CAPÍTULO 9 - Chama Que Arde
||Valentina Martins ||
Damon agarrou a minha nuca e subiu as suas mãos até os fios do meu cabelo, seu lábio sugou o meu com uma lentidão preguiçosa. Arfei, sua língua libertinosa acariciou a minha em uma dança lasciva. Suspirei, me derretendo e entregando-me ainda mais. O beijo era uma forma de saborear e explorar, calmo e intenso, com uma profundidade que me fazia esquecer tudo e aquecia o meu coração, assim como o sol aquece a pele.
Damon beijava com carinho e com uma intensidade selvagem que formigava a minha pele; suas carícias no meu corpo aqueciam-me do frio. O brilho das estrelas sobre nós pincelava a noite com pintadas de mágica, e o verde das árvores simbolizava a harmonia do momento e o poder da atração.
Um selinho foi deixado no canto da minha boca, e sua mão afagou a minha bochecha, fazendo minha pele se arrepiar e meu coração se aquecer. Sentia minha alma encantada ao ponto de seguir a voz do meu coração, que atiçava, provocava e rugia baixinho, querendo crescer.
No centro do meu coração, um ponto de um novo sentimento pulsava desenfreadamente, uma pequena chama que precisava ser eterna para não se apagar.
— Beijá-la tornou-se o meu vício — sussurrou.
Encarei o seu peitoral e, através dos dois primeiros botões, vi os pelos negros ralos. Eu não entendia o que sentia e tão pouco o porquê de corresponder ao seu beijo com devoção recíproca. Era um verdadeiro traço que lutava para sobreviver em meio às minhas dúvidas.
— Eu vou lutar por você, Valentina — ergui os meus olhos ao ouvi-lo.
Vi um brilho cintilar no verde do seu olhar felino, atraindo-me com um misterioso magnetismo avassalador que chegava a queimar o meu coração. Pisquei os olhos, sentindo uma confusão total dentro de mim. Nunca havia sentido algo assim, que brilha e pulsa tão forte que chega a doer.
— Eu não sei o que sinto — verbalizei, as palavras escapando em um sussurro tímido.
Mas, ao mesmo tempo, sentia uma imensa vontade de me refugiar em seus braços. Essa necessidade era tão confusa. Eu havia acabado de terminar com Zayn e sempre acreditei que o sentimento que nutria por ele era amor. Se fosse colocar na balança o que sentia no momento pelo que deduzia ter por Zayn, o presente respondia à questão.
Isso me fazia chegar à conclusão de que Zayn nunca foi amor; foi apenas um encantamento que deduzi ser amor.
— Eu não tenho pressa — sussurrou, tocando meu rosto com uma delicadeza que parecia aquecer até minha alma. — Tudo na vida é construído com paciência e assim será entre nós, se assim desejar.
— Preciso pensar a respeito — falei, a voz embargada, pois aquela foi uma noite muito cheia de informações e emoções.
Completamente o havia conhecido nesta noite. Dias atrás o odiava e repugnava a ideia de casar com ele, hoje o beijava e sentia muitas coisas por ele.
— Vem, vamos voltar para o carro. — falou e me guiou até a porta.
Damon abriu a porta do veículo e antes de entrar o olhei, seu doce olhar fitava-me com um carinho intenso de ternura. Notei que deixar o que acabou de acontecer entre nós de lado, fez com que o sentimento novo se contorcesse em reprovação. Sentei no banco e voltei a colocar o cinto, virei meu rosto para a janela a fim de analisar o que estava acontecendo.
Mergulhamos no silêncio refletindo sobre tudo, precisávamos entender se as nossas ações e sentimentos não vinham de algo supérfluo.
*
Passei a noite revirando-me entre os lençóis, a sensação do beijo, do toque e a memória de Damon não saíam dos meus pensamentos. Ele havia roubado um espaço na minha mente que, por mais que tentasse esquecer, eu não conseguia.
Minha garganta arranhou, estava seca.
Joguei os lençóis para o lado, liguei o abajur, calcei as pantufas e coloquei meu robe de seda. O silêncio da casa continuou até eu descer as escadas e encontrar meu pai jogado no sofá, completamente desmaiado, segurando uma garrafa de uísque na mão. Olhei a cena com desprezo pela sua atitude, me aproximei e tirei a bebida de suas mãos.
Ele resmungou algo ininteligível. Tirei seus sapatos sociais e coloquei sua perna no sofá, peguei a manta que estava no outro sofá e o cobri. A situação me deixava triste; nem em nosso momento frágil ele procurava ser um pai presente e um exemplo para os filhos.
