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ᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠ06. Chapitre Six

"Minha irmã mais nova, Sophie, está quase se tornando uma mulher. Poucos sabem como ela realmente é: uma força da natureza. Sua mãe acha que a controla, mas nem sequer conhece a própria filha. Antes, eu me preocupava tanto com Georgina que temo ter esquecido de corrigir a teimosia de Sophie. Tenho medo do que acontecerá com a caçula quando ela finalmente debutar. Quem pensa diferente é segregado e não quero isso para ela."

— O diário de Bellamy Bunwell

NO DIA SEGUINTE, um conde que havia se casado recentemente daria um soirée de comemoração pela gravidez repentina. Georgina sabia que não seria estranho se ela não fosse, considerando o falecimento recente de seu irmão. Mas aquela era a oportunidade perfeita para desaparecer, alugar uma carruagem, uma máscara e ir até o subúrbio procurar La Bruxa.

Passou o dia fazendo compras com a tia, a qual parecia estar sentindo muito a falta de sua filha e sofrendo com sua família que a odiava, visto que ela havia abandonado sua vida para se casar com um médico francês.

— Espero que algum dia minha mãe me perdoe — comentou a tia, quando retornaram para o castelo de Arundel. — Sua avó não é uma pessoa fácil, ela insiste que não sou mais sua filha, ainda que eu a esteja visitando quase todos os dias desde que voltei.

Georgina não gostava da avó materna, ela sempre fora muito rígida e constantemente fazia comentários em sua infância sobre as gorduras da neta e que ela precisava emagrecer. Ainda que Jane fosse sua única filha, ela a rejeitou e a deserdou desde o escândalo.

— Já ouvi comentários sobre ela sentir falta de minha mãe — comentou Georgina. — A baronesa ter aceitado sua visita em vez de expulsá-la, já é um sinal de que sentiu sua falta.

Jane pareceu concordar enquanto organizava o vestido da sobrinha, uma peça completamente diferente de qualquer uma já vista. Georgina havia criado cada parte do vestido. Um verde-escuro quase preto para representar seu luto, mangas soltas que iam até os cotovelos e detalhe de tule nos ombros, ela havia costurado cada detalhe da vestimenta.

— Você está certa, vou insistir até que ela me perdoe — respondeu Jane. — Vou deixá-la se vestir agora, querida, enquanto planejo como reconquistar a baronesa.

DURANTE A MANHÃ, Louis finalizou a carta para Madame Peu e planejou entregá-la no dia seguinte, visto que não havia recebido correspondências da mulher misteriosa ainda. Pela tarde, quase derrubou o quadro que estava pintando no chão quando o mordomo fora lhe entregar uma correspondência misteriosa.

Era ela, tinha que ser.

"Querido Louis, tenho esperado suas cartas. Espero que suas correspondências tenham se perdido ou que o senhor esteja muito ocupado para não me escrever. Nunca pensei que conversar com um estranho poderia se tornar algo tão importante.

Sinto sua falta mais do que gostaria de admitir.

Como já conversamos antes, também me sinto sozinha às vezes. Embora eu ame minha família, sinto que eles venderiam minha mão em casamento sem pensar duas vezes. Estou sempre pronta para defendê-los, mas será que alguém faria o mesmo por mim? Eu sei que não. Sinto que eles não me enxergam e isso deixa um vazio no meu coração. Será que o problema está em mim, eu não sou o suficiente?

Tirando meu irmão, assim como Vossa Graça, não acho que sou a pessoa "favorita" de alguém. Sou sempre a segunda opção. Compartilhamos isso, então.

Acho que é isso o que encontrei no senhor, alguém que entende a solidão como eu. Segundo suas últimas cartas, Vossa Graça sente falta de sua irmã e de seu pai todos os dias. É o mesmo comigo, sinto muita falta de meu pai e de meu irmão.

No entanto, garanto: Louis, suas cartas são as minhas favoritas. O senhor é a melhor correspondência que eu poderia ter. Nesse sentido, considere-se minha primeira opção.

Talvez esteja na hora de nos conhecermos melhor. Conte-me sobre os seus sentimentos por mim e o que pensa a respeito de Londres e eu decidirei se é digno de me ver.

