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ᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠ05. Chapitre Cinq

"Louis é complicado, não sei como descrevê-lo. Acho que todos os Hanworth são assim, incrivelmente geniosos e confusos, diferentes de todas as famílias que já conheci. Eles não se importam com o que os outros pensam, apenas vivem intensamente e de forma muito imatura. Admiro isso, na verdade, gostaria de ser um Hanworth."

O Diário de Bellamy Bunwell"

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QUATRO DIAS DEPOIS, Georgina fora acordada pela tia que segurava um pacote de agulhas e linhas para ela de todo o tipo. Jane lhe trouxe o desjejum na cama e mandara preparar um banho quente para a sobrinha, como se soubesse que ela havia chorado na noite passada lendo os diários do irmão e não estava superando sua morte tão bem quanto tentava transparecer.

Ainda cedo, a loura recebeu uma solicitação de visita, o mordomo avisou que uma de suas irmãs a esperava na sala de estar. Como se não bastasse o luto, o noivado forçado, a carta misteriosa e a discussão com o duque, ela ainda precisava lidar com suas gêmeas que tanto a humilharam.

— Você conseguirá lidar com Melina ou Emma, querida? — perguntou Jane. — Minha família solicitou minha visita e preciso ir.

— Tudo bem — Georgina acariciou a mão da tia e deu um de seus melhores sorrisos. — Eu estou bem. Posso lidar com Emma ou Melina, a senhora deveria ver como humilhei Emma recentemente.

Assim, a trigêmea foi ao encontro de uma de suas irmãs. Olhando ao redor, não percebeu nenhum sinal do duque de Norfolk pela casa, o qual deveria estar trabalhando.

— Senhorita Georgina Bunwell, de Londres — anunciou o mordomo educadamente.

Com a cabeça erguida, Georgina entrou e percebeu que a irmã que a viera visitar estava com um capuz de seda, olhando para baixo.

— Melina, Emma? — indagou ela. — A que devo a honra de receber uma de minhas queridas irmãs?

— Irmã — murmurou a mais nova timidamente ao retirar o capuz.

Sophie era a filha mais nova, fruto do casamento de seu pai e sua madrasta, não deveria ter completado dezesseis anos ainda e era sem dúvida uma das mais lindas meninas que Georgina já vira e certamente a mais bela da família. De rosto arredondado e maçãs do rosto rosadas proeminentes, a caçula tinha olhos azuis e lábios bem desenhados, além do louro de seu cabelo ser ainda mais claro que o de Georgina.

— Gostaria de um pouco de chá e biscoitos? — perguntou a mais velha, sem saber o que fazer ou dizer.

Georgina nunca havia sido próxima de Sophie, embora em suas cartas Bellamy sempre falasse que ela era uma boa menina e muito solitária, com uma mãe que exigia muito dela e ele tentava a todo custo protegê-la. Não havia uma opinião formada sobre a menina, mas a mais nova nunca participou dos atos de maldade de Emma e Melina e ao mesmo tempo sempre fora omissa.

— Perdoe-me pela visita inesperada, sei que posso estar sendo um incômodo e perturbando seu luto — Sophie fez uma reverência ao aceitar o chá e pareceu completamente sincera em suas palavras. Foi a primeira vez que Georgina ficara chocada. — Nunca tivemos a oportunidade de nos aproximarmos.

— Sua mãe sabe que você está aqui? — perguntou diretamente e percebeu que estava sendo rude. — Perdão Sophie, mas a antiga viscondessa e eu temos nossas adversidades, sei que ela nunca permitiria que você sequer se aproximasse de mim.

— Ela não sabe e nem saberá — garantiu a garota, parecendo insegura e olhando ao redor. — Sei que não tenho o direito de tentar ser sua irmã considerando tudo o que minha mãe e nossas irmãs lhe fizeram... Mas Bellamy me criou, foi meu irmão e até mesmo meu pai quando precisei de um — ela engoliu em seco e largou o chá. — Queria apenas que você soubesse que pode contar comigo nesse momento de sofrimento.

