Eu
Junho de 2014
Jake não é especial. Não é diferente de ninguém. Não tente ser diferente, Jake, por favor.
Era tarde de primavera. O céu estava lindo, numa mistura de cores femininas fascinantes. Tons de rosa com laranja pintavam o céu de forma tão tranquilizadora quanto uma música calma. Jake estava sentado em um dos bancos de madeira da praça da sua cidade. No centro havia um chafariz em formato de golfinho que jorrava água num lago sem parar. Crianças corriam por aí e andavam de bicicleta, aproveitavam o final da temporada para admirar a natureza, as flores de cerejeira principalmente, que caiam das árvores e pairavam sobre o chão.
Jake estava sozinho, não costumava sentir falta de ninguém, mas naquele fatídico dia, sua cabeça pedia pela companhia antiga e seu coração ansiava pelo toque carinhoso que não recebia a dois meses. "Chris... Kael... onde vocês estão?", pensa ele. Observa ao redor, estava cercado por árvores de cerejeira e por pessoas ocupadas de mais cuidando de suas crianças. Não via adolescentes, eles devem se matar de usar camisinhas aos sábados, mas ele não se importa com isso.
Jake levanta o olhar e observa as pessoas da praça, até que avista um homem andando e que aparentemente, acabara de surgir no local. Parecia frustrado, com os pés batendo firmes e fortes no chão. "Uma ótima companhia... uma ótima presa..." Pensa. Não sabia ao certo quando ou como esse desejo deplorável de assistir a massacres havia começado. Não sabe ao certo quando foi sua primeira experiência... não lembra, na verdade.
Se levanta do banco preguiçosamente, mas com uma determinação notável de ter alguém com quem conversar. O homem a quem ele observava, parou para fumar num poste de luz. Jake foi se aproximando lentamente e indiretamente, sem que a "ótima presa" percebesse sua presença. Conforme se aproximava, sua mente moldava o corpo do homem, montando uma simulação breve de como seria ele sem vestimentas. Que tipos de ferramentas precisaria utilizar?
Quando Jake chegou perto o bastante, o homem o percebeu ao seu lado e se virou para Jake com um semblante abominoso e antipático. Antes que Jake pudesse oferecer um ombro amigo, se apresentar ou mandar ele se fuder, o homem soprou fumaça em seu rosto, fazendo-o sentir repulsa imediata e começar a tossir incessantemente. Não suportava esse cheiro, cheiro que fazia ele se imaginar na porta do inferno e sentindo o forte hálito da figura governante de um povo que sente objeção em relação ao criador.
O homem desconhecido revira os olhos brevemente e depois que Jake se afastou e voltou a respirar normalmente, o homem derruba propositalmente o objeto que está acabando com seus pulmões e acalcanha-o.
— Desculpa aí — diz o homem desconhecido, complacentemente.
Jake o responde com um sorriso de canto. O sorriso mais falso que já ofereceu na vida. "Vou quebrar um de seus braços." pensa em meio a outro sorriso falso que ofereceu. Enquanto a conversa lentamente se desenrolava, Jake descobriu que o homem, apelidado "Gray", havia traído a própria esposa e que estavam juntos a 3 anos. "Sendo assim, bem feito pra você, pau no cu." diz, em pensamento.
— Ela não entendeu que eu não consegui me controlar! Porcaria, tenho certeza que ela já me traiu também — dizia o homem se segurando para não pegar outro cigarro.
— Você... gostaria de conversar sobre isso em algum lugar mais... propício a comentários mais privativos? — Gray olha para Jake sem entender uma única palavra do que lhe foi dito. Sua expressão confusa o contagiou e ele reformulou sua fala, buscando mais compreensão. — Vamos pra algum lugar mais privado, onde possamos conversar melhor, o que acha?
O homem pensou por um tempo. Provavelmente, estava tentando descobrir se o homem à sua frente era gay, ou algo do tipo. A série sobre Jeffrey Dahmer havia estourado na Netflix, e, não era a toa que sua adrenalina havia aumentado.
