Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

CAPÍTULO 16 - Fios De Amor

  ||Damon Black ||

  Ao entrar no meu escritório, encontrei Heitor deitado de forma relaxada no divã, como se estivesse em sua própria casa.  Marchei em direção à minha mesa, coloquei a pasta de couro preto em cima dela, desabotoei o botão do terno e me sentei, tentando me adaptar à sua descontração.

— Te encontrar deitado no divã está virando um hábito. — comentei, um sorriso sarcástico nos lábios. — Está precisando de um psicólogo? Se precisar, me avise que posso lhe indicar um!

— Engraçadinho. — Ele revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso que brotou em seu rosto enquanto ligava o computador.
Ele se sentou no divã, passou as mãos pelos cabelos nervosamente e lançou um olhar para o canto da minha mesa. Segui seu olhar e notei duas pastas com documentos empilhadas, uma preta e outra amarela.

— O que é isso? — indaguei, pegando a pasta em minhas mãos.

— A pasta negra contém os arquivos da conta bancária, entradas e saídas, lista telefônica e e-mails do seu Roberto e do Caio.

Voltei meu olhar para Heitor, sem esconder a surpresa que me dominava.

— Como conseguiu isso?

— Os detalhes não são importantes. — Ele se esquivou, a expressão no rosto mostrando que havia algo mais por trás.

Suspeitei e respirei fundo, massageando meu queixo pensativo enquanto lembrava de uma conversa que tivemos anteriormente.

— Selena entregou essas informações?

Heitor hesitou, sua expressão se tornando tensa antes de confirmar com um assentir sutil.

— O que ela pediu em troca?

Seu olhar se fixou à frente, e um silêncio pesado se instalou por breves segundos, carregado de segredos e desilusões.

— A mim. Uma moeda de troca, como ela disse. — A voz dele soou pesada, carregando o peso de sua revelação. Inacreditável que ela tenha pedido isso! — disparei, a indignação fazendo minha voz soar alterada.

— Eu precisava das informações, Damon. — Ele se defendeu, como se justificado por suas ações. — Selena apenas usou a situação para conseguir o que sempre desejou.

Deu de ombros, mas a frieza não escondia a culpa que pulsava em sua voz.

Suspiro profundamente, voltando minha atenção para a pasta que estava em minhas mãos. Comecei a folhear, absorvendo cada informação.

— Há um número sem registro. Seu tio entrou em contato apenas duas vezes. Não me recordo de nada importante nas datas ou no mês. Mas já providenciei para que esse número seja rastreado. Vamos monitorar as conversas que ele terá a partir de hoje. — A voz dele estava baixa, mas o tom odioso não podia ser disfarçado. — E também já está em investigação as quantias transferidas para os bancos de Las Vegas e Suíça.

— Lavagem de dinheiro? — indaguei em voz alta, a suspeita vibrando em meu peito.

— Eu não duvido. A segunda pasta é o dossiê sobre o Zayn. — Heitor se encostou no divã, respirando fundo, como se a próxima informação pesasse sobre seus ombros.

Peguei a pasta amarela e comecei a ler. A cada palavra, precisei conter um palavrão que ameaçava sair. Zayn da Gama Costa era filho único e atualmente levava a vida de playboy, cercado por festas e mais festas. Já havia sido preso por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Seus pais eram acionistas de uma empresa de bolsas de valores e também possuíam uma rede de restaurantes renomados.

— Um farsante barato. Não me admira que tenha enganado a Valentina. — disse secamente, o desprezo por Zayn transbordando.

— E o notebook? Encontrou alguma coisa?

Heitor não fazia ideia do verdadeiro motivo que me levou a planejar o roubo, não mencionei sobre o vídeo íntimo que envolvia minha noiva e aquele verme. Não iria expô-la a essa vergonha. Apenas pedi que conseguisse de forma anônima alguém para realizar o roubo.

“Encontrei o que precisava, e deletei." completei em pensamento.

— Tanto o celular quanto o notebook não tinham pistas dos futuros passos que possivelmente o Caio daria.

— Ele não seria tão imbecil a esse ponto. — disparou, a incredulidade visível em seu tom.

— Quem dera que fosse. Facilitaria tudo. — resmunguei, cansado de tantos problemas acumulados. — E não se esqueça do evento que acontecerá esta noite.

— Estarei presente. — Heitor se levantou, mas antes de sair, comentou:

— Pretendo afogar minhas mágoas na bebida!

— Estou começando a ficar preocupado! — disse alto, soltando uma risada ao ouvir sua resposta.

— Vá se lascar, Damon!

Ainda com a sombra do sorriso no rosto, voltei a me concentrar no trabalho do dia. O tempo passou voando dentro do escritório. Acabei dispensando o convite de Heitor para almoçar fora, resultando em um pedido de almoço que me deixou com metade da refeição esfriando enquanto me perdia nos detalhes do trabalho que precisava adiantar.
Isso levou minha assistente pessoal a fazer as alterações na minha agenda. O casamento estava se aproximando e, por mais que desejasse fazer uma viagem com minha noiva, sabia que não conseguiria ficar longe do meu pai por tanto tempo.
Havia muito a ser feito em tão pouco tempo.

*

||Valentina Martins ||

     A manhã ensolarada se arrastava, exaustiva e corrida. A procuração que conferia a autoridade de gerência sobre os bens financeiros estava finalmente pronta, e ao checar meus e-mails, vi uma nota de aviso do advogado. Assim que confirmei o recebimento, o senhor Carrillo chegou. Meu pai saiu da empresa com um semblante relaxado e uma postura significativamente mais leve. 
Antes de deixar a empresa, ele me avisou que passaria na escola onde os gêmeos estudavam para se despedir. Meu pai estava decidido a procurar a família que o abandonou ao se envolver com a minha mãe, se tudo ocorresse bem sua visita se estenderia por três dias, em breve ele estaria em casa novamente.

A secretária me auxiliou nas questões recentes, enquanto o advogado Carlos Carrillo me atualizava sobre as dívidas e o fundo bancário. Embora nunca tivesse administrado uma empresa, isso não me tornava leiga em questões financeiras ou na comercialização de produtos. Cada minuto que passei naquele escritório me fez compreender a gravidade da situação e o quão prejudicada a empresa sairia se eu tivesse recusado o contrato que meu noivo propôs. A quantia elevada que Damon ofereceu para adquirir os produtos da empresa Martins ampliava as opções para alavancar os negócios. Eu me sentia confiante de que conseguiria colocar a empresa no ranking de vendas.

Além da determinação que pulsava em minhas veias, acreditava firmemente em minha capacidade. Ignorava o cansaço psicológico que implorava por uma pausa; era um luxo que eu precisava recusar.
Finalmente, respirei aliviada ao entrar no meu carro. Liguei para minha amiga, pedindo que não saísse da clínica, pois, além de convidá-la para almoçar, ela seria minha madrinha de casamento.

Sabia que precisava resolver o mais rápido possível a questão da minha demissão na clínica odontológica. Era doloroso enfrentar essa decisão; eu amava ser dentista.
Infelizmente, não pude postergar o assunto.