Andei interagindo com um artista recentemente e percebi o quanto o senhor é importante para mim. Quando me senti aflita, sempre me confortou com suas cartas e até mesmo enviou-me uma de suas pinturas. Quero que saiba que farei o mesmo pelo senhor se um dia precisar. Estou aqui, Louis.

Atenciosamente, sua melhor amiga e potencial flerte, Madame Peu."

Sorrindo de orelha a orelha, ele iniciou sua resposta. Seu coração batia rápido, conversar com aquela desconhecida era um escape de sua realidade. Sentia que podia ser ele mesmo, mostrar a ela todos os seus demônios. Madame Peu era diferente, era uma mulher ousada e muito divertida.

Nesse momento, tendo certeza de que ela havia conquistado seu coração, o duque não se importava de ter que cruzar o mundo para encontrá-la se assim fosse necessário. Odiava o fato de não saber de onde ela era, embora usasse codinome francês, escrevia como alguém nativo da Inglaterra. Sua instrução era sempre entregar a carta para o mesmo carteiro, que nunca revelou para ele o destino das cartas.

"M. Peu, eu lhe escrevi hoje cedo contando o que me ocorreu essa semana. Na primeira carta estará toda a explicação necessária e nessa a minha resposta para a sua.

Quando eu estava passando por uma tormenta, a senhorita elogiou meus quadros, minha arte e enxergou por trás do que eu pinto, viu os sentimentos que desejo expressar. A senhorita me vê além da arte. Não enxerga o duque e suas responsabilidades, mas sim o homem machucado que precisa de consolo.

Quanto a nossa solidão compartilhada, saiba que você também é minha primeira opção de correspondência. Talvez até mais do que isso.

Fico triste de saber que sua família não reconhece a mulher incrível que tem ao lado. A senhorita é inteligente, divertida e ousada. Dona da mais linda letra cursiva que já li. Então nunca mais diga que você não é suficiente, Madame Peu, pois para mim, a senhorita é tudo. É o motivo de eu não ter enlouquecido ainda, de ser capaz de sorrir. Se eu soubesse seu rosto, o desenharia todos os dias.

Vou enviar uma obra de arte exclusiva para a senhorita. É de uma linda borboleta com uma asa quebrada, a qual está admirando um pássaro enjaulado. Ambos têm seus próprios tormentos e, mesmo que sejam motivos diferentes, eles não podem voar. Mas há uma cumplicidade em meio ao sofrimento, implícita na obra, que somente a senhorita poderia compreender. Afinal, nosso caso é o mesmo.

Madame Peu, você consegue ver minha alma e eu também quero ver a sua, quero me apaixonar por ela como a senhorita se apaixonou por minhas pinturas.

Sonho com você todas as noites, ainda que não tenha visto seu rosto. Nada parece capaz de me fazer sentir vivo, exceto por suas cartas e bom humor contagiante. Até mesmo sua letra me fascina, bem como suas palavras inteligentes e articuladas.

A correspondência sempre chega em uma semana, o que significa que o tempo de viagem até onde a senhorita está é quase a mesma coisa. Então, venha me ver daqui duas semanas, no Museu Britânico de Londres. Quando o prazo chegar, irei até esse museu todos os dias por uma semana e a esperarei no fim da tarde.

Não me importo que seja comprometida, apenas venha para Londres e me deixe pintá-la. Quero desenhá-la, cada parte sua, memorizar seus traços em minhas telas e em meu coração. Não quero mais ser o seu melhor amigo de correspondências e um potencial flerte. Madame Peu, eu quero você, eu quero ser seu.

Atenciosamente, seu duque, Louis Hanworth."

Após terminar a carta, ele entregou o conteúdo selado para o mordomo. Podia estar completamente louco, mas não havia como alguém que se correspondia há um ano e meio estar mentindo. Era uma letra feminina e tinha muito conhecimento para ser uma adolescente, a ousadia na medida certa também indicava que deveria ter menos de trinta anos.

Louis estava apaixonado.

GEORGINA E A TIA FORAM JUNTAS PARA O SOIRÉE, ela não viu o duque e agradeceu silenciosamente por isso. Se tivesse sorte, não iria encontrá-lo ali e poderia se resolver internamente. Havia falhado em controlar seu desejo, ainda que não sentisse mais a paixão adolescente que um dia a consumira, o duque era bonito e ninguém nunca havia demonstrado interesse nela. Era isso, tinha de ser.