— Você vai pagar algo pra mim? — pergunta Gray, claramente desconfiado. Jake o olha risonho, já sabe qual os pensamentos de Gray sobre ele. De qualquer forma, achou engraçado. "Relaxa, não vou perder meu tempo drogando você."
— Só se quiser, mas eu, pelo menos, vou beber — Ele parecia despreocupado com a resposta de Gray, sabia que encontraria outra "ótima presa", mesmo que não quisesse, então, não estava devidamente preocupado.
Jake saiu andando, com um convite no olho do cu. A cada quatro passos, ele olhava para trás. Quando viu que não estava sendo seguido, mandou Gray se ferrar mentalmente e foi em direção ao bar mais próximo.
Ele chegou a um estabelecimento bastante iluminado por lindas lâmpadas amareladas. As mesas e cadeiras pretas passavam um ar de seriedade e responsabilidade bastante grande. Incomodava Jake? Com toda certeza, mas sabia que teria companhia e estava feliz com aquilo. O único barista que viu, foi ao seu encontro com semblante alegre e seus jovens fios castanhos caindo sobre a testa lisa e ao que parece, macia.
— No que posso ajudar, Jake? — pergunta o jovem barista. Sua feição cada vez mais acolhedora. Jake nunca pensou naquele jovem barista enquanto levara ele para um canto, tirava suas vestimentas e concluía seu mirabolante plano com uma garrafada de vidro em sua cabeça. Nunca gostou da ideia de ter sonhado que o maltratava e o torturava. Jake sabia esconder seus segredinhos.
— Eu vou querer uma cerveja — diz Gray ao lado de Jake, que sorriu de canto, sabendo que ele viria. Ou presumindo que ele apareceria.
— Eu aceito um café expresso — pediu Jake com um sínico sorriso no rosto. Percebe como Gray o olha, meio desacreditado.
— É para já! — anuncia o barista, trazendo rapidamente uma cerveja para Gray e preparando o café expresso costumeiro para Jake, seu cliente mais confiável.
— Você disse que iria beber, não disse? — questiona Gray, sentando-se ao lado de Jake. O café expresso preparado cuidadosamente pelo barista parou na frente dos dois. Jake observa aquela grandiosa obra de arte e se curva em reverencia para o barista.
— Obrigado, JP — fala em voz baixa, ignorando a pergunta que lhe foi feita por alguns segundos. Quando o barista retribui o gesto, Jake se vira para Gray. — Eu disse — responde seriamente. Um sorriso largo se forma em seus lábios quando conclui seu pensamento em voz alta. — Mas não disse o quê, exatamente. Não estava me referindo a bebidas alcoólicas.
— Ah, entendi, bananão — resmunga Gray, com ar de deboche. Se virou para observar o estabelecimento com atenção. Não era um bar, era um restaurante, que inclusive se mostrava muito bom.
Com o cair da noite e o levantar das estrelas, o lugar se enchia de visitantes, que eram rapidamente atendidos e se mostravam felizes. A maioria, eram casais apaixonados, casais de todos os tipos. Jake não se importava com a vida alheia, é... não mesmo. Seus pensamentos não estavam focados em como as pessoas fingiam ser quem não são para viver em sociedade, ele não era assim, não era capaz de fingir ser quem não era... ou era muito bom nisso. Teve uma ótima ideia para desviar a atenção da vítima. "Vamos Jake, você consegue." murmura.
— Gray... — começa, arrojado. — Você não tem para onde ir hoje, não é? — indaga sem olhar para ele, ainda está virado para o balcão e toma seu café pacientemente.
— Não. Não vou voltar para casa até que minha esposa queira me ouvir. — Jake segurou a risada. Gostaria muito de rir alto, sem medo de quem poderia estar o escutando. "Se eu fosse ela, te deixaria morando debaixo da ponte, seu cuzão."
— Quer dormir na minha casa? — Ele olha para Gray com um sorriso desafiador. O cabelo bagunçado reforça a ideia de que ele está sendo sarcástico, mas é claro que não estava.
