ᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠ00. Prologue
17 DE AGOSTO DE 1814
GEORGINA MARIE BUNWELL COSTUMAVA SER FELIZ, aos dez anos, ela era uma garota risonha e amava a sua família profundamente. Seu pai, o visconde Edmund Bunwell, escolheu o nome dela como homenagem à falecida viscondessa, Marie Bunwell, que faleceu no parto das trigêmeas. Na verdade, ela ficou bem quando as primeiras filhas, Emma e Melina nasceram, mas dez minutos depois, a pequena Georgina veio ao mundo, causando uma hemorragia que levou à morte de sua mãe. A garota, de cabelo louro claro, nasceu muito fragilizada e por isso recebia toda a atenção de seu pai, irritando suas irmãs e sua nova madrasta, a qual parecia odiá-la.
— Hoje é aniversário de seu pai — comentou o mordomo com um sorriso gentil. — Torta de framboesa é a favorita dele, fiz especialmente para o visconde — ele mostrou para a pequena. — O que acha?
— Parece delicioso! — comentou Georgina na ponta dos pés, tentando enxergar a torta. — Posso levar para ele?
— É claro, senhorita. Pode dizer que é um presente seu para o visconde, se assim desejar — sugeriu o mordomo, entregando a torta para ela.
— Parece uma ótima ideia.
Assim, a pequena dama pegou a torta e saiu da cozinha, indo procurar seu pai. Ultimamente Edmund Bunwell parecia sempre muito estressado, constantemente ele e a nova viscondessa discutiam sobre questões financeiras e ela comentava algo sobre suas jogatinas serem o motivo de sua falência. Georgina não entendia nada do que estava acontecendo, mas odiava quando alguém discutia na frente dela, nunca conseguia argumentar com uma das suas irmãs sem chorar.
Finalmente, ela achou seu pai lendo um livro na sala de estar. De cabelo loiro e olhos castanhos, ela se parecia muito com ele, bem como com as outras gêmeas. No entanto, o irmão mais velho, Bellamy, era o único que tinha os olhos claros e semelhanças com a mãe. Às vezes parecia difícil para Edmund conviver com o próprio filho, pois era uma lembrança permanente da mulher que um dia amou.
— Papai! — exclamou ela, mostrando a torta para ele. — Olha o que eu trouxe de presente para você. É a sua torta favorita.
— É uma bela torta — ele largou o livro para pegar o doce e deu um beijo na testa da pequena. — Obrigada, G. Eu estava com muita fome mesmo.
— Podemos comer a torta, então — sugeriu a garota, indo se sentar na mesa mais próxima. — Venha, papai.
Edmund se sentou ao lado da filha e serviu um pedaço da torta para os dois. Ele começou a comer e rir ao ver Georgina pulando pelo cômodo, ela nunca parava sentada. Embora muito tímida com quem não conhecia, em casa G sempre fora uma menina alegre e inteligente, amava costurar e fazer roupinhas para suas bonecas.
— Essa torta está muito boa. Por que não se senta comigo para comer, querida? — sugeriu o pai. — Assim você pode me contar como foi o seu dia.
Georgina correu até ele e se sentou ao lado do pai, mas antes de comer, tomou um gole do chá com bastante açúcar, arrancando risadas do visconde que sempre alegava que ela iria ficar doente pela quantidade de sacarose que ingeria. Ele era o único que sorria, enquanto todas as outras pessoas a humilhavam pelo excesso de peso adquirido.
— Foi como sempre, papai. Emma me chamou de baleia e eu chorei muito, mas, por favor, não a repreenda — Georgina começou a brincar com os talheres. — Ela às vezes é uma boba, mas é minha irmã e sei que um dia vamos nos dar bem todas nós.
Quando ela se virou para o pai, percebeu que ele parecia estar se engasgando. Desesperada, correu até ele e o observou cair no chão, espumando pela boca. O visconde segurou na mão dela, enquanto agonizava, parecia querer falar algo, mas estava sufocando e ficando com os lábios em um tom roxo.
