CAPÍTULO 11 - Pelos caminhos do amor
||Damon Black ||
Os amassos quentes começavam a queimar em um desejo suave, explorando o território que nos era conhecido. Os lábios de Valentina mordiscavam os meus, enquanto ela sugava minha língua com uma intensidade deliciosa. O frio do vento nos encorajava a buscar o calor um do outro, à medida que a temperatura caía.
Minha mão adentrou seu vestido, deslizando delicadamente pela sua coxa. O desejo acumulado pulsava, e um som suave escapou da garganta dela, como um canto envolvente que me hipnotizava. Sentia-me como um marinheiro cativado por sua sereia, completamente enredado pelo seu encanto.
Ela arfou, envolvendo minha cintura com a perna direita, enquanto minha mão deslizava com cuidado pela sua coxa. A primeira gota de chuva caiu, e logo uma pancada de água nos pegou de surpresa.
“Praguejei” baixinho, e em um impulso, levantei Valentina, e juntos começamos a recolher nossos pertences. Corremos em direção à cabana, já ensopados pela chuva. Valentina se jogou na poltrona verde musgo, rindo e deixando as coisas caírem ao seu redor.
Sua roupa molhada grudava ao corpo, e o cabelo, ensopado, moldava seu rosto. Depositei o que segurava no chão e tranquei a porta. Tirei a camisa molhada, buscando as roupas que havia guardado aqui. Na época em que Erika desapareceu, passei semanas ali, longe da mídia e de contatos que não quisessem me ver mal.
O riso de Valentina parou, e a flagrei olhando para mim com um brilho curioso nos olhos.
Dessa vez, eu sorri, sem conter a alegria.
— Não se ache — disse, virando o rosto em direção à janela.
— Não falei nada — respondeu ela, divertida.
— E é preciso? — ergueu uma sobrancelha, e não conseguiu esconder o sorriso maroto.
Através da janela, vi que o tempo mudara; o céu escurecia, e os galhos das árvores balançavam com o vento. Olhei para Valentina e percebi que ela tremia levemente.
— No banheiro, a ducha tem água quentinha. Tem todo o necessário. O banheiro fica na porta à direita — mudei de assunto, e ela assentiu. — Vou separar uma roupa para você, ok?
Ela concordou e seguiu em direção ao banheiro. A cabana tinha três cômodos: sala e cozinha agrupadas, quarto à esquerda e banheiro à direita. A decoração simples trazia um toque de conforto.
Entrei no quarto e fui até o guarda-roupa de porte médio, pegando duas mudas de roupa. Coloquei a dela em cima da cama.
Andei em direção à cortina de linho branco, puxando-a para o lado e deixando a vista do exterior à mostra. Cruzei os braços, contemplando a natureza. Havíamos chegado em um dia ensolarado, mas enquanto namorávamos, o tempo se transformou sem que percebêssemos.
O telefone ao lado da cama tocou, interrompendo meus pensamentos. Atendi rapidamente.
— Filho, cancelei com o pessoal da assessoria. Eles virão amanhã às 08 horas — ouvi minha mãe falar. — As crianças estão bem, e a previsão do tempo informou que choverá a noite toda. Por favor, não venham hoje. A descida é escorregadia, e esse vento forte pode ser perigoso.
Um trovão ribombou, e um relâmpago iluminou o exterior.
— Beijos, fiquem bem — o som da linha telefônica indicou o fim da ligação. — Estamos todos bem.
— Beijos, mãe.
Desliguei e, ao sair do quarto, Valentina entrou, usando um roupão azul escuro e secando os cabelos com uma toalha.
— Minha mãe acabou de ligar, todos estão bem — avisei. — E a previsão é de chuva durante toda a noite.
— Tudo bem — respondeu com um sorriso tímido.
— Você pode usar essas roupas. Se precisar de algo mais, pode olhar no guarda-roupa — falei, saindo do quarto e fechando a porta para dar privacidade.
Suspirei e, com as roupas em mãos, fui ao banheiro. A calça molhada estava me incomodando. Entrei no banheiro e fechei a porta. Com pressa, me despir, fui direto para o box. A água morna envolveu meu corpo, e desfrutei de um banho demorado.
Ao sair do banheiro, fui recebido pelo aroma de café fresco que preenchia o ar. Valentina, com um moletom preto que a alcançava até o meio das coxas e meias nos pés, exibia um aspecto encantador. Seus cabelos estavam penteados e alinhados, destacando suas bochechas vermelhas. Era impossível não admirar sua beleza.
— Fiz café — disse, enquanto colocava as xícaras na mesa. — A calça não deu.
Ela sorriu ao falar, e não pude deixar de comentar:
— Está uma gracinha sexy.