Gray não responde. Está demasiadamente pensativo e sua garganta de repente se fecha num nó. Jake se sente um palhaço num circo de horrores, nunca se divertiu tanto com jogos psicológicos. Sabia manipular a mente humana, sabia como controlar os pensamentos humanos. E lá vai mais um de seus jogos trapaceiros! Gray estava dividido entre mandar ele se foder ou aceitar seu convite tentador. Não tinha parentes na cidade além da esposa, e teria que literalmente dormir debaixo da ponte. Ela não o deixaria ao menos adentrar a garagem.
— Está com medo do que eu possa fazer com você, Gray? — indaga Jake em meio aos risos quase imperceptíveis. Vira a xícara e depois de acabar com o restante do café que havia pedido, deixa uma nota de vinte na mesa e diz alto para o barista, que não estava muito longe. — O troco é sua gorjeta, JP!
— Obrigado, Jake! — dizia JP, enquanto acenava e assistia Jake sair do restaurante, acompanhado por outro homem.
— Claro que não, imbecil — refuta Gray, com claro sentimento de raiva. — Eu não tenho medo de você. — Jake segura a risada de novo. "Deveria, mas não se preocupe. Vai ter medo quando eu estiver prestes a cortar seu brinquedinho com uma tesoura de jardinagem.". A vontade de rir era maior do que ele próprio, mas por algum milagre, conseguiu se controlar.
— Tudo bem, caso não estivesse disposto, eu não poderia fazer mais nada por você. — Jake quase disse que gostaria de vê-lo morando na rua. "Porcaria de pensamentos intrusivos.". Solta um riso nasal e balança a cabeça negativamente.
— Você é muito estranho, sabia? — pronuncia Gray. Jake o olha de canto e não consegue disfarçar o sorriso de desprezo, um sorriso que apresenta olhos semicerrados e sem mostrar os dentes.
— Estranho pode ser uma coisa boa, ou apenas um ponto de vista — diz, olhando para Gray.
Eles já haviam passado da praça, o lugar estava vazio. Eles andavam em silêncio e a caminhada parecia não ter fim. Eles estavam saindo da cidade!?
— Você mora na puta que pariu? Porra, que demora! Ainda está longe? — Jake presume que Gray seja um pouco impaciente, então, finalmente virou à esquerda, revelando uma casa de dois andares.
Era possível ver a sala escura pela janela, os quartos no andar de cima e a garagem aberta e iluminada mostrava uma porta e uma escada que levava ao provável porão. Jake vai até lá com o rosto sério e testa franzida e fecha a porta lentamente. Apaga a luz da garagem e vai à porta frontal.
— Chegamos — proferiu assim que abriu a porta, deixando Gray entrar e a tranca logo depois, pondo as chaves no bolso sem que Gray percebesse. O ar abafado foi substituído por um mais fresco quando ele abre parcialmente as janelas da sala, acende as luzes da cozinha e ateia fogo na lareira. — Quer tomar banho? — pergunta, educadamente.
— Se não for incômodo. — profere Gray. Jake vai ao seu quarto e pega uma muda de roupas já separada cuidadosamente e leva ao seu banheiro, separa escova de dentes e volta à cozinha.
— Tem roupas e escova de dentes nova esperando por você em cima do móvel ao lado da pia. Pode usar o que quiser. Eu vou preparar a comida e vou tomar banho logo depois de você — diz Jake, enquanto pegava panelas e tirava um pacote de macarrão de um dos armários na cor bege.
Gray hesitou por um momento. "Ele pode colocar algo na minha comida enquanto eu estiver no banheiro.". Seus pensamentos martelavam sua cabeça com as possibilidades e de repente, não sabia se era desconfiança ou paranoia. Jake o olhava, esperando respostas ou alguma reação. Gray então, para não levantar suspeitas de seus pensamentos de acusação, olhou para Jake e sorriu.