— Papai, papai — ela o sacudiu, após gritar por ajuda e os olhos dele ficarem parados. Edmund não parecia estar ali. — O que está acontecendo, papai? — ela o sacudiu novamente e começou a chorar, não sabia o que estava acontecendo. — Acorda, papai.
A primeira pessoa a chegar foi sua madrasta acompanhada de suas irmãs. Ao ver o marido no chão, Delilah começou a gritar e a chorar, se ajoelhando ao lado do marido junto a filha e as enteadas. Meia hora depois, Bellamy chegou acompanhado de um médico.
— O que aconteceu? — gritou a viscondessa para o doutor. — Por que meu esposo não acorda? Faça alguma coisa!
— Por favor, peça para as crianças se retirarem — pediu o médico. — O que tenho para lhe contar é algo terrível, Lady Bunwell.
As meninas saíram imediatamente, mas Georgina permaneceu parada, olhando para o corpo de seu pai imóvel no chão. Ninguém além do pai e de Bellamy se importava com ela, então a madrasta não percebeu sua presença ali ou apenas fingiu não vê-la.
— E então? — perguntou a viscondessa fungando e apontando para o corpo do marido. — Ele realmente morreu?
— Sim, milady — o doutor fez uma reverência. — Eu sinto muito, mas quando cheguei ele já estava morto.
— O que aconteceu? Hoje de manhã ele estava muito bem — Delilah tentou controlar o choro. — Como vou viver sem ele? — ela se jogou na poltrona mais próxima. — Edmund tinha muitas dívidas, mas ele era um bom homem. Como ele pode me deixar assim, sem nada?
— Lady Bunwell — o doutor se aproximou, oferecendo um lenço para ela. — O que tenho para lhe contar, pode ser assustador. Pela forma como está o corpo dele, os lábios... Acredito que o visconde tenha sido envenenado.
— Envenenado? — ela levou a mão à própria barriga. — Hoje de manhã comemos a mesma coisa juntos, como isso é possível?
— Certamente foi algo diferente que ele comeu — o doutor olhou ao redor e viu a pequena garota. — A senhorita deve ser Georgina, certo? — ele se ajoelhou. — Querida, você foi a última a estar com seu pai, não?
— Fui — respondeu ela, ainda sem conseguir acreditar no que estava acontecendo. — Eu sei o que ele comeu. Foi uma torta de framboesa.
Até mesmo sua madrasta que agora se encontrava colocando uma almofada na cabeça do marido gentilmente, olhou para ela.
— Me diga, garota — a madrasta parecia furiosa, com lágrimas de ódio nos olhos. — Quem deu essa maldita torta para o seu pai? — Georgina ficou calada, sentindo os olhos ficarem marejados. Delilah se ajoelhou e começou a sacudi-la. — Me diga, sua miserável e eu vou mandar prender o bastardo!
— Fui eu. O mordomo me deu a torta — respondeu ela, chorando. — E eu pedi para entregar a ele. Eu matei meu pai.
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TRÊS DIAS DEPOIS, após o velório de Edmund Bunwell, o mordomo foi preso, acusado de assassinato e revelou que foi pago para dar a torta ao visconde por um estranho, o qual alegava que Bunwell o devia muito dinheiro. Edmund era conhecido pelas jogatinas e se envolveu com pessoas perigosas que juraram sua morte caso ele não pagasse o montante que devia.
Mesmo com a justiça feita, as irmãs de Georgina se convenceram de que ela era a culpada pela morte da antiga viscondessa e do próprio pai. Sempre que olhavam para ela, batiam na pequena ou cuspiam em seu rosto.
No entanto, um pouco depois do velório do pai, Emma e Melina estavam inconsoláveis. Sophie, a irmã mais nova, também parecia muito abatida. Georgina decidiu pôr de lado o próprio sofrimento e culpa para tentar consolá-las. Um erro do qual ela sempre se arrependeria.
