua graça celestial, recebendo o codinome de Astral Arcanjo, já que abandonou o antigo em Satellite. O ronronar do motor e a leve vibração ascenderam o pavio da adrenalina que rastejou por seu sistema nervoso e aqueceu seus músculos. Como um bom profissional, Jack tomou a dianteira e Freya conduziu, com uma precisão invejável, AA para perto de Wheel of Fortune com os pneus quase rasgando contra o pavimento regular e, talvez por sorte, alcançou a primeira curva, sendo dela o primeiro saque.
– Puxar.
Em uma avaliação veloz, constatou que em sua mão havia: Draining Shield, Minerva Scholar of the Sky, Hecatrice, Atena e Hanewata. Algo que a deixava segura na primeira rodada, embora tivesse plena consciência de que Jack não perderia tempo para pôr em campo seu monstro Ás: Red Dragon Archfiend.
– Aqui seremos apenas adversários, Freya. Não vou pegar leve com você, então não esqueça das minhas palavras! – anunciou com ferocidade de um guerreiro prestes a atacar com suas presas destrutivas.
– Veremos do que o Rei é capaz.
Sorriu em satisfação, orgulhosa com a com a sequência de eventos que lhe presentearam com uma disputa acirrada com o atual Rei dos Duelistas utilizando toda a sua força devastadora e maestria, como também pela possibilidade de mostrar uma dose de seu potencial latente e porque fora escolhida para merecer o título de rainha. Fitou as cartas presentes em sua mão, já tendo em mente a tática que executaria para o ato inicial.
– Da minha mão, ativo o efeito de Hecatrice! Enviando este card para o cemitério, posso adicionar do baralho à minha mão a mágica contínua Valhalla, o Salão dos Caídos! – Exclamou enviando o monstro para o cemitério e incorporando a carta que acionou automaticamente de sua plataforma em resposta a ativação do efeito proposto, adicionando a barra de suporte que definia como a mão onde se encontrava outras três cartas.
– Invoco Minerva, scholar of the sky em modo de ataque. – inseriu o card de monstro posicionado no disco com face para cima, fazendo com que logo ao seu lado direito emergisse, de um círculo uma entidade de aparência angelical, manuseando um cajado dourado com adornos brancos e possuindo como destaque um cristal esverdeado em sua ponta. Outros detalhes notáveis eram o seu elmo de ouro com ornamentações coloridas em azul escuro e verde, um livro que carregava em sua palma esquerda e um anel que circulava bem abaixo de seus joelhos. – Coloco uma carta virada para baixo e encerro minha jogada.
– Finalmente é minha vez. Lhe mostrarei porque sou conhecido como Rei! – Bradou o loiro com arrojo e excessivamente confiante de suas habilidades. Jack mirou a sua mão esboçando um sorriso ligeiro e pegando um de seus cards monstros.
– Contemple, Freya! O duelo digno de um Rei! Quando o meu oponente controla um monstro e eu nenhum, posso trazer da minha mão por invocação especial o Vice Dragon, se isso acontecer os pontos de ATK e DEF dele são cortados pela metade. Apareça, Vice Dragon! – proferiu dispôs o card em seu disco e assim fazendo com que um Dragão, de porte médio e escamas roxas com três garras afiadas nos três dedos de ambas as patas da frente, surgisse.
Freya embaraçosamente notou como sua pele se arrepiou com a miríade de sensações despertas.
– Em seguida, invoco o Dark Resonator da minha mão! – A loira arregalou um pouco os olhos, conhecendo bem a numeração do nível de ambos os monstros com a certeza de que Jack estava prestes a convocar o seu mais poderoso servo.
– Eu sintonizo o meu Dark Resonator de nível três com o meu Vice Dragon de nível cinco! – O corpo do ressonador emitiu uma luminescência esmeralda, que se dispersou em três feixes de luz que se prontamente constituíram anéis espectrais envolvendo corpo do Vice Dragon. O dragão reluziu liberando mais cinco globos ao lado do D-Wheeler profissional.