— Obrigado, Jake. — bedelha Gray, virando-se de costas para Jake. No corredor, que levava ao banheiro, Gray conseguiu ver uma escultura peculiar, parecia granito ou algo do tipo. Não tinha forma definida, parecia algo abstrato. Gray não olhou por muito tempo e por fim, entrou no banheiro.
Você que está aí. Lembra de como aquilo foi parar ali?
Jake, com as mãos ocupadas, começara a preparar algo simples, mas seu foco com toda certeza estava longe da comida. Seus pensamentos vagavam sobre como tudo estava se desenrolando e um sentimento estranho de expectativa tomava conta da sua cabeça.
Ao ouvir o som do chuveiro ligando, Jake não hesitou em soltar uma gargalhada. Sua mente girava como uma nave em torno das possibilidades. "Como a mente humana é frágil... um empurrãozinho na direção errada pode levar a consequências inimagináveis." murmura Jake.
Passado um tempo, onde Jake, já estava colocando os pratos na mesa e todo o resto que tinha para colocar, Gray sai do banheiro, com a calça de moletom cinza clara e um blusão preto, o cabelo castanho molhado caindo sobre a testa. Jake olha para ele com certa admiração. Era jovem, bonito e seus olhos verdes se destacavam por conta da falta de diversidade de cores nas roupas que vestia.
— Ficou bom em você — diz Jake com ar malicioso. Gray se encolhe involuntariamente.
— Tenho uma pergunta a te fazer — diz Gray, pronto para questioná-lo.
— A vontade — responde Jake, sinalizando para que ele se sentasse à mesa. Havia uma travessa de macarrão com molho de tomate e uma garrafa de vinho acompanhada de um par de taças. Os dois então, sentam-se na mesa juntos e Gray observa ele encher os dois pratos com o macarrão que exalava um cheiro maravilhoso. — O que você quer me perguntar, Gray? — indaga Jake, antes de colocar uma garfada caprichada de macarrão na boca. Mastiga lentamente enquanto aguarda a pergunta, paciente.
— Você é... — Gray deu início à pergunta, mas seus olhos intimidados e envergonhados revelam o questionamento antes mesmo de ele concluir a frase.
— Gay? — conclui Jake em seu lugar. — Não. Mas, não se preocupe, minha sexualidade não importa. — ri brevemente e enche as duas taças até antes da metade, depois, toma um gole de vinho.
— Por que está fazendo tudo isso? — pergunta Gray, seriamente. Jake o olha com um sorriso ladino e testa franzida.
— Fazendo o quê, exatamente?
Gray não estava muito confortável com a conversa, o medo pareceu se infiltrar até os seus ossos e ficar calmo não parecia uma opção. Sua tensão cresce conforme os minutos agonizantes se passam e todo o cuidado oferecido por um estranho, provavelmente teria seu preço... o que ele quer, afinal?
— Me ofereceu um teto para passar a noite, me ofereceu banho, me deu roupas e escova de dentes, preparou o jantar... você quer algo em troca disso, não quer?
Jake quase gargalhou de novo. "Garoto esperto.", dizia para si mesmo. O que ele quer não é aparentemente algo com o que Gray deve se preocupar, mas infelizmente ele presume que deveria.
— Estou me divertindo com isso. Além do mais, você parecia precisar de um amigo, ou de um pouco de... entretenimento — conclui Jake com um sorriso largo e amador. Continua sua refeição, como se essa conversa não fosse tão estranha quanto parece ser. Gray se arrepiou.
— O que você quer dizer com isso? — O mais velho parece ignorar a pergunta. Ele coloca seu prato vazio na pia e começa a recolher os utensílios da mesa.
— Vamos deixar as perguntas para mais tarde. Você nem tocou na comida. — Jake observa como Gray parece insatisfeito por não ter colocado sua própria comida em seu prato. Estava claramente desconfiado, então, Jake acabou com sua desconfiança comendo um pouco do prato de Gray. — Hum... está delicioso, vai deixar de comer por bobagem?
Gray sentiu-se sem graça.
