Capítulo 10
- Bom dia Senhora Wilsson. - Ana deseja fingida.
- Bom dia Ana. - Forço um sorriso.
Puxo uma cadeira e me sento à mesa, e quando Ana vem até mim para servir meu chá eu recuso sua ajuda.
- Não precisa, eu mesma faço isso. - Digo com simpatia fingida.
Pego uma xícara e sirvo meu próprio chá tranquilamente, enquanto Derek continua em silêncio lendo um jornal.
Estamos em pé de guerra há alguns dias, e como nenhum de nós dois tem a intenção de facilitar a vida um do outro, continuamos nos ignorando o máximo que dá.
Ana está radiante porque pelo jeito já percebeu que esse casamento não passa de uma farça, e ao olhar para seus olhos brilhantes e um sorriso sempre estampado em seus lábios, tenho ainda mais certeza que ela tem certeza que não nos casamos por amor.
Desde a discussão que tive com Derek, ele nem ao menos me olha nos olhos, a não ser quando quer me dar ordens.
Como eu havia assinado o contrato me vi obrigada a dividir o mesmo quarto e a mesma cama com Derek, mas se tratando de filhos eu não tenho intenção alguma de fazer essa loucura na situação em que nos encontramos.
Não amo Derek, não confio nele, então por quê eu me arriscaria a me envolver com ele apenas para lhe dar o filho que ele tanto deseja? Derek é louco se acha que vou concordar com isso.
Posso cumprir todas as normas do contrato mesmo achando absurdo, mas engravidar de um homem que não conheço e amo está fora de cogitação.
Somos casados sim, mas esse casamento está apenas no papel, e eu espero que continue dessa forma para que possamos pelo menos viver em harmonia.
Espero que Derek desista dessa ideia maluca de eu ter um filho, porque se ele continar insistindo nisso acabarei tendo um bom motivo para fugir.
Não estou aceitando ter um filho dele não porque não quero ser mãe, mas sim por causa das circunstâncias atuais.
Quando eu tiver meu bebê será em um casamento real, e com amor real, então a única coisa que posso fazer é esperar até eu me ver livre do Derek para enfim construir a minha própria família, sem a intervenção de ninguém.
- Esta noite teremos que ir a um jantar, então esteja pronta as vinte horas. - Derek fala.
- Ok. - Digo apenas.
- Se vista de forma elegante, e não parecendo uma adolescente.
Ana ri baixinho, mas se cala quando olho para ela com irritação.
- O que tem de errada na forma que uma adolescente se veste? - Retruco.
- Só não me envergonhe na frente de todos. - Derek muda de assunto.
- Não ousaria envergonhar meu maridinho. - Digo com sarcasmo.
Não fico irritada com Derek porque eu realmente me visto como uma adolescente para a minha idade, mas como eu estava sempre ocupada com a faculdade não tinha tempo nem de comer ou dormir direito, e última coisa que eu pensaria era fazer compras.
Agora que estou de férias posso respirar um pouco, mas logo logo começa a correria novamente, então eu poderei ficar livre do Derek por algum tempo.
- Chame sua amiga e vão fazer compras. - Derek fala.
- Não é necessário.
Ele enfia a mão no bolso da camisa, pega algo e estende em minha direção.
- Eu insisto para que vá fazer compras.
Derek coloca um cartão de crédito sobre à mesa, em seguida volta a atenção ao jornal novamente.
- Já que insiste. - Dou de ombros.
Bebo um gole do meu chá, enquanto olho para o cartão fingindo não estar animada.
Apesar do meu pai ter sido um homem muito rico no passado, nunca fui uma garota esbanjadora e que vivia fazendo compras desnecessárias, mas já que Derek quer tanto que eu mude meu estilo não irei negar o seu pedido.
- Não se esqueça Olívia, esteja pronta as vinte horas.
Derek se levanta, dobra o jornal e o coloca sobre à mesa, e então começa a sair da cozinha.
- Já vai trabalhar querido? - Pergunto.
- Sim. - Ele responde apenas.
Me levanto rapidamente e corro em direção ao Derek, e assim que me aproximo envolvo os braços em volta do seu pescoço e o puxo para mais perto de mim.
- Não esqueceu de nada? - Indago sorrindo.
- O que está fazendo Olívia?
- Não vai me dar um beijinho antes de ir trabalhar? - Faço beicinho.
Olho de relance para Ana e vejo que ela está morrendo de raiva, mas eu me controlo para não rir da sua cara.
- Não me provoque Olívia. - Derek fala baixinho. - Você não vai gostar...
Dou um beijo em Derek o fazendo se calar, e apesar dele demonstrar surpresa inicialmente, logo em seguida ele envolve os braços em volta da minha cintura e me puxa para mais perto de si.