— Querida? — Jane a chamou, a tirando de seus devaneios. — Chegamos.

Sua tia provavelmente se concentraria em reconquistar a mãe, o que lhe daria tempo para inventar alguma desculpa, talvez mandar entregar um bilhete dizendo que havia voltado para a mansão após um mal-estar repentino. A única parte que a loura não tivera tempo de planejar fora a companhia, uma mulher solteira não podia de forma alguma ser vista desacompanhada. No entanto, ela estava noiva, logo estaria casada e um boato não mudaria isso.

Após descer da carruagem, cumprimentou os anfitriões e entrou no enorme salão. Talvez fosse sua beleza incomum ou o vestido que ela fizera, mas as pessoas a encaravam e cochichavam sobre Georgina.

Quando a tia de Georgina encontrou a mãe e a chamou para ir junto, ela enrolou com o pretexto de ir encontrar suas irmãs. Na verdade, tentou se afastar da multidão o máximo possível para escolher o momento mais apropriado para fugir. Mas as pessoas não paravam de olhá-la.

— Acredito que o seu vestido tenha chamado atenção — comentou uma voz feminina conhecida. Sophie, linda e radiante como sempre, usava um vestido azul juvenil. — Eu estava esperando a oportunidade para vê-la novamente, irmã.

— Sophie — Georgina a cumprimentou com um falso sorriso. Não estava feliz por vê-la, mas precisava ser educada. — Não sabia que a senhorita tinha idade para frequentar soirées.

— E não tenho — a caçula sorriu e Georgina não pôde deixar de perceber o quão bela era. Era a única mulher de sua família com olhos azuis daquele tom, e, embora odiasse admitir, ela puxara a beleza da mãe. Delilah era uma mulher incrivelmente linda. — Minha mãe mentiu descaradamente. De fato, ainda faltam algumas semanas para os meus dezesseis anos, então ela fez com que os anfitriões ignorassem essa pequena questão. Entretanto, não posso ficar muito tempo.

— Ela está tentando prepará-la — observou Georgina. — Quer que debute cedo para que se case quanto antes. Ouvi falar que o filho mais velho do duque Sommerset está procurando uma esposa.

A mais velha, na verdade, estava jogando verde. Havia pesquisado e perguntado para todas as criadas do castelo de Arundel sobre a família Somerset, sabia que eram cinco irmãos homens e que o velho duque tinha uma bastarda. Além disso, seu filho mais velho estava com vinte e nove anos e finalmente pronto para se casar.

— Ah, então você sabe sobre Elliot — Sophie não pareceu feliz. Na verdade, fizera um rosto de desgosto incomum para qualquer dama. — Minha mãe planeja que eu fique noiva antes mesmo de debutar, quer que eu chame atenção dele a qualquer custo.

— E a senhorita não está feliz? — Georgina não conseguiu deixar de questionar. Casar era normal e, se fosse com alguém de posses, melhor ainda. Sophie fez uma careta, que a mais velha considerou como um "não". — Perguntei, pois eu também vou me casar quando sair de Londres. Estou noiva do filho de um conde na França.

A irmã pareceu chocada, provavelmente Sebastian não havia contado nada ainda. Na verdade, ainda não entrara em contato com ela sobre o assunto.

— Parabéns, fico feliz se esse casamento foi uma escolha sua — e Georgina não pode deixar de notar que sua irmã não parecia feliz, parecia incomodada. — Mas espero que fique mais tempo aqui, para nos aproximarmos — ela finalmente sorriu.

Georgina então, insistiu.

— Você não quer se casar com Elliot Sommerset — concluiu Georgina. — Quer que eu fique mais tempo, para que a leve comigo ou tente salvá-la?

Enquanto conversavam, a mais velha observou que Sophie tinha uma marca de nascença atrás da orelha, que por conta do cabelo jovial sempre solto ficava escondida.

— Talvez — mentiu Sophie. Georgina observou que ela era uma péssima mentirosa, pois balançava o pé esquerdo sempre que estava nervosa. O que a loura tanto queria? O que escondia? — Olhe, tio Sebastian está falando com o duque de Norfolk.