Com esse pensamento na mente, dirigi em direção à clínica, ciente de que precisava encarar a minha escolha.

*

    Abrir mão do que amo não foi uma tarefa fácil. Sempre busquei correr atrás dos meus sonhos, e minha escolha de cursar odontologia não foi uma decisão qualquer; nasceu do profundo desejo que brotava em meu coração. Era uma missão linda e mágica que eu carregava toda vez que entrava no meu consultório: resgatar o sorriso da alma e fazê-lo florescer nos lábios de cada paciente.

Santiago Soares, o dono da clínica, despediu-se de mim com pesar. Ele sempre buscou ser mais que um chefe; queria ser amigo, cultivando uma relação profissional cordial. Um senhorzinho, com seu jeito extrovertido, conquistava todos ao seu redor. Precisava de todas as forças para não deixar as lágrimas escorrerem na sua frente, especialmente quando recebi seu terno abraço. Estava abrindo mão de um sonho para liderar a empresa da família, ciente de que sacrifícios exigem renúncia para que, no fim, possamos colher as recompensas.

Despertei de meus devaneios com Lina estalando os dedos na minha frente.

— Terra chamando, Valentina! — ela disse, repetindo o gesto com as unhas pintadas de um esmalte vinho.

— Oi! Oi! Estou de volta! — respondi, apressada, tentando fazê-la parar com os estalos.

— O que está tirando tanto a sua atenção? — indagou, enquanto cortava seu bife com destreza.

— Os últimos minutos — murmurei, com a voz baixa. — Penso no quanto estamos dispostas a sacrificar o que amamos em prol de um bem maior.

Ela suspirou, bem baixinho.

— Isso só nos mostra que abdicar de sonhos requer coragem — seu olhar suave me encarava, transmitindo compreensão.

— São meros detalhes diante do amor — comentei, refletindo sobre a escolha que fazia.

— Eu sei que você conseguirá superar qualquer obstáculo, Val — disse, sorrindo contidamente, como se acreditasse genuinamente em mim.

Lina havia escolhido um pequeno restaurante de comida caseira. O ambiente aberto possuía janelas de vidro que combinavam com a decoração rústica. A temperatura agradável, com poucas plantas distribuídas em pontos estratégicos, favorecia um conforto familiar. Nos servimos com batata frita, salada, arroz temperado, farofa de bacon com cenoura, peixe empanado com fubá e suco de abacaxi com hortelã.

— Faz tanto tempo que não almoçamos aqui. Havia esquecido o quanto a comida daqui é saborosa! — comentei, saboreando cada garfada.

— O único problema é que nosso trabalho fica do outro lado da cidade — ela disse, com um sorriso.

Depois de terminar a sobremesa e pagar a conta, saímos do restaurante e seguimos em direção ao carro. O dia estava fresco, e a cidade, como sempre, pulsava com agitação.

— Ei, Lina. Tem compromisso hoje à noite? — perguntei, esperando que a resposta fosse negativa.

— Tenho. Com meu sofá, pizza e Netflix — respondeu, já se acomodando na ideia.

— Que tal me acompanhar a um evento corporativo? — lancei a proposta, tentando conter a animação.

Ela fez uma expressão pensativa, e eu, percebendo que uma recusa poderia vir, acrescentei:

— Heitor vai estar lá.

Não fazia ideia se ele realmente estaria no evento, mas sabia que havia uma atração entre eles desde que Lina me contou sobre o selinho que roubou dele. Ou talvez ela tivesse romantizado a história, fazendo-me ver algo que poderia não existir.

Seus olhos brilharam intensamente.

— Meu garoto vai estar lá mesmo? — indagou, desconfiada, mas com um leve sorriso nos lábios.

— Mas é claro que sim — segurei a respiração por um milésimo de segundo, temendo a reação dela.

— Se ele não estiver, Valentina, farei questão de te roubar de Damon a noite toda.

— E eu vou amar tê-la ao meu lado — respondi, sorrindo sinceramente. — Você não se arrepender.

Entramos no carro e seguimos para a nossa primeira parada: experimentar vestidos de noiva.


*

   Depois de experimentar o vigésimo vestido, sem nenhum que realmente me conquistasse, sentei-me desanimada no divã branco. Havia três pessoas comigo na missão de encontrar o vestido perfeito para o meu casamento: Lina, Daniela e Beatriz, mãe de Heitor.

Daniela se aproximou, e atrás dela vinha uma funcionária carregando uma arara repleta de vestidos de noiva. O olhar de Daniela, repleto de ternura, era como se conectasse-se às constelações mais fascinantes.

Eu não conseguia sustentar o olhar, lembrando que tudo começou de forma errada.

— Minha norinha linda — disse ela, com um sorriso acolhedor. — Não se preocupe. Podemos contratar o melhor estilista para desenhar o seu vestido.

— Acredito que não é pra tanto — respondi suavemente. — Vamos encontrá-lo.

— Não seria nenhum incômodo. Pelo contrário, eu faço questão que tudo saia perfeito para os meus amores.

Suas palavras me motivaram a me levantar. Aproximando-me da arara, deslizei meus dedos pelos tecidos, sentindo a textura de cada um. Analisei alguns rapidamente, mas foi o penúltimo que chamou minha atenção: a renda floral do corpete e as pequenas pedras na saia me atraíram, levando-me a pegá-lo e tirá-lo da arara.

Entrei no provador novamente, vesti o vestido e, ao puxar a cortina, fui até o pequeno banco em frente a um enorme espelho que tomava conta de uma parede inteira. Deslumbrada, encarei meu reflexo. A cintura acentuada e a saia, murcha naquele momento, parecia feita para ser volumosa. Os diamantes cravados na saia reluziam com um brilho suave e ímpar.

Em minutos, duas funcionárias vieram e ajustaram o volume da saia, tornando-a perfeitamente volumosa. O decote ombro a ombro, com uma abertura em forma de coração na frente, conferia um ar doce e sexy ao mesmo tempo. A renda aplicada no busto acrescentava uma delicadeza suave.

O chiffon abraçava a saia, e os pequenos diamantes cravados em pontos estratégicos tornavam o vestido ideal. Segurei a emoção que queria transbordar dos meus olhos. Ao sentir a mão de Daniela segurando a minha, foi inevitável não chorar. Com a outra mão, sequei as teimosas lágrimas que desciam sem controle.

— Querida, você está belíssima — disse Daniela, e senti um carinho profundo na sua voz.

Ela afagou minha mão com ternura, e ao olhar em seus olhos, percebi o amor de mãe refletido ali.

Sentindo uma onda de culpa, as palavras saíram involuntariamente de minha boca:

— Me perdoe.

— É claro que eu te perdoo — respondeu, sorrindo. — Não entendo as razões que levaram meu filho a escolher esse caminho, mas sei reconhecer onde há bondade e onde o amor pode florescer. — Ela sorriu novamente, segurando minha outra mão. — Conheço bem meu filho. O Damon apaixonado não faria um pedido de noivado daquela forma.

Ela riu baixinho.