Jake saiu da cozinha e foi buscar uma coberta grossa enquanto Gray finalizava sua refeição na mesa da cozinha. Coloca a coberta sobre seu sofá, que é dobrável, servindo como uma cama e liga sua TV.
— Vou tomar banho, ok? Caso termine de comer, pode vir aqui e escolher alguma coisa para assistir — afirmou Jake com evidente indiferença. "Tem um estranho na minha casa, vou deixar ele fazer o que quiser e me trancar no banheiro por alguns minutos.", é o que Gray pensa que ele está querendo fazer, mas sabe que não é bem isso.
Gray olhou para Jake, que estava indo ao corredor e logo, fechou a porta do banheiro, para só aí, continuar sua refeição. Quando escuta o som do chuveiro sendo ligado, ele entra em ação.
— Talvez, ele seja bondoso mesmo. Talvez seja... normal.
Gray observa ao redor, existem muitas esculturas daquelas que ele havia visto no corredor antes de entrar no banheiro que Jake está ocupando. Pelos cantos das paredes, em quadros e vasos esquisitos. Por todo lugar. Até no banheiro haviam esculturas estranhas, no corredor, pelos cantos das paredes, na sala e também na cozinha. Chegou perto de um dos vasos esquisitos entre a sala e cozinha e se agachou perto dele. Tocou em sua superfície... parecia mais áspero que granito. Como não sabia de qual material se tratava, não se assustou ou reagiu de forma desgostosa. Levantou-se e tocou em outras obras que haviam sido espalhadas pelos cantos da cozinha. Haviam também cabeças de animais penduradas na sala e na cozinha. Como ele conseguiu essas esculturas, afinal?
Assim que Gray voltou a cozinha, sentou-se de volta na mesa, terminou de comer lentamente e colocou seu prato vazio na pia, se dirigiu a sala e encontrou Jake debaixo das cobertas em seu sofá incrivelmente espaçoso. Jake, ao notar sua presença, sinalizou para que ele se deitasse ao seu lado. Gray, com certo receio, foi ao seu encontro e deitou-se ao seu lado, ignorando o fato de ele ser tão silencioso quanto aparentava.
— Você não respondeu à minha pergunta. — Gray olha seriamente para Jake, que olha para Gray como quem se dá por vencido. — O que você quis dizer com... "entretenimento"?
— Você não está se divertindo como eu? — cavaqueou, enquanto vira Gray de lado formando uma conchinha.
— Ei! O que você... — tenta Gray, mas seu questionamento foi quebrado no meio quando sentiu Jake segurar sua parte íntima por cima da roupa larga.
— Shh... Calma, não farei nada de mais — alega Jake. Gray não sabia ao certo como reagir, ele podia ser bisexual, mas estaria pecando contra sua esposa, outra vez. — Me diga, Gray, como se sentiu quando traiu sua esposa. Ficou excitado como está agora?
Gray não sabia como responder. Jake estava o masturbando e a ideia do filme foi por água a baixo. Foi tomado por suas emoções e se soltou dos braços de Jake, ficando por cima dele.
— Ah, então foi assim que você fez? — Gray estava se sentindo frustrado, mas a vontade de seu corpo não o deixava fazer outra coisa. Implorando por prazer carnal, Gray começou a morder e chupar o pescoço de Jake, que sorria mais largo a cada vertente que percorria e segurou firme a cintura do mais novo. — Foi assim que desonrou sua família?
Jake, coloca força nos braços e muda de posição com Gray, ficando por cima. Gray achou que faria aquilo de novo, achou que essa era a condição por trás de tanta simpatia que Jake o ofereceu, mas o ambiente de repente ficou estranho e ele, sorria de maneira assustadora. Levantou-se, fazendo Gray se sentar no sofá, e o acertou na cabeça com uma de suas obras de arte. Gray, deita de volta no sofá... inconsciente.
— Incrível a sensibilidade do ser humano, não é? Pelo menos vou poder repor essa escultura com os seus ossos, meu doce, doce Gray.