Georgina congelou. Não conseguia imaginar um motivo plausível para o tio estar conversando com o duque. Sebastian Bunwell sorria como o diabo e a maioria das mulheres no salão pareciam hipnotizadas sempre que ele aparecia. De cabelo preto um pouco ondulado, ele tinha olhos azuis em um tom diferente e era dito como o homem mais charmoso de Londres, muito elogiado por ser charmoso também. Filho de uma meretriz, ele era legitimado e muito mais jovem que o pai de Georgina, deveria ter no máximo trinta e quatro anos.

Enquanto conversavam, Louis olhou na direção de Georgina, a qual congelou. Ele seria imprudente o suficiente para contar sobre o ocorrido para o tio dela?

— Eu deveria ir até eles, pois o tópico deve ser eu — iniciou Georgina, mas a irmã a segurou no braço. Sophie estava séria.

— Observe, irmã. Olhe ao redor, além de nós — comentou a loura, a deixando confusa. Mas fez o que a caçula falou. — Quer dizer, se usar leitura labial saberá que estão conversando sobre O Clube e comentaram sobre o seu casamento. Se observar bem, vai entender.

Georgina sempre foi uma boa observadora, mas Sophie a superara. Assim, começou a observar, olhou para eles e ao redor, observou as mulheres que os encaravam e buscou por algum Sommerset no salão.

Antes que pudesse responder Sophie, a caçula não estava mais ao seu lado. Continuou observando enquanto o duque terminava o assunto e andava em sua direção. Não olhou para ele, pois havia encontrado sua irmã no salão, com um garoto muito semelhante ao duque de Sommerset, e, apesar de ter visto a família apenas em bailes, se recordava bastante deles. Eram todos altos, de cabelo castanho, magros e bonitos.

O garoto ao lado de Sophie era muito jovem para ser Elliot, mas parecia ter menos de dezoito anos. Georgina estava tão concentrada tentando decifrar a conversa deles, que não percebeu a chegada do duque de Norfolk.

— O que a senhorita tanto olha? — indagou Louis, a assustando.

— Vossa Graça — ela o cumprimentou e continuou a buscar pelo casal. — Aquele jovem rapaz com Sophie é um Sommerset?

— Henry Sommerset é o melhor amigo de sua irmã. Eles são inseparáveis desde o nascimento, por conta da amizade de suas mães e idades semelhantes — Louis olhou para os dois também. — Seu irmão sempre desejou que eles se casassem, mas ela está quase prometida ao irmão mais velho e herdeiro do ducado.

Georgina percebeu a irmã indo para um canto mais afastado e deu um leve sorriso para Louis.

— Com licença, Vossa Graça, mas preciso ir.

Curiosa, Georgina começou a andar até a mesa de petiscos, logo atrás de sua irmã e de seu amigo. Louis a seguiu e pareceu se divertir ao perceber que Georgina estava bisbilhotando. Discretamente, ela se atentou para ouvir o que a irmã e pequeno Sommerset conversavam.

— Estou me sentindo como uma senhorinha fofoqueira — murmurou Louis e ela o repreendeu com um olhar.

Você não pode fugir quando desejar para a livraria, se sua mãe descobrir será o seu fim. Terá que se casar imediatamente para limpar sua reputação — falava Henry. Estavam em um canto e de costas para Georgina, o que possibilitou a ela ouvir tudo. — Que raios de revolução você pensa em fazer, sua idiota?

Esse é o meu propósito. Você está muito imerso na bolha da aristocracia para perceber coisas assim, seu idiota — argumentou a loura e até mesmo Louis ficara curioso para saber sobre o que conversavam. — O que estamos fazendo mudará o futuro, mas um homem nunca vai entender tamanha complexidade. É demais para o seu pequeno cérebro.

Georgina pode jurar que ouviu Henry rir. Então, sua irmã, uma dama extremamente educada, lhe chutou na canela e ele se dobrou de dor segurando a perna ferida. Ficou em choque com a falta de compostura, enquanto o duque sorria.

O gesto de bater em homens lembrou Georgina de alguém em específico e percebeu que Louis pensava o mesmo enquanto ria silenciosamente.

