°•ORDEM VI•°
714/11/01, Império de Alveberia, Dunkel
"As faíscas que soltaram da colisão dos metais, fizeram um incêndio nas lembranças."
Stephanie fez que seu marido ficasse longe dela por duas semanas inteiras. Ela o tratou como se fosse um desconhecido — apenas quando estava em alguma conferência com os nobres, ou em refeições públicas da corte que tentava, no mínimo, sorrir. No entanto, essa distância acabou quando soube de uma notícia que a deixou petrificada. Seu marido controlou bem os ponteiros de seu relógio.
— Naw, repita — Stephanie pediu pausadamente, puxando o ar devagar. Suas palavras saíram fracas, como de uma pessoa debilitada.
— Senhora, estar se sentindo bem? — perguntou Naw, mantendo uma distância da soberana e desejando socorrê-la. — Se for assim, posso dizer que irá se ausentar no treino de hoje.
— Não. Não faça isso — Stephanie negou de imediato, levantando-se. Caminhou até a assistente com um sorriso, e tocou-lhe no ombro. Naw a encarou como uma mãe preocupada. — Eu estou bem. Mas... — As palavras hesitaram para sair. Ela estava desconfortável. — Por que o imperador estará lá?
— Ele acreditava que os novos recrutas estavam sem um mestre.
— Ninguém o informou que eu era responsável por isso?
Uma parte da história parecia não se encaixar, e por mais que Stephanie quisesse reverter aquela situação, era tarde demais — teria que encarar seu marido brandindo sua espada, e lhe mostrando que era melhor. A imperatriz mudou sua feição apenas com o pensamento desgostoso.
— Eu não sei, Majestade — Naw suspirou. Era inútil tentar explicar com mil palavras o descuido do cavaleiro Ayrton.
Stephanie espreitou o olhar, soltando a assistente, imaginando a razão daquela maldita coincidência. Seus dedos alcançaram o trinco frio da porta, e saiu do cômodo exibindo seu traje de treino — a blusa de linho com mangas, que deixavam seus ombros nus; o espartilho de couro trançado na frente realçava suas curvas e, as calças pretas e botas abaixo do joelho que deixava seus movimentos livres. Seus fios presos num rabo de cavalo alto — o mesmo que usava quando era mais nova, mas com algumas mudanças.
O som de seus passos rígidos reverberou por todo caminho, enquanto, se dirigia fervilhando em pensamento até o campo de treinamento. Quando chegou lá, parou admirando a estrutura que ficava na ala sul do palácio — toda a área era feita de calcário e pedra, aberta e o sol invadia por completo o espaço; até nas áreas mais estreitas — fazia um tempo que ela não ia ao local. Stephanie sentiu-se mais leve após se distrair na nostalgia.
Porém, o tac tac de outra pessoa deixou seu corpo em alerta. Ela sabia quem era e se amaldiçoou por isso. Estava mais autoconsciente da presença de Leon que imaginava.
— Imperatriz? — Stephanie ficou mais tensa ao ouvir seu título sair com tanta surpresa. Como ele podia fingir tão bem que aquilo era para ser apenas um inconveniente? — Não esperava que estivesse aqui.
Stephanie se limitou a dizer um "sim" involuntário, não se reconhecendo. Em seguida soltou um suspiro, se aproximando do centro do local, onde os recrutas os esperavam com as mãos entrelaçadas nas costas — mantendo o código imperial, eles se curvaram brevemente ao verem os soberanos. Um recruta em especial tentou não transparecer o quanto estava interessado na imperatriz, por isso havia ido ao local, e não estava conseguindo tirar seus olhos dela — ela era como nos rumores. Bela. Desafiadora. Uma perfeita perdição para os corações dos homens devassos.
Era uma pena que ela já estivesse casada com a besta carmesim. O homem lamentou internamente pelo pensamento, e se repreendeu.
— Acredito que muitos aqui já me conhecem — Stephanie iniciou, tirando suas luvas de couro do bolso e as colocando quebrando o contato com os homens. — Me observem. Irei fazer uma breve demonstração, e vocês terão que fazer o mesmo com seus parceiros — Ela virou brevemente a cabeça observando o marido alcançar uma claymore era , e sorriso malicioso brotou nos lábios da esposa. — Nos observem.