— Olha, Valentina, não sei se o Damon já te contou sobre a herança da família, mas há um detalhe nessa história que o fez tomar essa decisão. Não esperávamos que ele tomasse esse rumo. Esperávamos que ele se desse uma chance de amar novamente e que abrisse mão da culpa que carrega há tantos anos. — Vi seus olhos brilharem com lágrimas. — Mas olha só para o destino… pegou-o da forma que ele nunca esperaria.

— Eu não entendo…

— Saiba que vocês nunca me enganaram. Eu gostei de você desde o momento em que a vi — disse, sorrindo abertamente. — Céus… como vocês foram tão bobinhos. — Com um gesto discreto, fui virada novamente para o espelho, e ao me ver, ela acrescentou: — O amor não é mecânico, Valentina. O amor nasce, cresce e transborda.

Nesse momento, fomos interrompidas pela chegada de Lina e Beatriz, acompanhadas por duas funcionárias que traziam maletas abertas cheias de joias.

— Val, você está espetacular! — Lina exclamou, se aproximando.

— Belíssima, querida — comentou Beatriz.

— Obrigada! — respondi, um sorriso se espalhando pelo meu rosto.

— Caiu como uma luva, senhorita Martins — disse a mulher que havia tirado minhas medidas. — Deseja fazer alguma mudança?

— Quero sim, Camila — encarei o vestido. — A saia quero reta, leve, fluida e com calda capela.

— Anotado. Entraremos em contato o mais breve possível para que venha vê-lo novamente, assim que estiver pronto — disse Camila, com um sorriso profissional.

Desci do banquinho e andei em direção às joias. Escolhi uma delicada gargantilha com um solitário, e brincos de pérolas prateados.
Até as 16:00 horas da tarde, resolvemos metade das questões relacionadas ao casamento. O advogado da família Black havia tomado a frente na parte dos documentos. Hoje, cuidamos apenas dos preparativos da noiva, como vestido, acessórios, maquiagem e cabelo.

Em seguida, segui com Lina para minha casa.

*

— Quanto tempo não venho aqui? — indaguei ao descer do carro. — Uau, não mudou nadinha.

— Nas minhas contas… bem, vejamos, faz cinco meses que você rejeitou o convite para passarmos o dia na piscina.

— Culpada! — Ela fez um biquinho e levantou as mãos para cima. — Eu estava bem ocupada meses atrás.

— Sei… — respondi, entregando a chave do carro ao manobrista. — Vem, vamos entrar.

Enrosquei meu braço no dela e a arrastei escada acima. Ao abrir a porta, encontramos dona Maria trocando as cortinas. A luz natural irradiava pelo cômodo, iluminando tudo ao redor. Jarros de flores naturais estavam dispostos em pontos estratégicos, recebendo os feixes de sol com graça.

— Mariaaa! — Lina se afastou de mim e correu em direção à governanta, radiante.

— Quanto tempo, menina! — A voz aveludada de Maria soou um pouco alta, tomada pela surpresa.

— Estava com tantas saudades! — Lina disse, desfazendo o abraço caloroso.

— Sabe qual sobremesa tenho feita na geladeira? Pavê de Morango com Chocolate.

— Dona Maria, que Deus abençoe suas mãos! — Lina exclamou, depositando um beijo em cada uma.

Sorrio, curtindo a cena.

— Não irei embora sem provar essa delícia — comentei.

— Levarei para vocês daqui a pouco — Maria prometeu.

— Obrigada, Maria! — beijei sua bochecha. — Meus irmãos se comportaram?

— Sim, até estranhei a calmaria.

— Irei vê-los um pouco — avisei e chamei Lina. — Vamos, loira. Sinta-se à vontade para procurar o que vestir e calçar. Tenho lingeries novas ainda na embalagem que chegou.

Lina assentiu, animada.

Ao deixar minha amiga no meu quarto, segui para o quarto de Lucas e me surpreendi ao encontrar os gêmeos jogando juntos.

— Uou, que surpresa! — comentei alto, atraindo a atenção deles.

— Lucas está me ensinando a jogar, Tina — Laura disse, animada e concentrada no jogo.

Afoita, joguei-me entre eles e beijei o topo de suas cabeças. Iniciei uma mini sessão de cócegas na barriga deles, provocando protestos em meio a altas gargalhadas.

— Para, Tina! Estou jogando! — Lucas protestou, em meio a uma crise de risos. O controle escapuliu de suas mãos, e ele fugiu rapidamente de mim.

— Sobrou apenas nós duas, boneca linda — disse, olhando para Laura, que tinha as bochechas coradas e ria docemente.

Fui interrompida por um impacto repentino de travesseiro na minha cabeça. Ao me virar, encarei Lucas, que estava em cima da cama carro azul que modelava.

— Você não se atreveu a fazer isso, seu moleque atrevido! — exclamei, recebendo sua risada como resposta.

Agarrei o travesseiro e o lancei em sua direção. Ele se abaixou rapidamente, e Laura correu para o lado dele, ambos segurando travesseiros com olhinhos semicerrados e desafiadores.

— Estou concedendo a chance de desistir a vocês — declarei, segurando firmemente uma almofada.

— Sem chance! — Lucas respondeu, desafiador.

— Nem pensar! — Laura confirmou, com um sorriso travesso.

Nos encaramos por breves segundos antes de avançarmos, prontos para uma batalha de travesseiros.

*

— Eu desisto! — falei, jogando-me no tapete felpudo ao lado da cama.

Retirei algumas penas branquíssimas que haviam escapado dos travesseiros, transformando o quarto em uma verdadeira zona de guerra.

— Eu também! — responderam juntos, suas vozes cheias de risos.

— Você roubou, Valentina! — lancei um olhar acusador para Laura.

— Eu? Ninguém disse que tinha regras a serem seguidas — ela retrucou, com um sorriso travesso nos lábios.

— Você usou dois travesseiros, enquanto nós ficamos apenas com um! — apontei, indignada.

— Eu não roubei! Vocês poderiam ter usado o mesmo método! — defendeu-se.

— Ah, é? — Laura encarou o irmão, como se formasse uma aliança. — Nós também podemos ser espertos!

Em um movimento sincronizado, ambos se lançaram em cima de mim, fazendo cócegas exatamente nos pontos certos.

— No pé não, Lucas! — consegui gritar entre risos descontrolados.

Contorci-me para livrar meus pés das mãos de Lucas e minha barriga das de Laura. As lágrimas começaram a escorregar pelo meu rosto enquanto os anjinhos decidiam me castigar severamente.

A sessão de tortura foi interrompida, e enquanto tentava normalizar minha respiração acelerada, Lucas e Laura se deitaram ao meu lado. Juntos, encaramos o teto do quarto, o riso dando lugar a um momento de serenidade.

— Amo vocês — declarei, depositando um beijo na testa de cada um, sentindo meu coração aquecer.

Permaneci com eles assim por alguns minutos, saboreando a cumplicidade e a felicidade daquela pequena pausa, antes de voltar para o meu quarto, levando comigo a alegria que eles sempre me proporcionavam.