Raios, Soph. Eu não sou um saco de pancadas — resmungou ele, se levantando. — Eu não deveria rir, mas me preocupo com sua determinação em mudar algo, que todas que tentaram mudar, foram ridicularizadas e excluídas. O mesmo pode acontecer com você.

Sophie suspirou fundo e começou a diminuir o tom de voz.

Eu não estou lutando sozinha, somos muitas. Os encontros na biblioteca começaram com poucas e, hoje, nosso clube do livro feminino já conta com mais de cem integrantes — contou ela, com um brilho no olhar que Georgina ainda não vira a irmã. Era fúria, coragem e determinação. — Querelle de femme é o futuro, Henry. Espalharei cartazes e vou lutar com o que posso se necessário, para que as mulheres no futuro possam ser livres, para que eu alcance minha liberdade.

Não estou julgando você por isso, mas ainda creio ser muito arriscado — Henry pegou a mão da amiga, que se afastou e Louis pode ver dor nos olhos do garoto. — Já existiram mulheres que desapareceram por ideias assim. E sua mãe nunca vai aceitar que você seja uma solteirona e defensora de uma revolução feminina contra o patriarcado.

— Eles estão falando da sua irmã ou da minha? — perguntou Louis segurando o riso. Georgina o repreendeu com um olhar, embora também sentisse vontade de rir. O duque ergueu a sobrancelha para ela e a loura reprimiu um sorriso.

Eu decidirei sobre meu futuro, Henry. Estou decidida a nunca me casar. Não vou me submeter a ser um objeto que serve apenas para reprodução — havia fúria nos olhos azuis de Sophie. — Algum dia, mulheres vão usar calças como as suas e serão capazes de escolher o próprio destino por conta de moças como eu que estão lutando agora, mas um homem como você nunca entenderia o peso disso.

— Ela se parece muito com Madeleine — sussurrou Louis. — Parece que estou vendo minha irmã em uma versão mais jovem e ainda pior, pois sua irmã realmente quer desafiar o sistema.

Quando Sophie virou para o lado, após ouvir a voz do duque, Georgina sorriu para Louis, que gargalhou de volta para disfarçar o fato de que estavam espionando dois adolescentes como duas idosas fofoqueiras.

— Ah, obrigada por me acompanhar, Vossa Graça. Poderíamos ir procurar os anfitriões? — enrolou ela, sem olhar para trás e Louis lhe ofereceu o braço.

— É claro... Temos muitas coisas para falar com os anfitriões — remendou ele. Quando se afastaram, murmurou: — Quem são os anfitriões mesmo?

A loura segurou o riso. Quando eles pararam em um canto do salão, a loura parou e pensou sobre a irmã. Georgina era o tipo de mulher que aceitava a realidade a qual nascera, nunca havia pensado que se casar seria uma escolha e sabia que seu papel era ser uma dama, ter filhos e um bom marido. Ainda que tivesse uma loja de costuras por meios que desafiavam a moral, não se considerava uma questionadora. Admirava aquelas que tinham coragem para enfrentar questões sociais, pois era muito medrosa para viver dessa forma.

— Talvez você devesse se aproximar de Sophie. Bellamy nunca me contou nada sobre esse movimento revolucionário que ela participa, mas me disse que ela era diferente do que aparentava — contou ele. Georgina não teve dúvidas de que a caçula fugia do padrão, assim como a irmã mais velha do duque. — O que ela está fazendo pode arruiná-la. Tenho experiência com irmãs problemáticas, confie em mim. Só que Madeleine é como um urso, é agressiva por natureza e só ataca quando necessário, mas sua irmã é um lobo em pele de cordeiro. Muito mais perigosa.

Georgina concordou silenciosamente. Quando iria abordar o assunto sobre a irmã do duque, para perguntar-lhe se ele tinha notícias dela, percebeu que ele encarava Delilah Bunwell com uma expressão séria. Olhou na mesma direção.

Delilah era incrivelmente bela, Georgina não lembrava a exata idade dela, mas sabia que era dez ou doze anos mais nova que o seu pai quando se casaram, não deveria ter mais do que vinte anos na época. De cabelo escuro e liso, seus olhos tinham um tom ainda mais escuro. No entanto, havia algo de poderoso na antiga viscondessa, nos traços perfeitos de seu rosto. Quando a madrasta sorriu, exibindo os dentes perfeitamente retos, Georgina não pôde deixar de observar que o olhar de Sebastian, ao lado dela, era estranho.

