Londres, Inglaterra       13/10/1940

Nem sei mensurar o quanto as palavras de minha mãe me tocaram, juro que enquanto lia pude jurar que ouvi a voz dela. Obrigada por me proporcionar esse momento amor.

Ultimamente não tem me sobrado tempo para ler as cartas, e por isso talvez eu não escreva no momento exato em que as recebo. A verdade é que estamos sofrendo uma série de bombardeios alemãs, você já deve ter ouvido no rádio, e isso tem redobrado nossos esforços.

Todos os dias perdemos muitos dos nossos, nesses mesmos dias também caiem vários deles. É engraçado pensar que em meio a tantos corpos sem vida, nenhum uniforme importa. Todos! aliados ou não, viraram números em jornas que noticiam as batalhas. Há também, vigias dobradas ultimamente, e dormir ao relento, dependendo apenas de seu parceiro para te depender me dá calafrios.

Ontem mesmo sonhei que havia sido baleado, a sensação era tão palpável, tão vivida que acordei soando frio. Essas coisas estão me fazendo pensar que talvez esse não seja mais o meu lugar. Tenho medo de não cumprir com a promessa que fiz a você, tenho medo de me perder nesse mar de sangue e me tornar um homem frio o cruel como vi acontecer com muitos aqui.

O inverno já está próximo, não é engraçado como as estações passam de pressa? Depois dele vem a primeira e num piscar de olhos o verão. Verão esse que eu prometi eternizar finalmente me casando com você. Trice, farei de tudo para cumprir minha promessa. Antes de qualquer maldito sonho, você é a minha prioridade. Eu te amo cada vez mais, obrigada por não desistir de mim mesmo com todas as dificuldades. Estou morrendo de saudades e não vejo a hora de te abraçar.

Ps: um dos soldados com quem convivo era fotógrafo, ele tirou algumas fotos nossas esses dias e pedi a ele uma para mandar para você, faz um tempo que não me vê e achei que você poderia gostar!

Seu noivo, James