Bruna
Eu era pequena, nós éramos, contudo, acreditávamos veementemente que nossas ações eram certas, o desespero advindo do crescimento substancial, as questões da idade, e então, sua mão se soltou da minha. Caminhos diferentes foram traçados e a última informação, indireta que tive de você, foi quando cai no seu Instagram... Em pensar que eu frequentava a sua casa, e você a minha...
Me lembro de voltarmos na perua ouvindo música, afinal, sempre tivemos essa paixão por música, você, por Justin Bieber, Skrillex e outros cantores que, vez ou outra, eu ouvia, e eu sempre ouvindo Lorde ou Taylor Swift. Lembro-me de você me dando o Pure Heroine em uma manhã comum, me lembro de como a luz encontrava os prédios da escola e como o céu estava claro — eram essas coisas que faziam com que eu amasse estudar de manhã.
Foi um ato excepcional. Nunca te retribuí o presente, mas o guardo em meu coração até hoje, atribui e vinculei Lorde a sua figura, tanto que, quando parámos de nos falar repentinamente em dois mil e quinze, parei de escutá-la. Perdi Melodrama quando foi lançado, e pulava todas as faixas que se repetiam quando eu colocava no aleatório — malditos algoritmos! —, as palavras dela pareciam ser cantadas ao pressuposto da sua companhia, e como não a tinha mais o contato com o banco de concreto, na lateral esquerda do Erna, meus fones de ouvido se ocuparam com outras melodias.
Honestamente, não me recordo especificamente como deixamos de nos falar. O que me recordo é de te esperar para o almoço em dois mil e quinze e, depois de esperar por longos minutos entre o Erna e o Zerrener, te ver sair de sua sala acompanhada por outras pessoas. Quando lhe perguntei sobre o almoço e enfatizei que estava a te esperar, você respondeu que almoçaria com elas, e ali fiquei, se não estou equivocada, almocei na escola aquele dia. Meu mundo ruiu silenciosamente, e as coisas, que já não se sobrepunham ao ano anterior, se esvaíram por nossas mãos.
Havíamos vivido tanta coisa. Muita coisa para um ano, talvez tenha sido isso, esgotamos muito em pouco tempo, mas foi válido. Conheci sua casa, sua família e seu gato de onze quilos. Você me apresentou músicas novas, assistimos a Creeypatas — é assim que se escreve? — em seu computador e conversávamos sobre isso, em especial, depois que entrei naquele grupo no Facebook. Você conheceu minha mãe e prima, minha casa, meus gatos. Dormimos juntas, literalmente, todas às vezes. Compartilhamos muito. Tudo que podíamos oferecer com treze e quinze anos.
Hoje eu só tenho o Pure Heroine e, seis anos depois, eu já ouço Lorde sem sentir o peso de tudo. Segui a vida, como você, mas mantenho as lembranças, em especial das histórias de terror, do dia em que sua pinta com sangue — estou com uma igual na perna esquerda, contudo, não é necessária a retirada — manchou o lado esquerdo do meu colchão, e de como era o ambiente em que nos conhecemos de manhã, o céu claro e as nuvens breves, dissolvendo pelo longo dia a seguir.
Matamos o nosso tempo juntas, crescemos mesmo com medo, e seguimos caminhos diferentes, a vida, o trabalho, o tempo... As memórias...
"We're never done with killing time
Can I kill it with you?
'Til the veins run red and blue
We come around here all the time
Got a lot to not do, let me kill it with you"
Valentina,
02 de março de 2021
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