— Emma, Melina, Sophie... — ela sussurrou, se ajoelhando e colocando a mão sobre a das irmãs gentilmente. — Estou aqui se quiserem conversar. Vocês sempre podem contar comigo. Papai gostaria de nos ver juntas.
Emma e Melina, suas gêmeas, olharam para ela, horrorizadas. Imediatamente Melina se levantou e empurrou a irmã com a maior força que conseguiu.
— Baleia imunda, você matou nosso papai! — gritou Melina chutando na barriga, enquanto Emma a estapeou. — Não bastava ter levado nossa mãe. Eu odeio você.
— Você deveria ter morrido e não ele — gritou Emma, soluçando puxando o cabelo da irmã, que permanecia imóvel e agora chorava muito. — Sua gorda imunda e assassina!
— Me-me perdoem — pediu Georgina soluçando, fazendo com que as agressões parassem. — É tudo minha culpa. Eu não deveria ter nascido.
No entanto, seu suplício não foi o suficiente. Emma, que era a mais maldosa das irmãs, pegou uma tesoura na gaveta mais próxima e foi até Georgina. Não precisou dizer nada, Melina sabia o que tinha que fazer e a segurou a irmã.
— Não, por favor... — implorou G, sabendo o que ia acontecer e olhando para a irmã mais nova, Sophie, que parecia apavorada. — Sophie, me ajude.
Quando Sophie, de quase oito anos, deu um passo em sua direção, Melina a empurrou para trás.
— O que você pensa que está fazendo? — falou ela, apontando para a porta. — Saia já daqui, Sophie. E fique quieta sobre isso se não quiser que eu rasgue suas bonecas também.
— Se você realmente se arrepende, deixe-me castigá-la — Emma se ajoelhou ao lado de Georgina e passou a mão pelo cabelo dela. — De nós três, seu cabelo é o único ondulado naturalmente, como o de mamãe era. Isso não é justo.
— Mas...
— Fique quieta — Melina colocou a mão sobre a boca de G. — Você envenenou nosso pai!
Desistindo, Georgina soluçou enquanto as irmãs cortavam o seu cabelo. Seu pai sempre elogiava sua cabeleira loura e a comparava com a da mãe, que também era ondulada, o que fez com que ela decidisse nunca cortá-la. Naquele dia, no entanto, suas irmãs o cortaram tão curto que seu couro cabeludo começou a sangrar.
— Está vendo? — indagou Emma, segurando o cabelo da irmã e o entregando para ela. — Agora coma o seu cabelo ou corte o seu corpo com essa tesoura.
Até mesmo Melina se assustou com a maldade da irmã. Odiava Georgina e queria castigá-la, mas engolir o próprio cabelo ou se cortar com uma tesoura parecia diabólico.
— Podemos castigá-la mais amanhã — sugeriu Melina, engolindo em seco. — Será mais divertido.
— Divertido? Ela matou nosso papai! — Emma se aproximou de Georgina com a tesoura e a apertou contra a bochecha da irmã, fazendo escorrer um pouco de sangue. — Talvez eu deva marcar seu rosto, como fazem com os criminosos — ela ofereceu o cabelo novamente. — Agora coma isso. Coma tudo.
Assim que Georgina colocou o primeiro tufo de cabelo na boca, a porta do quarto foi aberta com força. Era seu irmão mais velho, Bellamy Bunwell, de quatorze anos, acompanhado do melhor amigo, Louis Hanworth, o qual carregava Sophie em suas costas.
— O que vocês duas pensam que estão fazendo? — gritou Bellamy, tirando as duas de cima da irmã e estapeando Emma no rosto. Logo após, puxou as duas pelas orelhas. — Quem vocês pensam que são? Georgina é nossa irmã!