Gray não respondeu. Por um momento, Jake havia se perguntado se havia matado ele, sabia que não, mas tinha possibilidade. Olhou para os destroços de ossos despedaçados do chão e empurrou para o canto da parede com pé. "Depois eu limpo.".
Pegou Gray nos ombros e o carregou até a garagem, onde viram aquela porta que dava para o provável porão. E dava mesmo. Jake desceu as escadas barulhentas e fechou a porta atrás de si. Ao chegar lá embaixo e ascender as luzes, Jake coloca Gray deitado numa mesa de pedra que ele mesmo construiu.
A mesa tinha seu toque rústico, apesar do resto da casa não ser assim. Era pedra maciça, e esculturas de raízes a envolviam pelas laterais. A luz, vinha de uma lâmpada que se ascendia em meio a um crânio. Você aí, sabe ao certo como aquilo foi parar ali?
"Provável que ele tenha pensado que era mármore, ou qualquer outro material que um artista de fachada utiliza.". Jake não havia planejado falar essa frase, mas acabou pensando alto de mais.
Ele despe Gray, que ainda tinha indícios de que estava devidamente excitado e o prende na mesa. Suas mãos e pés foram presos pelos cintos devidamente projetados para isso. Quando viu que demoraria até que Gray acordasse, Jake foi buscar um café na cozinha. Subiu as escadas, e fechou lentamente a porta do porão.
Jake não queria perder tempo indo até lá a todo instante apenas para ver se a princesinha indefesa havia acordado de seu sono profundo, então, pegou seu notebook e ficou observando o porão através de câmeras. Não conseguiria adivinhar pelo barulho dos gritos que ouviria caso ele acordasse. Jake não é bobo, suas paredes a prova de som o enganariam facilmente, assim como também enganam outras pessoas. Está completamente indeciso, mata Gray? Tortura lenta, ou longa? Ou o alimenta e o deixa ali, como um mero prisioneiro... essa última é uma ótima ideia. Porém, está certo de que ele precisa repor sua escultura o quanto antes.
Jake não aparenta estar tão preocupado com isso. Seu desejo será saciado, mas ele quer aproveitar o suspense que acompanha sua corrente sanguínea. A adrenalina. Porcaria de droga. A alguns anos, talvez injetava doses dessa sensação na veia, mas prefere não lembrar da sua adolescência problemática.
Jake degusta seu café preto e amargo pacientemente. "Talvez ele demore mais que o esperado pra acordar. Vou poder me divertir um pouco." Estava ansioso para que o momento que tanto espera acontecesse de uma vez. O porão estava frio, talvez ele acordaria durante a madrugada, mas ele não estava preocupado com isso. Conforme suas pálpebras começaram a pesar, ele fecha todas as janelas da casa e pega um copo cheio de água para despejar seu conteúdo na lareira.
Ao lado do corredor, havia uma escada que levava ao andar de cima. Jake foi até seu quarto e fecha a porta, o odor forte que vinha de lá, era de revirar o estômago de qualquer um. Uma luz amarelada se acende quando ele pressiona o interruptor, deita na sua cama extremamente confortável e olha para cima. Era o melhor lustre que ele já havia contemplado antes.
— Perdoa-me, Kael. Adoraria tocar em sua pele e sentir o escorrer do seu suor, o calor que não existe mais... mas você ainda está aqui e nunca vai me deixar... não vai tentar fugir de novo — murmura Jake em tom de voz apaixonado e cheio de saudade. Seu peito aperta e a enxaqueca volta. Ele acaricia o rosto pendurado junto a lâmpada, estava assustadoramente olhando para ele com a escuridão de suas órbitas sem os globos oculares. O sangue já não escorria como a quatro meses atrás. — Me ajude com isso, Kael — dizia Jake ao fechar os olhos e pedir a Deus para que ele sonhasse com o que havia acabado de acontecer. — Deus, por favor, faça minha mente levar isso aos meus sonhos — implora, lembrando dos destroços de ossos no canto da parede. — Amanhã, eu prometo.
Jake não é especial. Não é diferente de ninguém. Não tente ser diferente, Jake, por favor.
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