*

    Lina estava deslumbrante em um vestido azul royal. O tecido fluido caía graciosamente, com um decote em V que realçava seu colo. A cintura marcada acentuava suas curvas, enquanto uma leve fenda na perna esquerda adicionava um ar de ousadia. Seus saltos pretos de tiras finas elevavam sua estatura, e os cabelos ondulados, estilizados com babyliss, caíam suavemente sobre os ombros. A maquiagem destacava seus olhos expressivos, com sombra prateada na pálpebra, um delineado discreto, blush pêssego e gloss rosado.

Sem dúvidas, ela estava de tirar o fôlego.

Eu optei por um vestido preto longo, fluido, de mangas cumpridas e ombro a ombro, que possuía um decote profundo com uma tela ilusion. A fenda na perna, localizada no lado direito, era sutil, adicionando um toque de elegância. Meus cabelos lisos emolduravam meu rosto, e o batom vermelho carmim junto com a maquiagem natural empoderavam todo o look. Não posso esquecer de mencionar meus Louboutin de 15 cm de saltos finos: verniz, bico fino, salto alto e solado vermelho.

Um conjunto de colar, brincos e anel de rubi emoldurava-me em uma atmosfera de poder, sedução e beleza.
Respirei fundo quando a limusine preta metálica parou na frente do cassino, engoli em seco ao ver a movimentação fora do carro. Fotógrafos exclusivos se dividiam no lado direito e esquerdo, e no meio, um tapete vermelho desenhava o caminho em direção a escada.

— Oh, meu Deus. Oh, meu Deus, Val. — Lina exclamou vibrante. — Que Deus te abençoe por me convidar! Estou no momento me sentindo uma atriz famosíssima de Hollywood.

— Eu disse que você não ia se arrepender.

— Tenho que admitir que estava certa. — disse ainda deslumbrada. — Isso é incrível!

Assim que meus pés tocaram o tapete vermelho, ergui o queixo e sorri para as câmeras à minha frente. Lina logo se juntou a mim, e, lado a lado, posamos brevemente antes de seguir em direção à entrada, deixando para trás o brilho incessante dos flashes.

*

     Assim que entrei no cassino, fui envolvida pelo brilho do lugar. O tilintar das fichas misturava-se ao burburinho das conversas e ao som suave da música ambiente. Homens e mulheres elegantemente vestidos jogavam, brindavam e riam. Lina pegou uma taça de champanhe oferecida por um garçom que passava, enquanto eu recusei. Meu olhar vasculhava o salão, procurando um rosto específico.

Nada de Damon.

— Tem certeza de que Heitor está aqui? — Lina perguntou, inclinando-se para mim. — Não esqueci da minha promessa.

Lancei-lhe um sorriso hesitante.

— Tecnicamente, eu não menti…

— Valentina! — Ela me olhou, indignada.

— Ele pode estar aqui. Ele é o melhor amigo do Damon. A probabilidade é alta.

— Ah, é mesmo? — cruzou os braços, cética.

Antes que eu pudesse responder, fomos interceptadas por Soraia e Selena González.

— Que surpresa vê-la por aqui, Valentina. — Soraia comentou com um sorriso calculado.

Repeti o gesto sem esforço para parecer genuína.

— Digo o mesmo.

Selena deslizou o olhar para Lina, analisando-a de cima a baixo antes de perguntar:

— E você é…?

Lina ergueu o queixo levemente, transmitindo uma confiança afiada.

— Carolina Moore.

— Um prazer conhecê-la. — Selena sorriu, mas seus olhos diziam o contrário. — Espero que possamos nos dar bem.

— Nós também. — Lina respondeu, impassível.

Soraia fez menção de se afastar.

— Se nos derem licença, temos outras pessoas para cumprimentar.

— Fiquem à vontade. — dissemos em uníssono.

Assim que elas sumiram entre os convidados, Lina soltou um suspiro teatral, largando a taça sobre o balcão mais próximo.

— Preciso mesmo lidar com isso? — murmurou, observando as gêmeas conversando com dois homens recém-chegados. — Dizem que inveja e falsidade andam juntas. Agora entendo o motivo.

Soltei uma risada curta.

— Não poderia concordar mais. Melhor manter distância.

— Nem precisava me avisar. Só de estar perto delas já me deu um arrepio na nuca. — Lina se benzeu exageradamente, me arrancando outra risada.

Foi quando o vi.

Heitor.

Encostado na mesa de pôquer, um copo de uísque na mão, enquanto conversava com outros homens.

— Lina, olha quem está ao lado da mesa de pôquer.

Seu olhar seguiu o meu, e seus olhos brilharam em puro interesse.

— Como estou? — perguntou, virando-se para mim.

— Devastadoramente linda.

Ela sorriu, confiante.

— Me deseje sorte.

— Você não vai precisar.

Fiquei observando enquanto Lina caminhava com a elegância de quem sabia exatamente o impacto que causava. Os homens ao redor de Heitor não foram exceção. Ele franziu a testa ao perceber que havia perdido a atenção do grupo.

Lina não foi direto a ele. Em vez disso, aproximou-se da roleta e começou a conversar com um dos jogadores.

Jogada inteligente.

Heitor demorou menos de um minuto para perceber. Seu olhar oscilou entre ela e os homens distraídos, e então ele se moveu.

Mas antes que eu pudesse ver o desfecho da cena, uma voz feminina me chamou.

— Senhorita Martins?

Virei-me e encontrei uma mulher elegantemente vestida em um longo vestido lilás, reluzente de joias. Ela parecia nervosa.

— O senhor Black pediu para que a levasse até ele.

Meu estômago se revirou.

— Certo.

Segui a mulher pelo cassino, passando por fileiras de caça-níqueis e mesas de jogos. As luzes piscavam, as fichas tilintavam, e eu me concentrei em acompanhar seus passos.

Na quinta fileira, ela parou.

— Ele pediu para que esperasse aqui. Virá em breve.

E então saiu às pressas.

— Tudo bem… — murmurei, olhando ao redor.

O ambiente seguiu normalmente ao meu redor. Mas algo estava errado.
Foi quando a voz soou atrás de mim.

— Você não sabe como é bom te ver, Valentina.

Meu coração disparou.

Aquele tom, carregado de falsa tranquilidade, percorreu minha espinha como um arrepio gélido.

Ao me virar, meus olhos encontraram os dele.

Zayn.

O sorriso dele era tortuoso, o olhar cheio de intenções ocultas.

Dei um passo para trás, instintivamente.

— Zayn.

— Sempre tão formal… — Ele deu um passo à frente.

— O que você quer?

— Apenas conversar.

Meu corpo ficou rígido. A forma como ele falava, como me olhava… nada naquilo parecia seguro.

— Aqui não é o lugar.

— Ao contrário, acho que é o lugar perfeito. — Ele inclinou a cabeça, analisando minha expressão. — Damon não está por perto. Podemos falar com calma.

Minha respiração acelerou.

— Eu não tenho nada para falar com você.

— Ah, tem sim. — O olhar dele se intensificou. — Mas, se preferir, posso mostrar.