— Bellamy, ela matou nosso pai — argumentou Emma, enquanto o irmão jogava as duas no chão. — Precisamos ensinar uma lição para ela como o titio Sebastian falou.
— Titio Sebastian falou que era culpa dela? — perguntou Bellamy, soltando a orelha das duas. Sebastian Bunwell, era o irmão mais novo do falecido visconde e administraria as propriedades da família até Bellamy atingir a maioridade. — Eu vou matá-lo!
Louis Hanworth, o futuro duque de Norfolk, que parecia apavorado, colocou a mão sobre o ombro do amigo que era uns dez centímetros mais alto do que ele.
— Primeiro, conforte Georgina. Eu vou me assegurar que suas irmãs nunca mais levantem a mão para ela — falou ele, assustando até mesmo o melhor amigo, que foi até G, a abraçar. Aos doze anos, ele parecia o mais adulto dali — Emma e Melina, vocês são maldosas e me dão nojo. São as meninas mais feias que já conheci.
— Como? — indagou Melina.
— Por que você está dizendo isso? — questionou Emma.
— Porque eu quero. Eu nunca gostei de vocês mesmo — revelou ele, dando de ombros. — Saibam que se arranharem ou encostarem em um fio de cabelo de Georgina novamente, vou delatar tudo ao meu pai, o duque de Norfolk, vocês serão responsabilizadas e obrigadas a irem para um convento.
— Não, por favor! — gritou Emma, com medo do duque. Até mesmo crianças sabiam que adultos deveriam ser respeitados, principalmente os duques e suas famílias. — Eu não quero ir para um convento.
— Então prometam que nunca mais vão agredir sua irmã — ofereceu ele. — Ou vou chamar meu pai agora mesmo.
Desesperadas, elas se ajoelharam com medo de ele chamar o duque, que estava no andar de baixo.
— Nós prometemos! — falou Melina. — Nós nunca mais vamos bater nela.
— Agora saiam daqui, chatas. Não aguento mais ver a cara feia de vocês.
Assustada, Georgina observou enquanto as irmãs saíam correndo. Apenas cuspiu o cabelo e tomou o copo de água que o irmão oferecia. Não conseguia ouvir muito bem tudo o que Bellamy dizia, pois estava em choque com a coragem de Louis, que era sempre tão reservado e chorava por tudo. Ele parecia um cavalheiro de conto de fadas.
— G — Bellamy limpou o sangue que escorria por sua bochecha. — Prometa que vai me contar se elas lhe importunarem novamente.
— Mas é minha culpa, B — sussurrou ela, com lágrimas nos olhos. — Eu matei o papai. Desculpe, desculpe, desculpe.
Bellamy a abraçou e depois a sacudiu. O irmão era sempre muito alegre e jovial, era a primeira vez que o via tão sério na vida. De um dia para o outro, ele parecia ter envelhecido e deixado de ser uma criança. Precisava se tornar um pai para as irmãs e um homem capaz de ser um visconde algum dia.
— Não é sua culpa. O mordomo confessou o crime, ele apenas usou você — ele lhe deu um beijo na testa. — Nunca mais diga que é sua culpa novamente ou eu ficarei muito chateado.
— Eu estou com medo — revelou ela, enquanto o irmão secava suas lágrimas. — E estou tão triste, me sinto tão sozinha sem o papai para brincar e ler para mim.
— Eu farei tudo isso a partir de hoje — prometeu Bellamy. — Vou ler quantas histórias você desejar e brincar de tudo o que você quiser. Eu prometo, Georgina, que nunca mais vou abandoná-la.
Com mais um abraço, ela se permitiu chorar nos braços do irmão e sequer percebeu quando adormeceu. Apenas ouviu, em algum lugar muito distante, a voz de seu pai dizendo que estava tudo bem.
Quando acordou, uma hora depois, ficou desesperada ao perceber que Bellamy não se encontrava mais ao seu lado. Antes que pudesse chamar pelo irmão, observou que Louis Hanworth a observava atentamente.