Georgina queria conseguir lançar um sorriso gentil, mas ficou séria enquanto examinava a caçula. Provavelmente a mãe lhe enviara para que ganhasse sua confiança e roubasse seu dinheiro ou talvez até mesmo pior. Ela havia desafiado a autoridade da antiga viscondessa no velório de Bellamy e Delilah nunca deixaria isso passar em branco.

— Por favor, fale para Delilah que em breve eu partirei para a França e me casarei, que ela não precisa me atormentar, pois a morte de meu irmão já faz isso todos os dias — respondeu friamente e pode jurar ver decepção nos olhos falsos e inocentes de Sophie. — Eu estou em luto, Sophie e cansada de fingir.

— Georgina, eu não sou minha mãe. Entendo seus motivos para odiá-la, ela nunca facilitou ou foi uma boa madrasta — Sophie respondeu sem gaguejar e Georgina pode jurar ver a mesma frieza que carregava, em sua irmã. — Realmente quero ser sua irmã e sinto muito se eu fui omissa quando você mais precisou de mim, mas eu era uma criança e estou tentando ser uma pessoa melhor, uma irmã melhor.

Sophie é solitária e temo que ela nunca se abra comigo, escreveu Bellamy em um dos trechos de seu diário,

— Perdão se fui rude ou desagradável, mas não sinto que temos vínculo ou afeto, nunca desenvolvemos isso e não precisamos forçar nossa relação só porque Bellamy faleceu, sua mãe jamais permitiria também — Georgina respondeu sinceramente e por algum motivo se sentiu angustiada ao ver novamente o olhar de frustração da irmã.

O mordomo bateu na porta e Georgina se levantou rapidamente tentando escapar daquela conversa desconfortável.

— Pode entrar — falou ela.

— Uma nova correspondência chegou para a senhorita, Georgina — ele fez uma reverência e a entregou quando Georgina estendeu a mão.

— Obrigada, já pode se retirar.

Esquecendo-se ou apenas ignorando a presença da caçula, a loura abriu o envelope discretamente e não conseguiu esconder a reação de susto ou dos olhos arregalados. Era um pouco de pó e um bilhete nítido.

"Arsênico foi usado para matar seu irmão. Se quer provas, procure pela curandeira que vive entre os plebeus e é conhecida como La Bruxa."

— O que houve, está tudo bem? — Sophie saiu de onde estava sentada e colocou a mão sobre o joelho de Georgina. — A cor lhe parece faltar o rosto, a senhorita está passando mal?

— Eu... Estou bem — Georgina engoliu em seco e deu um leve sorriso, escondendo a carta e seu conteúdo rapidamente. — Algo urgente surgiu e eu preciso resolver. Sei que nosso encontro não foi agradável, mas pensarei sobre o que me disse.

— Obrigada por me receber — comentou a irmã.

Se despedindo rapidamente, Georgina correu até o quarto no qual estava hospedada. Abriu todos os diários de Bellamy, dos mais recentes aos mais antigos procurando qualquer sinal de desavenças. Procurou por toda a tarde e as únicas discussões relatadas eram em relação a Louis, Amelia e um antigo cobrador de seu pai, dos tempos de jogatina que o importunava e o chantageava, o duque de Somerset, um homem poderoso e descrito em todas as páginas como muito frio.

"Estou cansado dessas chantagens inúteis. Amanhã, darei um fim nessa situação que se arrasta por tantos anos, sairei após Amelia adormecer e estarei levando um revólver. Tudo bem Somerset me ameaçar, mas nunca aceitarei que humilhe alguém que tanto estimo. Não posso aceitar a forma como ele tratou alguém tão importante para mim"

Após isso, havia apenas páginas vagas contando sobre coisas cotidianas e mais nenhuma menção sobre o duque. Sua maior vontade era de assassinar Somerset por conta própria, visto que não poderia obter justiça, pois a única autoridade próxima dela a achava paranoica.