A tensão se condensou no ar, e eu senti que precisava sair dali.
Mas, antes que pudesse me mover, uma mão segurou meu pulso.

Fria. Segura.

Meus olhos se arregalaram.

— Para onde pensa que vai? — Zayn murmurou, seus dedos apertando levemente minha pele.

Meu coração pulou no peito.

Eu estava sozinha. E Zayn não parecia disposto a me deixar sair tão fácil.

—  O que você faz aqui? — indaguei.

— Meus pais são acionistas da empresa que está dando esse evento.

— Seus pais? — indaguei, lembrando de que uma vez ele havia me dito que os seus pais moravam em outro estado.

Ele sorriu curtamente.

— Mentirinhas foram contadas por uma boa razão. — respondeu, e levou as mãos para cima. — assumo a culpa.

— Me deixe em paz, Zayn. — Viro-me para sair mas sou impedida quando sua mão agarra o meu braço.

— Você acha que acabou, Valentina? — sua mandíbula estava cerrada, o olhei assustada. — Sua rebeldia trará consequências para as pessoas que conhece.

— O que você quer? — Tento soltar meu braço do seu aperto que mantém meu corpo próximo do seu, seus olhos levemente vermelhos e seu estado nervoso me assusta.

— Não pense que acabou. Te trouxe aqui apenas para que não esqueça que Damon não poderá te proteger. Não quero que esqueça que posso chegar a você a qualquer momento... — disse enfatizando cada palavra antes de largar meu braço e sair da minha frente.

Encostei-me na lateral do caça níquel e tentei me acalmar, pousei minha mão sobre o meu coração e senti as batidas se normalizarem na medida em que fazia um exercício respiratório. Desencostei-me do caça níquel e virei-me para sair e o que resultou em esbarrar no peito de uma pessoa alta e com proporções certas de massas e músculos.

Uma mão firme segurou minha cintura antes que eu perdesse o equilíbrio. O toque era quente, seguro, e o cheiro inconfundível de madeira e especiarias preencheu meus sentidos.

— Meu Deus, Valentina! — A voz grave e preocupada me atingiu antes mesmo que eu erguesse os olhos. — Estava te procurando. Você está pálida.

Levantei o rosto e encontrei os olhos verdes de Damon, brilhando com intensidade sob a luz suave do cassino.

— Zayn está aqui. — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria, quase um sussurro.

Os olhos de Damon se estreitaram de imediato, e eu senti seus músculos tensionarem sob a camisa impecavelmente ajustada ao corpo.

— Aqui? — A pergunta veio carregada de alerta. — Ele te fez algo?

Engoli em seco, sentindo um calafrio percorrer minha espinha ao me lembrar da ameaça velada de Zayn.

— Apenas palavras. — murmurei. — Mas foi o suficiente.

Damon segurou meu rosto com ambas as mãos, seus polegares deslizando suavemente pela minha pele enquanto me analisava. O mundo ao redor pareceu desaparecer.

— Ele te tocou? — A pergunta veio baixa, carregada de fúria contida.

— Ele segurou meu braço, mas… não foi nada demais.

Damon expirou devagar, como se estivesse se controlando.

— Eu vou resolver isso em breve.

— O que você faz aqui? — indaguei.

— Meus pais são acionistas da empresa que está dando esse evento.

— Seus pais? — perguntei, lembrando de que uma vez ele havia me dito que os seus pais moravam em outro estado.

Ele sorriu curtamente.

— Mentirinhas foram contadas por uma boa razão. — respondeu, levantando as mãos em um gesto de rendição. — Assumo a culpa.

— Me deixe em paz, Zayn. — Virei-me para sair, mas fui impedida quando sua mão agarrou meu braço.

— Você acha que acabou, Valentina? — sua mandíbula estava cerrada, e eu o olhei assustada. — Sua rebeldia trará consequências para as pessoas que você conhece.

Tentei soltar meu braço do seu aperto, que mantinha meu corpo próximo do seu. Seus olhos levemente vermelhos e seu estado nervoso me deixavam inquieta.

— Não pense que acabou. — disse antes de ele largar meu braço e sair da minha frente.

Encostei-me na lateral do caça-níquel e tentei me acalmar, pousando minha mão sobre o coração enquanto as batidas se normalizavam, conforme fazia um exercício respiratório. Desencostei-me do caça-níquel e virei-me para sair, esbarrando no peito de uma pessoa alta, com proporções bem definidas de músculos.

— Meu Deus, Valentina! Estava te procurando. — Encarei Damon. — Está tudo bem? Você está um pouco pálida.

— Zayn está aqui. — respondi, tentando manter a calma.

— Aqui? Ele te fez algo? — indagou apressado, sua preocupação evidente.

— Ameaças. Apenas ameaças. — expliquei. — Pelo que ele me disse, seus pais são acionistas da empresa responsável por este evento.

As mãos de Damon tocaram meu rosto, seus olhos me sondando, como se quisesse ter certeza de que realmente estava tudo bem comigo.

— Certo. Lidarei com ele em outro momento. — ele suspirou, e suas esmeraldas brilharam com um sentimento tão lindo e sublime que precisei puxar o ar fortemente. — A propósito, você está deslumbrante.

— Obrigado pelo elogio. — respondi, sentindo um calor subir pelas bochechas.

— Quero te levar a um lugar. — seus dedos tocaram meu queixo com suavidade. — Reservado e silencioso.

— Parece ser bem interessante esse lugar. Privacidade total? — umedeci meus lábios, intrigada.

— Total. Sem nenhum olhar curioso sobre nós. — ele sorriu de lado, olhando à nossa volta.

— Eu adoraria.

Damon buscou minha mão e entrelaçou nossos dedos, um contato íntimo que mostrava a qualquer um que olhasse para nós o que estávamos construindo. Uma foto do nosso noivado havia sido vazada para a mídia, mas devido à forte influência que Damon possuía, nada havia sido confirmado. Até agora, éramos expostos a todos.

Damon me conduziu a um segundo salão de jogos. A escadaria que se dividia para dois lados, em cores de ouro, nos levou a um lugar diferente do seu escritório, localizado perto da entrada do cassino.

— Que lugar é esse? — indaguei, fitando cada canto.

Havia três mesas brancas de sinuca, tênis e cartas no centro. A mesa de sinuca que ficava no meio tinha um tapete cinza, ao canto uma namoradeira e duas opalas em preto, além de um aparador com duas gavetas. Um balcão repleto de bebidas e paredes em tons de cinza completavam o ambiente, onde o teto branco tinha luzes embutidas. Havia também uma parede de vidro totalmente escura, e nenhum barulho do lado de fora adentrava o lugar.

— Aqui é meu lugar de lazer. Quando me canso de perambular pelos eventos que acontecem no cassino, eu fujo para cá.

— Por acaso aqui tem isolamento acústico? — perguntei, percebendo a ausência de ruído externo.

— Tem sim. — respondeu, caminhando em direção ao aparador.