— Bellamy foi resolver algumas coisas do velório e já vai retornar — contou ele, tão informalmente que a assustou. — Como você está, Georgina?
Ela queria responder que estava triste, mas ficou calada ao se levantar e se olhar no espelho. Nunca se sentiu tão feia na vida, ter seu cabelo arrancado dessa forma a machucou profundamente. Pior do que as marcas deixadas no seu couro cabeludo, eram as marcas deixadas em sua alma naquele dia.
— Feia — respondeu ela, após minutos olhando para o próprio reflexo. Pegou o espelho com as pequenas mãos e o jogou no chão, o quebrando e assustando o amigo do irmão — Eu estou horrível!
Nem mesmo Louis podia discordar que a aparência dela estava deplorável. Ele costumava ser o tipo de garoto que puxava o cabelo das garotas e pregava peças, então Georgina sabia que não podia esperar nenhum conforto vindo dele. Entretanto, naquele dia, ele a surpreendeu.
— Pegue — falou Louis, oferecendo-lhe um lenço que sempre carregava. — É o lenço que meu pai me deu em meu aniversário, ele disse que eu deveria consolar belas damas com ele algum dia e enxugar suas lágrimas.
— Mas... Eu não sou bela e nem estou chorando mais — argumentou ela.
— Mas você é uma dama, não é? E algum dia se casará e será uma Lady incrível e de bom coração — ele se ajoelhou e amarrou o lenço ao redor do cabelo dela. — Use ele assim e coloque um chapéu por cima, em breve seu cabelo vai crescer e ficar lindo novamente.
A pequena olhou para os olhos verdes de Louis e viu sinceridade. Deu um leve sorriso para ele, que retribuiu.
— Mas se meu cabelo não crescer e eu ficar feia para sempre, ninguém vai se casar comigo — comentou ela, baixinho. — E se eu ficar assim para sempre?
— Então eu me casarei com você — brincou ele, sorrindo e a fazendo corar. Louis ergueu o dedo mindinho para ela — Eu lhe dou a minha palavra, como cavalheiro, que se você permanecer assim para sempre e não se tornar a Lady que falei que se tornará, eu a desposarei. Que tal?
— Tudo bem — aceitou ela, entrelaçando seu mindinho com o dele. — É melhor o senhor torcer para o meu cabelo retornar ao normal, milorde.
Louis gargalhou com a resposta dela, a fazendo sorrir de volta. Foi quando olhou pela primeira vez para Louis Hanworth e percebeu que ele tinha lindas covinhas, cachos castanhos que caíam desordenadamente sobre sua testa e que seus olhos eram um tom de verde-oliva brilhante.
Após aquele dia, passou a admirar o melhor amigo de seu irmão com todo o seu coração. A bondade e a gentileza que ele mostrara nunca poderiam ser esquecidas por ela. Dessa maneira, ela cresceu e observou enquanto o futuro duque se tornava um belo homem. Quando chegou aos quinze anos, viu uma pintura feita pelo novo duque de Norfolk e se apaixonou perdidamente por Louis Hanworth, sonhando, algum dia, em ser sua duquesa.
No entanto, tudo mudou aos dezesseis anos, quando Louis rasgou a carta na qual Georgina confessava seu amor. Para piorar, o que restava de seu coração, foi destruído no casamento de Madelaine Hanworth, a irmã mais velha do duque. A loura estava andando pelos corredores do castelo de Arundel, quando ouviu o duque proclamar que nunca se casaria com alguém de quadris tão finos como os dela. De coração partido, o ódio tomou conta da garota, que decidiu finalmente parar de chorar e fazer algo a respeito. Georgina Marie Bunwell estava determinada a quebrar o coração de Louis Hanworth e se vingar de todos que a humilhassem a partir dali. Se não conseguisse fazer com que eles a respeitassem, então teria que fazer com que a temessem.
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