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DEZ

DAISY

LADY EVERLYE
um roteiro por Daisy Lynton

INT. - PALACETE DE LADY HARRISONE - TARDE

ENTRA: LADY EVERLYE, caminhando pelos corredores da casa de sua amiga... esbarra no Duque de Lancashire. Há uma surpresa no seu rosto, pois não esperava ver o duque em um chá da tarde para mulheres, muito menos aqui no interior da Inglaterra.

EVERLYE: Oh, sinto muito, vossa alteza!

LANCASHIRE: Não sinta. Não foi nada demais.

EVERLYE sorri fracamente. Seu rosto já demonstra tédio pela aquela conversa que mal começou. As conveniências da sociedade inglesa lhe irritavam facilmente.

LANCASHIRE: Desculpe, mas como se chama?

EVERLYE: Kelcie Everlye, sou a segunda filha do visconde de Essex. Perdoe-me a inconveniência da pergunta, mas o que vossa alteza faz aqui? Pensei que estaria em Londres para a temporada [É uma verdade universalmente conhecida que um homem de grande fortuna deveria estar atrás de uma esposa (Apague isso. Está muito Orgulho e Preconceito, Daisy!)]


— Ingleses bebem mocha? — semicerrei os olhos, sentindo o notebook esquentar no meu colo.

Eram três da manhã e eu estava sentada na sala da casa dos meus pais, tentando terminar aquela maldita cena.

Lady Everlye era um projeto pessoal meu que eu comecei ainda na faculdade. Um roteiro de um filme, possivelmente uma minissérie se eu adicionasse uma cena ou outra. Em resumo, se passava na Londres vitoriana e acompanhava a saga de Lady Everlye, uma mulher astuta, cativante e assassina, que seduz o duque de Lancashire para assim conseguir incriminá-lo pelos seus assassinatos.

Não sei dizer da onde surgiu a ideia exatamente. Mas sei que foi em algum momento enquanto lia Orgulho e Preconceito pela vigésima vez e pensava "Elizabeth Bennet poderia esconder um corpo e sair ilesa".

— A Inglaterra não fica do lado da China? Eles tomam chá — Meu irmão mais novo e seu cérebro comido por videogame respondeu com um "quê" de certeza — Ah! Você roubou, seu imbecil! — Elliot exclamou, empurrando o braço do nosso outro irmão, Cole.

— Não é minha culpa se você é uma merda no Street Fight, Elliot — respondeu com um sorrisinho, tentando se livrar dos golpes dele.

— Pelo amor de Deus, calem a boca — suspirei, jogando minha cabeça contra a poltrona do papai.

Estar em casa de novo era bom. Em parte.

Mamãe insistia em fazer tudo para mim, então eu não precisava me preocupar com a roupa suja e em comer pipoca no almoço pela segunda vez na semana. Papai sempre tentava me encorajar e vivia citando essas frases inspiradoras para me "animar". 

Mas, ao mesmo tempo, era uma droga viver de novo com meus pais, porque significava voltar duas casas atrás no Jogo da Independência.

Eu já tinha passado por essa fase de sair de casa, de começar minha própria vida na cidade grande e, de repente, eu estava aqui mais uma vez.

E todos esses mimos dos meus pais não eram tão bons quanto pareciam. Ontem, minha mãe pediu o número de Stacker para xingá-lo por me demitir dessa maneira — pelo bem do diretor, eu disse que não tinha seu telefone. As frases que meu pai colocava em um post-it no espelho do banheiro começavam a ficar cada vez mais esquisitas.

Como a de hoje, que foi: "O mérito da derrota é todo seu". Inspirador, pai, obrigada.

Para completar, havia meus irmãos e o fato de que eu tinha que dividir o quarto com Cole. A situação já era constrangedora por si só, porém era mais ainda pensar que nós dois tínhamos mais de vinte e cinco anos e continuávamos na mesma situação da adolescência.

Cole e Elliot deram mais algumas risadinhas antes de ficarem em silêncio. Foram apenas alguns segundos de silêncio completo antes de Dahlia, nossa irmã de onze meses, abrir o berreiro no andar de cima.

— A praga acordou — murmurou Elliot para mim.

— Não a chame assim — papai surgiu nas escadas com uma cara extremamente cansada — E você não tem escola amanhã?

— Daisy e Cole estão acordados.

— Bom, eles são adultos.

— Eu tenho quinze anos — justificou, mas papai continuou lhe encarando — Que droga. Eu não vejo a hora de ser um adulto desempregado — reclamou, subindo as escadas em direção ao seu quarto.

— Vocês precisam de ajuda com Dahlia? — me ofereci, já que não conseguiria escrever com seus berros de qualquer jeito.

— Não, está tudo bem. Se a ignorarmos por dez minutos, ela volta a dormir.

— Deveríamos questionar seus métodos de criação? — Cole semicerrou os olhos.

Eles dois pareciam quase a cópia de carbono um do outro.