Corrigiu-se, andando até o marido, sacando uma rapieira e Leon percebendo seu movimento sutil não conteve um olhar cético com sua escolha. Uma rapieira nunca seria párea para uma claymore era.
— Não creio que essa espada possa me fazer dano — Leon aconselhou saindo mais arrogante que em seus pensamentos.
— Veremos — Stephanie desafiou-o colocando a mão esquerda nas costas e posicionando seus pés para a melhor postura para se tirar o potencial total da espada — Suas escolhas para espadas é tão ruim quanto as mulheres que escolhia para esquentar sua cama.
O sorriso se alargou ao ver seu marido estonteado com suas palavras. Ele lutaria a sério com ela após trazer à tona seu comportamento libertino quanto era mais jovem — apesar de não lhe agradar a forma como descobriu.
— Não diga estas palavras com tanta calma — seu marido protestou, erguendo a espada para sua esposa. — E sobre espadas eu entendo, minha senhora.
— Ah, claro, tenho certeza que entendes. Porém, sobre mulheres, creio que não — Stephanie provocou, arrancando um grunhido frustrado de Leon e um riso fraco dela. Ela estava de mau-humor, por esta razão, estava mais ousada e indisciplinada. Leon conseguia lhe arrancar o pior de si.
Entretanto, antes que saísse completamente do curso, ela avançou retilínea sobre Leon, quase lhe acertando no abdômen. Um ataque limpo, mas insuficiente. Leon desviou com pressa, e se recuperou atacando-a no ombro, porém, Stephanie recuou, e no movimento foi como se parasse de respirar. Trocaram olhares, esquecendo da plateia e reiniciaram as investidas. Stephanie mirou no peito de Leon, desistindo em seguida por causa do ângulo. Iria matá-lo. Não que isso fosse conseguido tão facilmente.
Parou e analisou. Nesse intervalo de tempo, Leon viu brechas em Stephanie, e correu em sua direção, assustando-a com o movimento grosseiro em seu pulso. Contudo, ela não largou a espada. Virou-se para o lado, cortando o braço de Leon e já atrás dele, moveu a espada dando uma volta completa acima da cabeça — e roçou a lâmina fria no pescoço de seu marido; ganhando uma vitória temporária.
— Tudo é técnica, querido — Stephanie zombou, ouvindo brevemente alguns "oh'' dos homens que os cercavam, lembrando-se deles. — Não subestime uma espada corto-perfurante.
Ela também havia tirado vantagem do tamanho de seu marido. Apesar de grande, era mais lento e pesado do que Stephanie. A rapieira só facilitou em seus movimentos.
— Não subestimei a espada, mas sim, seu portador — Leon disse. Stephanie tentou disfarçar, porém, suas sobrancelhas se juntaram da mesma forma. — Nunca vi usar uma espada deste modelo. Acreditei que não tinha tanta habilidade e destreza. — as palavras de Leon clareou o mal-entendido que Stephanie havia criado. — Eu perdi, imperatriz.
Aquelas palavras deveriam parar a guerra constante de Stephanie sobre seu marido arrogante, porém a fez cair num poço mais fundo. Seu marido poderia estar brincando com ela. Ele a fez ganhar de propósito. Não foi uma batalha justa — no passado, ele a fez acreditar que não tinha talento para empunhar uma espada; lhe dizendo que não era seu dever. Que estava se desgastando por capricho — além de ter esquecido da época que lhe havia roubado uma rapieira de suas mãos sem que ela pudesse ver, a derrotando com exímio.
— Eu domino quase todas as artes das espadas, imperador — não o mate, não o mate, Stephanie pediu em seus pensamentos. Controlando seus impulsos, ela se virou para os rapazes que estavam extasiados antes mesmo de ouvir qualquer palavra sua.
— Deveria dominar as atenções também — Leon balbuciou, encarando o brilho diferente dos homens. — Elas são incômodas — espreitou o olhar, apertando com força o cabo de sua espada.