Eu quero fugir nesse momento, mas por alguma razão também estou curiosa para saber qual é a sensação de ser beijada por ele.
Dessa vez Derek toma meus lábios em um beijo lento, e se ele não tivesse me segurado provavelmente estaria caída no chão, já que minhas pernas estão extremamente bambas.
- Não provoque se não aguenta as consequências Olívia. - Derek cochicha em meu ouvido.
Derek sorri de canto enquanto se afasta de mim, e eu fico parada no mesmo lugar incrédula por ter acabado de retribuir seu beijo.
Minha intenção era apenas lhe dar um selinho para deixar Ana irritada, mas Derek acabou aprofundando o beijo e eu deixei, e até mesmo assumo que gostei.
Caminho até à mesa boquiaberta com o que acabou de acontecer, e então pego o cartão sobre a mesa e novamente começo a caminhar, mas dessa vez para fora da cozinha.
- Vai querer o que para o almoço senhora? - Ana pergunta me tirando dos meus devaneios.
- Não irei almoçar em casa. - Respondo. - Pode tirar o restante do dia de folga.
- Obrigada senhora. - Ela agradece fingida.
- Por nada querida. - Sorrio falsamente.
Não sou idiota a ponto de comer a comida da Ana enquanto Derek não está em casa, porque eu não duvido nada que ela acabe fazendo alguma nojeira só para se vingar de mim.
Subo as escadarias assim que saio da cozinha, e ao adentrar o corredor que dá para os quartos encosto na parede e levo a mão ao peito.
- O que você fez Olívia? - Indago a mim mesmo.
Eu sabia que estava mexendo com fogo ao provocar Derek daquela forma, mas eu achei que ele iria me ignorar como tem feito, e não que iria acabar me beijando.
Pelo menos uma coisa boa aconteceu, já que Ana deve estar morrendo de raiva por ter visto meu marido me beijar.
Mas ao mesmo tempo que fico animada por saber que Ana está irritada, também fico brava comigo mesmo por ter gostado de ser beijada por Derek.
Era para eu ignorá-lo e odiá-lo, mas aqui estou eu me sentindo abalada por seu beijo, e o pior ainda, desejando que isso se repita novamente.
- Que merda Olívia.
Em hipótese alguma posso me apaixonar por Derek, porque ele não quer ser amado, e sim uma mulher para lhe dar um filho apenas.
Seria muita burrice da minha parte acabar gostando de um homem que me vê apenas como uma barriga de aluguel e nada mais.
Por isso o melhor a se fazer é esquecer a sensação estranha e gostosa que senti ao ser beijada por Derek, e então continar com nossa guerra infantil, porque só assim meu coração estará blindado.
- Acorda Olívia.
Me dou um tapa no rosto e então adentro o quarto rapidamente, e quando fecho à porta e me viro dou de cara com Derek saindo do Closet vestindo uma camisa preta.
- Poderia me ajudar? - Derek pergunta quando me vê.
- O que quer que eu faça? - Indago.
Derek começa a caminhar em minha direção lentamente, e como não sou idiota meus olhos vão parar em seu tanquinho bem definido.
- Olívia?
- Hum? Sim? O que foi? - Pigarreio alto.
- Você não sabe disfarçar...
- O que você quer? - O corto.
Estou morrendo de vergonha por ter sido pega babando em seu corpo, mas como Derek estava falando eu não sei disfarçar quando gosto ou desgosto de algo.
- Abotoe minha camisa. - Ele pede.
- Você...
- Minhas mãos estão dormentes. - Ele me corta.
Sei que Derek está mentindo, mas decido ajudá-lo mesmo assim, e no processo posso até tirar uma casquinha já que não sou tão sonsa quanto pareço ser.
Me aproximo dele e então começo a abotoar sua camisa, e o cheiro dele invade minhas narinas no mesmo instante.
Como um homem pode ser tão cheiroso dessa forma? Pegou bem no meu ponto fraco, porque eu tenho uma queda por homens altos e cheirosos.
- Pronto querido. - Digo assim que termino de abotoar sua camisa.
- Obrigada querida. - Derek sorri largo. - Agora irei lhe dar uma recompensa.
- O que seria? - Indago curiosa.
Derek coloca as mãos em meu rosto, e alguns segundos depois junta nossos lábios em um beijo rápido.
- Gostou da recompensa? - Ele cochicha em meu ouvido.
- Sim. - Assumo.
Me dou conta do que falei quando Derek sorri como se tivesse ganhado alguma coisa muito importante, e no mesmo instante me dou conta do que ele está tentando fazer, e mais uma vez me irrito comigo mesma por ser tão estúpida, e com Derek por ele estar jogando sujo comigo.
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