Eu e Cole éramos os irmãos mais parecidos com papai. Ambos tínhamos sua pele mais escura, os cabelos castanhos e os olhos meio puxados, a única coisa que ele havia herdado da sua mãe que era parte vietnamita. Enquanto nossos outros irmãos lembravam mais a mamãe, ainda que os olhos puxados estivessem presentes neles também.

— Ei, eu criei dois adultos muito saudáveis e talentosos desse jeito — papai apontou o dedo na sua direção com um sorriso jovial, apesar das rugas no canto dos seus olhos de anos lidando com choro de crianças.

— E veja só, os dois estão desempregados vivendo sob o seu teto — completei com um sorriso.

— Por pouco tempo. Os dias brilharão novamente para os dois.

— Argh, frases motivacionais! — Cole tampou os ouvidos.

— Como está indo seu roteiro? — Papai ignorou Cole e perguntou para mim, cruzando os braços sob a blusa branca escrita "I Love NY", que, acredite se quiser, compramos no México.

— Uma droga.

— Os dias ainda brilharão para você.

— Você já disse isso.

— Porque é verdade — ele apertou meu ombro — Eu acredito em você, Daisy. Você é meu maior orgulho e conseguirá vencer esse desafio. Desde que você era criança e criava desculpas super elaboradas para culpar Cole por quebrar o balanço do quintal, eu acreditava que você cresceria para ser uma ótima escritora.

Eu sorri.

Papai me incentivou bastante a ser uma cineasta. Quando eu me virei para ele aos dez anos de idade e disse que queria ser uma diretora de cinema, ele sorriu e respondeu que eu seria a maior diretora desse país.

Ninguém realmente leva a sério o que uma criança de dez anos quer, mas, mesmo assim, ele me mostrou seu diretor favorito — Orson Welles — e assistimos Cidadão Kane, enquanto papai me contava que o filme fracassou nas bilheterias e só anos depois foi considerado um dos melhores filmes da história.

— Que idiotice, eles perderam um filme muito legal — eu dizia, ainda que não tivesse entendido absolutamente nada do filme. Eu só queria agradar meu pai como toda filha.

— Às vezes, temos a coisa certa em mãos, mas não é o momento certo — papai respondia. Eu nunca tinha entendido aquela frase na época.

Ele também me levou a Hollywood dois dias depois, me mostrou a calçada da fama, o letreiro no Mount Lee e o píer de Santa Monica onde vários filmes foram gravados. Também foi o dia que eu vi uma prostituta pela primeira vez, mas isso não vem ao caso.

Ele me fez acreditar no meu potencial. Acho que eu nunca teria seguido em frente com meu sonho se não fosse pelo meu pai sempre confiando na minha capacidade. Por isso, era ainda pior voltar aqui, eu sentia que o tinha decepcionado.

— Isso não era engraçado — admitiu Cole. Sorri e empurrei sua coxa com meu pé.

Dahlia parou de chorar lá em cima, então papai se despediu e voltou para o quarto.

Cole ligou videogame, mas deixou a televisão no mudo sem que eu precisasse pedir. Então, tentei escrever.

Mas não conseguia.

Esses últimos três dias em casa sem fazer nada só me deixaram ainda mais irritada, tudo que eu conseguia pensar era na minha demissão, em Cliff — que não se deu o trabalho de ligar ou mandar mensagem — e até mesmo Guy aparecia nos meus pensamentos de vez em quando.

Entrei no meu e-mail novamente. Enviei um currículo para um estágio em todas as produções possíveis de Hollywood. Até mesmo para Grey's Anatomy. E ninguém me respondeu até agora... Quando abri a caixa de entrada tinha uma mensagem com o assunto marcado como "Proposta de emprego".

Com um pouco mais de desespero que o necessário, abri o e-mail.


Daisy Lynton, lemos seu currículo e você está sendo chamada para um teste para a vaga de balconista no Pizza Hut Oakland.


Certo. Eu também mandei um desses apenas como segundo plano.

Será que era assim que minha vida acabava? Sem namorado, trabalhando no mesmo Pizza Hut que trabalhei aos dezesseis anos e sem perspectiva de vida? Foi para isso que dediquei quatro anos na faculdade de Cinema e mais dois anos na produção de Stacker? Não podia acreditar que esse era o fim da linha para mim. Não podia ser.

Eu merecia ser recompensada pelos meus esforços, não? Sacrifiquei minha vida social, minhas amizades, minha família até mesmo meu relacionamento naquele maldito programa. E tudo foi em vão por um erro.

Não de Guy. Ou de Cliff. O erro foi meu por deixar a primeira adversidade me derrubar no chão.

Fechei os olhos por alguns segundos e, de repente, me vi pesquisando sobre Guy Carver na internet.

O resultado da pesquisa, em grande parte, eram artigos de fofoca falando sobre a nova ficante de Guy. Haviam vários desses e o rosto dela mudava a cada site e não era um erro deles.