— Tentem pegar o inimigo de vocês de surpresa, usando claymore era — Stephanie ordenou, sendo curta e breve decepcionando alguns e — principalmente ele — o recruta nobre, dos cabelos castanhos com a franja cortada, que tomou um passo audacioso para frente, fazendo Leon se colocar em alerta e atrair a atenção de Stephanie.
— Mas iremos aprender a usar a rapieira da mesma forma que a senhora fez, imperatriz? — Seu tom saiu gentil e doce, como se estivesse seduzindo a soberana. Leon, vendo por trás das intenções do jovem, se colocou ao lado de Stephanie como se estivesse a protegendo. Alguns tomaram certa distância, enquanto o nobre permaneceu parado.
— Infelizmente, o modo que eu usei a rapieira é uma adaptação única para meu físico — Stephanie respondeu inocente, sem perceber o feitiço por trás da cordialidade do jovem. — Mas fique à vontade para praticar neste seis meses a técnica.
— Poderei ficar à vontade para chamá-la para ser minha parceira de treino? — O jovem investiu em ter Stephanie próximo a si, ganhando um olhar repreendedor do seu soberano, porém, ignorando-o.
— Se porventura eu tiver algum tempo livre, sim.
Stephanie sorriu, sentindo-se feliz pelo interesse do jovem pela técnica da espada. As corto-perfurantes eram subestimadas em reinos, por serem mais suscetíveis a quebrar em combate real, mas Stephanie treinou ao ponto de minimizar essas desvantagens. No entanto, mal ela poderia pensar que as intenções do jovem eram outras.
— Qual é seu nome?
Ao escutar aquela pergunta sendo formada pelos lábios da imperatriz, todos ficaram surpresos, e principalmente Leon, por nunca — em todos estes anos — escutar Stephanie perguntar o nome de outra pessoa. Ela não precisava, uma vez que era o dever de qualquer um que ficar à sua frente se apresentar. Aquilo doeu no coração de Leon, por não ter sido aquele a quem ela teve interesse em saber o nome. Enquanto, no jovem, a sensação de prestígio que inundou seu peito foi indescritível.
— Damien Storteff, segundo filho da Casa das Rosas Brancas, senhora — apresentou-se, cordialmente, alcançando a mão de Stephanie, deixando um breve beijo casto nela.
— Primeira vez que recebo um recruta da Casa das Rosas Brancas — Stephanie dessa vez deu um sorriso com dentes, fazendo que Leon sobressalta-se na sua mente que não era como os outros sorrisos burocráticos dela. Estava sorrindo de verdade. — Bem-vindo ao exército, Damien. Traga a honra para o império e para sua casa.
Damien permaneceu com a cabeça baixa assentindo, e apenas levantou quando viu que seus soberanos se afastaram, deixando que eles fossem treinados por um homem igualmente forte, porém, não como eles poderiam ser. Antes que Stephanie sumisse completamente das suas vistas, ele guardou bem as suas feições, pois sentia que seu próximo encontro não iria acontecer tão rápido.
Enquanto um jovem sonhava em conquistar o coração da dama fria, Stephanie estava sendo perseguida por seu marido. Ela poderia sentir seu olhar perfurante mesmo de costas, e mesmo que ela tentasse despistá-lo desviando para vários corredores, seguindo por direções contrárias a sua, ele acompanhava seus passos; seguindo a mesma intensidade deles.
A mulher dando-se conta que não seria fácil e mais desgastante se livrar de um confronto direto com seu marido, ela soltou um suspiro mais alto que havia estipulado, virando-se para seu marido. Ele a encarava impassível, assim como sempre, deixando nítido que não continha nenhuma outra intenção além de aborrecer-la.
— Não deixe meu tempo ser gasto de maneira incorreta, imperador. Fale rápido e de forma curta. — Ela pediu educadamente, como todas as vezes que era necessário falar com seu esposo, deixando Leon desconfortável e aumentando a tormenta em sua mente.
— Não permita que outros homens a corteje. — Leon fez como ela desejou, indo direto ao ponto, sem esconder o quanto estava com ciúmes de um garoto tolo, que nem ao menos sabe como segurar uma espada, reunindo a coragem de cobiçar sua esposa em sua frente.