Damon abriu a gaveta do lado esquerdo e retirou um pequeno controle digital, deslizou a caneta pequena e branca pela tela, e fiquei surpresa ao descobrir que o que parecia ser um vidro escuro, na verdade, era uma tela digital. Assim que a tela acendeu, imagens de pessoas sob as lentes das câmeras do lugar apareceram em telas de tamanho médio.

— Temos a opção de música também. — sugeriu.

— É uma ótima ideia.

— Alguma em mente?

— Me surpreenda, Damon. — encostei-me na borda da mesa de sinuca e cruzei os braços.

— Só se você me conceder um desejo.

— E qual seria?

— Uma dança.

— Desejo concedido. — sorri ao falar.

— Sendo assim, me vejo na obrigação de dedicar a você “Up Where We Belong”.

O toque da música invadiu cada canto do salão, e desencostei-me da mesa para me juntar a ele. Sua mão pousou sobre minhas costas, enquanto a outra segurava a minha. A conexão entre nós era palpável, e o momento se tornava cada vez mais especial.

— Não sei se esse é o momento ideal para falar sobre o que sinto. — iniciou. A voz do vocalista Joe Cocker começou a nos envolver em uma sintonia única. — Mas quero abrir o meu coração a você, Valentina.
Tentei argumentar que não precisava compartilhar seu passado para que entendêssemos o que estávamos construindo, mas Damon continuou:
— Desde que te conheci, minha vida começou a mudar. Eu vivia preso em um ciclo de dor e solidão, mas você trouxe uma luz que eu não sabia que precisava.

Ele fez uma pausa, e senti sua mão, que se encontrava nas minhas costas, afagar com ternura a curva da minha cintura.

— Você me trouxe de volta, Valentina. Antes de você, eu não via saída. Agora, percebo que o amor é possível, e quero vivê-lo ao seu lado.

Havia um aperto em meu peito a cada palavra que saia de sua boca. Eu podia sentir a sinceridade em suas palavras e sabia que a carga emocional que ele carregava era profunda, mas seu olhar transmitia uma esperança renovada.

— Nosso casamento está se aproximando, e tudo que nos envolve não aconteceu da forma convencional. — ele suspirou lentamente e, com um sorriso de lado, disse: — Eu, Damon Black, te prometo, Valentina, que dedicarei a você minha energia para acompanhá-la nas alegrias e tristezas, paciência para entender seu jeito de ser e esforço para que nossa relação brilhe como nunca.

Senti meus olhos se emocionarem à medida que suas palavras penetravam em minha mente, cravando-se como uma canção do amor desejado.

— Não desejo mais uma vida de solidão e sofrimento. Eu quero conhecer o amor ao seu lado, sentir e mostrar que é real.

Paramos de dançar e percebi que, ao ser conduzida por Damon, fui levada até que minha bunda batesse na mesa de sinuca. Seu olhar esverdeado fitou meu rosto e suas mãos deslizaram pelos meus braços, nossas respirações no mesmo compasso.

Meu corpo clamava pelo seu toque.

Meu coração o desejava ansiosamente.

Sua mão deslizou para o meu pescoço, e um lento cafuné foi deixado na minha nuca. Seus lábios tocaram os meus em um beijo suave, doce e explorador.

— Damon… — tentei falar, mas o que saiu foi um sussurro em meio a um arfar.

Sentei na mesa, e aos poucos, meu corpo foi sendo levado pelo seu. Inclinei-me ao sentir suas mãos deslizarem pela minha coxa. Abri os olhos e toquei seu rosto; tendo seu olhar sobre mim, falei:

— Você tem o meu coração. Ele é totalmente seu.

— Eu vou cuidar dele como se minha vida dependesse disso. — sussurrou, olhando nos meus olhos — Porque, Valentina, ela depende.

Segurei a respiração ao ouvi-lo e sentir meu coração bater aceleradamente.

Procurei seus lábios e beijei com devoção, aumentando o desejo em nós e atiçando a luxúria que nos envolvia. Eu podia sentir dentro de mim a intensidade de algo bom crescer, se encaixando perfeitamente ao que Damon me oferecia.

Damon finalizou o nosso beijo com um selinho no meu queixo. Colamos nossas testas e ficamos por alguns minutos de olhos fechados, aproveitando o momento.

— Quero sequestrar você por essa noite. — seu rosto se iluminou diante do olhar apaixonado que me presenteou.

— O que seria de mim sem você? — falei, enfeitiçada pelo seu magnetismo.

— Seríamos fadados a viver sem provar esse sentimento que nos envolve, alimenta e nos conecta. — suspiramos juntos. — Eu não me vejo mais sem você, Sweetheart. E só de cogitar essa hipótese sei que haverá um grande espaço vazio que me deixará em pedaços.

Seus dedos acariciaram minhas bochechas com ternura.

— Aceita ser minha até o amanhecer? — propôs em um sussurro que fez as borboletas do meu estômago se agitarem.

— Eu aceito ser sua por toda a vida, Damon Black. — sussurrei apaixonada.

Suas esmeraldas brilharam intensamente ao ouvir minhas palavras. E nas linhas das suas íris, pude ler o quão especial seria essa noite para nós. Sem pensar muito, beijei seus lábios com paixão.

*

|| Carolina Moore ||

    Meu caminho foi regado de desafios e dificuldades. Meus pais nunca tiveram uma renda financeira boa para sustentar os meus estudos, o sonho deles era que as minhas oportunidades fossem mais amplas do que as deles. E foi por esse detalhe que cresci com a minha vozinha.

Minha avó pertencia a classe média. Suas condições financeiras abriram portas para o meu futuro.

Sei que mamãe não deu ouvidos aos conselhos dos meus avôs e por achar que tudo seriam flores na sua jornada com meu pai, ela fugiu de casa para acompanhar meu pai em suas viagens pelo Brasil. Ela seguiu a voz que ecoava em seu coração e escolheu viver o amor. Infelizmente mamãe e papai não imaginavam que um acidente automobilístico estaria predestinado a acontecer.

Infelizmente, no acidente, papai teve sua mão direita danificada e sem o atendimento imediato no local do acidente, sua mão foi amputada. Mamãe já estava grávida de mim e foi aí que as coisas começaram a apertar.

Papai deixou de lado seu violão e raramente ele canta.

Mamãe precisou se dedicar ao trabalho e às tarefas de casa. Mesmo  papai recebendo um auxílio do governo, procurou por muito tempo trabalho não registrado para poder ajudar, mas infelizmente não conseguiu. Hoje com a minha ajuda ambos têm uma vida confortável e sem preocupações para tirar-lhes a paz.

Minha vó me deu todo o suporte que uma criança pode ter. Me levava para passar minhas férias, feriado e finais de semana com meus pais.

Não foi fácil deixar meus pais, mesmo quando ambos diziam:

— Lina, sua avó lhe dará uma oportunidade que infelizmente mamãe e papai não possuem condições de lhe oferecer. — dizia mamãe.

Eu tinha apenas dez anos de idade e por mais que meus pais tentassem esconder a situação verdadeira, eu não era boba. Compreendi rapidamente as dificuldades que passávamos e o quanto ambos sempre me colocavam em primeiro lugar para que de modo algum eu sofresse dificuldades.