– Os Punhos do Rei ressoam através do Céu e a Terra! Invocação-Synchro! – Um pilar de ofuscante implodiu com um ruído agudo que reverberou pelo campo, brandindo através de uma rajada de vento desnorteante, insurgindo um ameaçador dragão de cobertura cerosa avermelhada e negra com um par de chifres brancos, cuja figura que arroga autoridade e perigo de uma entidade demoníaca. – Minha alma! Red Dragon Archfiend!
Arfou com a eminência da besta draconiana.
– Red Dragon Archfiend, ataque a Minerva Scholar of the Sky! – O Dragão rugiu em resposta ao comando de seu mestre, esticando suas duas majestosas asas e as batendo para voar ferozmente contra a anja guardiã da moça em alta velocidade canalizando sua energia em chamas infernais na sua palma destra materializada em esfera escarlate. – Trema perante o balançar do Martelo Escarlate! Poderio Absoluto! – Freya pôde desfrutar de um deleite de um verdadeiro desafio, um sentimento solene e, sem dúvidas, retribuiria com igual intensidade.
– A arrogância te levará a derrota, Senhor Rei! Eu disparo minha armadilha! Draining Shield! – A carta antes posta com face para baixo pela loira, ergueu-se conforme sua imperativa ordem e revelando a gravura de um guerreiro protegido de um assalto de uma criatura por um escudo energético. – Essa Armadilha nega o sua impulsiva investida e me concede Pontos de Vida iguais aos pontos de ataque do monstro atacante!
– Nada mal... – Sussurrou para si mesmo. – Vamos ver até onde consegue ir. Ponho duas cartas viradas para baixo e encerro minha vez! – aclamou, introduzindo duas cartas na zona de mágicas e armadilhas.
– Meu turno! – entoou em júbilo, comprando uma carta do seu baralho e direcionando o seu olhar para o que havia sacado enquanto ambos os duelistas recebiam mais um contador de velocidade. Freya observou cautelosa os cards em sua posse, bem ciente de que usar Valhalla estava fora de cogitação por hora, afinal, Minerva permanecia no campo e Salão dos Caídos só permitiria que ela trouxesse por invocação-especial um monstro do tipo Fada caso ela não controlasse nenhum.
Felizmente, o baralho atendera a empolgação da jovem, lhe dando um card conhecido como Honest. Um fator que poderia fazer a balança pender à seu favor. Sua tarefa primordial seria segurar as coisas por um tempo. Organizou sua mão, acumulando cinco cards. Com as opções mais inviáveis dadas as circunstâncias, teria que deixar Minerva possivelmente ser destruída por Jack, arriscando assim ao mudá-la para defesa.
– Encerro minha vez. – girou a marcha e acelerou seu D-Wheel para tomar a frente do Rei.
– Não pretende baixar nada e nem invocar outro monstro? Está se rendendo? Se continuar assim não fara jus ao título de rainha! – Comentou com uma pontada de sarcasmo, acompanhando a rival com seu Dragão voando rente a si.
– Não desisti ainda. Venha com tudo que tiver. – seu espírito se preencheu de vitalidade ao desafiá-lo abertamente.
Recordou por um instante de uma de suas memoráveis lutas com outra prodígio da Academia das Rainhas, Ran Kobayakawa, que se auto declarava sua rival fervorosa e como se divertiu com cada segundo que durou o duelo.
Reviver a euforia daquele dia lhe agitou, pois sua obstinação se baseava nas sua privações e que era uma válvula de escape, onde aproveitava a liberdade.
– Já que é assim, é a minha vez! – Jack Atlas puxou um card, olhando seus contadores de velocidade que marcavam uma adição no projetor. – Revelo minha armadilha: Renascimento Poderoso! Ele permite que eu reviva um monstro do meu cemitério de nível 4 ou menor, aumentando os seus pontos de ATK e DEF em 100 tal como acrescentar um nível à mais. E eu escolho o Dark Resonator em modo de ataque. Os pontos de ataque dele são o bastante para derrotar a sua Minerva em posição de defesa.