Georgina olhou ao redor, pensando em qualquer um que pudesse ajudá-la e só conseguiu lembrar daquele que havia se importado com seu irmão tanto quanto ela.

Assim, Georgina costurou a tarde inteira ao lado da janela enquanto esperava Louis Hanworth, que estava resolvendo negócios referentes ao ducado. Conversou com sua tia, a qual avisou ter enviado correspondências para o conde de Champagne e não conseguiu evitar seu descontentamento. Havia se esquecido daquele terrível homem que a esperava em Paris.

— Obrigada, agora quero ficar sozinha. Meu tio Sebastian já foi avisado sobre minha união e tratará disso, até lá não quero pensar sobre — foi tudo o que respondeu enquanto segurava as lágrimas.

Durante o início da noite, finalmente o duque retornara, conseguiu avistá-lo descendo da carruagem e diferente da maioria dos nobres, tinha uma postura jovial, com o cabelo cacheado desarrumado e a camiseta desbotada em cima. Observou da janela enquanto ele arrancava a sobrecasaca de forma nenhum pouco elegante e adentrava a mansão.

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NA HORA DO JANTAR, Georgina esperou a tia se deitar e se levantou determinada quando percebeu que a maioria dos criados havia sido dispensada. Com o diário em mãos, deu duas batidas na porta entreaberta do duque e apenas ouviu um murmúrio como resposta.

— Com licença, Vossa Graça — começou ela, com uma breve reverência. — Venho importuná-lo novamente e creio que o senhor precisa me ouvir dessa vez.

Sem resposta, ela entrou e viu que ele estava de costas na cadeira do escritório, olhando para o jardim logo abaixo.

— Perdoe-me pela intromissão no meio da noite, mas o senhor era o único o qual meu irmão confiava — continuou ela. — E eu só confiava nele. Então preciso, pela última vez, expor meu ponto de vista ainda que Vossa Graça discorde.

Vossa Graça, Senhor — ele repetiu e pela quantidade de álcool em cima da mesa, ela soube que estava alterado. — Você não cansa?

— Perdoe-me, não compreendo o que Vossa Graça quis dizer.

Louis Hanworth se virou, sentado desajeitadamente e visivelmente embriagado, lançou um meio sorriso debochado para ela. Ela não pode deixar de perceber que ele era incrivelmente bonito. De maxilar marcado e cabelo cacheado, junto a sua personalidade forte, ele era a personificação de um Hanworth, bem como a irmã.

— A senhorita usa uma máscara o tempo inteiro, todas suas expressões são calculadas e mesmo o rosto agradável que vejo agora — ele suspirou. — Também é tão falso.

Georgina observou enquanto ele servia mais um copo de bebida e naquele instante pode jurar ter voltado ao dia do casamento de Madelaine, quando Louis no mesmo tom de voz a humilhou perante seus amigos.

— Não vou julgá-la se me responder como quiser, apenas não suporto o sorriso falso e todas as palavras calculadas de uma dama perfeita — ele girou o copo de bebida na mão e se levantou, na direção dela. Estava falando informalmente e ela não soube como reagir — Georgina, você não consegue me enganar facilmente como engana todo mundo.

A loura sentiu o rosto esquentar e deu um passo para trás. Um homem bêbado era sempre um território perigoso, mas o seu primeiro amor que a magoou profundamente embriagado, era território proibido. Queria jogar todo o seu ressentimento por cima dele, entretanto, apenas fez uma reverência de despedida.

— Acredito que o senhor não esteja em condições para uma conversa, vou retornar aos meus aposentos então — ela deu um passo para trás e ouviu ele rir. Sua risada era doce e de puro deboche. Fervilhou de ódio e se virou, mas respirou fundo. — Vossa Graça julga que até mesmo meu andar é calculado?

— Talvez — ele deu de ombros, com uma expressão divertida no rosto. Tomou mais um gole da bebida, enquanto se apoiava na mesa para permanecer de pé — A senhorita bebe?

— Perdão? — ela piscou várias vezes, sem entender o rumo que aquela conversa estava tomando. — É melhor eu ir.

— Talvez sim.

Louis a encarava de uma forma diferente. Não parecia irritado ou com vontade de continuar debochando, até mesmo o seu sorriso havia desaparecido. O duque parecia perdido nos próprios pensamentos.

Novamente, ele estava analisando seus traços, como se pudesse medir seu rosto e suas proporções. Georgina sabia que artistas tinham uma visão diferente do mundo, mas a forma como ele parecia analisá-la estava além de sua compreensão.

— Vossa Graça? — ela perguntou, não querendo atrapalhar o seu momento reflexivo.

— Fico me perguntando como é o seu verdadeiro sorriso — sussurrou ele. — Como seria desenhá-lo.

Tentando controlar a respiração, Georgina não conseguia compreendê-lo. Tentou olhar para qualquer coisa que não fosse ele e fitou a carta de Madame Peu em sua escrivaninha, dado a sujeira de tinta, ele provavelmente havia escrito uma resposta. Por sorte, ela havia subornado o carteiro para que entregasse sua correspondência discretamente em Londres.

— Eu realmente preciso ir — concluiu ela.

No entanto, continuou imóvel e ele também. Ousou encará-lo, ele estava sóbrio o suficiente para debochar dela e deixá-la confusa, talvez fosse o momento para discutir sobre Bellamy.

— O que o senhor fez durante o dia? — ela recuou um passo e não soube por qual motivo fizera aquele questionamento, quando tudo em seu corpo a mandava fugir. — Visitou os plebeus de seu ducado para arrecadar impostos ou algo assim?

Ele negou com a cabeça e mudou a expressão no rosto para uma mais agradável.

— Tive conversas de acordos, comércio e exportação. Não gosto do termo plebeus, todos eles são humanos como nós, me recebem com festas, pedidos e agradecimentos — explicou ele e ela pareceu realmente atenta. Georgina havia se esquecido que ele era extremamente sincero e tinha um grande senso de justiça. — Gostaria de ir junto algum dia? Acredito que a senhorita nunca deve ter visto como são as coisas longe da alta sociedade.

— Sim — respondeu ela. Aquela era a oportunidade perfeita para encontrar La Bruxa. — Quero preparar uma refeição francesa, acho que seria uma boa oportunidade para colher os ingredientes que preciso.

— Nesse caso, levarei você amanhã quando sair da reunião que tenho com alguns barões — ele pareceu mais relaxado e então bebeu todo o conteúdo do copo que segurava de uma só vez. — Acho que estou ficando sóbrio.

Louis se serviu novamente e bebeu mais um copo, ergueu o copo para ela como se fosse uma comemoração. Precisava ir embora, no entanto, algo dentro dela parecia traí-la. Ele estava muito frágil, se realmente quisesse se vingar dele, aquele seria o momento.

Para sua surpresa, o duque pegou um pincel e cambaleando o colocou na ponta de seu nariz, sujando-o com tinta. Ele riu sozinho e ela não soube se ficava irritada ou ria junto. Permaneceu com a expressão tranquila e o encarou como se pudesse ver sua alma.

— O senhor está muito embriagado? — ela passou o dedo na ponta do nariz para tirar a tinta, enquanto ele se divertia. — Espero que esteja para fazer algo assim.

— Talvez, um pouquinho — ele piscou para ela com o olho esquerdo. Ele ergueu o pincel para ela — Se quiser fugir, o momento é agora.

De fato, precisava ir embora o quanto antes, mas o rosto avermelhado de álcool de Louis o tornava ainda mais atraente e jovial. Georgina se odiava por querer ficar mais.

— Não sou a única a usar uma máscara — disse ela por fim, pela primeira vez falando o que realmente pensava e sem tanta formalidade. Apontou para o conhaque na mesa. — A sua máscara está bem aqui. Por que a usa?

— Eu me sinto tão bem assim — ele deu de ombros, abraçou a bebida dramaticamente e beijou a garrafa. — Esse é o meu verdadeiro amor, nós não parecemos almas gêmeas?

Ele pode jurar ver o lábio esquerdo dela se repuxar. Georgina havia rido, ainda que fosse um sorriso disfarçado, foi a primeira expressão e tentativa de sorriso verdadeiros que ele vira na loira.

Fuja, uma voz no fundo de Georgina parecia alertá-la, pois o duque ficara em silêncio após o quase sorriso dela.

Mas o corpo dela a traiu e tudo o que podia fazer era tentar se livrar do clima desconfortável que pairava no ar.

— Mulheres não podem expressar o que desejam ou pensam na alta sociedade. O senhor teve uma irmã... — Como poderia descrever Madeleine sem ofendê-la? — Atípica. Não há ninguém em Londres que desafie as normas sociais. Ainda que tenhamos personalidade, somos ensinadas sobre compostura, etiquetas e a responder tudo com um sorriso e palavras gentis. Nunca questionei isso e estou perfeitamente bem com o papel que preciso desempenhar.

Ele ficou quieto e o silêncio a estimulou a continuar falando.

— O senhor também é... Peculiar — ela procurou palavras gentis. — Não se levanta quando entro no recinto ou quando me levanto, como é de costume. E até mesmo amaldiçoa e fala palavras incomuns na frente de damas.

Ela olhou para ele esperando alguma reação, mas ele continuava imóvel, a analisando com uma expressão agradável. Talvez o tivesse ofendido?

— Eu... Só quis dizer que o senhor não é como os outros nobres também — sua sinceridade certamente iria matá-la. — Não que isso seja algo ruim ou condenável, Vossa Graça.

Ele continuou sério, mas abriu os lábios para diminuir a tensão no ambiente e o nervosismo aparente da dama.

— Concordo — foi tudo o que ele disse.

Concordo? Ele deveria repreendê-la. Ela havia falado demais, faltado com compostura e basicamente dito que ele e a irmã não tinham educação e não sabiam se portar na alta sociedade.

— Eu também deveria ser um pouco mais assim, falar o que realmente penso — uma agonia, semelhante a ansiedade preencheu seu peito. Não sabia mais o que dizer, não queria mais continuar aquela conversa. — Eu realmente gostaria de ser mais como vocês e menos como eu.

Eu não me suporto, é o que ela queria dizer. E sinto muito se tudo o que falo parece calculado.

De alguma forma, Louis Hanworth estava muito próximo, como se visse por trás das palavras dela e enxergasse que ela estava quebrada.

— Não — ele colocou delicadamente uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. Ele a estava tocando. — Seja você.

— Eu não posso — sentiu a dor de seu peito quase se esvair com a proximidade de seus rostos. — Não me suporto.

Ela levantou o rosto e olhou para ele, com toda a coragem que sentia. Não conseguiu desviar o olhar quando os olhos verde oliva dele olharam para os dela e depois para seus lábios. Pode jurar ouvir um "eu também não me suporto", antes de ele aproximar seu rosto até que ela sentisse sua respiração.

Os lábios do duque encostaram nos dela, um simples toque, que evoluiu tão rapidamente que a fez perder o controle.

Louis a beijou, ainda que ela não soubesse o que fazer, ele a beijou suavemente e toda a sua dor desapareceu. Sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo, desde o seu ventre até o seu pescoço com o toque dele em sua nuca e puxão que dera em sua cintura, para aproximá-la de seu corpo.

Georgina deveria parar, mas ela queria. Queria tanto que não podia controlar. Em um gesto desesperado, passou a mão pelo cabelo dele, apenas querendo senti-lo, e o puxou.

O beijo doce se tornou mais urgente e agora ela finalmente entendia o que fazer com sua língua. A mão cautelosa do duque agora a apertava com mais força contra ele, fazendo com que um estranho calor a consumisse.

O beijo continuou até que perdessem o fôlego e ele não tivesse mais como apertar sua cintura para se saciar.

Mon chéri — murmurou o duque, com um francês perfeito e fluente que nem ela tinha. Ele parou o beijo sem fôlego e a puxou novamente, para beijar o seu pescoço. — Tu dois m'arrêter, mon cheri (você precisa me parar, minha querida.)

Aquilo foi tão sensual que ela apenas quis continuar sem pensar racionalmente e o puxou pela gola da camiseta como resposta. Não se importou com o sabor do álcool nos lábios dele ou se aquilo era certo ou não. Aquele momento era importante para ela, seu primeiro beijo. Ainda que ainda desejasse se vingar, queria aquele instante mais do que tudo. O desejou por tanto tempo.

Ele iniciou uma trilha de toques por seu pescoço e sua orelha e ela soltou suspiros que não sabia o que significavam, mas sentiu a mão dele suavemente sair de sua cintura e se tornar mais apertada em seu corpo. Queria tocá-lo, mesmo sem entender no que encostar como ele parecia saber, queria apenas jogá-lo contra alguma coisa.

Georgina arqueou suas costas, o pegou pelo colarinho sem nenhum pouco de delicadeza e o levou com ela até a parede, o som que ele fez foi o suficiente para enlouquecê-la. Sua mão desceu e ele a apertou de forma contida nas nádegas, ela soltou um som incompreensível e os lábios dele continuaram descendo.

Sentiu o dedo dele no nó de seu vestido e seus olhos se encontraram. Não sabia o que significava aqueles toques ou o que ele pretendia fazer descendo tanto os lábios que antes estavam no seu pescoço e agora estavam no seu... Coração? Onde ele pretendia chegar?

— Louis — ela falou seu nome pela primeira vez, sem formalidade. Pareceu certo e bom, até a forma como ela pronunciava a palavra.

Como se acordasse de um sonho, Georgina lembrou que estava noiva, colocou sua mão por cima da dele e o afastou de seu corpo.

— Eu... Sou uma mulher comprometida — e pode jurar ver uma certa confusão no rosto dele — Eu esqueci de lhe contar.

Louis parecia confuso e sem saber o que dizer, vermelho e com os lábios inchados do beijo dela, o colarinho bagunçado e o cabelo ainda pior. Ele era a personificação do pecado.

— Georgina, droga — ele respondeu, com um sorriso cafajeste. — Eu não me importo nem um pouco com isso.

— Mas eu me importo, é a minha integridade — ela tentou olhar para qualquer coisa que não fosse ele, pois temia não conseguir se controlar. — O senhor é um cavalheiro, deveria agir como tal.

Pode jurar que ouviu o som de sua risada

— Eu não vou me desculpar, fingir que nada aconteceu ou dizer que cometi um erro contra sua integridade, se é o que a senhorita precisa para sua consciência limpa, eu não lhe darei — ele respondeu e aquilo a incomodou profundamente.

Todo cavalheiro, seja quem fosse, era obrigado a se casar com uma moça que encostasse ou no mínimo rastejar por seu perdão. Mesmo o mais libertino dos homens seguia esse tipo de norma ou ao menos buscava se redimir. Mas Louis não parecia se importar com nada, nem com a pureza dela em risco ou com a vida de seu irmão que fora provavelmente assassinado.

— O bilhete — ela sussurrou mais para si do que para ele, lembrando do motivo de ter vindo ali. Procurando pelo chão, o achou perto da escrivaninha e o pegou, sem se importar de ter se abaixo de forma nenhum pouco elegante.

— Não me diga... — Ele olhou para a letra no bilhete e ela o escondeu rapidamente. — A senhorita veio aqui para isso, para me pedir para desovar o corpo de seu irmão novamente e profaná-lo?

Aquilo a machucou, mais do que gostaria de admitir. Parecia que ela era cruel, embora soubesse que era incomum exumarem aqueles que foram importantes ou tinham algum tipo de título, tinha certeza de que não estava insana.

— Eu não estou pedindo mais a sua ajuda — ela falou, com tanta raiva no olhar que ele pareceu tentado a desafiá-la. — Não preciso do senhor para desovar e profanar o corpo do meu irmão que foi assassinado. Vou provar isso com ou sem você.

— Ah, mais precisa de mim para outras coisas, não? — a malícia na sua voz e palavras foram propositais. Quase havia se esquecido que ele estava bêbado e sem escrúpulos — Como provará algo impossível? O médico já confirmou o diagnóstico — ele suspirou e passou a mão pelo cabelo. — Apenas supere, Georgina, vai ser mais fácil do que tentar achar um motivo ou inimigo invisível. Seu irmão não iria querer vê-la assim.

— O senhor deveria ler sobre a discussão que meu irmão teve com o duque Somerset um dia antes de sua morte e que Bellamy planejou matá-lo. Isso me foi enviado — contou ela, pegando o pó de arsênico e o colocando delicadamente na escrivaninha do duque. — Se não acredita em mim, então pelo menos chegue perto do que está nesse pedaço de papel e tente sobreviver, Vossa Graça.

Talvez ele estivesse muito bêbado, mas pareceu tonto e confuso e antes que pudesse protestar, ela fez uma reverência forçada e saiu da sala sem perder a compostura. O que ela havia sentido minutos antes parecia ter se dissolvido, e enquanto andava até seu quarto, sabia que havia cometido um erro.

Beijar Louis Hanworth quase a fez sair de seu caminho, do que precisava fazer. Não só se vingar dele e de todos aqueles que a humilharam, mas principalmente matar aquele que ferira Bellamy. Dali em diante, apenas o ódio e a vingança teriam espaço na sua vida.

Assim, ao invés de chorar como estava fazendo todos os dias, Georgina iniciou uma nova correspondência para Louis como Madame Peu e iniciou seu plano para encontrar La Bruxa. No dia seguinte, iria atrás do assassino.

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LOUIS ACORDOU NO MEIO DA MADRUGADA, sentado na cadeira de seu escritório e quase deitado por cima do pequeno pedaço de papel que Georgina colocara sobre sua escrivaninha. Estava sóbrio e não fazia ideia de que horas eram, no entanto, o que acontecera mais cedo o estava incomodando. Não o beijo de alguma forma, todavia, quanto mais pensava que aquilo poderia ser veneno, mais ele se incomodava. Ainda que fosse apenas uma hipótese e loucura de uma mulher em luto, não fazia sentido um chantagista enviar aquela substância.

Determinado, ele lavou seu rosto, não se passavam das quatro da manhã ainda quando saiu. O único lugar que poderia ter informações sobre aquela substância e seu comprador era O Clube, onde homens se reuniam para jogar e se divertir com prostitutas e musicistas, mulheres que frequentavam o local e conheciam todas as fofocas que eram contadas. Não havia nada que o Clube não soubesse.

Não foi de carruagem, ainda que incomum andasse a cavalo, chegou lá em menos de uma hora assim. Não se importou muito que a maioria já estivesse dormindo após a noite agitada, quando entrou procurando qualquer um que fosse.

Encontrou uma meretriz de cabelo louro longo de costas rindo com algumas mulheres na sala de música. Por algum motivo, ele pensou em Georgina quando encostou no braço da garota, que se virou e prontamente passou a mão por seu braço.

— O que Vossa Graça deseja? — indagou ela, passando a mão por seu peito e cabelo.

Louis não se lembrava do nome da garota, mas sabia que ela trabalhava ali fazia bastante tempo e conhecia muitos comerciantes, provavelmente saberia se houvesse comércio de veneno, meretrizes sempre sabiam de tudo o que acontecia em Londres.

— Preciso da sua ajuda — ele a pegou pela mão e a arrastou consigo.

Começou a procurar por um aposento, demorou até achar uma suíte que não estivesse com pessoas fodendo ou dormindo. Quando achou, a jogou para dentro e trancou a porta.

— Meu senhor? — ela começou a tirar a roupa. — Bom, se é assim.

— Não, pare — ele pegou o papel guardado no bolso interno da sobrecasaca e o colocou na mesinha mais próxima. — Preciso que a senhorita me diga o que é isso.

O olhando desconfiada, ela deu de ombros e se aproximou. Passou o dedo e analisou o pó delicadamente. Ele viu o olho dela se arregalar, a garota deu um gritinho e começou a limpar o dedo.

— O que foi? — perguntou ele.

— Arsênico — falou ela. — Alguém tentou envenená-lo?

— Não, ninguém. Mas preciso que me conte se alguém anda comercializando isso — ele passou a mão pelo cabelo. Não sabia mais o que pensar, talvez fosse ele o louco da história. Retirou um saco de moedas do bolso e entregou para a meretriz — Qualquer coisa que souber.

— La Bruxa é a maior comerciante de ervas e venenos de todo o tipo, é bem difícil de contatá-la, pois ela só atende e confia em mulheres. Atende homens se estiverem acompanhados — a garota sorriu para o saco de moedas. — Ela vive entre os plebeus, mas não há endereço certo. Ela vem até você se julgá-lo digno. Basicamente, leve uma mulher consigo ao subúrbio, faça um teatro sobre querer matar alguém ou curar alguma coisa e ela vai entrar em contato. É o suficiente?

Louis suspirou aliviado, já sabia o que precisava fazer e com quem falar, encontraria a comerciante que deveria estar tentando tirar dinheiro de Georgina e resolveria a situação. E se fosse o caso, se a dama estivesse certa... Ele mataria os malditos, seja quem fosse.

De repente, ouvindo os gemidos daquele lugar, lembrou-se dos de Georgina, passando a mão por seu cabelo e o empurrando na parede, faminta. Aquilo o despertou mais do que gostaria de admitir e como ele gostaria de ter continuado, de ver até onde ela iria.

— Qual o seu nome, senhorita? — indagou ele, vendo a meretriz jovem de costas e percebendo que o seu tom de cabelo era o mesmo de Georgina.

— Sienna — respondeu, provavelmente um nome falso.

Ele deu um passo adiante, passando a mão pelo cabelo dela. Talvez ainda fosse o efeito do álcool, mas sentia o cheiro de Georgina nela e imaginou que ela fosse a loura. Não sabia o que havia sido aquele beijo, se fora tão bom assim ou se era apenas o álcool aumentando seu desejo.

— Me beije como se me desejasse mais do que qualquer coisa e me jogue na parede.

Prontamente, a garota fez o que ele pedira e o jogou contra a parede. Não fora da mesma forma, ainda que ela fosse experiente e beijasse bem, não era o mesmo beijo ou intensidade. Não era o mesmo toque.

Então, fez o que queria ter feito mais cedo. Por ser o primeiro beijo de Georgina, a respeitou e tentou ser o mais gentil possível. Mas o que queria mesmo, não era nenhum pouco delicado.

Virou a meretriz de costas para a parede, o mesmo que desejou fazer com Georgina, encostou-se contra ela a fazendo senti-lo em suas nádegas e apertou com força nos seios que infelizmente não eram tão fartos quanto os da outra dama. Ah, como ele queria ter aberto aquele espartilho.

— Hoje, a senhorita se chamará Georgina — avisou ele, apertando ela mais contra a parede e colocando a mão impaciente por dentro do vestido da garota. — Vai me chamar de Louis e se ajoelhar quando eu mandar. E vai agir como uma virgem sem prática, Georgina

NOTAS DA AUTORA

📜 Querido leitor, esse talvez seja o último capítulo que você leia desse universo. Além de estar estudando bastante, poucos comentaram ou reagiram, acredito que por eu não estar divulgando ou vocês não estarem gostando. A quem comenta, se eu terminar essa história algum dia ou escrever mais capítulos, enviarei pessoalmente no privado um link para leitura. Caso eu não escreva nenhum rascunho, ao menos vou descrever como termina a história e o que aconteceu com o Karl. Sou grata a todos que valorizam meus esforços como escritora e não desistem de mim. 

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