Eu aceitei prometendo a mim mesmo que abraçaria todas as oportunidades que sugeria em meu caminho, para poder ajudar meus pais. E assim fiz.

Vovó pagou meus estudos e eu me comprometi a fazer a minha parte, me esforçando muito para dar orgulho aos meus pais e a minha vó.

Aos dezessete anos comecei a trabalhar. Em uma biblioteca estudantil, bem visitada e procurada pelas pessoas da alta classe. O salário mínimo que recebia dava para os meus pais, já que graças a Deus, vovó supria minhas necessidades.

Lembro que em uma tarde, a biblioteca estava quase vazia. E eu estava ajudando Júlia — a moça responsável pela limpeza do lugar — quando ele entrou. Instantaneamente senti meus olhos ficarem hipnotizados por ele. O galego era estonteantemente lindo, recordo-me claramente de como se encontrava naquela tarde fria. Uma camisa branca de mangas longas que estavam arregaçadas até os cotovelos, bolsa transversal, estilo carteiro de cor terroso. Óculos de armação quadrada que contrastavam com seu rosto bem anguloso. Calça jeans de lavagem escura e o tênis totalmente preto.

Meus olhos o acompanharam até o mesmo subir as escadas indo para o segundo andar da biblioteca, vi quando depositou sua bolsa em uma mesa que ficava perto das grande janelas que dava a qualquer pessoa o privilégio de contemplar o céu e as árvores que tinha ao lado. Era notável o quanto ele era mais velho que eu. Seu porte atlético na época o destacava, atraindo os olhares para ele.

Lembro que larguei o rodo no canto e subi pelo o outro lado da escada, ele havia se enfiado entre as enormes estantes e se eu tivesse sorte, não iria demorar contemplá-lo um pouquinho de perto mesmo que houvesse uma pequena distância entre nós. Afoita, entrei no terceiro corredor e não o encontrei. Olhei entre as brechas que os livros me proporcionaram e o visualizei do outro lado de costas para mim, folheando um livro.

Quando o vi virar lembro que me abaixei tão depressa que bati as pontas dos meus dedos na madeira da estante.

— Heitor… — enquanto assoprava meus dedos na intenção da dor passar, ouvi uma voz melosa chamar alguém. — não esperava te encontrar aqui.

Levantei-me curiosa e constatei que Heitor era o homem cujo tinha a minha atenção.

— Digo o mesmo. — respondeu.

— Você não me ligou de volta. — fez charminho e foi inevitável a minha careta. Credo, pensei.

— Estive ocupado. — respondeu mantendo um tom de voz distante.

A morena de corpo esbelto enrolou seu cabelo no dedo, e o olhou com frustração estampada no rosto.

— Bom, podemos repetir a dose. — sugeriu e tentou colocar um sorriso no rosto, mesmo que o homem à sua frente não a olhasse. — Que tal nos encontramos na festa da Vanessa? Toda a turma estará presente.

Heitor suspirou profundamente e fechou o livro e o colocou no lugar, só então a olhou pela primeira vez.

— Neyla, olha, o que tivemos foi bom. Mas se você não lembra, foi de concordância de ambas as partes que não existiria uma segunda vez. — seu tom seco mas baixo, a desarmou. Ela definitivamente não esperava por aquela resposta.

— Eu achei que você pudesse mudar de ideia. Afinal, não somos apenas colegas de classe.

— E o fato da sua família ser amiga da minha, você acha que influencia na minha opinião?

— Eu só acho que poderíamos fazer dar certo.

— Imaginou errado, Neyla. — ele tenta passar, mas ela bloqueia sua passagem.

— Você sabe que sua mãe me adora e sonha com uma futura união entre as nossas famílias.

— As vontades da minha mãe não são as minhas. — ele passa por ela e eu procuro sumir o mais rápido possível para que não descubra que estava bisbilhotando sua conversa.

Lembro que naquela tarde o vi pela primeira e última vez, senti sua partida e pude perceber o quanto aquilo me incomodou internamente. Heitor saiu de modo irritado da biblioteca sem olhar para ninguém, fotografei cada pedaço que o compõe na esperança de não o esquecer. Mas o tempo passou e eu o esqueci, não me recordei dele quando o vi no restaurante. Sua mesa estava muito afastada da nossa e quando o Damon o mostrou, não o fitei com tanta atenção apesar de falar para Valentina o apresentar a mim.
O reconheci no barzinho, ao som de "Essa tal liberdade". Vi meu mundo explodir em fogos de artifício quando a memória veio em um feixe de luz.
Se não fosse o destino me dizendo que o meu par, era aquele galego do meu passado. Eu não tinha respostas para me auto responder.

Mas diferente daquele Heitor do passado, esse carregava um peso no olhar. E ao ver aquele cintilar transpassar o seu olhar, eu me vi deixando um selinho nos seus lábios.
Quando Valentina disse que ele estaria nesse evento, meu coração pulsou tão aceleradamente que imaginei um possível infarto. Mas graças a Deus, não era nada disso que imaginei. Ao vê-lo conversar, senti meu pobre coração rodopiar todo bobo.

Quando decidi caminhar em sua direção um laço de ideias faiscou minha mente, e agir de acordo com o meu plano.

Atrair sua atenção para mim.

Ao invés de ir ao seu encontro, andei para a mesa de roleta, e me inclinei ao lado de um jogador. O mesmo sorriu de forma barata e se aproximou de mim.

— Sabe como funciona, boneca? — indagou.

— Espero que seja como jogar online. — respondi, humorada.

— Acredito que online é muito mais simples. — riu, e complementou. — Essa é uma roleta europeia. Você faz uma aposta e o dealer irá girar a roda central e vai jogar as bolas.

Depositei minhas mãos na borda da mesa e me inclinei sensualmente fingindo olhar os números da roleta. Sinto meu corpo paralisar ao ver o corpo de Heitor ficar entre mim e o homem ao lado. Lancei para ele um olhar confuso, de forma teatral.

— Está acompanhada? — indagou.

— Porque o interesse em saber? — lancei a pergunta fazendo mistério.

— Tenho meus motivos. — respondeu.

— Talvez esteja. — Fiz uma expressão misteriosa.

Fixei meu olhar no seu e o vi semicerrar os olhos.

— Joel, irei apostar. — Heitor disse e ganhou as fichas.

Virando-se para mim ele tocou a mecha solta do meu cabelo e disse:

— Eu acho que você não possui um acompanhante, Carolina. — sussurrou — Ele seria louco em não estar ao seu lado quando você tem metade dos olhares para si.

Ele estendeu as fichas para mim e disse:

— Faça a sua aposta e se ganhar serei seu acompanhante.

— Tentador, Sr. Ferraz. — falei aceitando a ficha. —  Número 18.
Prendo a respiração quando a bola é lançada, a roda central é girada e a expectativa parece incendiar a minha pele.

—  O que acha de irmos a um clube de músicas? — sugeriu, o olhei com um sorriso no rosto amando a sua ideia.

— O que aconteceu com o "se ganhar serei seu acompanhante?”