Contrariando as estatísticas e a confidência do concorrente, a bruxuleante chama de virtuosa intrepidez não desapareceu das orbes claras de Freya que, sem transparecer, ansiava por um golpe impiedoso para devolver com o dobro de potência. Jack girou seu D-Wheel, uma performance bastante atrevida de seu repertório, passando a dirigir de ré, sem pestanejar, apontava para Minerva, ordenando que Dark Resonator atacasse. – Retire Minerva do campo agora! Ataque, Dark Resonator! – O pequeno regulador avançou para cumprir seu objetivo primário e findar a fada com seu 400 pontos em comparação a seus 1300 de ataque que, ao bater de suas duas hastes, a eliminasse. Por mais que Freya ainda tivesse 7000 pontos de vida restantes, sofrendo um ataque direto do Red Dragon Archfiend configuraria um enorme problema pelo qual teria que contornar, bem prevenida da táticas mais agressivas do Rei.
– Já estou conseguindo ver a linha de chegada – anuiu certo de sua vitória, coordenando que seu dragão avançasse implacavelmente contra a duelista. – Tome isso! Poderio Absoluto! – O dragão rugiu, pronto para aplicar o seu golpe incandescente, infligindo um dano consistente, de modo que, voltasse a ter 4000 e se equilibrassem com o LP do destemido jovem Atlas.
Indiferente a rispidez e a truculência da ofensiva, recobrou a postura e o controle do D-Wheel, dirigindo com elegância. Agora para Jack, apenas restava a fase final.
– Foi uma excelente modelo de resistência perante o meu Red Dragon Archfiend. Devo parabenizá-la. Agora prove que fará algo ou se tudo que disse não passa de promessas vazias. Encerro meu turno.
Resfolegou, reavivando sua coragem, somada ao ímpeto competitivo. Era estranho que estivesse forjando um elo com Jack por intermédio de uma legítima disputa, entretanto, a veracidade daquilo não a chocou.
– Muito bem, aqui vou eu! Meu Turno! – elucidou em eufórica contemplação, tirando uma carta e notando que, desta vez, havia pego uma armadilha resposta do seu arquétipo, conhecida como Renascimento de Parshath. Neste momento, ganhando o total de cinco contadores de velocidade. – Da minha mão, ativo a carta mágica contínua Valhalla, o Salão dos Caídos! – comunicou. – Quando não controlo monstros, posso, uma vez por turno, invocar um do tipo fada sem pagar tributo. Nos abençoe com sua vasta sabedoria, Atena! – uma mulher de túnica branca e equipada com algumas estruturas de armadura, ostentando um elmo de prata resplandecia com elegância e firmeza digna da divindade da guerra, armada com uma lança prateada na mão direita e um escudo da mesma cor adornado com símbolos dourados no antebraço canhoto.
Locomoveu-se pela pista mais familiarizadas com as curvas e linhas retas.
– Trago Hanewata. – a criaturinha felpuda amarelada saltou próximo a Atena. – E com isso você leva 600 pontos de prejuízo graças ao efeito de Atena. – Ao explicar a habilidade especial da guerreira divina, a deusa apontou sua lança para Jack Atlas projetando um rastro de fogo que reduziu seu LP à 3400.
Jack não baixou a cabeça com o impacto que o sacolejou. Aquilo o tornou mais sedento para reafirmar o quão apto era.
– Sintonizo o meu monstro regulador Hanewata de nível 1 com a minha Atena de nível 7! – ambos se alinharam para que dessa união prospere a glória de seu Ás. – Quando a luz da justiça desponta no horizonte, ouça o meu clamor divino. As asas do anjo se estendem pelo céu para rasgar a escuridão! Invocação Synchro! Apareça, Avenging Knight Parshath! – um badalar de sinos eclodiu como se proclamasse a entrada de um membro da corte dos céus; cavalgando sempre fiel e dedicado junto a sua senhora, um ser que se assemelhava a um centauro centauro de pelagem branca composto para guerrear.
– É poderoso, mas não é páreo para o meu Red Dragon Archfiend. – mirando o ser celeste com indolência.
– Ainda não. – Cerrou as pálpebras certa da evidente diferença das duas criaturas, entretanto, tinha suas cartas na manga. – Ativo a habilidade especial do Avenging Knight Parshath! Uma vez por turno, posso escolher um monstro com face para cima no campo de meu oponente e mudar sua posição para modo de defesa e eu escolho o Dark Resonator como alvo da habilidade do meu guardião, Julgamento Santificado! – com estes dizeres, o pequeno demônio se encolheu e prostrou em posição defensiva pelo Arcanjo.