— Você precisa se comportar! — ela exclamou, envolvendo os braços em meu pescoço.
— Eu não fiz nada... — respondi, inalando o aroma doce da sua pele.
— Imagina se não? — sussurrou ela, com um tom provocativo.
Beijei seu pescoço com doçura, subindo lentamente até o canto da sua boca. As escoriações em seu rosto me fizeram refletir sobre o que havíamos enfrentado. Decidir baixar a guarda foi a melhor escolha que fiz; ela era a prova viva de que tinha encontrado algo precioso.
— Lutar requer armas, não? — respondi, fitando-a intensamente. — Estou usando as minhas.
— Eu tinha tudo para manter meu coração blindado — confessou, seus dedos brincando na pele da minha nuca. — Mas não sei o que mudou naquela noite. Apenas sei que, em meio à decepção, você fazia meu coração queimar ao querer você.
— Eu sei. O mesmo aconteceu comigo — revelei, sentindo a conexão entre nós. — Poderia me manter preso ao passado, mas naquela noite você me resgatou para um presente que não sabia que desejava ter.
— E isso me assusta e deixa confusa — ela comentou, encostando a cabeça em meu peitoral. — As coisas entre nós estão acontecendo tão rápido, e no final, o estranho parece ser normal.
— O tempo constrói e revela o que há de ser — falei, acariciando seus cabelos. — Ele pode unir e expandir um sentimento que reflete como um espelho em dois corpos.
Beijei o topo da sua cabeça e citei uma parte da música de Luan Santana:
— Quando é pra acontecer, tem dia, lugar e tem hora.
Ela suspirou fundo e voltou a me olhar.
— Vamos comer?
— Pensei que você não iria convidar — brinquei.
— Bobo! — ela respondeu, rindo.
Afastei a cadeira para que ela se sentasse e terminei de arrumar a mesa com o que Valentina havia separado. Sentei-me, bebi um gole do café fumegante, saboreando o gosto rico e encorpado, enquanto me sentia observado por um par de olhos ônix que brilhavam com um misto de curiosidade e carinho.
*
Deitado no sofá minúsculo da sala, um verdadeiro desafio para qualquer um com mais de um metro e oitenta, virei-me de um lado para o outro, como um peixe fora d'água. Abri os olhos na missão de encontrar uma posição confortável, olhei ao redor e, com a chuva batendo insistentemente na janela, encarei o teto. A chuva não havia dado trégua desde que nos refugiamos na cabana.
Já se passaram quarenta minutos desde que Valentina se recolheu para o quarto, e mesmo com o céu escuro, eu sabia que já era noite. Resolvi puxar a coberta para cobrir meu corpo e voltei a fechar os olhos, mas o concerto da chuva, os trovões e o vento foram implacáveis. Sentei-me no sofá, com as palmas das mãos apoiadas na borda, e olhei em direção ao quarto, onde a porta estava entreaberta, revelando um silêncio que fazia minha imaginação correr solta.
— Valentina? — chamei, esperando que ela surgisse como uma heroína em um filme romântico. Mas, em vez disso, recebi apenas o eco do meu próprio desejo por um pouco de companhia.
Depois de ponderar minha situação, percebi que, se continuasse ali, passaria a noite em claro, contando os pingos de chuva. Coloquei o cobertor em volta dos meus ombros como se fosse uma capa de super-heroi, e marchei em direção ao quarto, mais parecido com um cãozinho sem dono, ansioso para encontrar um lugar quentinho e confortável. Ao entrar, encontrei Valentina dormindo, com o rosto iluminado pela luz da janela que mostrava a tempestade lá fora. Arrastei-me até a cama, em um movimento que se assemelhava mais a um ataque de um polvo desajeitado, e me aconcheguei no colchão, tentando não acordá-la. Me cobri e me virei para o lado onde ela estava. Seus cabelos negros brilhavam na penumbra, e eu suspirei suavemente, admirando a intensidade dos sentimentos que se expandiam em meu peito como um balão prestes a estourar.
Aproximando-me, envolvi meu braço em sua cintura, mantendo perto de mim a mulher que fazia meu coração pulsar como um tambor de escola de samba. Olhei para a noite lá fora e percebi que, envolvida nos meus braços, estava o meu mundo.
Meu coração havia decidido ser dela, minha mente escolheu ser seu guardião, e minha alma decidiu se entregar a ela. Valentina se mexeu, virando-se para mim, e sua cabeça encostou no meu ombro, enquanto sua respiração leve tocava a pele do meu pescoço. Ela era a canção que dava ritmo à minha alma, o encaixe que se completava e o farol que me guiava.
Tendo-a em meus braços, sou levado pelo sono.
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1487 palavras...
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