Balançando a cabeça para a situação deprimente, segui para a cozinha, deixando-o agasalhado no sofá. Busquei uma jarra de água gelada e, ao preencher o copo, tornei a guardar a jarra.
Deixei o copo de água intocado em cima do balcão, sentindo o cômodo da cozinha frio. Cruzei os braços e olhei para as janelas, certificando-me de que estavam fechadas. Depois olhei para a porta e a vi entreaberta. Dei um passo na direção da porta para fechá-la, mas assim que cheguei perto, uma mão grande fechou minha boca e me empurrou para fora de casa, imprensando-me contra a parede.
Arregalei os olhos quando o rosto do desconhecido saiu das sombras; não acreditei ao ver quem era.
— Não grite — alertou. — Eu vou tirar a mão.
— O que você pensa que está fazendo? — indaguei rispidamente, procurando uma brecha para sair de perto dele.
Tentei sair, mas ele colocou as mãos na minha cintura, impedindo-me.
— Você não pode terminar comigo por mensagem! — disse.
— E você não tem o direito de invadir a minha casa, Zayn!
— Você me obrigou a agir assim! — rosnou.
— Saia agora da minha casa! — falei entre dentes. — Se não, chamarei a polícia!
— Não irá fazer isso — disse em forma de ameaça.
Suas mãos apertaram minha cintura e subiram em direção aos meus seios; fiquei rígida.
— Tire suas mãos de mim, agora! — rosnei. — E me solta!
— Nunca foi um problema lhe tocar!
— Agora é! Então tira as suas malditas mãos do meu corpo e se afaste. — A raiva estava ultrapassando um limite que o tom baixo começava a ficar alterado.
Ele se afastou e tirou o celular do bolso da jaqueta.
— Não pode terminar comigo, Valentina — disse, sorrindo de lado. — Você tem uma reputação a zelar, principalmente agora que entrou para a família Black.
— Como sabe? — indaguei, surpresa.
A notícia havia ficado apenas entre a família. Zayn estalou a língua e balançou a cabeça negativamente.
— Escuta bem, Valentina. Há um vídeo seu comigo na cama; se você não deseja que ele circule pela internet, é melhor seguir as ordens que chegarão até você.
— Você está blefando! — rosnei.
— Será mesmo? — disse com cinismo.
Ele virou a tela do celular para mim, mostrando o print de uma cena do vídeo: seu corpo em cima do meu, enquanto meu rosto estava de olhos fechados, virado para a câmera.
— Seu cretino! — levantei a mão para esbofeteá-lo.
Mas antes que eu pudesse alcançar seu rosto, ele se esquivou e segurou meu pulso, seu olhar era uma mistura de raiva e desespero.
Zayn segurou meu braço e encarou-me com uma expressão inexpressiva.
— Nunca mais se atreva a levantar a mão para mim — disse, seriamente, apertando meu queixo. — Eu não serei bonzinho da próxima vez.
O olhei com desprezo, ódio e repulsa. Travei a mandíbula e o encarei de viés quando sua mão soltou meu queixo de forma bruta.
— Eu odeio você — falei entre dentes.
— Nos daremos muito bem — rebateu, irônico. — Passei aqui apenas para lembrá-la que não terminamos. Fique ligada nas ordens que irei passar. E não pense em abrir essa boquinha linda para falar sobre esta noite.
Ele roçou seus lábios no meu e sussurrou:
— Você tem uma linda família para manter no belo conforto que a riqueza oferece.
— Não se atreva a ameaçar a minha família! — respondi, tentando manter a voz firme, mas a tensão na minha garganta quase me traiu.
Sua mão voltou, mais brutal, para o meu queixo, e meu olhar duro o fitou.
— Você não está em posição de falar — sussurrou, depositando um beijo no canto do meu lábio.
Eu nunca pensei que o ódio pudesse ser tão profundo, a ponto de desejar a morte dele, a ponto de querer acabar com ele. Zayn se afastou, mostrando a tela do celular para mim, em uma ameaça silenciosa que pairava no ar.
Quando ele sumiu da minha visão, desabei a chorar. A hipocrisia de fingir que me amava devastava-me como um inverno rigoroso, trazendo consequências violentas.
Senti uma onda de desespero me envolver, um ciclo vicioso de dor e raiva. As palavras de Damon rondavam minha mente, mostrando o quanto fui tola ao duvidar das verdades que ele havia compartilhado. A sensação de estar presa entre dois mundos se tornava insuportável. A luta interna deixava minha alma exausta.
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1458 palavras.... ❤️
Valentina Martins
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