Stephanie acreditou que as palavras sopradas em seu ouvido eram uma piada, por isso, se permitiu rir sem hesitar.
— Ele não estava me cortejando — negou. — Estava apenas sendo cortês, e um cavalheiro de bom coração.
— E você estava retribuindo de bom grado. — A acusação de Leon parecia vir quebrada, então antes que ele julgasse Stephanie, a mulher entreabriu os lábios, pronta para rebater, porém, Leon foi mais rápido. — Não negue, porque a guerra ainda não conseguiu roubar minha visão. Eu observei você sorrir tão abertamente para outro homem, e permitir que ele lhe tocasse sua mão, quando eu estou restringido de respirar o mesmo ar que o seu.
A confissão não estava nos planos de Leon. Saiu sem desejar. E assim que olhou a expressão de Stephanie, ele soube que havia sido uma má ideia. Ela não lhe encarava culpada ou gritando um pedido de desculpas; a única coisa que continha no rosto da imperatriz, era pura aversão.
— Você, — Stephanie pronunciou a palavra com força, revelando sua rigidez quando ao assunto — justo você, pensou que eu iria lhe trair com o recruta? — A mulher se sentiu injustiçada por ser acusada por seu marido. Porém, ela não deixou que aquilo a abalasse muito. O que esperar de um homem? De seu marido ela já estava exaurida de crescer esperanças. — Imperador, pode ficar tranquilo quanto a isso. Ao contrário de você, eu valorizo a fidelidade, e nunca atreveria ter um caso com outro homem.
Ela já tinha problemas suficientes apenas com um. Não queria outro, para dobrar seu cansaço.
Stephanie satisfeita por ter esclarecido o mal-entendido causado por seu ato de gentileza, deu de costas. Porém, antes de avançar os passos, ela agarrou o pulso do marido virando-se rapidamente, evitando dele tocar em seu ombro.
— Não foi isso que eu desejei dizer. — A mão que Stephanie segurava tremia, e ela sentia na sua voz que as suas palavras haviam o abalado. — Eu nunca faria tal ato profano de te acusar de traição. Apenas quero que outros homens parem de te olhar quando você já fez sua escolha. — Stephanie vacilou ao ouvir Leon, e o soltou. — Eu sou o escolhido por você, mesmo que já não tenha mais utilidade.
Ele parecia sincero. Abatido de verdade. No entanto, ela poderia confiar? Do mesmo jeito que confiou quando era mais jovem e inútil, e ele sumiu quando ela precisou?
Stephanie em meio a bifurcação de o julgar e dar uma chance para Leon, ficou sem palavras na frente de seu marido pela primeira vez. Desde que eram pequenos, sua boca nunca ficou suficientemente seca para permanecer quieta. Sempre retrucava na oportunidade que surgia, e fazia seu marido se calar.
"Meu neto nunca irá se reverenciar a alguém tão imponente como a senhorita."
Seu corpo estremeceu ao lembrar da voz de George. Era um homem cruel que acreditava na soberania dos homens, disseminando suas convicções nos ouvidos dos tolos nobres, que não tinha qualquer coragem de ir contra as tradições e um homem poderoso como ele. Tendo em posse metade do império.
Stephanie provou-o que ela poderia ser mais que um simples enfeite para seu país e para um homem inepto, porém, ela sentia uma pequena insegurança perto de Leon. Ele é uma criação de George. Um homem que poderia roubar-lhe o cargo de imperatriz. Por isso, ela ainda o mantinha por perto mesmo não nutrindo sentimentos — retirando a mágoa que ela sentia pelo passado —, evitando dele ter ideias ousadas.
— Mas isso que aparentou. — Ela voltou a racionalidade. Stephanie não poderia ser fraca com ninguém. Era uma falha que ela não poderia suportar. — Se já acabou, eu...
— Eu nunca a traí. — Leon disparou antes que ficasse mais acusações pairando no ar. — Nunca desejei outra mulher além de você.