A matéria mais recente falava a respeito da tal briga com o fotógrafo e pertencia ao jornal chamado Metrópoles. Ele foi escrito por alguém chamada Summer.

Eu cliquei.

O texto era enorme, então apenas rolei a página até chegar em um depoimento do fotógrafo:


"Ele parecia um lunático. Achei que iria me matar" disse o fotógrafo que teve o nariz fraturado e um dente quebrado.

Devemos nos recordar que esse não é o primeiro caso de agressão envolvendo a estrela Guy Carver. Outros amigos próximos e vizinhos já comentaram sobre seus impulsos agressivos.


Um arrepio subiu pela minha espinha. Eu ouvi falar sobre o comportamento neurótico de Guy várias vezes, todo mundo ouviu, mas nunca vi com meus próprios olhos. No set, ele só parecia um bêbado idiota, incapaz de machucar ninguém a não ser a si mesmo com todo álcool.

Embaixo da matéria, tinha uma foto sua sorrindo para a câmera. Era de algum ensaio que ele fez nesse ano. Aquele sorriso de lado era sua marca especial, junto com os óculos espelhados.

— Esse é o cara de Orgulho e Preconceito? — Cole perguntou.

— Pensei que você o reconheceria de James Bond.

— Deveria ter dito isso, né? É menos constrangedor — balançou a cabeça e eu dei um sorrisinho.

— Eu trabalhava com ele no set.

— Ele é tão gostoso na vida real quanto nas fotos? — perguntou, sem tirar os olhos da televisão — Eu sou facilmente atraído por homens de olhos azuis, o que posso fazer? — disse ao perceber meu silêncio.

— Guy é...

Um babaca. Eu ia dizer isso, mas pensei em como ele foi gentil ao tentar me "ajudar" com situação envolvendo Cliff. Talvez eu tenha sido precipitada no meu julgamento sobre ele. Ele era louco e me fez ser demitida, é verdade. Ao mesmo tempo, eu podia ver que ele se sentiu mal por ter feito aquilo.

Merda. Bastava duas horas com alguém e eu já tirava as melhores conclusões sobre sua personalidade.

Eu não estava pesquisando sobre ele a toa. Estava considerando sua proposta de casamento, o que significava que ou eu havia perdido a noção de tudo ou eu atingi o fundo do poço.

Bom, ainda sim era uma possibilidade. Eu estaria em Los Angeles, poderia conseguir meu emprego de volta e, eventualmente, me reergueria de novo. Eu só não podia desistir quando estava tão perto de realizar meus sonhos.

Só que havia três problemas. Primeiro: eu teria que me casar com Guy Carver. Segundo: eu cometeria um crime. Terceiro: eu teria que pedir abrigo na sua casa e não podia morar com alguém que mal conhecia, mesmo ele sendo famoso.

Pensei sobre aquilo a noite inteira e, de manhã, encarei aquele post-it rosa no banheiro:

— O mérito da derrota é todo seu, Daisy.


— Estou saindo de casa — anunciei para minha família reunida na mesa de dez lugares da cozinha para tomar café da manhã, enquanto puxava a mesma mala rosa da Hello Kitty com a qual eu voltei para casa há três dias.

— Eles crescem tão rápido — papai suspirou.

— Você vai voltar para casa de Cliff? — Elliot perguntou, sem tirar os olhos do seu PSP.

— Nós terminamos — repeti pela terceira vez, e sentei-me entre Cole e Briony.

— Eu não entendo o porquê. Vocês eram um casal tão lindo! Achei que iam se casar — mamãe disse, prendendo os cabelos claros em um coque.

— Nós achamos melhor sermos amigos.

Eu não contei o real motivo do término para eles, porque, bem, minha família amava Cliff e não queria jogá-los contra ele. Eu sei que eles tomariam meu lado e parariam de falar com os White no mesmo instante. Os pais de Cliff não tinham culpa pelo filho deles ser um babaca traidor, então resolvi que não diria nada.

Apenas Cole sabia, porque eu não conseguia guardar segredos dele.

— Ei, se você quiser eu posso dar uma surra nele — Elliot se prontificou.

— Não será necessário — balancei a cabeça, sem conseguir imaginar a cena cômica que seria Elliot com seus braços magrelos, batendo na porta de Cliff.

— É uma pena. Ele era como o filho que eu nunca tive — disse o pai, entregando um pão para minha irmã de oito anos que tratou de devorá-lo no mesmo instante.

— Muito engraçado — Cole disse sem humor.

— Você nunca mais vai namorar, Day? — perguntou Briony com a boca cheia de farelo de pão.

— Não, não vou e nem você deveria. Homens são péssimos — respondi com um sorriso.

— Mas você também pode namorar mulheres. Não há nada de errado nisso — papai disse, dando um tampinha no ombro de Briony. Revirei os olhos.

— Obrigada pela estadia, mas eu preciso ir. O sucesso me aguarda — eu enfiei um pedaço de pão na boca e me levantei da cadeira, determinada a recuperar minha vida de volta.

E talvez me casar. 

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