Prestando mais atenção ao tio, viu que era o mesmo olhar que Louis lhe dera enquanto estava bêbado, ele olhava para o decote de Delilah e depois para o seu rosto enquanto conversavam. Ela se abanava discretamente, embora não estivesse calor. Quando pararam de conversar, Georgina viu faíscas sair daquela tensão ou o que quer que fosse entre eles. A beleza dos dois era estonteante e o olhar... Parecia algum tipo de desafio.

— Não sou tão bom observador quanto a senhorita, mas estou curioso — falou o duque, com as mãos para trás e olhando para o tio dela, o qual observava a madrasta sair e olhava ao redor. — Acredito que eles têm um caso, se é o que a senhorita está imaginando em sua mente pervertida. Por que está tão vermelha, Georgina?

Um caso? Ela apenas estava imaginando que ele sentia alguma atração reprimida por sua madrasta. Considerando que Delilah tinha uma beleza perturbadora e recebia pedidos de casamento de todos os viúvos de Londres, não julgaria o tio se fosse apenas isso.

— O senhor sabe de alguma coisa — concluiu Georgina. Teria que engolir o orgulho e a tentativa de afastar o duque. — O que é?

— Sebastian conversava comigo olhando para minha orelha, pois, na verdade estava olhando para Delilah. Ele esperou alguns minutos desde que ela saiu e está indo segui-la discretamente, com um copo de vinho na mão — Louis narrava perfeitamente. Georgina começou a andar até o jardim e duque a seguiu, colocando a mão em seu pulso. O toque causou calafrios na loura. — Não os siga. Acredite em mim, o que vem depois de uma troca de olhares como aquela é muito privado.

— Mas preciso saber se estamos imaginando coisas. Se eles forem o que Vossa Graça alega, é um crime contra a moral — comentou a loura.

Louis a segurou pelo pulso, causando novas sensações em Georgina. Assim, ele levou a loura para fora do salão, na direção de uma fonte de água vazia e bastante barulhenta. Queria falar algo que não podia dizer em voz alta provavelmente.

— A senhorita ficaria constrangida se os seguisse. Reconheço o olhar de um homem faminto quando vejo um — contou o duque, muito perto de seu ouvido direito, causando calafrios na dama e a deixando mais confusa ainda. — Seu irmão me contou que eles tinham um caso há anos, mas Bellamy nunca deu importância para isso. Pensou em adverti-los e confrontá-los, só que desistiu por algum motivo. Seria um escândalo desnecessário.

— Mas... O que seria um caso? É como se eles encostassem seus lábios escondidos e proclamassem o seu amor? — ela corou de repente, lembrando que havia beijado Louis. E agora o duque estava muito perto dela. Quase desejou que ele beijasse sua orelha e depois...

— É semelhante ao que fizemos, Georgina, só que um pouco mais avançado. Há fases que a senhorita só descobrirá após o casamento — ele explicou calmamente, embora parecesse se divertir com a inocência dela. — E digamos que eles vão efetuar essa fase, o que vem após o beijo. Não necessariamente precisa ser amor, no entanto, pela forma como eles se olham, há mais do que atração.

Georgina odiou a própria ignorância, já havia pedido para a tia e para sua prima lhe contarem o que vinha após o casamento. Deduziu que existia alguma coisa secreta após Amelia ter um bebê prematuro com oito meses e meio de matrimônio. Perguntou a ela também, que prometeu lhe explicar na noite anterior ao seu casamento. Entretanto, ninguém falava do que se tratava, nem mesmo Madeleine. Ela até tentou convencer a amiga, mas a princesa apenas prometeu que contaria quando ela tivesse idade o suficiente.

— O que o senhor quer dizer? — Georgina insistiu. Louis já tinha beijado ela, o mínimo que poderia fazer para se redimir era contar a verdade.