Uma fisgada dolorosa atravessou seu peito, a atordoando. Bloqueou a sensação angustiante para o recanto mais esquecido de sua mente, querendo dar tudo de si no que estava prestes a concluir:
– Batalha! Avenging Knight Parshath, ataque o Dark Resonator com a Punição de Luz! – o cavaleiro campeou em alta velocidade desferindo um corte de sua espada que destruiu seu alvo, com o dano perfurante que ocasionou uma diminuição de 2300 pontos para o Rei, lhe sobrando 1100.
Wheel of Fortune se instabilizou por um instante, o que facilmente fora contornado pelo profissional.
– Impressionante, Freya. – sorriu com seu saque. – Ativo a mágica Monster Reborn! Com ela posso reviver um monstro do cemitério. Retorne, Vice Dragon. – sua voz ressou pelo espaço com o rosnar estrondoso, ressurgiu o dragão antes utilizado como matéria Synchro. – Em seguida, invoco da minha mão o regulador Force Resonator! – uma criatura bastante parecida com Dark Resonator apareceu. – Eu sintonizo o meu monstro regulador de nível 2 Force Resonator com o Vice Dragon de nível 5!
Está vindo, Freya pensou.
– Os Punhos do Rei ressoam sobre os céus. Com o seu martelo da vitória, despedace a terra! Invocação Synchro! Apareça, Exploder Wingdragon!
Respirou fundo.
O que Jack possuía em vaidade de um Rei, tinha em competência.
– É hora de finalizarmos isso! Batalha! Exploder Wingdragon ataque o Avenging Knight Parshath! – franziu a testa, não estranhando o avanço tão direto. De qualquer forma, seria insensato se avaliar que seu Parshath detinha 2600 e o Exploder Wingdragon, 2400. – Neste momento, ativo a habilidade do Exploder Wingdragon! No começo da Etapa de Dano, se este card batalhar com um monstro adversário, ele pode destrui-lo caso tenha pontos de ataque igual ou maior que o dele. E se acontecer, você leva dano igual aos pontos de ataque do monstro destruído!
Que virada.
Freya assustou-se, percebendo que cometerá um deslize que seria tarde demais para atrasar o inevitável. A armadilha baixada era o Renascimento de Parshath e não poderia acioná-la, pois não existia outra armadilha de resposta na mão.
– Isso não é tudo, o monstro regulador que eu usei como matéria, Force Resonator concede uma habilidade à mais para o monstro Synchro em que ele é usado para a invocação. Caso o monstro que utilizou este Resonator como matéria Synchro atacar, o oponente não pode ativar efeitos até o fim da Etapa de Dano! – Freya arquejou, praticamente impossibilitada de qualquer ação. – Vá, Exploder Wingdragon! King Storm! – O dragão soltou uma rajada de fogo de sua boca que cobriu inteiramente o corpo do cavaleiro vingador o destruindo por completo como resultado de seu efeito. Com isso, Freya havia levado 2600 pontos de prejuízo, fazendo seus Life Points caírem para 1400. E, para dificultar mais, ainda havia o Red Dragon Archfiend. E não tinha nada para se proteger.
– Este é o fim! Red Dragon Archfiend, termine isso! Poderio Absoluto! – O dragão vermelho repetiu o seu movimento de assinatura, canalizando o poder destrutivo de suas chamas e acertando a D-Wheeler oponente com sucesso, assim zerando os seus Life Points e concluindo o duelo.
Astral Arcanjo ejetou com a derrota e ao parar, entre a nuvem de fumaça, Freya desmoronou de joelhos tossindo desesperada para respirar adequadamente. Jack correu até ela para socorrê-la.
Com o dobro de esforço, limpou a garganta, tragando o ar com pressa.
– Como se sente?
– Melhor agora. – com a ajuda do duelista, se estabilizou de pé. – Desculpe pelo inconveniente.
Ele arqueou a sobrancelha.
– Você ganhou, não esperava menos do Rei. Agora conte, o que é esse Dragão Vermelho?
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