A confissão de seu marido fez toda a esperança que Stephanie tinha para deixá-lo se aproximar de si, morrer como se nunca houvesse germinado nela. A imperatriz sabia que era mentira, uma vez que, ela guardava o segredo desavergonhado de seu marido de se casar com ela sem está puro. Apesar de ser comum na alta sociedade, a imagem dele poderia ser destruída, porque ele não havia se casado com qualquer nobre.
Era a imperatriz.
— Estou feliz em ter consciência disso... — fingiu alívio.
†
A luz da lua banhava seus pé, e se alastrava por todo o seu corpo conforme seus passos firmes avançavam para fora do pequeno túnel, que demarcava que depois dele tudo pertencia somente a ela. Seu semblante estava cansado, e sempre que sentia uma pontada de dor nas palmas da mão por batalhar o dia inteiro, a princesa herdeira contraia o olho esquerdo.
Aquilo doía, porém, machucava mais ouvir todos os nobres a julgando apenas com o olhar que nada além de seu rosto servia para eles. Todos os nobres desejavam se casar com um de seus herdeiros, e havia ficado mais desconfortável depois de seu baile de maior idade.
Ela estava determinada a agarrar a vitória em suas mãos. Traria as provas da sua força banhada de sangue, e ninguém mais se atreveria a julgá-la inofensiva. Ela estava longe de ser.
Seu momento solitário teve seu fim ao escutar algo colidindo com a parede antes de sair completamente do corredor, assim que voltou, encostou as costas na alvenaria fria. Os tecidos de seu vestido degradê mal fizeram barulho por ser feito de um material diferenciado dos demais, e suas mãos se moveram com rapidez num punhal escondido por baixo de suas anáguas, preparando-se para atacar quem quer que fosse.
Como eles estavam em guerra civil com rebeldes, não duvidaria que eles planejam sequestrar a pobre princesa que vive trancafiada numa das alas do castelo para obter sucesso no confronto, evitando mortes.
Ela apertou o punhal da faca mais forte, sentindo seu corpo corresponder a situação, colocando-se em alerta. Uma leve rajada de vento soprou levando seus fios para o lado, e por conta da posição, a luz da luz cobria seu rosto. Assim que se atreveu a inclinar-se e observar o movimento de soslaio, Stephanie entreabriu os lábios, não acreditando que seus olhos produzissem.
O duque de Casteyer tendo a ousadia de tocar o corpo da lady Willa Meyer. Suas mãos começaram a deslizar pela cintura da ruiva, após equilibrar seu corpo na parede, as pernas da jovem se encostarem em sua cintura, enquanto exploravam a boca do outro com avidez, sem tempo para o ar atravessar seus pulmões.
Separando suas bocas, os dedos delicados da jovem abriram alguns botões da blusa do homem, e arfou no mesmo lugar, como se Leon Barueri de La Casteyer não fizesse nada além de arrancar seu fôlego. Depois de absorver um pouco do momento, a mulher voltou a beijar o duque, e Stephanie observou quando as mãos de Leon sumiram por baixo da saia da mulher, e em poucos segundos o lugar vazio foi preenchido por sons cupidos da lady.
Stephanie ficou atônica, sem piscar os olhos, vidrada quando uma das lady mais respeitadas em seu meio social, agarrar o cabelo e ombro de Leon, e gemer em seu ouvido, após chegar ao seu ápice.
— Parece que os boatos sobre os homens da família Casteyer são verdadeiros. — Willa sussurrou, ainda dedicada em se deleitar nas sensações que Leon havia lhe arrancado.
Willa vagou a mão do pescoço de Leon, trilhando um caminho até seu abdômen, desabotoando seu corpete; enquanto, o duque fitava tudo em silêncio, sem parecer abalado ou com pressa para acelerar aquele momento.
Stephanie ergueu uma das sobrancelhas ao perceber que Lady Meyer estava desengonçada, com o rosto vermelho, com os olhos brilhando em êxtase; e Leon parecia distante.
Com um suspiro, Stephanie voltou a guardar seu punhal, e quando voltou a olhar para as duas pessoas que invadiu seu espaço privado, o olhar de Leon estava nela. A princesa viu um último lampejo de desespero no olhar de Leon, antes de virar-se e correr.
— Pare — Leon ordenou para Willa, com a atenção no lugar por onde a princesa havia fugido. A nobre, no entanto, ignorou, continuando a beijá-lo no pescoço. — Eu disse pare. — Dessa vez, ele soltou a mulher, afastando-se dela, sem fornecer ajuda, deixando-a caída no chão.
Azar. Era a única palavra que Stephanie conseguia pensar enquanto corria com agilidade pelo corredor. Sua respiração estava pesada, e seu coração retumbou com as cenas que presenciou.
Deus, quantas mulheres ele já havia levado às sombras?
Ela não teve tempo para pensar, pois, uma mão agarrou seu braço. Stephanie ao sentir o contato, desvencilhou de imediato, girando o corpo e erguendo a perna. Conseguindo acertar Leon na cabeça, porém, ele aproveitou o corpo da mulher próximo, e avançou para imobilizá-la.
Stephanie se debateu, mas já tinha as mãos atadas por uma das mãos de Leon. Com a certeza de que não teria sucesso em lutar com a força do homem mais forte do império, a princesa apenas fitou seu estado — Leon tinha todos os botões de seu corpete negro com detalhes de ramos vermelhos, com algumas regiões avermelhadas no pescoço e o cabelo bagunçado —, vendo-o um desastre, Stephanie não controlou um olhar decepcionado.
— Você tem uma noiva, Sua Graça — Stephanie não pensou em suas palavras, apenas que elas deixaram um gosto amargo em sua boca. Ele tinha um compromisso com uma condessa, porém, ele pisou em cima do orgulho dela, mesmo que ela não soubesse. Stephanie odiou seu desrespeito com uma mulher do império, apesar de não conhecer a garota. — Assim, que se quer negociar meu silêncio pelo que vi, a resposta é não. Honre com as consequências de seu ato.
— O que você viu exatamente? — Leon perguntou pausadamente, não ouvindo nada do que a princesa disse.
— Tudo. Eu vi... tudo. — Ela não sabia porque hesitou em algumas palavras. Talvez temesse pela reação do duque. E seu pressentimento estava correto; o duque apertou o feixe criado por seus dedos, causando uma leve dor em Stephanie.
— Será morto...
— Pelo seu pai? — Ergueu as sobrancelhas, sarcástico.
— Por mim se continuar sendo grosseiro dessa forma — Stephanie mal terminou de falar, e inclinou o corpo, dando uma cabeçada na testa de Leon, deixando-o confuso por segundos.
O golpe custou algumas gotas de sangue de seu nariz, mas ela não se importou.
Livre, Stephanie agarrou seu punhal e o posicionou na garganta de Leon.
— Agora cale a boca, e desapareça da minha vista antes que eu dê um fim na vida do herói do império. — Os olhos de Stephanie eram puro gelo, e com as sombras do lugar fechado, não poderia ser visto o verdadeiro vislumbre da crueldade da herdeira.
— A condessa ainda não é minha noiva — defendeu-se, tardiamente.
— Não deixa de ser um descarado por se atrever fazer atos libidinosos próximo aos meus aposentados — Stephanie rosnou. — Eu não tinha ideia que homens da família Casteyer fossem tão escória, chegando ao ponto de desprezar a decência de um cavalheiro.
— Você não sabe de nada, princesa.
— Não me faça de idiota por viver trancafiada neste castelo.
Stephanie ainda rangia os dentes quando Leon enveredou os dedos no pulso fino da princesa, aprofundando a lâmina em seu pescoço. Com a mão livre, ele puxou-a pela nuca, esfregando levemente pedaço da sua pele na dela, e em meio disso, ele soltou um suspiro.
Eles fizeram contato visual, criando uma conexão desconhecida, e Stephanie sentiu as partes onde ele tocava esquentar, e sua raiva evaporou por alguns segundos.
— E como eu disse — Leon que parecia inabalável segundos atrás, segurando uma mulher em seus braços, parecia perder o fôlego somente em encostar na princesa —, há muitas coisas que você não sabe ainda, Vossa Alteza.
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