— Existem partes do nosso corpo que têm funções incríveis, digamos assim — contou o duque, conseguindo total atenção dela. O rosto estava tão próximo que Georgina conseguia sentir sua respiração. Não pediria para ele continuar, mas queria muito saber. — Seu irmão me disse que seu pai contava que bebês são dados pelo pássaro do amor, mas não é bem isso. Crianças também podem vir dessa fase final, a qual não precisa ser feita apenas para procriação.

Por Deus, diga logo o que é isso. Georgina queria gritar, mas apenas manteve sua atenção total. Se casaria em poucos meses, precisava ao menos ter algum conhecimento do que esperar de seu marido.

— Eu não sou tão ignorante, descobri que o pássaro era falso quando Amelia deu à luz a Edward — confessou ela, sentindo o rosto esquentar. Não deveria estar conversando sobre isso, principalmente com um homem.

— Mas também não sabe o que significa essa fase. Basicamente, há algo no corpo de um homem que se encaixa em uma parte do seu — e a forma como ele sussurrou perto do rosto dela, como se estivesse cometendo um crime, fez com que a loura quase perdesse os sentidos. Ele parecia estar se segurando também, seja lá o que ambos estivessem sentindo ao conversar sobre aquilo. Para ela, a sensação era de fogo puro no ventre. — Há uma abertura, um pequeno buraco. Não sei como descrever isso, mas a senhorita precisa encontrá-la. Acredito que para as mulheres a sensação é semelhante, algo embaixo.

O duque apontou para o meio das pernas da dama e pareceu corar. Georgina ficou em choque por um instante, pois estava sentindo aquela sensação enquanto ouvia ele. Sentia algo abaixo de sua barriga, que ela não compreendia, mas quanto mais se aproximava de Louis, mais forte se tornava aquela vontade.

— E como essa abertura se encaixa? Qual sua função? — ela perguntou bastante séria e ele riu. Um som, de fato, muito agradável no ouvido dela.

Quase desmaiou de vergonha e o duque também começou a ficar vermelho. Por Deus, Louis Hanworth estava com vergonha.

— Gostaria de lhe explicar mais sobre isso, posso até mesmo mostrar ou dar aulas sobre essa abertura antes do seu casamento, se assim desejar — o duque comentou ousadamente, quase fazendo a dama desmaiar de tanta vergonha. Georgina deu um passo para trás. — Mas precisamos ir. Já organizei tudo, todos vão pensar que a senhorita saiu com uma dama de companhia.

Louis a pegou pelo pulso novamente e começou a arrastá-la pelo jardim. Se alguém os visse daquela forma, ela estaria arruinada para sempre.

— Ir para onde? — indagou a loura, confusa.

— Encontrar La Bruxa, não era isso o que a senhorita veio fazer aqui? — Ele chegou até uma carruagem escondida, a qual já estava pronta e entregou uma sacola para Georgina. — Também quero saber o que ocorreu, ainda que não tenha a mesma opinião que a senhorita.

— O que é isso? — perguntou ela olhando para a sacola. Como ele havia mudado de ideia?

— O arsênico me convenceu e, de fato, a única que o comercializa é La Bruxa — ele abriu a porta da carruagem. — Peguei roupas comuns com minhas criadas. Entre e as vista, pode fechar a janela, pois eu ficarei vigiando.

O quê? — Georgina ficou espantada. Ele havia pensado em tudo. — Não posso fazer algo assim, tirar minhas vestes. Só posso tirá-las na presença de minhas criadas. Isso é inapropriado.

— Ah, então quer que eu a ajude a tirá-las? Sem problemas — ele tirou as luvas das mãos e ela recuou. Quanto mais perto Louis ficava, mais perigoso se tornava o desejo que a dama sentia.

— Tudo bem, eu mesma farei isso — Georgina puxou o vestido e entrou na carruagem.

Se viver perigosamente significava encontrar o assassino de seu irmão, ela não se importava mais com as consequências ou o que poderia acontecer com sua reputação. Iria encontrar La Bruxa naquela noite e acabar com aquele tormento.

Enquanto se vestia, a mente de Georgina se iluminou. Se sua irmã era próxima de Henry Sommerset e ele era filho do assassino de seu irmão, poderia usá-lo contra o velho duque em sua vingança. Ainda que isso fizesse dela uma péssima pessoa, nunca poderia perdoar o assassino de seu irmão. 

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