— Se acontecesse ao contrário teria que quebrar a minha palavra. — deu de ombros — Aceita?

— Eu amei a ideia. Estou louca para dançar até meus pés protestarem.

— E eu estou ansioso para vê-la dançar.

Sorrimos um para o outro.

O dealer anuncia a minha vitória e todos comemoram em uma vibração contagiante.

— Oh, meu Deus. Isso é inacreditável! — comento totalmente surpresa.

— Eu prefiro acreditar que os astros estão unidos a nosso favor. — Heitor comenta, e ao olhá-lo vejo o lindo e contagiante sorriso no seu rosto. — Alguns também chamam de sorte. — continuou.

—  Eu fico com a primeira opção, huh. — deslizei a ponta do meu indicador pela gola branca da sua camisa social. — E a proposta ainda está de pé?

— Com certeza! Sou um cavalheiro, Srta. Moore. Sempre honro minhas palavras.

Ergui minha sobrancelha diante das suas palavras.

— Não mencionei o contrário. — respondi, humorada.

— Não, mas gosto de mencionar para quem tem a minha atenção.

— E quantas tem a sua atenção, Heitor? — pisquei teatralmente.

— Apenas uma, Carolina. — seus dedos tocaram os fios dourados do meu cabelo, e enrolou antes de dizer:

— Você possui algum palpite de quem seja? — brincou.

— Eu imagino que ela seja tão linda quanto um belo entardecer. — continuei a brincadeira.

De repente ele ficou sério e fitou meu rosto.

— Não há dúvida alguma quanto a isso. — sussurrou. — Ela está bem na  minha frente.

Ofeguei, encantada pelo seu magnetismo.

— Vamos ao clube? — perguntou.

Assenti, peguei meu celular da bolsa de mão e digitei uma mensagem para Val avisando que estava saindo com Heitor e para onde estávamos indo. E mandei um pedido de desculpas por estar saindo e não ficar com ela.

Heitor falou com Joel a respeito da "minha vitória", resolvendo essa questão. Enquanto andávamos em direção a saída, meus olhos pousaram nas gêmeas González e por ambas estarem vestidas de formas diferentes, pude distinguir quem era quem. E mesmo não gostando do olhar que Selena lançou em minha direção, fingi indiferença, olhando-a com um olhar neutro.
Voltei a minha atenção para Heitor. Meu braço estava enganchado no dele e não pude evitar de sentir as pontadas de alegria balançar o meu coração, foi inevitável esconder o pequeno sorriso.

Não conseguir segurar.

Os flashes nos cercaram quando pisamos fora. Heitor optou por colocar sua mão nas minhas costas, no centro, de forma respeitosa. Uma lamborghini vermelha já estava estacionada em frente ao tapete vermelho, o manobrista entregou as chaves a Heitor e depois de apertar no botão do controle as portas se abriram para cima.

O friozinho na barriga agitou as famosas borboletas, senti minha garganta secar quando o carro começou a se distanciar do cassino ao sentir uma lembrança da minha adolescência piscar fortemente no meu presente.

Um detalhe tão bobo mas que fazia todo o meu interior se iluminar.

*

    As folhas das palmeiras se agitavam com o balançar do vento da noite. O céu noturno estava em seu esplendor dado pelas estrelas e a lua prateada. A fachada do clube possuía um azul neon nas letras gigantes que formavam a palavra "Dancing sexy". A grandiosidade do lugar transbordava uma vibrante energia que aquecia o sangue antes mesmo de entrarmos.

  — Isso aqui é fantástico! — me virei para ele ao exclamar.

— De fato é. — respondeu.

As pessoas dançavam em frente a um palco de tamanho médio, onde se encontrava uma cantora e um cantor. Entrei em êxtase total ao reconhecer a música que seria cantada. You"ll never find Another do Michel buble.
Heitor me leva para o centro e sem que eu espere, ele gira meu corpo em direção ao seu. Abri um sorriso gigantesco em aprovação. Os jogos de luzes contrastavam em harmonia com a beleza de Heitor. O homem possuía um magnetismo de teor angelical que me tinha por completo.

Balançamos nossos corpos no ritmo musical. A linguagem do olhar e do toque permaneciam entregues enquanto dançamos. Ternura e ondas de eletricidade cercam nossos corpos em cada passo e balanço. Dançamos coladinhos e totalmente entregue em nossa bolha. Um sentimento mútuo se manifestava através do carinho que compartilhamos em cada toque. Após a dança, saímos para fora em direção a praia.

O vento dançava com suavidade e o barulho do mar era o cântico da noite. Levantei a barra do meu vestido para poder molhar meus pés na água gelada, sorrir vendo a espuma da água cobrir meus dedos e sumir logo em seguida. Olhei para a lua contemplando seu brilho natural e glorioso.

— A lua está tão linda. — Comentei e virei para Heitor.

O mesmo se encontrava parando, as mãos no bolso da calça e um olhar magnético em minha direção.

— É, e as estrelas também. — respondeu. — Onde aprendeu a dançar tão bem? — perguntou.

— Um amigo me ensinou.

— Hm, amigo. — pigarreou mas parecia incomodado com a minha resposta.

— E você? — perguntei escondendo meu riso.

— Minha irmã. Ela fez tanto eu quanto meu irmão aprender para que na sua festa de 15 anos, nós a acompanhasse em todas as músicas.

— Já gostei dela. — disse risonha.

— É, ela é uma figura.  — Soltou um riso baixo e se aproximou de mim. — Carolina, você realmente não está interessada em ninguém?

Heitor perguntou de forma direta. Não havia muito o que pensar, em toda a minha vida não houve uma pessoa que cativasse a minha atenção. Até os encontros que tinha não dava em nada no final da noite.

— Ninguém, Heitor. — respondi olhando em seus olhos. — E você?

— Não há ninguém também, Carolina.

Seu rosto estava lentamente se aproximando do meu até seus lábios tocarem os meus com doçura. Meu coração galopou desenfreadamente em meu peito e minha pele se arrepiou com o toque. Suas mãos seguravam meu rosto delicadamente e a minha mão direita estava sob o seu peito.

Aos poucos Heitor foi encerrando o beijo com pequenos selinhos. Seus dedos faziam um doce carinho na pele do meu pescoço.

— Vem comigo? — assenti, nos levantamos e começamos a andar em direção às tendas românticas.

— Encantador. — falei ao chegar observando cada detalhe.

A tenda tinha apenas abertura frontal que direcionava nossa vista para o mar e a lua. No chão uma esteira estava estendida e um tapete estampado que fazia uma segunda camada. As almofadas espalhadas nas cores marrom, verde musgo, azul marinho e branca decoravam a tenda. Haviam duas lamparinas colocadas em pontos estratégicos para fornecer uma iluminação baixa e sensual.
Deitados, descansei minha cabeça no peito de Heitor e fitei a majestosa lua. Suspirei baixinho, enquanto meus pensamentos vagavam para longe.
O sono vem sorrateiramente e adormeço sentindo o carinho dos dedos de Heitor no meu braço.

****

8692 palavras ❤️

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro