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ᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠᅠ01. Chapitre Un



25 DE JULHO DE 1822.

DOIS ANOS APÓS SE MUDAR PARA À FRANÇA, Georgina Marie Bunwell, estava estonteante. Havia engordado consideravelmente e a cada vestido que não lhe servia mais, sorria radiante e costurava um novo. Seu tio, era um médico excepcional, o qual atendia apenas nobres franceses, e, com o tempo, passou a ser doutor de membros da realeza francesa. Ele lhe apresentou médicos que estudavam pessoas como ela, — magras demais e incapazes de ingerir alimento, devido ao psicológico abalado —, e, após a garota se submeter a testes alimentícios e psicológicos, depois de meses conseguiu comer uma maçã inteira pela primeira vez e começou a melhorar sua relação com a comida aos poucos. Primeiro, parou de induzir o vômito e começou a tomar remédios e chás para abrir o apetite. O psicológico, como os médicos previram, fora a parte mais complicada, mas com o apoio do tio e da tia, ela conseguiu vencer os pensamentos melancólicos e a imagem negativa que tinha sobre si. Ainda, não comia nenhum tipo de doce, mas amava os pães que a tia fazia.

Embora a saúde fosse a principal motivação que fizera Georgina ir para à França, com o tempo, ela encontrou uma forma de sorrir novamente. Seu tio, ao descobrir o amor da sobrinha pela costura, lhe presenteou com uma loja para que ela pudesse vender os vestidos que bordava, arquitetando com a esposa uma forma de não causar nenhum escândalo para Georgina: a loja seria falsamente dirigida pela tia, enquanto a sobrinha aparentava ser apenas a ajudante. Dessa maneira, ela poderia ganhar dinheiro e autonomia com seu trabalho, além de ser uma forma de manter sua mente ocupada.

Pierre Leblanc era casado com Jane Leblanc, a irmã mais velha da falecida mãe de Georgina, conhecida por ter fugido de Londres para se casar com um médico francês e nunca mais retornar, após o escândalo causado na alta sociedade. A única vez em que a jovem dama viu a tia, fora na semana do falecimento de seu pai. Depois disso, elas apenas trocaram cartas até Jane descobrir que a sobrinha estava doente e oferecer ajuda.

Peu, aquele carteiro estranho lhe deixou um bilhete para que você busque suas correspondências — comentou a tia, Jane, enquanto organizava a mesa de jantar da família. — Por que isso não me cheira bem? Que cartas são essas que você não pode receber aqui em casa, Georgina?

— Por nada — enrolou ela, corando logo em seguida com a mentira contada. Era uma péssima mentirosa e sua tia sabia disso. Antes que Jane pudesse protestar, avisou: — E-estou indo para a loja acompanhada de Camille, para terminar o vestido de casamento da futura duquesa de Bourbon.

Utilizando uma desculpa perfeita, a loura se levantou e correu para procurar sua prima Camille, apenas um ano mais velha do que ela, era casada com um militar que estava sempre ausente. Além dela, Jane e Pierre tinham dois filhos mais velhos, ambos casados.

— Camille — Georgina a chamou, sorridente. — Poderia me acompanhar até a loja, por obséquio?

Camille largou o livro que estava lendo e sorriu de orelha a orelha. Era uma mulher linda, com a pele escura do pai e o sorriso perfeito da mãe.

— Às vezes, me esqueço de que sou uma mulher casada e, portanto, sou uma companhia adequada — ela enlaçou o braço com a prima. — Vamos?

Georgina adorava a prima com todo seu coração, mas Camille era muito falante, diferente dela que preferia observar a paisagem enquanto caminhava e não era uma mulher de muitas palavras. Com o pretexto de ir para a loja, a loura, na verdade, estava ansiosa para pegar sua correspondência secreta.

Com a prima tão próxima, ela não pode ler o conteúdo da carta, então a guardou cuidadosamente e passou a tarde ouvindo a prima tagarelar, enquanto terminava o vestido de casamento da futura duquesa de Bourbon. Ficou imaginando enquanto bordava os últimos detalhes, se algum dia costuraria o seu próprio vestido ou até mesmo se encontraria alguém adequado para desposá-la.

— Com a sua idade, eu já estava comemorando seis meses de casamento. Ainda consigo sentir as borboletas no estômago quando penso em meu marido — comentou Camille, enquanto elas voltavam para a casa. — Você nunca conheceu alguém capaz de lhe despertar sentimentos, prima?

Georgina abriu os lábios, mas não soube o que responder. Já se fazia mais de um ano que ela não pensava romanticamente em seu primeiro amor. No lugar da paixão que um dia sentiu, apenas a mágoa havia sobrado. Ela nunca havia se esquecido das palavras ditas pelo duque. Na verdade, tinha planos sobre o que faria quando retornasse a Londres. Começando por...

— Queridas! — Jane apareceu na porta, parecendo nervosa. — Que passeio demorado, eu falei para vocês que é perigoso passear quando o sol já está se pondo.

— Perdão, senhora Leblanc — murmurou Georgina, observando o rosto aflito da tia, que olhava para todos os lados. Percebeu o olhar frio de Camille para uma carruagem próxima. — Algo aconteceu?

— Esse símbolo da carruagem, é o brasão do conde de Champanhe — comentou Camille. — Mamãe, não me diga que ele veio cobrar a dívida. Nós quebramos a promessa.

Georgina olhou para Jane, que estava com lágrimas nos olhos e acariciou seu ombro para tentar confortá-la. Não sabia sobre o que se tratava e temia parecer inconveniente se perguntasse, pois parecia ser um assunto delicado.

— Vamos entrar — sugeriu ela, enquanto Georgina limpava suas lágrimas com um lenço. — Preciso de vocês duas ao meu lado para enfrentar esse homem.

📖

O conde de Champanhe era um dos homens mais desagradáveis que Georgina já conhecera. Não tinha mais do que um metro e sessenta centímetros, uma enorme barba e dentes amarelados. Obviamente, não fora a aparência dele que a assustara, mas sim sua postura e modos inconvenientes. Seu tio devia a ele, devido a ajuda do conde no passado, e, pelo visto, o homem viera cobrar.

Ao lado do detestável nobre, estava seu filho, Theodore, que parecia muito mais agradável que o pai. Quando o conde passava dos limites, ele tentava mudar de assunto e pedia perdão pela situação constrangedora.

— Eu paguei pelos seus estudos, Pierre e consegui a admissão de sua filha na melhor academia de etiquetas da França. Apresentei você para o rei e lhe consegui um trabalho dos sonhos, seu imbecil — iniciou o conde novamente, enquanto o filho pigarreava para que mudasse o tom. — Ela poderia ser a futura condessa de Champanhe, como planejamos. Eles estavam noivos desde a adolescência, como vocês puderam desonrar nosso acordo?

— Eu sinto muito — falou Camille, pela décima vez, agora saindo da mesa e se ajoelhando no chão. — Por favor, não faça nada contra o meu marido ou minha família, fora minha decisão de romper o noivado.

Georgina ficou chocada, embora não demonstrasse nenhuma emoção. Por algum motivo, Camille, que raramente frequentava a alta sociedade e era apenas a filha de um médico renomado, fora prometida para um conde. Provavelmente fazia parte do favor que o homem desagradável repetia a todo instante, dando ênfase sobre ter bancado os estudos de Pierre.

— Você já se tornou imprestável agora que abriu as pernas — ele cuspiu nela, horrorizando a todos e lhe deu um tapa tão forte no rosto que ela caiu para trás. Seu filho tentou se levantar para pará-lo, mas o olhar que o conde lhe lançou pareceu assustá-lo também. — Vim aqui dar um aviso. Toda sua família, incluindo seu marido miserável, vão pagar por sua insolência.

— Não... — implorou Jane soluçando. Estava com um garfo na mão e o marido segurando seu braço. Se ele não a tivesse segurado, ela teria se avançado no conde. — Tem que ter algo que possamos fazer, Vossa Senhoria.

— Por favor, Bertrand — implorou Pierre. — Nós somos primos. Fui eu quem pedi ajuda para pagar meus estudos, salvar minha família da falência... E reconheço que prometi o que você queria, encontrar uma moça adequada para seu filho algum dia — ele olhou para a filha, que ainda estava no chão. — Mas o erro foi meu em prometer a mão de Camille. Ela é apenas uma garota, vamos resolver isso apenas você e eu.

O conde tirou a atenção de Camille e Georgina estendeu a mão para ela silenciosamente, sentando sua prima ao seu lado e limpando o cuspe de seu rosto com um lenço delicadamente, também secou as lágrimas dela. Queria abraçá-la, mas precisava pensar racionalmente. Georgina sempre era a primeira a chorar e deixar as emoções tomarem conta de seu corpo, no entanto, era a primeira vez que presenciava uma discussão sem desabar, enquanto todos ali pareciam emocionalmente abalados. Algo nela havia mudado naqueles dois anos, amadurecido e se tornado frio.

— Vocês já perderam a oportunidade de retribuir meus favores, Pierre! — o conde só não voou na direção do médico, pois o filho o segurou.

— Chega, pai — finalmente Theodore se manifestou. — Vamos resolver isso de outra forma. Eu vou encontrar uma noiva capaz de ser a futura condessa de Champanhe, uma mulher agradável, com etiqueta, que saiba se calar e respeitar nosso legado como o senhor sempre sonhou.

— Você ousa tentar me parar? Sua inutilidade é o motivo de eu estar aqui hoje — falou Bertrand, tirando a mão do filho de seu braço. — Você desgraçou nossa família e eu tentei arrumar um jeito de consertar seus pecados, criando e educando uma mulher a altura de Champanhe — o conde se virou para o médico novamente. — Vou lhe dar uma lição inesquecível, Pierre. E se você encostar novamente em mim, Theodore, vou surrar seu irmão até ele perder o movimento das pernas.

Todos ficaram horrorizados, Georgina pode jurar que viu lágrimas no olho do filho do conde. Quando sua prima tentou sair do lugar, provavelmente para se ajoelhar de novo, ela colocou o braço na frente de Camille, como se pudesse protegê-la daquele terrível homem. Por sorte, o conde não havia notado a loura ou berrado em sua direção. Se tivesse, ela estaria chorando também. Embora fosse difícil presenciar toda a humilhação, Georgina sabia que não havia nada que pudesse fazer.

— Bertrand... — Pierre estava ajoelhado agora, enquanto a esposa soluçava. — Faça o que quiser comigo, mas deixe minha filha e minha esposa em paz.

— Não pense que me esqueci de você, Pierre. Eu trouxe seu castigo pessoalmente em minha carruagem — Bertrand parecia impossível ser alguém impossível de se convencer do contrário. — Vocês envergonharam minha família, meu filho e a mim. Até mesmo rei caçoou da situação! — ele cerrou os punhos e bateu na mesa, assustando a todos. — E por isso, você receberá vinte chibatadas hoje, meu primo, ao lado de sua esposa e filha.... Se você não desmaiar, serei generoso com elas. Mas não prometo a mesma misericórdia por seu genro, quero que Camille assista a punição que darei para aquele militar — ele olhou para o seu guarda-costas e acenou. — Vá buscar o chicote.

— Não! — gritou Camille e Georgina a segurou com tanta força, que a prima cravou as unhas na pele dela. Ainda assim, não a soltou. Ela soluçava muito e sua mãe parecia prestes a desmaiar, enquanto seu pai ajoelhado, segurava as botas do conde como se pudesse impedi-lo. — Bertrand, eu imploro a você. Por favor.

Georgina estava com lágrimas nos olhos, mas precisava se conter. Sua tia estava desolada, Camille fora de si e o tio desesperado, alguém precisava raciocinar. Sentiu choque percorrer todo seu corpo e o estômago se revirar ao pensar em alguém se ferindo, já havia ouvido falar sobre como criminosos eram açoitados, mas nunca vira pessoalmente. Nunca pensou que poderia ser capaz de encontrar alguém tão cruel, era a primeira vez que via tamanha maldade. O conde de Champanhe era a personificação do anticristo.

Silenciosamente, segurou o lenço que guardava consigo, o qual considerava seu amuleto de proteção desde os dez anos. Pediu a Deus em pensamento para poupar seus tios e sua prima, implorou ao Criador por uma solução.

— Por favor — implorou alguém. A loura estava tonta, não sabia dizer se era sua prima, sua tia ou seu tio implorando e chorando. — Por favor!

De repente, Georgina sentiu um desespero primitivo. Estava com dez anos novamente, as irmãs cortando seu cabelo até seu couro cabeludo sangrar. Ela não pode fazer nada daquela vez. Se agarrou ao ódio que sentiu das irmãs naquele dia e em tantos outros dias, cerrando os punhos que seguravam Camille. Prometeu que não seria mais fraca, mas ali estava ela, quase desabando junto deles.

Levantou a cabeça e engoliu as lágrimas. Georgina já era uma mulher feita e estava cansada de ser tão ingênua e patética. Precisava fazer alguma coisa. Seus tios a salvaram da melancolia, sem nunca pedirem por nada em troca, e agora, ela estava pronta para retribuir esse favor.

— Implore enquanto estiver gritando, mundana — Bertrand observou enquanto Pierre soluçava e segurava em suas botas. O guarda-costas chegou, segurando um enorme chicote e amarras. O conde se levantou enquanto o primo segurava suas pernas. O chutou forte no rosto, quebrando seu nariz no ato — Vocês vão aprender a nunca mais desonrar um conde novamente. Por abusarem de minha generosidade e desonraram meu filho, sentirão a dor da traição em suas peles imundas.

Quando o guarda-costas pegou Pierre pelos braços e o levantou, Jane desmaiou e Camille gritou. Georgina finalmente soltou a prima e se levantou. Ela prometera, quando saiu de Londres, que nunca mais seria fraca, que se vingaria de todos que a fizessem mal... Não poderia fazer isso, se não conseguia nem sequer salvar quem amava.

— Eu posso me casar com Theodore — falou, firme e forte, surpreendendo a todos. Viu o choque no rosto do duque e do filho, mas não soube dizer se era algo bom ou ruim. Sempre gaguejava quando estava nervosa, mas agora, sua segunda família dependia dela. — Ouvi tudo o que o Vossa Senhoria falou, sobre uma esposa adequada e sei que Camille foi ensinada e moldada para ser alguém útil para o condado de Champanhe — ela se aproximou do conde e do filho. — Uma mulher capaz de permanecer calada, guardar os segredos de sua família, de boas maneiras e obediente. Creio ser alguém assim.

— E por que a senhorita acha que é capaz de ser alguém à altura de Champanhe? — questionou o conde, erguendo a cabeça. Georgina era dez centímetros mais alta do que ele. Sentiu vontade de gritar e chorar, mas fez o possível para manter uma expressão passiva. — Diga-me garota, quem é você e como ousa me interromper?

— Meu nome é Georgina Marie Bunwell, sou filha de um visconde de Londres — respondeu ela, aliviada por sua voz não ter falhado. Havia despertado o interesse do homem asqueroso, agora precisava achar uma forma de convencê-lo. — E como pode perceber, Vossa Senhoria, eu estive calada esse tempo todo, sei me manter em silêncio quando necessário. Mesmo em uma situação atípica como essa, me mantive calma e pensei em uma solução viável para todos, principalmente para o senhor.

Não sabia se ele cairia em sua manipulação, mas o conde a olhou e gargalhou, fazendo com que o guarda risse junto. Ele se aproximou e avaliou Georgina, que engoliu em seco. Bertrand estava analisando seus quadris para ver se ela daria bons filhos, além se seu rosto.

— Certamente ela é uma mulher à altura de Champanhe — Theodore tentou ajudar, obrigando-se a dar um sorriso gentil para a dama corajosa em sua frente. — Ela é de boa família, excelente educação e modos. É uma dama, com todos os requisitos necessários e sabe ficar em silêncio.

Olhando para os ombros relaxados de seu noivo em potencial, Georgina descobriu a fraqueza de Bertrand. Por algum motivo, o conde estava desesperado para casar o filho. No lugar da indignação do conde, ela pôde jurar que viu alívio nos olhos dele, ao ver o filho sorrir para ela.

— A senhorita não respondeu o questionamento sobre ser adequada como uma condessa — disse o conde, deixando cair no chão o chicote. Ela quase suspirou aliviada, mas observou de canto de olho enquanto o tio e a prima acudiam sua tia desacordada. — Por que acredita ser digna desse título?

— Meu sonho, como o de qualquer mulher, é casar com um homem de título respeitável — mentiu, olhando para Theodore, que parecia muito aliviado. — Tenho duas irmãs e um irmão mais velho, todos nascidos saudáveis. Sei que poderei gestar bons filhos... Por favor, perdoe meu tio tolo e deixe-me ser a condessa que seu filho precisa.

Fez-se silêncio e Georgina rezou para não ter falado nada errado, pois Bertrand ainda estava analisando ela. Ele finalmente sorriu, mostrando dentes amarelos que reviraram o estômago dela.

— Pelo visto, há uma alma inteligente nessa família — o conde pegou algo do bolso e entregou ao filho. Fazendo uma leve cumprimento a Georgina, que fez uma longa reverência. — Theodore, cumprimente sua noiva, Georgina Marie Bunwell. Em três meses, você estará casado com ela.

— Srta. Bunwell... — Theodore se aproximou e lhe mostrou o anel. Ele parecia confuso e muito surpreso. — Prazer, eu sou Theodore de Champanhe. Será uma honra tê-la como minha noiva.

— A honra é toda minha — garantiu ela, deixando que ele beijasse sua mão e colocasse o anel em seu dedo. Tudo fora tão rápido, que ela nem percebeu que o noivo estava com hematomas por todo o rosto. — Por favor, venha me visitar na próxima semana para um passeio... Eu adoraria conhecê-lo melhor.

— Se meu pai permitir — Theodore olhou para o conde, que parecia finalmente ter conseguido o que queria.

— Façam o que quiserem, contanto que se casem. Enviarei tudo o que ela precisa saber sobre nossa família e você pode ensinar a ela como desejar — Bertrand passou por Georgina, se despedindo dela com cortesia. Ela fez uma reverência. — Seja bem-vinda a nossa família, senhorita Bunwell, espero que não me decepcione. Não esperarei menos de você além da perfeição e espero que possa corresponder às minhas expectativas.

— Eu prometo — ela abaixou a cabeça. — Vou cumprir meu papel com excelência.

O conde de Champagne olhou para Pierre antes de sair, ainda parecendo querer machucá-lo, mas se contendo.

— Sua sorte, primo, é que sua sobrinha é uma mulher inteligente, a qual sabe o seu lugar e para o que nasceu. Uma dama de verdade, rara de se encontrar. Quase estou chateado que você tenha ocultado a identidade da senhorita Bunwell — ele ergueu a cabeça. — Isso não significa que o perdoei, mas que estamos em uma trégua até que sua sobrinha e meu filho se casem... E torça para que ela cumpra seu papel com perfeição — ele se virou para o guarda-costas. Bertrand parecia muito aliviado, como se um milagre houvesse acontecido. Georgina se perguntou o que Theodore teria feito de tão terrível para o pai estar tão desesperado em casá-lo. — Nos veremos novamente em breve, senhorita Bunwell. Aguarde por minhas exigências.

Quando o conde finalmente saiu, ela observou o choque no rosto de sua tia que havia acordado e estava tomando água. Theodore ajudou Pierre a levantá-la e a colocá-la em uma cadeira, enquanto Camille foi segurar Georgina, que precisou se apoiar em uma parede para se manter em pé.

— Por Deus — sussurrou ela, querendo gritar. Não se importou em deixar as lágrimas que segurava com tanto afinco escorrerem por seu rosto. — O que foi que eu fiz?

— Você salvou a todos dessa casa — respondeu o noivo dela. Ele se aproximou com um copo de água. — Eu sou muito grato por sua coragem, prometo ser um bom marido e retribuí-la da maneira que conseguir.

Próxima de Theodore, ela percebeu que ele tinha um nariz desproporcional ao rosto e olhos castanhos gentis, além do cabelo cacheado, de tom castanho escuro que parecia desarrumado, com uma ondulação caindo sobre sua testa. Não deveria ter mais do que vinte e oito anos. Theodore podia não ser o homem de seus sonhos, mas era perfeitamente aceitável.

— Georgina — seu tio a chamou, colocando a mão sobre o ombro dela. — Não sei como demonstrar minha gratidão. O que você fez jamais será esquecido por minha família.

Georgina também era muito grata por tudo o que haviam feito por ela, mas estava chateada por terem escondido a situação com o conde dela. Acreditava ter achado uma família, mas ninguém ali pareceu se preocupar com o fato de que ela seria a nora do pior homem que conhecera, tão cruel que, minutos antes, se ela não tivesse feito algo, teria açoitado os três sem pensar duas vezes.

— Georgina... — agora era Camille que iria agradecê-la, parecia muito aliviada também. Ninguém se importava com o fato de que ela poderia sofrer um destino pior do que o deles algum dia? — Você não sabe como eu...

— Preciso ficar sozinha — anunciou, se levantando repentinamente e saindo dali. Não olhou para trás quando começou a subir às escadas — Foi um dia longo, espero que me perdoem, mas preciso descansar.

Quando chegou ao quarto, Georgina chorou até soluçar e depois vomitou tudo o que havia comido. Estava completamente devastada com a ideia de se casar com um desconhecido, com medo de ter um homem como o Conde de Champanhe como seu familiar. Não se arrependia da coragem ou de ter salvado pessoas que amava, mas ainda assim, estava triste. Quando finalmente parou de chorar, fechou os olhos imaginando como contaria sobre aquela situação para seu irmão.

📖

Dois dias depois, Georgina escreveu todas as cartas que precisava. A carta para Bellamy ocupou três folhas, detalhando toda a situação e esperando que ele pudesse resolvê-la, pois ele era o único com poder para fazer algo sobre. Por fim, ela escreveu uma longa carta contando sobre seu livro favorito e um museu de artes que havia visitado, terminando essa carta com seu apelido secreto.

Antes de ir entregar as correspondências, Georgina parou em frente a sua loja de costuras, Madame Peu. Esperava, ao menos, continuar com seu negócio quando se casasse, mesmo que secretamente. Costurar era a única coisa que a fez se sentir viva naqueles últimos dois dias. Com a agulha e linha nas mãos, a loira se sentia completa, uma verdadeira artista.

Após entregar as correspondências e dar uma boa gorjeta para o carteiro, pois ele escondia os seus segredos, ela finalmente decidiu que voltaria para a casa dos tios. Pierre e Jane estavam realmente gratos, mas nunca seriam capazes de devolver a vida que ela vendera ao Conde de Champanhe para salvá-los.

Suspirando, Georgina subiu os degraus até a propriedade dos Leblanc. Era um enorme casarão, em um bairro nobre, um presente do próprio rei. Pierre era o médico oficial da família real e de muitos nobres, e com isso ganhara muitos lotes de terras, era o médico mais bem remunerado da França. Seu tio também era um bastardo. Georgina percebeu que ele apenas havia se formado e conseguido clientes, devido à generosidade de Bertrand... Mas ela ainda não conseguira achar um motivo plausível para o homem asqueroso estar tão desesperado para casar o seu filho. Que tipo de segredo sombrio os Champanhe guardavam?

Perdida em pensamentos, a loura nem percebeu que sua tia chorava com uma carta nas mãos e Camille estava ainda mais desolada. Imaginou, naquele momento, que o Bertrand havia mandado matar o marido de sua prima. Se aproximou e observou a tia e a prima se levantarem subitamente. Soluçando, Jane entregou a carta para Georgina.

— É para você — ela conseguiu dizer, com mais um soluço, se aproximando da sobrinha. — Eu sinto muito, querida... Eu sinto tanto.

Com o coração batendo em um ritmo acelerado, Georgina abriu a carta amassada e observou a letra de sua cunhada, Amelia Bunwell, com a pior notícia que já recebera em sua vida. Em uma letra sofisticada e de traço fino, a viscondessa de Bunwell comunicara:

"Querida Srta. Bunwell, escrevo para comunicá-la do falecimento de meu marido, o visconde Bellammy Bunwell, seu irmão mais velho. Meu coração está dilacerado, bem como minha alma. O visconde, segundo o médico que o examinou, teve uma reação alérgica durante a refeição matinal. Vou atrasar o velório dele o máximo que puder, então, por favor, parta imediatamente.
Meus sentimentos, Georgina. Eu sei o quanto vocês se amavam e é difícil escrever para avisá-la de tamanha fatalidade.
Essa é a carta mais difícil que já escrevi na minha vida. Estou inconsolável, mas não consigo parar de pensar em como a senhorita ficará. Quando sentir que vai desabar, lembre-se de seu sobrinho, Edward é uma parte de Bellamy e o único motivo pelo qual estou sendo capaz de respirar no momento.
Com a mais profunda tristeza, Amelia Bunwell."

NOTAS DA AUTORA

📜 Querido leitor, esse capítulo não foi corrigido, pois estou sem tempo. Tenho 8 capítulos prontos e nas férias de julho pretendo escrever mais e fazer revisão de todos erros. Ressalto novamente a importância dos comentários, isso é algo que me motiva a continuar. Em caso de erros gramaticais graves, por favor, me avisem. Espero que tenham gostado da leitura.

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